Marte � um dos seis planetas facilmente observ�veis da Terra � vista desarmada e, por isso, � conhecido desde a mais remota antiguidade. A sua colora��o avermelhada sempre despertou a aten��o dos observadores e esse facto, junto com a traject�ria aparentemente irregular que percorre nos c�us, cedo cercou Marte de uma aura de mist�rio. N�o surpreende, por isso, que a hist�ria do conhecimento de Marte seja uma das mais apaixonantes da astronomia. Quem n�o se lembra da pol�mica dos �canais�? Estes, sugeridos - e meticulosamente desenhados - por Schiapparelli (Figura 1), que nunca lhes atribuiu uma origem definida, foram depois defendidos como constru��o artificial por Percival Lowell at� ao fim da sua vida. Show Figura 1 � Mapa de 1877 de Schiaparelli. O interesse por Marte aumentou ainda quando se soube que este era o planeta superficialmente mais semelhante � Terra. Superficialmente pois apesar de mais distante do Sol que a Terra (1.5 UA), menor (6794 km de di�metro) e menos denso (3.93) que esta, possui condi��es ambientais que parecem �quase� permitir a vida... De facto, Marte possui uma atmosfera (figura 2), cont�m grandes quantidades de �gua e a temperatura � superf�cie pode atingir os 27� C. Figura 2 � O limbo de Marte Vejamos estas condi��es em maior detalhe. A atmosfera de Marte � constitu�da essencialmente por di�xido de carbono (95%), azoto (menos de 3%) e �rgon (menos de 2%), sendo o oxig�nio apenas vestigial - o que n�o � surpreendente, dado que o oxig�nio da Terra � essencialmente um produto da vida e n�o a sua causa. Esta atmosfera � muito t�nue (menos de 1% da press�o atmosf�rica normal na Terra) embora seja suficientemente densa para permitir ventos fort�ssimos que levantam verdadeiras tempestades de areia que chegam a cobrir quase todo o planeta (Figura 2). A temperatura pode atingir m�ximos de 27 �C, como se disse, mas s� no ver�o marciano e de dia. As temperaturas polares s�o da ordem dos -133 �C e a m�dia anual � da ordem dos -55 �C. As baixas temperaturas e a baixa press�o atmosf�rica levam a que, na maior parte do planeta, a �gua s� possa existir em dois estados: gelo ou vapor. De facto, identificou-se a presen�a de vest�gios de vapor de �gua na atmosfera marciana e nas calotes polares (Figura 3) que, contudo, s�o maioritariamente constitu�das por gelo de di�xido de carbono. Figura 3 � Varia��o no tempo da calote polar Norte. HST. Dados muito recentes, da miss�o 2001 Mars Odyssey, levam a crer que h� grandes quantidades de �gua no estado s�lido contida nos poros do solo marciano, principalmente a latitudes maiores que 60� (N e S), mas tamb�m em algumas zonas limitadas a menores latitudes (Figura 4). Figura 4 � Distribui��o de hidrog�nio nos solos de Marte � indicativa da presen�a de �gua. Os teores mais altos representam-se a azul e os mais baixos a vermelho. Imagem Mars 2001 Odyssey / NASA. Pensa-se que a �gua � essencial para a vida, pelo que as miss�es Viking 1 e 2 fizeram experi�ncias com solos marcianos para tentar revelar a exist�ncia de microorganismos. Estas experi�ncias foram inconcludentes, mas a tend�ncia geral da comunidade cient�fica � para encar�-las como negativas. Nasceu outra esperan�a de encontrar vida em Marte pela an�lise de fotografias ultramicrosc�picas de um meteorito de origem presumivelmente marciana (Figura 5). Tamb�m essas imagens n�o foram consideradas concludentes. Figura 5 � Ultramicrografia do meteorito ALH84001, de origem presumidamente marciana. NASA. O que reune algum consenso � que Marte j� teve �gua l�quida: h� formas de relevo (vales fluviais, leitos com meandros, zonas de escorr�ncia e vest�gios de verdadeiras enxurradas) que s� parecem poss�veis se supusermos que j� circulou �gua na superf�cie do planeta (Figura 6). O conhecimento das condi��es ambientais em Marte poder� ajudar-nos a compreender melhor o ambiente na Terra. Figura 6 - Rede de drenagem. Tamb�m do ponto de vista geol�gico Marte apresenta grande interesse e levanta muitas d�vidas. As imagens globais do planeta (Figura 7) revelam uma dicotomia acentuada entre o hemisf�rio norte, com menores altitudes e menos crateras (mais jovem), e o hemisf�rio sul, mais alto e mais craterizado (mais antigo). Figura 7 � Imagem obtida pelo telesc�pio espacial Hubble. As diferen�as medidas nas densidades das distribui��es de crateras permitiram definir tr�s grandes grupos de idades na superf�cie de Marte: Noachiano, o mais antigo, com mais e maiores crateras, Hesperiano, de idade interm�dia, nas zonas altas meridionais, com muitas crateras pequenas, e Amazoniano, nas plan�cies setentrionais, com poucas crateras. A dicotomia Norte-Sul estende-se ao clima e at� ao magnetismo. Marte n�o tem hoje um campo magn�tico dipolar, como o da Terra ou de Merc�rio, mas seguramente j� o teve, o que � revelado pela exist�ncia de bandas de rochas com polaridades alternadas, semelhantes �s dos fundos oce�nicos na Terra, principalmente no hemisf�rio Sul (Figura 8). Figura 8 � Magnetismo crustal em Marte, sobreposto � topografia laser do planeta. Imagem MGS / NASA. Outro tra�o distintivo de Marte s�o os vulc�es - os maiores do sistema solar - hoje presumivelmente extintos. O maior de todos, o monte Olimpo (Figura 9) atinge uma altitude de 24 km, a sua base tem mais de 500 km de di�metro e � delimitada por um penhasco com 6 km de altura isto, recorde-se, num planeta com metade do di�metro da Terra. Figura 9 � Olympus Mons, o maior vulc�o do Sistema Solar. NASA. Pensa-se que a origem do monte Olimpo pode estar relacionada com a da bacia de Hellas (Figura 10), na verdade uma gigantesca cratera de impacto, com mais de 6 km de profundidade e 2000 km de di�metro. Figura 10 � A Bacia Hellas. NASA. Ter� sido esse impacto a produzir a energia necess�ria para a fus�o das rochas e a emerg�ncia do monte Olimpo, e eventualmente tamb�m dos montes Tharsis, nos ant�podas. A ascens�o destas enormes massas rochosas ter� provocado retrac��o na crosta adjacente, dando origem a outra estrutura marciana �recordista�: os Valles Marineris (Figura 11), que � o maior sistema de desfiladeiros do Sistema Solar, com os seus mais de 4000 km de extens�o, chegando a atingir 7 km de profundidade. Figura 11 � Valles Marineris, a maior cadeia de desfiladeiros do Sistema Solar. NASA. Apesar destes relevos desmesurados, Marte n�o tem, aparentemente, uma tect�nica activa. Mas n�o deixa de ser curioso que as an�lises in situ feitas pela sonda Mars Pathfinder tenham mostrado rochas de tipo andes�tico, que na Terra est�o associadas � forma��o de cadeias de montanhas e, portanto, � geotect�nica. A estrutura interior de Marte � apenas inferida a partir de dados da superf�cie e das propriedades f�sicas globais. Assim, pensa-se que o planeta ter� uma crosta mais fina no hemisf�rio Norte (35 km) que no hemisf�rio Sul (80 km), um manto silicatado, como o da Terra mas mais denso, e um n�cleo met�lico, s�lido, possivelmente composto de um mistura de ferro e sulfuretos de ferro, com um raio de cerca de 1700 km (Figura 12). Figura 12 � Estrutura interna de Marte. C. Hamilton. Na verdade, quanto mais se conhece sobre Marte maior � a curiosidade que este planeta desperta. N�o surpreende, portanto, que seja um alvo priorit�rio da explora��o das maiores ag�ncias espaciais mundiais. J� partiu a miss�o Nozomi, da AEJ, e em Dezembro de 2003 chegou a miss�o Mars Express / Beagle 2 (Figura 13) da ESA, esta a primeira a ter participa��o portuguesa na an�lise dos dados, nomeadamente do IGUC. Figura 13 � Mars Express / Beagle 2. ESA.
Quais são os principais problemas para a colonização de Marte?Problemas. Alguns preocupam-se sobre a contaminação do planeta com a vida terrestre. ... . Os níveis de radiação durante as viagens a Marte são muito altos, além de significativamente aumentarem o risco de câncer, e se mulheres grávidas forem enviadas haveria possibilidade de surgirem defeitos de nascimento.. O que tem na atmosfera de Marte?A atmosfera Marciana é composta de mais de 95% de dióxido de carbono. Ventos solares dispersam a fina e fraca atmosfera porque Marte tem campos gravitacional e magnético muito fracos.
Quais as principais diferenças entre a atmosfera da Terra e de Marte?E enquanto respiramos uma mistura de nitrogênio, oxigênio e outros gases na Terra, em Marte essa mesma quantidade de oxigênio só seria alcançada após “inalarmos” mais de 14 mil vezes: com a atmosfera 100 vezes menos densa e composta principalmente por dióxido de carbono, o planeta oferece pouco oxigênio para ...
Quais são as principais características do planeta Marte?O planeta Marte tem uma cobertura rochosa e núcleo em estado sólido, o que resulta em um campo magnético fraco e dissipação constante da atmosfera pelos ventos solares. Em razão das intervenções atmosféricas, suas temperaturas tornam-se extremas, podendo chegar a -140 graus em momentos mais frios.
|