Dentista sabe quando a pessoa fuma

Dentista sabe quando a pessoa fuma

Fumar causa mais do que prejuízos estéticos para o sorriso. É um sério risco para a saúde bucal, que pode desencadear várias doenças, inclusive câncer

O hábito de fumar traz diversos prejuízos para a saúde, e isso também envolve as estruturas da boca. Na relação entre saúde bucal e tabagismo, ocorrem condições das mais simples, como o amarelamento dos dentes, até doenças mais graves, como o câncer de boca.

Não podemos esquecer de que o tabagismo é um fator de risco para os cânceres da cavidade bucal. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), a estimativa para o triênio 2020-2022 é de 15.190 novos casos da doença. Somando os casos de câncer bucal e de laringe, essas doenças ocupam o segundo lugar em incidência.

Como esse é um tema muito importante, pedimos ajuda da Dra. Marianne Coelho Toigo, dentista especialista em endodontia e franqueada Odontoclinic, para entender mais a fundo os prejuízos que o tabagismo traz para a saúde bucal. Continue lendo para ficar por dentro do assunto.

Por que a relação entre saúde bucal e tabagismo é tão perigosa?

Não é novidade que o cigarro é um grande vilão quando o assunto é saúde. Isso acontece porque ele contém diversas toxinas que afetam as células do corpo, provocando alterações no seu comportamento, e isso prejudica os tecidos e as funções orgânicas.

A boca é a primeira que tem contato com as substâncias nocivas do cigarro, sendo muito afetada por ele. Marianne explica que “a boca tem partes queratinizadas, que funcionam como uma proteção do tecido, e as não queratinizadas. O contato com aquela substância química é muito próximo, e ela atinge e penetra as células muito rapidamente”.

Além dos prejuízos das toxinas, não podemos esquecer as altas temperaturas da fumaça do cigarro. Segundo a especialista da Odontoclinic, esse vapor quente também eleva a temperatura da cavidade bucal, provocando uma vasoconstrição periférica e dos microvasos bucais.

Como consequência, há uma redução do fluxo sanguíneo, o que diminui a oxigenação dos tecidos. Isso favorece a proliferação de bactérias, em especial das que provocam doenças na gengiva, como a gengivite e a periodontite.

Marianne lembra que o cigarro não contém apenas a nicotina como substância nociva para a saúde. Existem diversas outras toxinas, como amônia, cetonas, formaldeído, acetaldeído, entre outras, que vão atingir todo o nosso organismo, pois as mucosas da boca fazem a absorção delas.

Quais problemas bucais estão relacionados ao tabagismo?

A combinação entre saúde bucal e tabagismo não é das melhores, como você pôde ver. Os prejuízos envolvem questões estéticas e a incidência de várias doenças. Fizemos uma lista com os problemas causados pelo tabagismo na saúde bucal. Confira.

Doença periodontal

Explicamos que a alta temperatura do cigarro favorece a proliferação das bactérias que causam a periodontite, lembra? Marianne conta que isso acontece porque esses micro-organismos conseguem sobreviver em meio anaeróbico; assim, a boca de um fumante pode ser o ambiente ideal para elas.

Só para lembrar, a doença periodontal é uma condição infecciosa que afeta não só gengivas, mas todos os tecidos que sustentam os dentes. Por isso, sua ocorrência pode levar até mesmo à perda de elementos dentários, que se soltam da boca porque não têm uma base firme para se manterem fixos.

Má cicatrização

“Isso acontece porque a boca está menos vascularizada. Para uma boa cicatrização, precisamos das células em dia. Quando quebramos a cascata da cicatrização, sangra muito, os vasos ficam fechados, e esse processo se torna mais lento”, esclarece a dentista.

Câncer de boca

Como vimos, a incidência do câncer de boca no Brasil é alta. Essa é uma doença muito comum e, segundo Marianne, afeta o corpo de um modo geral, podendo se estender para o pulmão e outros órgãos importantes.

Ela ainda lembra que as chances de desenvolver tumores malignos aumentam quando associamos tabagismo e álcool.

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Pigmentação dos dentes

Depois de conferir todas essas complicações na relação entre saúde bucal e tabagismo, a pigmentação dos dentes parece um problema pequeno, não é verdade? Mas isso vai acontecer e afeta muito a estética do sorriso, trazendo prejuízos para a imagem e a autoestima.

Para quem fuma, a tendência é de que os dentes fiquem amarelados ou escurecidos devido ao contato com a fumaça e as toxinas. A dentição fica com um aspecto envelhecido e mal cuidado, problema que não pode ser eliminado com a escovação.

Alterações de paladar

Conseguimos perceber o sabor dos alimentos por causa das papilas gustativas, pequenas estruturas que ficam em nossa língua. Por causa do contato com as toxinas do cigarro, ocorre uma atrofia delas, que leva a alterações e até mesmo à perda do paladar.

Vale lembrar que o cigarro também resseca as mucosas, afetando a produção de saliva. Isso vai prejudicar o paladar e favorecer a manifestação de diferentes tipos de cáries, já que a saliva é uma proteção natural dos dentes.

Mau hálito

A especialista da Odontoclinic relata que pessoas fumantes também acabam negligenciando os cuidados com a higiene bucal. Segundo ela, isso acontece porque o cigarro tem um gosto tão forte que acaba mascarando o gosto ruim causado pela saburra lingual, um acúmulo de resíduos sobre a língua. Inclusive, a saburra é uma das causas do mau hálito.

Dentista sabe quando a pessoa fuma

Qual é a frequência de consultas com o dentista para quem fuma?

A recomendação de Marianne é, antes de qualquer coisa, parar de fumar. Esse é o cuidado principal que se pode ter com a saúde da boca. Porém, se a pessoa não conseguir, ela recomenda aumentar a frequência das visitas ao dentista.

Para pessoas não fumantes, é indicado que as consultas aconteçam pelo menos a cada 6 meses. Para quem fuma, o intervalo de tempo é menor devido aos vários fatores de risco aos quais esses pacientes estão expostos.

“É preciso ir mais ao dentista porque precisamos ficar de olho para ver se não há inflamação de gengiva, que vem da má higienização, não escovação e não uso do fio dental, por exemplo. Isso faz uma gengivite ser desenvolvida, e aí pode evoluir para periodontite e perda óssea”, explica a dentista.

Mas não é só isso. O suporte do especialista é fundamental para identificar possíveis lesões pré-cancerosas quando estão no começo. De acordo com Marianne, a maioria dessas lesões não provoca dores e muitas vezes passa despercebida porque fica, por exemplo, embaixo da língua.

Sendo assim, uma maior frequência de consultas é indispensável para que o monitoramento seja mais rigoroso. O dentista fará essas avaliações completas da boca, a profilaxia e o tratamento de possíveis problemas que já estiverem iniciando, para evitar o seu agravamento.

E depois de parar de fumar? Ainda existem prejuízos para os dentes?

Mesmo após parar de fumar, não podemos esquecer que os prejuízos causados pelo tabagismo na saúde bucal são muito intensos. Alguns problemas, depois que se instalam, não podem mais ser revertidos.

É isso que acontece com a periodontite. A dentista conta que os pacientes que desenvolvem a doença periodontal precisam de um acompanhamento de periodontia regularmente. Isso porque esse quadro é como o diabetes: não tem cura e deve ser monitorado.

Portanto, parar de fumar evita prejuízos maiores para a saúde bucal e orgânica, reduzindo os riscos de desenvolver diferentes tipos de doença, inclusive o câncer. Entretanto, o reflexo dessas condições pode surgir mesmo anos depois de a pessoa ter abandonado o cigarro e, como dito, a doença periodontal não vai embora.

O ideal é que você não experimente o cigarro para que não precise se preocupar com essas relações nocivas entre saúde bucal e tabagismo. Mas se você já fuma, procure abandonar o cigarro e mantenha um acompanhamento rigoroso com o dentista, para receber um cuidado ainda mais intenso com a sua saúde.

Todos nós conhecemos alguém que fuma, não é verdade? Então compartilhe essas informações em suas redes sociais para fazer esse alerta.

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