Autor: Massuel dos Reis Bernardi Show
O Rio Grande do Sul iniciou seu processo de formação dois séculos e meio após a descoberta do Brasil; assim sendo, o estado mais meridional da União sentiu sua principal influência: a profunda mestiçagem cultural que dois séculos de povoamento haviam elaborado no Brasil. As danças tradicionalistas gaúchas são legítimas expressões da alma gauchesca. Em todas elas está presente o espírito de fidalguia e de respeito à mulher, que sempre caracterizou o campesino rio-grandense. Todas elas dão margem a que o gaúcho extravase sua impressionante teatralidade. Segundo Paixão Côrtes (1997), a primeira dança regional gaúcha que colheram em suas pesquisas veio da Vila de Palmares (atual município de Osório-RS). As danças, inicialmente, apenas integravam as festas regionais do Rio Grande do Sul e hoje são divulgadas e praticadas por diversos estados como a mais bela manifestação do folclore gaúcho. Tamanho é o seu alcance que existem CTGs espalhados por 23 estados brasileiros além dos Estados Unidos, Paraguai e Portugal. A mais típica representação do Rio Grande do Sul é o “fandango” que, posteriormente, se entremeou ao sapateado, originado nas antigas danças de par solto da romântica Espanha. Estes bailados espanhóis constituíram o primeiro ciclo/geração coreográfica de formação das danças populares brasileiras. Passando pela corte de Luiz XIV com o “Minueto”, pela Inglaterra com a “Country Dance” e, finalmente com a “Valsa” chega a Paris onde a vida social sofria influência de muitos fatos mundialmente significativos, e se espalhava por todo o círculo cultural ocidental: novas ideias, novas técnicas, novas modas, logo, novas danças. As danças tradicionalistas são acompanhadas de músicas típicas gaúchas. Nestas prepondera o som do acordeom, também conhecida como gaita, violão e alguns outros instrumentos de corda e percussão. Pela tradição Gaúcha a dama é chamada de “prenda” e o cavaleiro de “peão”. Os Rodeios e CompetiçõesOs rodeios são eventos onde se cultua fortemente a tradição gaúcha. Neles há diversas atrações artísticas como: Mostra competitiva de Danças Gaúchas em várias categorias e estilos; Mostra competitiva de Chula (sapateio característico e exclusivo de peões); Mostra competitiva de Declamação (categorias peão e prenda, mirim, juvenil e adulta – declamação de poesias tradicionalistas); Mostra competitiva de Trova (criação e improviso de versos cantados entre dois peões); Concurso de Mais Prendada Prenda (cada CTG tem suas primeiras prendas mirim, juvenil e adulta, que desta última concorrem à mais prendada da região onde o rodeio é realizado); Competição de Gineteadas (manter-se o maior tempo em cima do cavalo que pula/corcoveia); Competição de Laço (laçar o gado montado a cavalo); Exposição de gado campeiro; Exposição de cavalos crioulos; Exposição, confecção e comércio de utensílios e artigos gaúchos;
IndumentáriaPara a representação teatral dessas danças, não basta apenas que se prenda à autenticidade coreográfica, mas também às características da indumentária gauchesca. A vestimenta do gaúcho é totalmente distinta da vestimenta do caipira e considerada tradicional. Se entende por tradicional o tipo entre a indumentária primitiva (onde figura o “chiripá”, a “ceroula de crivos”, o lenço prendendo os cabelos e a “bota garrão de potro”) e a atual (onde figura o chapéu de aba larga – quebrada dos lados, em certas regiões do Estado a “bota gaitinha”, etc.) A indumentária característica das danças gaúchas são um elemento forte e bastante presente. De acordo com a região, e se obedece ao tipo exigido em determinada competição, a invernada padroniza alguns critérios, cores e adereços. A vestimenta da prenda já teve várias alterações no decorrer do tempo, porém a sua base concebida por Paixão Côrtes é: “vestido de chita floreada, lenço de seda ao pescoço.” (CÔRTES E LESSA, 1997, p. 19). Algumas variações como o tamanho da armação das saias, o uso de acessórios como camafeu, fichú (espécie de chalé menor feito de crochê) e o tamanho do salto das sapatilhas. No caso do peão, “botas de cano mole, esporas, bombacha, guaiaca (cinto campeiro), camisa de uma só cor, lenço de seda ao pescoço, chapéu de aba não quebrada dos lados, barbicacho (tira de couro que prende o chapéu) – afora acessórios como a faixa, na cintura, o poncho-paia, o cloete, etc.” (CÔRTES E LESSA, 1997, p. 19) Assim como da prenda, as variações da indumentária do peão também existem, inclusive como a alteração do uso do lenço na cabeça debaixo do chapéu, o tamanho e formato das esporas (com finalidade estética e acústica nas danças ou com o fim de açoitar o cavalo quando montado) Lista de DançasAs danças listadas por Paixão Côrtes e Barbosa Lessa no “Manual de Danças Gaúchas” contam com sistematização técnica, partituras musicais e descrição analítica. São elas: Danças sem SapateioChimarrita Pèzinho Caranguejo Cana-Verde Maçanico Quero-Mana Rilo Meia Canha (Polca de Relação) Pericom O Chote Chote de duas Damas Rancheira Rancheira de Carreirinha Terol Páu de Fita Danças com SapateioTirana do Lenço Anú Balaio Tatú Chimarrita Balao A Chula Ver tambémCia Municipal de Dança de São Leopoldo Cia H Grupo Geele Tanz Cia Municipal de Dança de Caxias do Sul Coletivo de Artistas da sala 209 Grupo Tato Terpsí Teatro de Dança Eduardo Severino Cia de Dança Ânima cia de dança Terra Companhia de Dança do Rio Grande do Sul Mimese Cia de dança-coisa Grupo de Dança da UFRGS Grupo Meme de Pesquisa do Movimento Troupe Xipô Grupo Gaia Links RelacionadosGED ASGADAN João Luiz Polla Tango Balleto Lya Bastian Meyer Escola Oficial de Dança do Theatro São Pedro Tony Slitz Detzhold Mônica Dantas Theatro são pedro GEDA Roberta Savian Centro Municipal de Dança de Porto Alegre Casa de Cultura Mário Quintana Experimento e Fluxo ReferênciasCÔRTES, Paixão; LESSA, Barbosa. Manual de Danças Gaúchas. São Paulo: 1997 http://www.portalderodeios.com.br/historia2.php?id=42 http://pt.wikipedia.org/wiki/Gaúcho
Não foi fácil escolher só 12 comidas típicas do Rio Grande do Sul. A culinária gaúcha é uma das mais ricas do Brasil, moldada pelos milhares de imigrantes italianos, alemães e portugueses, além de influências de espanhóis e africanos, entre outros. O resultado dessa mistura, são doces típicos deliciosos, muito churrasco e pratos que deixam o coração gaúcho em farrapos de amor (nossa, que trocadilho). Há anos sou fã da gastronomia rio grandense, especialmente das carnes. Mas tem muito mais pra se comer nas cidades gaúchas, especialmente em Porto Alegre, que tem um pouco de cada iguaria do estado, pois cada rincão do Rio Grande tem seus pratos típicos. Se eu fosse listar todos, ficaria escrevendo para sempre. Por isso vou falar apenas das comidas típicas, doces e petiscos mais consagrados do Rio Grande do Sul.
1. Vovó SentadaPra começar a lista, um petisco tipicamente gaúcho, de nome exótico e pouco conhecido pelo Brasil. A Vovó Sentada é um biscoito (ou bolacha) assado em formato de V, crocante, bom pra petiscar. Tem as grandes Vovós Sentadas, caseiras, que devem ser bem gostosas. Na falta de alguém pra cozinhar essa iguaria pra mim, comi a versão de supermercado mesmo. 2. Arroz CarreteiroTalvez seja o prato gaúcho mais famoso do Brasil, incorporado e adaptado a outras culinárias regionais, como a goiana e a mineira. A receita, à base de charque (carne-de-sol), foi criado por mercadores que atravessavam os pampas gaúchos em carros de boi, e logo se tornou popular também entre os vaqueiros. A receita não tem segredo, é basicamente arroz e charque picado, que fica ainda melhor quando temperado com pimenta e acompanhado de vinagrete. Na foto acima, uma versão mais gourmet do carreteiro, um risoto de costela, que comi no Restaurante Videiras, dentro de uma vinícola em Bento Gonçalves. Aliás, recomendo ver estas dicas: Onde comer em Bento Gonçalves. 3. Costela AssadaA melhor costela que eu já comi foi em Porto Alegre. A melhor não, as melhores. Porque tinha costela de vaca gado, costela de carneiro e costela de porco, todas deliciosas, assadas e temperadas com sal grosso, basicamente o único tempero do churrasco gaúcho. Poderia ter sido em qualquer churrascaria do inteior Rio Grande do Sul, mas essa costela em comi na capital e por isso dou essa dica de churrascaria em Porto Alegre. Na próxima viagem ao RS, quero experimentar a costela assada no fogo de chão, que é tipicamente gaúcha e deve ser deliciosa. 4. Matambre RecheadoDepois da costela, deixe espaço no estômago para outra delícia da culinária gaúcha, o matambre recheado, também comum na Argentina e no Uruguai. Essa carne, localizada entre a costela e a pela, é pouco comum acima da região sul do Brasil, mas facilmente encontrada nos açougues gaúchos. Antes de ser enrolada e assada no forno ou no bafo, deve ser recheada a gosto com ingredientes como queijo, cebola, pimenta e até mesmo linguiça. Tem fotos, receita e modo de preparo no blog Um Casal na Cozinha. 5. X-Gaúcho ou simplesemente XISO XIS, para os íntimos, é o legítimo sanduíche rio grandense. Bem melhor (e maior) do que o hambúrguer norte-americano replicado no Brasil, o XIS é um pão prensado, que fica achatado assim e tem espaço de sobra para o recheio preferido. Experimentei com picanha assada, hambúrguer e carne desfiada, mas sem dúvidas meu preferido é o XIS com carne de panela. E pasmem, existe até XIS Vegetariano. Pode ser encontrado em outros estados, com nomes como X-Gaúcho ou X-Tchê. Mas nada se compara a comer no Rio Grande do Sul. Vale a pena ver essa lista com 5 Xis que tu tens que provar em Porto Alegre e essa outra aqui do Destemperados. 6. Espeto Corrido ou Rodízio de ChurrascoCriado em Londrina, no Paraná, a sistema de rodízio de variedade de carnes foi aprimorado pelo gaúcho Albino Ongaratto. Pelo menos é o que conta a história, publicada aqui e aqui. Polêmicas de invenção à parte, não dá pra negar que o Rio Grande do Sul se tornou especialista em rodízio, tanto que muitas das melhores churrascarias do Brasil ou são gaúchas, ou tem nomes gaúchos, ou tem garçons e assadores gaúchos. E nelas você pode se empanturrar com as comidas típicas do Rio Grande do Sul até não aguentar mais. 7. Paçoca de Pinhão com Carne AssadaNão tem nada mais típico do que comidas com ingredientes regionais. Esse é o caso do pinhão, muito comum na região sul, que faz parte de alguns pratos típicos gaúchos, como essa tradicional paçoca, que também leva diversos tipos de carne na receita, como lombo de porco, salsichão, bacon e carne bovina. Receita aqui. 8. Tainha na Taquara (Tainha é quase Anchova)Nem só de carne de gado vive a culinária gaúcha. Tradicional da região do Guaíba e do litoral sul do estado, a Tainha na Taquara é o prato típico do Rio Grande do Sul mais vendido na Festa do Mar, em Rio Grande, conforme história contada no Wikipedia. Consiste basicamente do peixe bem temperado assado na taquara, um espeto feito de bambu do tipo taquara. Daí o nome criativo. =D As melhores fotos e a receita também estão na Revista Sabores do Sul. 9. Rodízio de Galeto ou Rodízio ColonialNão faltam boas galeterias na Serra Gaúcha, como em Gramado, onde muitas são especializadas em rodízio de galeto. Além do próprio frango assado, os rodízios geralmente incluem sopa de capeletti, polenta frita, espaguete e salada, entre outros pratos. Para temperar as carnes, também costumam oferecer diferentes molhos, em sabores como uva e menta. Mas os melhores restaurantes especializados em rodízio colonial que provei estão em Bento Gonçalves, também na Serra Gaúcha. Por lá, não se esqueça de pedir dicas para harmonizar os pratos com os vinhos regionais. 10. Comidas AlemãsMuitas comidas típicas de Alemanha se incorporaram à dieta dos gaúchos, especialmente no Vale dos Sinos, Nova Petrópolis e outras cidades e regiões que receberam grande número de imigrantes alemães. Por exemplo, a tradição dos cafés coloniais e queijos coloniais vieram com eles. Outras comidas típicas do Rio Grande do Sul de origem alemã são a chimia (uma compota de frutas, em sabores como batata doce, banana, uva e abóbora), o eisbein (joelho de porco), o apfelstrudel (torta de maçã), o Himmel und Erde (purê de batatas e maçãs) e o chucrute (conserva de repolho fermentado). 11. CucaDestaque entre as comidas de origem alemã, a Cuca é um pão doce muito comum no Rio Grande do Sul, especialmente nas cidades com maior número de descendentes alemães. Em Santa Cruz do Sul existe até a Festa da Cuca. A cuca Pode ser de frutas, como banana, abacaxi ou maçã, ou de chocolate ou goiabada, entre outros sabores. Essa cuca de calabresa da foto acima eu provei na famosa Casa das Cucas, no Roteiro Caminhos de Pedra, em Bento Gonçalves. 12. Pastel de Santa ClaraQue não me ouçam em Portugal, mas o melhor pastel de santa clara do mundo está em Pelotas, a capital brasileira dos doces (conheça a Fenadoce). Tanto que a receita pelotense desse e de outros doces tem até um selo de indicação de procedência. Depois de experimentar as melhores comidas típicas do Rio Grande do Sul, nada como fechar com um delicioso Pastel de Santa Clara de Pelotas. Receita aqui. Veja também:
Viajar com tudo reservado é bem melhor
|