Ela permite comparar autores de diferentes países para avaliar que produções são melhores.

Compreender e aplicar as diferentes avaliações é importante para obter um retorno mais completo sobre o aprendizado dos alunos e orientá-los no seu desenvolvimento escolar.

Se um professor quer provocar o caos em sala de aula, basta mencionar a palavra “prova”. 

Os processos avaliativos fazem parte do dia a dia de sala de aula, e são fundamentais para que o professor possa medir a evolução dos alunos e compreender suas dificuldades. Ao entender o nível de aprendizado dos alunos, é possível ajustar o plano de ensino à realidade deles, tornando a construção do conhecimento mais dinâmica e efetiva.

Também é através das avaliações que os pais e responsáveis conseguem observar o desempenho dos alunos e monitorar o seu progresso, já que não acompanham presencialmente cada etapa da rotina escolar. Isso também facilita a sua participação mais ativa no processo de ensino.

Ao contrário do que muitos pensam, as avaliações “valendo nota” constituem apenas um dos tipos de avaliação aplicadas ao longo do ano letivo. Neste artigo, você vai conhecer os quatro tipos de avaliação aplicadas nas escolas atuais: a avaliação diagnóstica, a formativa, a comparativa e a somativa. Confira:

1 → Avaliação diagnóstica

Como o nome diz, essa é a avaliação usada para que o professor possa ter um diagnóstico sobre o aprendizado do aluno. Além de entender suas as dificuldades, também é possível entender o que as origina.

Essa avaliação é normalmente realizada no início do ano letivo, para que o educador tenha um panorama geral do nível da turma antes de começar as atividades. Quando aplicada ao longo do ano, ela tem a função de verificar a evolução do aprendizado.

Através desta avaliação, o professor consegue identificar o que os alunos sabem, o que não sabem e o que precisam aprender. A partir daí, ele tem um norte para preparar seu plano de ensino e dedicar mais tempo às habilidades nas quais seus alunos enfrentam maiores dificuldades.

A avaliação diagnóstica pode ser realizada através de provas, debates, produção de textos, atividades, entrevistas, entre outras ferramentas, e não visa hierarquizar os alunos com notas de 0 a 10.

2 → Avaliação formativa

A avaliação formativa tem como foco a formação, ou seja, o aprendizado. Ela começa a ser realizada logo após o período de diagnóstico e segue ao longo de todo o ano letivo.

Depois que os conteúdos são ensinados em sala de aula, a avaliação formativa é aplicada em forma de exercícios e atividades. Através deles o aluno faz a retomada de conteúdos, assimila o que aprendeu e consegue expor quais pontos não foram compreendidos. Assim, ao mesmo tempo em que valem nota, as avaliações formativas também ensinam o aluno.

Essa é uma avaliação imprescindível para que o professor entenda, ao longo do percurso, se o aluno está seguindo em direção aos objetivos pretendidos e se está apto a avançar para as próximas etapas. Ela também traz resultados que possibilitam aos educadores investir na qualidade do ensino e adaptar seu trabalho com base nas necessidades dos alunos.

A avaliação formativa pode ser aplicada através de exercícios, atividades e trabalhos em grupo, por exemplo. Além deles, o caderno do aluno é um dos principais instrumentos desse tipo de avaliação. Ele contém o maior número de informações sobre o crescimento do aluno durante todo o período letivo, e ajuda a entender inúmeros aspectos que podem se refletir no seu aprendizado e desempenho em outras avaliações.

3 → Avaliação comparativa

É a avaliação aplicada ao final uma aula para avaliar de forma pontual se o aluno compreendeu o conteúdo ensinado naquele dia. É uma forma de comparar o aprendizado que o aluno tinha antes com o que ele adquiriu após a aula. Ao contrário da avaliação diagnóstica, por exemplo, aqui o desejado é que o aluno apresente domínio do conteúdo.

O ideal é que os pais tenham acesso recorrente aos resultados das avaliações comparativas para que possam entender os conteúdos que seus filhos não dominam e orientá-los no momento de estudo em casa.

4 → Avaliação somativa

Por fim, a avaliação somativa é a mais conhecida no dia a dia escolar. Ela é aquela avaliação que quantifica, que atribui uma nota aos estudantes. Diferentemente das outras avaliações, que têm foco qualitativo, a somativa é quantitativa.

A avaliação somativa é semelhante à comparativa no sentido de controle do aprendizado, porém abrange todos os conteúdos que os alunos aprenderam ao longo do ano. Como abrange uma grande diversidade de conteúdos, também não permite avaliar nenhum conceito com tanta profundidade. De maneira geral, é uma avaliação que vem para confirmar o resultado das avaliações anteriores.

Ainda que necessária, a avaliação somativa pode acabar, muitas vezes, tendo um caráter excludente. Ela é pontual e só avalia o resultado final, deixando de fora todo o percurso que o aluno percorreu para chegar até ele. Um aluno pode se sair bem na avaliação formativa, por exemplo, mas ficar sujeito à reprovação por não alcançar uma boa nota na somativa.

Daí a importância de trabalhar todas as avaliações em conjunto. Ao cruzar os resultados de cada uma, é possível obter uma visão holística do processo de aprendizado de cada aluno. Dessa forma, os educadores podem investir nos procedimentos pedagógicos mais adequados para garantir uma educação de qualidade.

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REFLEXÃO

Revisão integrativa: método de pesquisa para a incorporação de evidências na saúde e na enfermagem

Integrative literature review: a research method to incorporate evidence in health care and nursing

Revisión integradora: método de investigación para la incorporación de evidencias en la salud y la enfermería

Karina Dal Sasso MendesI; Renata Cristina de Campos Pereira SilveiraII; Cristina Maria GalvãoIII

IDoutoranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem Fundamental da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (EERP/USP). São Paulo, Brasil

IIDoutora em Enfermagem. Professor Assistente da EERP/USP. São Paulo, Brasil

IIIDoutora em Enfermagem. Professor Associado da EERP/USP. São Paulo, Brasil

Endereço

RESUMO

A prática baseada em evidências é uma abordagem que encoraja o desenvolvimento e/ou utilização de resultados de pesquisas na prática clínica. Devido à quantidade e complexidade de informações na área da saúde, há necessidade de produção de métodos de revisão de literatura, dentre estes, destacamos a revisão integrativa. Assim, o objetivo do estudo foi apresentar os conceitos gerais e as etapas para a elaboração da revisão integrativa, bem como aspectos relevantes sobre a aplicabilidade deste método para a pesquisa na saúde e enfermagem. A revisão integrativa é um método de pesquisa que permite a busca, a avaliação crítica e a síntese das evidências disponíveis do tema investigado, sendo o seu produto final o estado atual do conhecimento do tema investigado, a implementação de intervenções efetivas na assistência à saúde e a redução de custos, bem como a identificação de lacunas que direcionam para o desenvolvimento de futuras pesquisas.

Palavras-chave: Pesquisa. Enfermagem. Saúde.

ABSTRACT

Evidence based practice is an approach that encourages the development and/or use of research results in clinical practice. Due to the quantity and complexity of information in health care, literature review methods need to be produced. Among such methods, we highlight the integrative review. Hence, this study aimed to present the general concepts and steps for the elaboration of an integrative review, as well as relevant aspects about the applicability of this method for health and nursing research. The integrative review is a research method that allows for the search, critical assessment, and synthesis of available evidence about the research theme. Its end product is the current stage of knowledge about the investigated theme, the implementation of effective interventions in health care and cost reduction, as well as the identification of gaps that indicate developments for future research.

Keywords: Research. Nursing. Health.

RESUMEN

La práctica basada en evidencias es una aproximación que encoraja el desarrollo y/o utilización de resultados de investigaciones en la práctica clínica. Debido a la cuantidad y la complejidad de informaciones en el área de la salud, es necesario producir métodos de revisión de la literatura, entre los cuales destacamos la revisión integradora. Así, la finalidad del estudio fue presentar los conceptos generales y las etapas para la elaboración de la revisión integradora, y también, aspectos relevantes sobre la aplicabilidad de ese método para la investigación en la salud y la enfermería. La revisión integradora es un método de investigación que permite la búsqueda, la evaluación crítica y la síntesis de las evidencias disponibles sobre el tema investigado, siendo su producto final el estado actual del conocimiento del tema investigado, la implementación de intervenciones efectivas en la atención a la salud y la reducción de costos, y también, la identificación de vacíos que dirigen hacia el desarrollo de futuras investigaciones.

Palabras clave: Investigación. Enfermería. Salud.

INTRODUÇÃO

Os enfermeiros são constantemente desafiados na busca de conhecimento científico a fim de promoverem a melhoria do cuidado ao paciente.1 Um dos propósitos da Prática Baseada em Evidências (PBE) é encorajar a utilização de resultados de pesquisa junto à assistência à saúde prestada nos diversos níveis de atenção, reforçando a importância da pesquisa para a prática clínica.

A PBE é uma abordagem de solução de problema para a tomada de decisão que incorpora a busca da melhor e mais recente evidência, competência clínica do profissional e os valores e preferências do paciente dentro do contexto do cuidado.2 Envolve a definição de um problema, a busca e a avaliação crítica das evidências disponíveis, a implementação das evidências na prática e a avaliação dos resultados obtidos. Assim, essa abordagem encoraja a assistência à saúde fundamentada em conhecimento científico, com resultados de qualidade e com custo efetivo.3

O uso de evidências científicas requer habilidades do profissional de saúde, pois exige associar resultados oriundos de pesquisas na prática clínica para a resolução de problemas.4 A utilização de resultados de pesquisas é um dos pilares da PBE, e dessa maneira, para a implementação desta abordagem na enfermagem, o enfermeiro necessita saber como obter, interpretar e integrar as evidências com os dados clínicos e preferências do paciente na tomada de decisões na assistência de enfermagem aos pacientes e seus familiares.3

No movimento da PBE há necessidade de produção de métodos de revisão de literatura, os quais permitem a busca, a avaliação crítica e a síntese das evidências disponíveis do tema investigado, dentre estes se destacam a revisão sistemática e a revisão integrativa.5

Em 1995, um grupo de cientistas reunidos na Alemanha, definiu a revisão sistemática como "[...] a aplicação de estratégias científicas que limitem o viés de seleção de artigos, avaliem com espírito crítico os artigos e sintetizem todos os estudos relevantes em um tópico específico".6:133 Este método de pesquisa tem como "[...] princípios gerais a exaustão na busca dos estudos analisados, a seleção justificada dos estudos por critérios de inclusão e exclusão explícitos e a avaliação da qualidade metodológica, bem como a quantificação do efeito dos tratamentos por meio de técnicas estatísticas".7:143

A revisão sistemática é um método de pesquisa desenvolvido com freqüência na medicina baseada em evidências. A Colaboração Cochrane (organização com centros colaboradores em diferentes países) é responsável pela elaboração e disseminação de revisões sistemáticas que retratam a eficácia de intervenções na área da saúde. Geralmente os estudos incluídos nestas revisões têm o delineamento de pesquisa experimental, ou seja, são ensaios clínicos randomizados controlados, retratam evidências fortes; entretanto, esse nível de evidência na enfermagem é restrito. Outro aspecto fundamental é que esse método busca a exaustão dos estudos do tema investigado com a inclusão de material publicado e material não publicado.8

A revisão integrativa da literatura também é um dos métodos de pesquisa utilizados na PBE que permite a incorporação das evidências na prática clínica. Esse método tem a finalidade de reunir e sintetizar resultados de pesquisas sobre um delimitado tema ou questão, de maneira sistemática e ordenada, contribuindo para o aprofundamento do conhecimento do tema investigado. Desde 1980 a revisão integrativa é relatada na literatura como método de pesquisa.9

Desse modo, o presente estudo tem como propósito oferecer subsídios que permitam reflexões para a elaboração ou utilização de revisões integrativas no cenário da saúde e da enfermagem. Assim o objetivo do estudo é apresentar os conceitos gerais e as etapas para a elaboração da revisão integrativa, bem como aspectos relevantes sobre a aplicabilidade deste método para a pesquisa na saúde e enfermagem.

REVISÃO INTEGRATIVA: CONCEITOS GERAIS

A revisão integrativa inclui a análise de pesquisas relevantes que dão suporte para a tomada de decisão e a melhoria da prática clínica,10 possibilitando a síntese do estado do conhecimento de um determinado assunto, além de apontar lacunas do conhecimento que precisam ser preenchidas com a realização de novos estudos.11 Este método de pesquisa permite a síntese de múltiplos estudos publicados e possibilita conclusões gerais a respeito de uma particular área de estudo. É um método valioso para a enfermagem, pois muitas vezes os profissionais não têm tempo para realizar a leitura de todo o conhecimento científico disponível devido ao volume alto, além da dificuldade para realizar a análise crítica dos estudos.11

Para a elaboração da revisão integrativa, no primeiro momento o revisor determina o objetivo específico, formula os questionamentos a serem respondidos ou hipóteses a serem testadas, então realiza a busca para identificar e coletar o máximo de pesquisas primárias relevantes dentro dos critérios de inclusão e exclusão previamente estabelecidos.12

O revisor avalia criticamente os critérios e métodos empregados no desenvolvimento dos vários estudos selecionados para determinar se são válidos metodologicamente. Esse processo resulta em uma redução do número de estudos incluídos na fase final da revisão. Os dados coletados desses estudos são analisados de maneira sistemática. Finalmente os dados são interpretados, sintetizados e conclusões são formuladas originadas dos vários estudos incluídos na revisão integrativa.13

A revisão integrativa da literatura consiste na construção de uma análise ampla da literatura, contribuindo para discussões sobre métodos e resultados de pesquisas, assim como reflexões sobre a realização de futuros estudos. O propósito inicial deste método de pesquisa é obter um profundo entendimento de um determinado fenômeno baseando-se em estudos anteriores.14 É necessário seguir padrões de rigor metodológico, clareza na apresentação dos resultados, de forma que o leitor consiga identificar as características reais dos estudos incluídos na revisão.12

A síntese do conhecimento, dos estudos incluídos na revisão, reduz incertezas sobre recomendações práticas, permite generalizações precisas sobre o fenômeno a partir das informações disponíveis limitadas e facilita a tomada de decisões com relação às intervenções que poderiam resultar no cuidado mais efetivo e de melhor custo/benefício.4

Dentre os métodos de revisão, a revisão integrativa é o mais amplo, sendo uma vantagem, pois permite a inclusão simultânea de pesquisa experimental e quase-experimental proporcionando uma compreensão mais completa do tema de interesse. Este método também permite a combinação de dados de literatura teórica e empírica. Assim, o revisor pode elaborar uma revisão integrativa com diferentes finalidades, ou seja, ela pode ser direcionada para a definição de conceitos, a revisão de teorias ou a análise metodológica dos estudos incluídos de um tópico particular. A variedade na composição da amostra da revisão integrativa em conjunção com a multiplicidade de finalidades deste método proporciona como resultado um quadro completo de conceitos complexos, de teorias ou problemas relativos ao cuidado na saúde relevantes para a enfermagem.14

Embora a inclusão de múltiplos estudos com diferentes delineamentos de pesquisas possa complicar a análise, uma maior variedade no processo de amostragem tem o potencial de aumentar a profundidade e abrangência das conclusões da revisão. A riqueza do processo de amostragem também pode contribuir para um retrato compreensivo do tópico de interesse.15

A revisão integrativa tem o potencial de construir conhecimento em enfermagem, produzindo, um saber fundamentado e uniforme para os enfermeiros realizarem uma prática clínica de qualidade. Além disso, pode reduzir alguns obstáculos da utilização do conhecimento científico, tornando os resultados de pesquisas mais acessíveis, uma vez que em um único estudo o leitor tem acesso a diversas pesquisas realizadas, ou seja, o método permite agilidade na divulgação do conhecimento.5,15

Para elaborar uma revisão integrativa relevante que pode subsidiar a implementação de intervenções eficazes no cuidado aos pacientes, é necessário que as etapas a serem seguidas estejam claramente descritas. O processo de elaboração da revisão integrativa encontra-se bem definido na literatura; entretanto, diferentes autores adotam formas distintas de subdivisão de tal processo, com pequenas modificações.5,12,14,16-17

No geral, para a construção da revisão integrativa é preciso percorrer seis etapas distintas, similares aos estágios de desenvolvimento de pesquisa convencional. A seguir descreveremos de forma sucinta essas etapas (Figura 1), tendo como referencial os estudiosos desse método.5,12,14,16-17

ETAPAS DA REVISÃO INTEGRATIVA DA LITERATURA

Primeira etapa: identificação do tema e seleção da hipótese ou questão de pesquisa para a elaboração da revisão integrativa

O processo de elaboração da revisão integrativa se inicia com a definição de um problema e a formulação de uma hipótese ou questão de pesquisa que apresente relevância para a saúde e enfermagem.11 Elaborar uma revisão integrativa exige tempo e esforço considerável do revisor. Assim, a escolha de um tema que desperte o interesse do revisor torna este processo mais encorajador, outro aspecto apontado consiste na escolha de um problema vivenciado na prática clínica. Os estudiosos consideram a primeira etapa como norteadora para a condução de uma revisão integrativa bem elaborada. Essa construção deve estar relacionada a um raciocínio teórico e deve incluir definições já aprendidas pelo pesquisador. O assunto deve ser definido de maneira clara e específica,16 sendo que a objetividade inicial predispõe todo o processo a uma análise direcionada e completa, com conclusões de fácil identificação e aplicabilidade. Uma vez que a questão de pesquisa é bem delimitada pelo revisor, os descritores ou palavras-chave são facilmente identificados para a execução da busca dos estudos.14

A questão norteadora da revisão integrativa pode ser delimitada focalizando, por exemplo, uma intervenção específica, ou mais abrangente, examinando diversas intervenções ou práticas na área da saúde ou de enfermagem.11

Segunda etapa: estabelecimento de critérios para inclusão e exclusão de estudos/ amostragem ou busca na literatura

Esta etapa está intimamente atrelada à anterior, uma vez que a abrangência do assunto a ser estudado determina o procedimento de amostragem, ou seja, quanto mais amplo for o objetivo da revisão (por exemplo, o estudo de diferentes intervenções) mais seletivo deverá ser o revisor quanto à inclusão da literatura a ser considerada.14 O revisor deve refletir sobre este ponto, pois uma demanda muito alta de estudos pode inviabilizar a construção da revisão ou introduzir vieses nas etapas seguintes.

Após a escolha do tema pelo revisor e a formulação da questão de pesquisa, se inicia a busca nas bases de dados para identificação dos estudos que serão incluídos na revisão. A internet é uma ferramenta importante nesta busca, pois as bases de dados possuem acesso eletrônico. A seleção dos estudos para a avaliação crítica é fundamental, a fim de se obter a validade interna da revisão. É um indicador para atestar a confiabilidade, amplitude e poder de generalização das conclusões da revisão.15-16

A omissão do procedimento de amostragem pode ser a maior ameaça na validade da revisão. Esse procedimento de inclusão e exclusão de artigos deve ser conduzido de maneira criteriosa e transparente, uma vez que a representatividade da amostra é um indicador da profundidade, qualidade e confiabilidade das conclusões finais da revisão. O ideal seria a inclusão de todos os artigos encontrados, ou até mesmo a aplicação de uma seleção aleatória. Quando isto não é possível, o revisor deve deixar claro quais são os critérios de inclusão e exclusão adotados para a elaboração da revisão.16

A avaliação da adequação da metodologia dos estudos não deve ser utilizada como critério de inclusão, pois este critério seria um problema caso o revisor considerasse quase todos os estudos selecionados com metodologia inadequada e excluí-los. A melhor estratégia seria incluir todos os estudos e pesquisar padrões de possíveis influências metodológicas nos resultados.16 É importante que todas as decisões tomadas frente aos critérios de inclusão e exclusão dos estudos sejam documentadas e justificadas na descrição da metodologia da revisão. A busca e a seleção dos artigos incluídos na revisão devem ser realizadas preferencialmente por dois revisores de forma independente.11

Terceira etapa: definição das informações a serem extraídas dos estudos selecionados/ categorização dos estudos

Esta etapa consiste na definição das informações a serem extraídas dos estudos selecionados, utilizando um instrumento para reunir e sintetizar as informações-chave.12 O nível de evidência dos estudos deve ser avaliado a fim de determinar a confiança no uso de seus resultados e fortalecer as conclusões que irão gerar o estado do conhecimento atual do tema investigado.11 É análoga à etapa de coleta de dados de uma pesquisa convencional.16 O revisor tem como objetivo nesta etapa, organizar e sumarizar as informações de maneira concisa, formando um banco de dados de fácil acesso e manejo. Geralmente as informações devem abranger a amostra do estudo (sujeitos), os objetivos, a metodologia empregada, resultados e as principais conclusões de cada estudo.14

Quarta etapa: avaliação dos estudos incluídos na revisão integrativa

Esta etapa é equivalente à análise dos dados em uma pesquisa convencional, na qual há o emprego de ferramentas apropriadas.16 Para garantir a validade da revisão, os estudos selecionados devem ser analisados detalhadamente. A análise deve ser realizada de forma crítica, procurando explicações para os resultados diferentes ou conflitantes nos diferentes estudos.12,16 Dentre as abordagens, o revisor pode optar para a aplicação de análises estatísticas; a listagem de fatores que mostram um efeito na variável em questão ao longo dos estudos; a escolha ou exclusão de estudos frente ao delineamento de pesquisa.16 Tais abordagens apresentam vantagens e desvantagens, sendo a escolha da mais adequada uma tarefa árdua do revisor que deve procurar avaliar os resultados de maneira imparcial, buscando explicações em cada estudo para as variações nos resultados encontrados.

A competência clínica do revisor contribui na avaliação crítica dos estudos e auxilia na tomada de decisão para a utilização dos resultados de pesquisas na prática clínica. A conclusão desta etapa pode gerar mudanças nas recomendações para a prática.

Na literatura, estudiosos apontaram questões que podem ser utilizadas na avaliação crítica dos estudos selecionados, a saber: qual é a questão da pesquisa; qual é a base para a questão da pesquisa; por que a questão é importante; como eram as questões de pesquisas já realizadas; a metodologia do estudo está adequada; os sujeitos selecionados para o estudo estão corretos; o que a questão da pesquisa responde; a resposta está correta e quais pesquisas futuras serão necessárias.12

Quinta etapa: interpretação dos resultados

Esta etapa corresponde à fase de discussão dos principais resultados na pesquisa convencional. O revisor fundamentado nos resultados da avaliação crítica dos estudos incluídos realiza a comparação com o conhecimento teórico, a identificação de conclusões e implicações resultantes da revisão integrativa. Devido à ampla revisão conduzida, é possível identificar fatores que afetam a política e os cuidados de enfermagem (prática clínica). A identificação de lacunas permite que o revisor aponte sugestões pertinentes para futuras pesquisas direcionadas para a melhoria da assistência à saúde.16

Sexta etapa: apresentação da revisão/síntese do conhecimento

A revisão integrativa deve incluir informações suficientes que permitam ao leitor avaliar a pertinência dos procedimentos empregados na elaboração da revisão, os aspectos relativos ao tópico abordado e o detalhamento dos estudos incluídos.16 Todas as iniciativas tomadas pelo revisor podem ser cruciais no resultado final da revisão integrativa (diminuição dos vieses), sendo necessário uma explicação clara dos procedimentos empregados em todas as etapas anteriores.

Em geral, a maior dificuldade para delimitar as conclusões obtidas da revisão é o quanto nem todas as características e os resultados dos estudos foram relatados nas fases anteriores pelo revisor. A proposta da revisão integrativa é reunir e sintetizar as evidências disponíveis na literatura e as suas conclusões serão questionadas caso a sua construção seja baseada numa metodologia questionável.16

Esta etapa consiste na elaboração do documento que deve contemplar a descrição das etapas percorridas pelo revisor e os principais resultados evidenciados da análise dos artigos incluídos. É um trabalho de extrema importância já que produz impacto devido ao acúmulo do conhecimento existente sobre a temática pesquisada. A importância da divulgação dos resultados da investigação é incondicionalmente reconhecida, mas as formas de como divulgar ainda são limitadas devido às exigências dos periódicos científicos, a necessidade de outro idioma e dos recursos financeiros dispensados, apesar dos enormes avanços na tecnologia da comunicação.9

APLICABILIDADE DA REVISÃO INTEGRATIVA NA PESQUISA EM SAÚDE E NA ENFERMAGEM

Na enfermagem nacional e internacional, os enfermeiros precisam vencer diferentes barreiras para a condução e/ou utilização de resultados de pesquisas na prática clínica, principalmente no que se refere à falta de preparo para o processo de investigar, dificuldades para a avaliação crítica dos estudos disponíveis e para a transferência do conhecimento novo para a prática.18-19

Além disso, "[...] a quantidade e a complexidade das informações na área da saúde e o tempo limitado dos profissionais têm determinado a necessidade do desenvolvimento de processos que proporcionem caminhos concisos até os resultados oriundos de pesquisas".19:26 Neste cenário, o desenvolvimento de métodos de revisão preconizados na PBE oferece contribuições importantes para a pesquisa na saúde e na enfermagem, neste estudo ressaltamos a revisão integrativa da literatura.

A revisão integrativa permite que o leitor reconheça os profissionais que mais investigam determinado assunto, separar o achado científico de opiniões e idéias, além de descrever o conhecimento no seu estado atual, promovendo impacto sobre a prática clínica. Este método de pesquisa proporciona aos profissionais de saúde dados relevantes de um determinado assunto, em diferentes lugares e momentos, mantendo-os atualizados e facilitando as mudanças na prática clínica como conseqüência da pesquisa.9

Dessa forma, acreditamos que a revisão integrativa é uma ferramenta importante no processo de comunicação dos resultados de pesquisas, facilitando a utilização desses na prática clínica, uma vez que proporciona uma síntese do conhecimento já produzido e fornece subsídios para a melhoria da assistência à saúde. Um indicador de qualificação da assistência é a utilização de resultados de pesquisa, por outro lado a instituição de saúde também é beneficiada pela otimização dos recursos humanos e materiais.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Para fazer a diferença no que tange a assistência à saúde e de enfermagem, é imprescindível vincular o conhecimento oriundo de pesquisas e da prática clínica. A revisão integrativa é um método de pesquisa incipiente na enfermagem nacional, porém a sua contribuição na melhoria do cuidado prestado ao paciente e familiar é inegável. A síntese dos resultados de pesquisas relevantes e reconhecidos mundialmente facilita a incorporação de evidências, ou seja, agiliza a transferência de conhecimento novo para a prática.

No Brasil é carente o número de publicações que empregam esse método no desenvolvimento de pesquisas; assim, o presente estudo trouxe subsídios para o profissional de saúde compreender os conceitos gerais, etapas e a aplicabilidade da revisão integrativa.

Neste contexto, a revisão integrativa oferece aos profissionais de diversas áreas de atuação na saúde o acesso rápido aos resultados relevantes de pesquisas que fundamentam as condutas ou a tomada de decisão, proporcionando um saber crítico.

  • 14040-902 - Campus da USP, São Paulo, SP, Brasil

  • Recebido em: 31 de março de 2008

    Aprovação final: 08 de outubro de 2008