A dona do pedaço o outro lado do paraíso

Intérprete de Chiclete em A Dona do Pedaço, Sergio Guizé tem nas mãos um personagem semelhante ao agressor de mulheres que fez em O Outro Lado do Paraíso. Só que o matador parece ter a missão de exorcizar o "demônio" que fez Gael ser rejeitado na última novela de Walcyr Carrasco. O Notícias da TV teve acesso aos roteiros e já contou três cenas em que o justiceiro surgirá bradando: "Não bato em mulher".

A primeira delas está prevista para ir ao ar na segunda-feira (8). Chiclete será procurado pela mãe e pela avó de Vivi (Paolla Oliveira). As duas oferecerão uma bela quantia para ele sumir da vida da blogueira. 

Indignado com a proposta, ele mandará as senhoras guardarem o dinheiro e disparará: "Só não leva uma surra porque não bato em mulher. Tudo bem. Eu não vou atrapalhar a vida da Vivi. Eu gosto demais dela pra atrapalhar. Eu vou terminar um serviço... Um serviço que vim fazer aqui em São Paulo e sumo".

Assim como o espancador de Clara (Bianca Bin) na novela que terminou em maio do ano passado, Chiclete é caipira, machista, mas tem uma pegada que agrada às mulheres. A trajetória dele, porém, é bem diferente da de Gael.

Desde que surgiu em cena no último dia 18, o matador não só arrebatou o coração de Vivi, como também caiu nas graças do público. Nas redes sociais, o casal já está entre os mais shippados da trama.

rperodução/TV Globo

Sergio Guizé contracena com Bianca Bin na pele do violento Gael de O Outro Lado do Paraíso

Ameaça de tapas

No dia do casamento da celebridade virtual com Camilo (Lee Taylor), ele terá uma discussão com Josiane (Agatha Moreira). Pela segunda vez, soltará seu mantra. "Devia te dar umas bolachas. Não dou porque não bato em mulher", esbravejará. A cena está prevista para ir ao ar dia 15.

Depois, Chiclete enfrentará um dilema ao descobrir que a influenciadora digital é a pessoa que ele precisa matar. Disposto a cumprir com a palavra que deu a Cosme (Osvaldo Mil), o rapaz brigará com Maria da Paz (Juliana Paes). A boleira fará de tudo para impedir o assassinato de Vivi. 

No meio de um enfrentamento dos dois, ele chegará a erguer a mão para ela. "Vai bater em mim, vai? Bate. Tenta bater, que homem nenhum bate em mim não. Ainda mais covarde que bate em mulher", alfinetará a empresária.

"Não sou covarde. Não bato em mulher. Foi só a raiva que fez eu erguer a mão", responderá Chiclete, na sequência prevista para ir ao ar no próximo dia 27. 

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Juliana Paes | Katiuscia Canoro (Fotos: divulgação)

Lady Cake

Há mais de um ano, em uma de minhas críticas à novela “O Outro Lado do Paraíso“, citei o quanto o humor de Walcyr Carrasco extrapola a caricatura, comparando seu texto com o do antigo programa “Zorra Total”, cujo estilo de humor, ultrapassado, a Globo havia abandonado há anos. Na nova novela do autor, “A Dona do Pedaço“, a mudança para a fase atual da história (no capítulo dessa segunda, 27/05) fez surgir uma nova Maria da Paz (Juliana Paes, a protagonista), rica depois de uma passagem de vinte anos. Rica, mas exageradamente cafona e afetada. “Eu tô pagaaanu!“, diria Lady Kate, lembra dela?

Esqueça as referências da direção a Tarantino e Irmãos Cohen, vistas, nas fases anteriores, na trama das duas famílias de matadores que se odiavam. “A Dona do Pedaço” inicia agora sua fase definitiva, na atualidade, e, pelo pouco visto, não traz nada das inspirações anteriores. Já nas primeiras sequências, é perceptível o quanto tudo foi nivelado à potência máxima. A “nova” Maria da Paz agora é rica e cafona, como pede o roteiro. E muitos tons acima.

Juliana Paes (foto: reprodução)

Como é sabido, tudo no texto de Carrasco é exponencial, sem sutileza, didático, repetido tantas vezes que até uma criança de cinco anos possa fixar. A caracterização e os modos exagerados de Maria da Paz remetem a Lady Kate, a personagem de Katiuscia Canoro no finado “Zorra Total“, do bordão “Dinheiro eu tenho, o que me falta é gramur“. É basicamente o mesmo perfil: veio de baixo, enriqueceu e não sabe se portar e vestir, por isso exagera em tudo, no jeito afetado e nas roupas, joias e maquiagem.

Contradiz o perfil anterior de Maria da Paz, apresentada como uma mulher de modos simples, alegre e, ainda assim, um tanto discreta. Se ela fosse uma moça despachada e brega, seria o caso. Essa mudança brusca da protagonista soou gratuita, apenas para justificar o entrecho em que a filha sente vergonha da mãe só por ela ser cafona. Ainda assim, o resultado já é sentido na audiência. O capítulo dessa segunda-feira bateu o recorde da novela (prévia de 35 pontos no Ibope da Grande SP). Afinal, como nos tempos de “O Outro Lado do Paraíso“, Carrasco é superlativo também na recepção do público.

PS: Que raio de sotaque é esse que Juliana Paes adotou para a nova fase de sua personagem? Faz parte do perfil over de Maria da Paz? Lembrando que é a segunda (ou terceira) vez que a dona do pedaço muda o seu jeito de falar.

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