O mito da caverna em comparação ao filme matrix

O mito da caverna em comparação ao filme matrix

O filme Matrix é reconhecido como um dos grandes clássicos da indústria cinematográfica. Os efeitos especiais e o enredo, que foge dos padrões, é de tirar o fôlego. O filme pode parecer muito confuso para algumas pessoas, mas o que quase ninguém sabe é que ele possui uma analogia muito forte e próxima com o mito da caverna de Platão.

O Mito da Caverna

Cerca de quatro séculos antes de Cristo, o filósofo Platão descreveu um mito na obra A República, intitulada como o “Mito da Caverna”. Nele, o filósofo narra uma história fictícia de seres humanos que nascem e vivem aprisionados dentro de uma caverna, vendo sombras projetadas nas paredes. Ou seja, para os prisioneiros, a realidade são as sombras, já que estas representações são as únicas experiências que eles presenciaram durante toda vida. Porém, a verdadeira realidade está num outro lugar, onde eles não conseguem perceber: fora da caverna.

No desenrolar do mito, um dos prisioneiros consegue desfazer as amarras e escapar da caverna. De início, ele sente forte dor nos olhos e fica cego por alguns instantes por conta do forte clarão do sol, todavia, depois ele fica maravilhado com a percepção da verdadeira realidade. O mito termina com este homem voltando à caverna para alertar os prisioneiros de que existe uma outra realidade, a verdadeira realidade. No entanto, os prisioneiros não dão ouvidos a ele e inclusive o xingam de louco e o ameaçam de morte.

Faça a sua análise!

No mito, Platão quer transmitir a ideia de que a verdadeira realidade não é aquela que os nossos sentidos percebem. Os sentidos, para Platão, estão inclinados e sujeitados ao erro.

No filme Matrix a história é semelhante. O protagonista Neo é um trabalhador norte-americano comum, que nos tempos vagos atua como hacker na internet. Certo dia, um estranho o contata e faz uma proposta curiosa. Mas sem spoilers! Agora que você já sabe o que foi o Mito da Caverna, assista ao filme e faça sua própria análise do enredo com o Mito de Platão. Depois vem aqui no Blog contar pra gente a sua percepção. 😀

Ah, aqui você pode ler o Mito da Caverna; e aqui tem o livro A República na íntegra!

Escrito por: Victor Lima Dias. Graduado em Ciências Contábeis; pós-graduado em “Coaching Ontológico, Comunicação Efetiva e Mediação de Conflitos”, e atualmente estuda Licenciatura em Filosofia na Ítalo.

Imagem capa: https://creative-analytics.corsairs.network/lessons-from-the-matrix-deep-learning-46c974e9c9f0

Blog filosofia matrix mito da caverna platão

04/05/2015 às 09h23

O mito da caverna em comparação ao filme matrix
Cenas do filme Matrix (Matrix)

A relação entre o filme Matrix e o Mito da Caverna, de Platão, será o ponto de partida para a palestra O Simbolismo de Matrix: A Nova Caverna de Platão, que será proferida hoje, às 19h30 na Organização Nova Acrópole (Renascença). A palestra, que tem entrada gratuita, marca o início do curso de Filosofia Prática, promovido pela organização.

Matrix é um filme de 1999 dirigido pelos irmãos Wachowski, que descreve um mundo dominado por máquinas onde os seres humanos são encarcerados em um mundo virtual nomeado Matrix, que tem a aparência da realidade dos anos 1990.

Neste mundo de ilusão vive o personagem Neo, um homem com inúmeras inquietações sobre a realidade que o rodeia. Ele sente que há algo errado, que existe algo além, mas que não consegue explicar.

Após estranhas coincidências ele conhece Trinity e Morfeu, que lhe mostram a verdade sobre a Matrix. A partir disso, Neo deve superar seus limites e encontrar forças dentro de si para lutar contra quem deseja que a humanidade continue aprisionada.

Recheado de diálogos filosóficos, o filme faz refletir sobre inúmeras questões, como: Quem sou? O que é a realidade? Até onde posso chegar?. Além disso, é clara a referência ao sempre atual Mito da Caverna, do filósofo Platão, que narra a seguinte história: Em uma profunda caverna se encontravam todos os homens acorrentados de maneira que não pudessem mexer seus pescoços, ficando sempre olhando para a parede que existia no fundo dela. Nesta parede eram refletidas sombras, devido ao reflexo da luz do sol.

Assim, os homens, não sendo capazes de ver outra coisa, se acostumaram com aqueles vultos e passaram a acreditar que eles eram a realidade. Até que um dia uma pessoa conseguiu se libertar e sair da caverna. Chegando à superfície, viu o sol e toda uma vida linda e maravilhosa e, por compaixão aos seus irmãos que continuavam presos, decidiu voltar para lhes contar a sua descoberta. No entanto, ninguém acreditou nele.

Organização - A Nova Acrópole é uma organização internacional filosófica presente em mais de 50 países, há 57 anos. Tem por objetivo desenvolver em cada ser humano aquilo que tem de melhor, por meio da Filosofia, da Cultura e do Voluntariado. Seu curso de Filosofia Prática é adaptado para mais de 30 línguas e pode ser feito por pessoas de todas as idades, condição social, posição política ou religiosa. Das 83 sedes do Brasil, três foram abertas em 2013.

Serviço

O quê

Palestra O Simbolismo de Matrix: A Nova Caverna de Platão

Onde

Nova Acrópole São Luis, Rua das Macaúbas, Qd.28, nº 6, Renascença I

Outras informações

(98) 3088-0780 ou www.acropole.org.br

Introdução Este relatório tem o objetivo de analisar criticamente os objetos para o relatório, sendo eles o mito da caverna, o filme Matrix e o assunto sobre felicidade, fazendo um paralelo entre eles. O Mito da Caverna O mito ou “Alegoria” da caverna expressa dramaticamente à imagem de prisioneiros que desde o nascimento são acorrentados no interior de uma caverna de modo que olhem somente para uma parede iluminada por uma fogueira. Essa ilumina um palco onde estátuas dos seres como homem, planta, animais etc. são manipuladas, como que representando o cotidiano desses seres. No entanto, as sombras das estátuas são projetadas na parede, sendo a única imagem que aqueles prisioneiros conseguem enxergar. Com o correr do tempo, os homens dão nomes a essas sombras e também à regularidade de aparições destas. Os prisioneiros fazem, inclusive, torneios para se gabarem, se vangloriarem a quem acertar as corretas denominações e regularidades. Felicidade Muitas pessoas dizem serem felizes, mas ao serem perguntadas o significado de ser feliz não sabem responder exatamente o que quer dizer a palavra “felicidade”. A felicidade tem uma relação com a filosofia. A palavra filosofia quer dizer “amor a sabedoria”. Para os gregos a sabedoria buscava atender ao que consideravam o objetivo supremo da vida humana: a felicidade. Assim, a filosofia apresentava-se como um conhecimento superior que conduzia à vida boa. E o filosofo se reconhecia como aquele que buscava, praticava e ensinava um método, um caminho para a felicidade. Para as pessoas as fontes de felicidade são: bens materiais e riqueza, status social, poder e glória, prazeres da mesa e da cama, saúde, amor e a amizade. Pressupõe-se que a carência de uma dessas fontes possa explicar a infelicidade de alguém. O curioso é que, com frequência, pessoas que desfrutam de tudo isso não se sentem felizes, ou são infelizes por tê-las em excesso.

A felicidade é um estado durável de plenitude, satisfação e equilíbrio


Muitos devem conhecer o filme Matrix, mas o que nem todos sabem é que ele contém referências filosóficas riquíssimas. As ideias apresentadas na superprodução cinematográfica apresentam relação com a filosofia idealista platônica, fazendo claras referências à alegoria da caverna, de Platão.


O filme

Matrix (dir. irmãs Wachowski, 1999) narra a estória de Neo Anderson, um hacker de computador que, por meio de invasões pela internet, descobre a existência de um estranho programa na rede, a matrix.

Após suas descobertas, Neo é procurado por um grupo de pessoas que se dizem hackers e afirmam saber de uma verdade que a maioria não sabe, deixando a critério do protagonista: optar por conhecer a verdade e mudar sua vida para sempre ou continuar sendo enganado pela Matrix e esquecer todas as suas descobertas. Neo Anderson decide então conhecer a verdade.


O mito

O mito da caverna, como também é conhecido, é um diálogo platônico apresentado no livro VII da República e tem como interlocutores Sócrates e Glauco. Sócrates apresenta uma situação na qual escravos se encontram presos no fundo de uma caverna com os olhos voltados apenas para o fundo dela.

Atrás deles há uma fogueira e, por trás dela, passam pessoas e objetos. Através do fogo, os objetos geram sombras que são projetadas de maneira distorcida na parede da caverna. Tudo que esses escravos conhecem até então são essas sombras e os ecos dos sons propagados do lado de fora. Isso para eles é todo o mundo.

Em um dia qualquer, um dos escravos consegue se soltar e caminha em direção à saída da caverna. Quando finalmente sai, ele descobre um mundo totalmente diferente do que conhecia antes.

Ao primeiro encontro com a luz solar diretamente nos olhos, o escravo tem um ofuscamento da visão, que pouco a pouco vai se desfazendo. Gradativamente, o escravo vai se acostumando a olhar na claridade e aprendendo a contemplar esse “novo mundo”.

Então, ele decide voltar à caverna e contar aos seus companheiros o que há do lado de fora, mas eles certamente não o reconhecerão e não aceitarão a sua nova versão da realidade. Diante disso, ele se encontra em um dilema: voltar e contar aos outros, que podem julgá-lo como louco e até matá-lo, ou ficar e contemplar um novo mundo sozinho?

Como relacionar as duas obras

A professora Marilena Chauí 1, do departamento de Filosofia da USP, escreveu um excelente texto didático explorando as relações do filme Matrix com o diálogo de Platão. Este texto está publicado no início do livro Convite à filosofia.

Neo Anderson, o protagonista do filme, é a figura do escravo que consegue se libertar da caverna. Esse escravo liberto da caverna representa o filósofo. O filósofo é quem consegue se livrar da prisão que mantém os homens escravos da percepção, dos sentidos, e que por eles são enganados.

Libertar-se da caverna significa, em uma linguagem platônica, acessar o famoso mundo das ideias, que seria um lugar onde os homens estariam livres dos enganos, mantendo-se em contato, por meio do pensamento, com as essências puras das coisas do mundo.

Para Platão, o conhecimento verdadeiro advém das ideias puras e do intelecto. Todo conhecimento advindo das sensações do corpo é enganoso. Neo, assim como o escravo liberto, descobre haver uma realidade totalmente diferente daquela em que acreditamos. No filme, o responsável pelo nosso engano é o software Matrix.

A Matrix foi projetada para manter os humanos na “doce ilusão” de viver nesse mundo cheio de conforto e prazeres, quando na verdade o mundo foi completamente destruído. Nessa narrativa, os homens na verdade vivem como fetos estáticos imersos no útero (matrix em latim significa “útero”) enquanto possuem uma atividade cerebral intensa que propicia a vida que eles acreditam ter.

Sócrates é considerado o “patrono da Filosofia” – isso porque, segundo Chauí1, ele jamais se contentou com opiniões estabelecidas, os preconceitos de sua sociedade ou as crenças inquestionadas de seus conterrâneos. Ele foi um inovador, querendo romper com as crenças costumeiras e procurar a verdade por trás das coisas.

Sócrates descobriu que há uma “matrix” ou uma “caverna” que a todos nós aprisiona e engana. Ele defendeu que a saída dessa caverna é buscar o conhecimento, deixando de lado as crenças vulgares, os preceitos sociais, os preconceitos, dogmas, a cultura imposta ou qualquer outro elemento que possa impedir o homem de acessar o puro conhecimento. Conquistando esse saber, o homem consegue sair da escravidão, da servidão que o aprisiona.

A realidade é desagradável

Sair da Matrix é extremamente doloroso e desagradável no início. A vida proporcionada pelo programa é divertida, confortável, prazerosa e aconchegante. Como trocar uma bela paisagem com pessoas se divertindo, comendo bem, pelo seu oposto? A realidade fora do software é dura e de difícil adaptação.

Podemos nos lembrar da cena do filme em que Neo sai pela primeira vez do programa e compará-la ao momento no qual o escravo sai da caverna pela primeira vez. A primeira reação do escravo é um ofuscamento desagradável na visão, até que ele finalmente se acostuma com a luz.

Neo, ao se “desconectar”, enxerga os desprazeres da vida real e, até que sua mente e seu corpo aceitem a desconstrução de tudo que ele tinha por verdadeiro, passa por muito sofrimento.

A verdade é libertadora

Saber a verdade é essencial para nos libertar da condição de escravos. É feliz quem é livre. E, mesmo que a ignorância seja confortável e aparentemente melhor, devemos superá-la. Somente assim podemos ter consciência de nós mesmos e do mundo a nossa volta, participar dele, questioná-lo, entendê-lo e modificá-lo. Saber a verdade nos permite emancipação como cidadãos. Confira como Sócrates, na condição de interlocutor em A República, de Platão, encerra o diálogo:

O antro subterrâneo é o mundo visível. O fogo que o ilumina é a luz do sol. O cativo que sobe à região superior e a contempla é a alma que se eleva ao mundo inteligível. Ou, antes, já que o queres saber, é este, pelo menos, o meu modo de pensar, que só Deus sabe se é verdadeiro. Quanto à mim, a coisa é como passo a dizer-te. Nos extremos limites do mundo inteligível está a ideia do bem, a qual só com muito esforço se pode conhecer, mas que, conhecida, se impõe à razão como causa universal de tudo o que é belo e bom, criadora da luz e do sol no mundo visível, autora da inteligência e da verdade no mundo invisível, e sobre a qual, por isso mesmo, cumpre ter os olhos fixos para agir com sabedoria nos negócios particulares e públicos (PLATÃO, em A república).

|1| CHAUI, Marilena.Convite à Filosofia. São Paulo: Ática, 2005, p.9.  

Por Francisco Porfírio
Graduado em Filosofia