Cite uma semelhança e uma diferença entre as ideias propostas por Lamarck e por Darwin e wallace

Pense com quantas espécies de seres vivos você já se deparou na sua vida.A variedade de seres vivos existentes no nosso planeta fascina o homem há muito tempo. A necessidade de buscar explicações para a sua própria origem, para a origem de todos os outros seres vivos e até mesmo do universo, levou o homem a criar mitos e teorias a esse respeito.

O filósofo grego Aristóteles (384 a.C. - 322 a.C.) afirmava que as espécies surgem por geração espontânea, ou seja, os organismos, como por exemplo, ratos e baratas, podem surgir de uma massa inerte, de uma camisa muito suja e farelo de aveia deixados em um local protegido. A geração espontânea permaneceu a única explicação científica do surgimento das espécies durante séculos.

Em geral, as pessoas acreditavam que cada espécie de ser vivo havia sido criada por Deus (criacionismo) e assim permanecia imutável ao longo dos tempos (fixismo). Essas são teorias em os adeptos de algumas religiões acreditam até os dias de hoje.

Questionando o fixismo

Os biólogos do século 18, porém, começaram a questionar o princípio da imutabilidade das espécies. Georges Louis Leclerc (1707 - 1788), o conde de Buffon, fez um vasto trabalho sobre a história da Terra. A principal importância dessa obra é a de lançar a ideia de mudança das espécies com o tempo - a evolução.

O fato de os homens e alguns animais possuírem órgãos que, pareciam, não ter utilidade alguma levou Buffon a concluir que esse seria um indício da ocorrência de alguma modificação na espécie. Ele chegou a sugerir a existência de um ancestral comum dos mamíferos (homens, macacos e quadrúpedes), mas como era possível ter certeza disso?

Erasmus Darwin (1731-1802), avô do naturalista Charles Darwin, acreditava que as aptidões de um determinado animal eram resultado da organização da matéria da qual era formado. Assim, ao observar a estrutura de um organismo pode-se relacionar, entender, a sua função.

Partindo desse princípio, para Erasmus Darwin, a mudança da estrutura de alguma espécie era devida a transformações no ambiente e seria uma resposta do organismo a essa variação. Quaisquer mudanças ocorridas em um indivíduo seriam transmitidas para a sua prole.

Lamarck e o lamarquismo

Jean-Baptiste Antonie de Monet, cavalheiro de Lamarck (1744-1829) era um naturalista francês que compartilhava da ideia de que a estabilidade das espécies não tinha fundamento. Descreveu exemplos de criação seletiva (feita pelo homem) para fundamentar que as espécies mudam e que a causa dessas mudanças são as condições externas.Para Lamarck, modificações no ambiente causam alterações nas necessidades dos seres vivos, o que leva a uma alteração de comportamento. Assim são alteradas a utilização e o desenvolvimento dos órgãos de cada indivíduo, o que, ao longo do tempo interfere na forma das espécies.

Sendo assim ele chegou a lei do uso e desuso, segundo a qual os indivíduos perdem características de que não necessitam e desenvolvem as que estão sendo utilizadas. Essa mudança seria transmitida à prole, ou seja, ocorre a transmissão dos caracteres adquiridos. O exemplo mais famoso que ele apresentou foi o seguinte: o pescoço comprido das girafas se desenvolveu à medida em que elas precisaram comer folhas das árvores mais altas.

Seguindo esse raciocínio, os músculos potentes das pernas de um jogador de futebol seriam herdados pelos seus filhos. Essa seria a herança dos caracteres adquiridos, o que evidentemente não ocorre.

Cuvier e Owen

Influenciado pelas ideias de Goethe sobre morfologia, Georges Cuvier (1769-1832) estudou os fósseis. Seus estudos não o conduziram a quaisquer das conclusões de Lamarck. Ele verificou a existência da sucessão de populações animais, bem como a extinção de espécies que tinham existido.Para ele estas extinções teriam ocorrido porque a Terra havia passado por uma série de catástrofes, assim como o dilúvio. Após cada catástrofe, o repovoamento da Terra era feito pelas espécies remanescentes e pelas espécies novas as quais vinham de partes do mundo que não haviam sido adequadamente exploradas.Cuvier entendia que um organismo é formado de várias partes complexas que se inter-relacionam e que não podem ser modificadas, pois isso causaria uma desarmonia no indivíduo. Ele não acreditava na evolução orgânica. Para Cuvier, as alterações nos órgãos alterariam a capacidade de sobrevivência de um animal. Porém, ele estabeleceu a extinção como um fato e seus pontos de vista estimularam o interesse de outros pesquisadores pela anatomia comparada e pela paleontologia.Richard Owen (1804-1892) concentrou seu trabalho basicamente na paleontologia. Ele reconstruiu muitos animais pré-históricos e fez uma imensa investigação sobre os dentes dos mamíferos. Para Owen a matéria viva possuía uma energia organizadora, que direcionava o crescimento dos tecidos e determinava o período de vida do indivíduo e das espécies.

Quando lhe foram apresentados estudos de anatomia comparada, os quais indicavam que crustáceos haviam divergido de seus parentes, Owen atribuiu as semelhanças à "arquétipos" na mente Divina, assim demonstrou a evidência fóssil de uma sequência evolutiva de cavalos como apoio a sua ideia de desenvolvimento a partir de arquétipos.

A teoria de Darwin

Charles Robert Darwin (1809 - 1882), em 1831, foi convidado a participar como naturalista de uma volta de navio ao mundo promovida pela marinha inglesa. A viagem de Darwin, que durou cinco anos, aumentou os conhecimentos práticos do naturalista e serviu para fundamentar sua teoria da evolução.Consciente das implicações de suas ideias sobre a tese da imutabilidade das espécies, a qual estava diretamente relacionada a preceitos religiosos, Darwin fez um estudo minucioso durante mais de vinte anos, para provar a transformação dos seres vivos. Em 1858, recebeu uma carta de Alfred Russel Wallace (1823-1913), um jovem naturalista na época, solicitando sua avaliação sobre o esboço de seu trabalho, o qual realizara nas ilhas do arquipélago Malaio.Ao ler a carta Darwin ficou completamente surpreso e escreve a seu amigo Charles Lyell (1797-1875): "Ele (Wallace) não poderia ter feito melhor resumo do meu trabalho desenvolvido nestes últimos 22 anos..." Isso o encorajou a publicar suas ideias. Darwin estabeleceu uma origem comum a todas as espécies, revolucionando a concepção de humanidade e sua relação com as demais espécies do planeta. Foi muito criticado pelas igrejas cristãs e por vários cientistas da época, como já era o previsto.O oponente mais sério de Darwin foi Richard Owen, pois o livro de Darwin - "A Origem das Espécies" - era uma rejeição implícita da classificação dos mamíferos feita por Owen. Em um debate anual realizado na Associação Britânica, em Oxford, sua obra causou uma grande controvérsia e uma discussão pública foi realizada.

O grande defensor de Darwin (já que este estava ausente), foi Thomas Henry Huxley (1894-1963), que se tornou seu maior advogado. Tempos depois, Huxley estabeleceu que a diferença entre o homem e os grandes símios era menor do que as diferenças entre eles e os primatas menores. Huxley teve papel importante no estabelecimento do ensino de ciências, pois colocou a necessidade de o aluno aplicar o método científico e verificar, sozinho, os conceitos ensinados.

A partir do século XIX, através dos primeiros estudos que desmistificaram o criacionismo, pesquisadores e naturalistas buscavam explicações para o entendimento da diversidade das espécies de organismos existentes.

Dois principais pesquisadores contribuíram com teorias a cerca da evolução. O primeiro foi Jean-Baptiste Lamarck, um naturalista francês que acreditava que a adaptação era uma necessidade dos seres vivos que tinham controle, mesmo que indireto, sobre ela.

Cinquenta anos depois, foi a vez de o naturalista britânico Charles Robert Darwin postular a sua teoria evolutiva, na qual dizia que o ambiente apresentava condições que permitiam selecionar as espécies mais adaptadas a sobreviver, enquanto que as menos adaptadas sucumbiam ao ambiente.

A teoria de Darwin, principalmente após os experimentos de August Weisman em 1880 que mostraram inconsistências nas ideias de Lamarck, ganhou mais força e embasamento, enquanto que a teoria Lamarckista entrava em descrédito.

Em 1900, com a descoberta dos estudos de Mendel, a teoria darwinista mostrou-se contraditória e com pouco embasamento (Darwin não conseguia explicar a herança de características adaptativas).

Foi apenas na década de 30, com os avanços da biologia molecular e da genética, que as contradições existentes na teoria proposta por Darwin com base nos estudos de Mendel foram explicadas.

A partir de outros experimentos genéticos, uma nova teoria foi fundamentada (neodarwinismo) e é utilizada até hoje como modelo para explicação dos processos evolutivos.

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Jean-Baptiste Lamarck (1744-1829) foi um naturalista francês que pertenceu à baixa nobreza e interessava-se por história natural. Ffoi através dele que o termo biologia foi difundido.

Em 1808, ao estudar moluscos em Paris, Lamarck constatou que as espécies sofreram mudanças adaptativas, o que ele chamou de transmutação das espécies ao longo do tempo.

Através dessa constatação e de posteriores estudos, desenvolveu a teoria da evolução que ficou conhecida como lamarckismo e foi publicada em seu livro "Filosofia da Zoologia", no ano de 1809.

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Jean-Baptiste Lamarck, por Charles Thévenin.

Lamarck acreditava que órgãos utilizados constantemente se desenvolviam mais enquanto que órgãos que não eram utilizados se desenvolviam menor e podiam até se atrofiar.

Essa lei parte do princípio que o ambiente oferece condições para que cada organismo se desenvolva e se adapte.

Um exemplo clássico dessa lei é o pescoço das girafas. Para Lamarck, as girafas não possuíam pescoço longo, porém ao se alimentarem das folhas presentes na copa da árvore, elas utilizavam o pescoço que acabou se desenvolvendo e aumentando de tamanho.

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Ainda complementando a primeira lei, Lamarck acreditava que as diversas partes transmutadas dos animais geravam pangenes, partículas que se dirigem para as gônadas levando as informações das mudanças ocorridas.

Dessa forma, as características adquiridas por um organismo ao longo da sua vida eram passadas para seus descendentes.

Ainda utilizando o pescoço das girafas como exemplo, o desenvolvimento do pescoço era passado para as gerações seguintes de forma que filhotes de girafas já nasciam com pescoço grande.

O Naturalista Britânico Charles Robert Darwin (1809-1882) apresentou sua teoria acerca da evolução em 1859, cinquenta anos depois da teoria lamarckista.

Seus estudos começaram quando realizou uma expedição por cinco anos no hemisfério sul, passando, inclusive, pela América do Sul (Brasil, Uruguai e Argentina). Darwin, nessa época com 22 anos, era até então criacionista, tendo frequentado o seminário onde teve formação de pastor da igreja anglicana.

Ao estudar jabutis presentes no arquipélago de Galápagos, Darwin observou diferenças entre os indivíduos localizados em ilhas diferentes, embora todos fossem espécimes de jabutis.

Além dos jabutis, Darwin investigou os tentilhões, aves provenientes do continente sul-americano. Em Galápagos, os tentilhões presentes em uma ilha se diversificaram dos presentes em outra, mostrando processos adaptativos relacionados principalmente ao formato do bico e a captura de alimentos.

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Algumas espécies de tentilhões estudadas por Darwin.

Através dos estudos, Darwin voltou para a Inglaterra convencido de que os seres vivos estão sujeitos a mudanças evolutivas.

Procurando mais material para sustentar a sua teoria, Darwin analisou as modificações impostas pelos seres humanos aos animais domésticos, o que ele chamou de seleção artificial: um cão com características desejadas é selecionado pelo homem e separado dos demais. A partir desse indivíduo são gerados descendentes portadores da mesma característica.

Darwin precisava estudar como o ambiente promovia a seleção de indivíduos com características desejadas enquanto outros não eram selecionados. Através do estudo de Alfred Wallace, que era muito similar ao dele, e do estudo de Thomas Malthus chamado de "Um Ensaio sobre Populações", ele encontrou sua resposta: O ambiente promove condições específicas que seleciona os indivíduos.

Com isso, Charles Darwin publicou sua teoria que ficou conhecida como darwinismo no livro "A Origem das Espécies" onde mostra a lei principal para a adaptação dos indivíduos: A seleção natural.

Darwin também foi o primeiro a demonstrar que todos os organismos descendem de um ancestral comum (origem comum).

Para Darwin, o ambiente pode promover condições específicas, as vezes adversas, que permite selecionar os indivíduos mais adaptados.

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Seleção Natural de bactérias resistentes a um antibiótico.

Essa lei estabelece que os processos adaptativos ocorrem ao acaso, através de condições externas as quais submetem os seres vivos de um determinado ambiente.

Usando o exemplo do pescoço das girafas, para Darwin, havia girafas de pescoço comprido e girafas de pescoço curto, ambas se alimentando de vegetais. Com o tempo, os vegetais menores desapareceram. As girafas de pescoço longo conseguiam se alimentar das folhas localizadas na copa das árvores altas enquanto que as girafas de pescoço curto foram extintas, mostrando que as girafas de pescoço longo foram selecionadas por serem mais adaptadas ao ambiente.

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Seleção natural esquematizada para selecionar organismos de coloração escura.🎯 Simulador de Notas de Corte Enem: Descubra em quais faculdades você pode entrar pelo Sisu, Prouni ou Fies 🎯

Com a publicação da “Origem das Espécies” e com estudos de August Weisman comprovando que características adquiridas não eram passadas para os descendentes, a teoria lamarckista entrou em descrédito.

Além disso, é possível comprovar que nem todas as estruturas se desenvolvem quando muito utilizadas. Por exemplo, os olhos e cérebro não aumentam ou ficam mais desenvolvidos em uma pessoa que lê muito.

O darwinismo, embora na época não tivesse todas as suas comprovações (Darwin não tinha conhecimento do material genético e da transferência de características hereditárias), ainda foi a teoria mais aceita para explicar as transformações evolutivas que promovem a diferenciação das espécies.

Com a descoberta do material genético e através de experimentos modernos, foi possível entender melhor como acontecia essa mudança de característica (geralmente por mutaçãoao acaso) e como essas características eram passadas hereditariamente, aperfeiçoando a teoria darwinista com a “Teoria Sintética da Evolução” ou neodarwinismo.

A principal diferença entre a teoria lamarckista e darwinista está no mecanismo de adaptação: Para Lamarck, o ambiente gera necessidade de adaptação que desencadeia um esforço do indivíduo de forma isolada, chamado de adaptação ativa.

Já Darwin considera que o ambiente promove condições para selecionar os indivíduos mais adaptados em uma população, promovendo assim uma adaptação passiva.

Exemplo:

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Traça (Biston betularia) branca e sua variação de coloração Preta.

Hipótese Lamarckista: A traça branca era comum na natureza até a Revolução Industrial, quando fuligem e cinzas das chaminés caiam no ambiente deixando-o galhos e troncos mais escuros. As traças passaram a desenvolver a coloração escura para se camuflar de predadores.

Hipótese Darwinista: No ambiente havia traças brancas e a variação preta que era vista pelos predadores e era caçada. Com a Revolução Industrial, os troncos e galhos de árvores ficaram mais escuros com as cinzas liberadas pelas chaminés e as traças pretas passaram a se camuflar mais facilmente que as traças brancas, que eram caçadas. Dessa forma, as traças pretas ficaram mais comuns que as traças brancas.

Exercício de fixação

ENEM/2010

Alguns anfíbios e répteis são adaptados à vida subterrânea. Nessa situação, apresentam algumas características corporais como, por exemplo, ausência de patas, corpo anelado que facilita o deslocamento no subsolo e, em alguns casos, ausência de olhos.

Suponha que um biólogo tentasse explicar a origem das adaptações mencionadas no texto utilizando conceitos da teoria evolutiva de Lamarck. Ao adotar esse ponto de vista, ele diria que:

A as características citadas no texto foram originadas pela seleção natural.

B a ausência de olhos teria sido causada pela falta de uso dos mesmos, segundo a lei do uso e desuso.

C o corpo anelado é uma característica fortemente adaptativa, mas transmitida apenas à primeira geração de descendentes.

D as patas teriam sido perdidas pela falta de uso e, em seguida, essa característica foi incorporada ao patrimônio genético e então transmitidas aos descendentes.

E as características citadas no texto foram adquiridas por meio de mutações e depois, ao longo do tempo, foram selecionadas por serem mais adaptadas ao ambiente em que os organismos se encontram.