Comitê Editorial IVI Salvador
A laqueadura, também conhecida como ligadura de trompas, é um procedimento cirúrgico que consiste em cortar e ligar as trompas de Falópio para prevenir o encontro do óvulo com o espermatozoide, evitando assim a gravidez. Este método de esterilização feminina é realizado quando a mulher está segura que já não deseja engravidar. No entanto, às vezes a vida muda muito e recebemos nas nossas clínicas mulheres que querem informar-se sobre o que fazer para ter filhos novamente.
Na maioria das vezes a intenção de reverter a laqueadura vem como fruto de uma nova relação que desperta novamente o desejo da maternidade. A boa notícia é que existem duas alternativas para aquelas que se arrependeram de ter feito a cirurgia:
Opção 1: Reversão de laqueadura:
Entre os médicos especialistas, existe um consenso em que os contras de uma reversão da laqueadura são superiores aos prós. A reversão é possível dependendo de como foi feita a laqueadura e também considerando que o tempo de recuperação da mulher antes de tentar a gravidez não seja um fator de risco para a qualidade dos seus óvulos que começa a diminuir de forma mais intensa a partir dos 35 anos. No entanto a reversão da laqueadura não garante que as trompas estarão permeáveis após a cicatrização.
Para esclarecer o método de laqueadura utilizado e prever a possibilidade de sucesso da reversão o especialista pode solicitar exames como a histerossalpingografia e a laparoscopia diagnóstica. Além disso, será feita uma investigação sobre a reserva ovariana para avalizar o stock de óvulos e sua qualidade.
Opção 2: Fertilização in Vitro (FIV)
Através da Fertilização in Vitro, onde a fecundação do óvulo é feita em laboratório, quem fez laqueadura evita ter que passar por uma cirurgia novamente e como consequência, evita também os riscos que envolvem todo procedimento cirúrgico. A Fertilização in Vitro pode apresentar melhor prognóstico de êxito, além de ser a opção mais viável dependendo do tempo de recuperação da cirurgia principalmente para pacientes acima dos 35 anos, que começam a ter uma redução da reserva ovariana.
Em reprodução humana as soluções devem ser individualizadas e por isso será o médico especialista a pessoa que apresentará as vantagens e desvantagens da reversão ou da FIV de acordo com seu caso para que você tenha toda a informação que precisa na hora de tomar uma decisão.
Veja quais as opções para quem quer engravidar após fazer o procedimento de ligadura de trompas
A laqueadura tubária, ou ligadura de trompas, é a cirurgia para a esterilização definitiva da mulher. No procedimento, as trompas são obstruídas ou cortadas, interrompendo o trajeto de ambas e impedindo a gestação.
As tubas uterinas recebem os óvulos e os espermatozoides, que se encontram dentro dela para formar o embrião. Com a laqueadura, esse encontro é impedido, não havendo fecundação. A técnica é considerada um método contraceptivo permanente e sua taxa de sucesso está ao redor de 98%.
Gravidez após laqueadura: entenda como é possível
É um procedimento seguro que pode ser realizado de várias maneiras e todas as técnicas necessitam de internação e anestesia geral ou regional.
Há inúmeras técnicas para a realização da laqueadura tubária, mas todas elas consistem na interrupção do caminho das trompas. Podem variar desde a colocação de grampos e anéis elásticos até a remoção de parte ou de toda a trompa.
A via de acesso pode ser laparoscópica, através de pequenos "buraquinhos" no abdômen onde se insere os instrumentos e uma câmera, laparotômica, quando a incisão no abdômen é maior, ou histeroscópica, pela cavidade uterina.
Os requisitos exigidos pela lei brasileira para que ela seja feita existem porque a taxa de arrependimento pós-cirúrgico está ao redor de 10% e a reversão da laqueadura é muito difícil.
Dentre as mulheres que se arrependem da realização da mesma, 60% desejam a reversão pois mudaram de parceiro. Entre os outros motivos, estão a perda de filhos ou mudança nas condições financeiras.
A laqueadura é reversível em aproximadamente 70% dos casos, atingindo quase 100% quando o procedimento foi feito por anéis. A chance de sucesso varia de acordo com a técnica que foi utilizada na laqueadura e a habilidade do cirurgião responsável pela reversão, estando ao redor de 70-80% de chance de conseguir alcançar a permeabilidade tubária e de 60% de taxa de gravidez cumulativa.
Os principais fatores que influenciam o sucesso da reversão da laqueadura são a porção da tuba restante (é importante que a fímbria, a porção da tuba que capta o óvulo, esteja presente e em bom estado) e a técnica utilizada na laqueadura (se a trompa foi removida, a reversão é impossível).
O sucesso da reversão da laqueadura pode ser observado seis meses a um ano após o procedimento. Após esse tempo, quando não há gestação, o especialista deve ser procurado para avaliar se há chance ainda de gestação natural.
No Brasil, a esterilização cirúrgica está regulamentada por meio da Lei nº 9.263/96, que trata do planejamento familiar.
De acordo com a referida lei, a esterilização voluntária é permitida somente nas seguintes situações:
- Em homens ou mulheres com capacidade civil plena e maiores de 25 anos de idade ou, pelo menos, com dois filhos vivos, desde que observado o prazo mínimo de 60 dias entre a manifestação da vontade e o ato cirúrgico. Durante este período, será propiciado à pessoa interessada acesso a serviço de regulação da fecundidade, incluindo aconselhamento por equipe multidisciplinar, visando desencorajar a esterilização precoce
- Risco à vida ou à saúde da mulher ou do futuro concepto, testemunhado em relatório e assinado por dois médicos.
A legislação impõe que a paciente expresse sua vontade em documento escrito e firmado, após receber informações a respeito dos riscos da cirurgia, efeitos colaterais, índice de falha e as dificuldades de sua reversão. Um exemplo de risco é gravidez ectópica, que é mais frequente entre as pacientes que realizam a recanalização tubária.
A mulher também é orientada sobre as diversas opções de contracepção reversíveis existentes.
A legislação federal também estabelece consentimento expresso de ambos os cônjuges, caso a paciente seja casada.
A reversão da laqueadura não deve ser tentada se toda a trompa foi removida, caso a mulher tenha mais de 36 anos, possua baixa reserva ovariana ou o parceiro tenha alguma alteração seminal. As pacientes, nesses casos, devem preferencialmente ser tratadas por Fertilização in Vitro (FIV), pois gera melhores resultados.
Nos tratamentos de FIV, a trompa não é necessária para a fecundação pois a formação do embrião ocorre no laboratório de reprodução assistida, fora do organismo feminino.
A taxas de gestação da FIV variam principalmente com a idade da mulher e podem chegar a quase 60%, caindo com o avançar da idade materna. Na gestação natural, as taxas estão ao redor de 20% ao mês e também diminuem com a idade da mulher.
A escolha do melhor método para alcançar a gestação após a laqueadura tubária deve ser avaliada individualmente, considerando-se todos os prós e contras de cada tratamento.