Boninho e o que da Globo

O clima não anda nada bom na alta cúpula da Globo. Os diretores J.B. de Oliveira, o Boninho, e Mariano Boni estão se estranhando nos bastidores da emissora. O motivo da vez é o novo Som Brasil, que era um programa desejo do comandante do BBB e acabou sob o "guarda-chuva" do outro profissional. O clima de guerra entre os dois, no entanto, não é de hoje.

Em 2018, Boninho não gostou quando a Globo anunciou uma série de mudanças na cúpula da emissora e tirou o Vídeo Show (1983-2019) do seu comando. A atração foi entregue para Mariano Boni, até então diretor-executivo de Jornalismo, que começou sua carreira na empresa como produtor do Fantástico.

Boninho --que anda perdendo força e moral dentro da emissora-- acreditava que o Som Brasil seria um projeto seu e chegou a comentar sobre essa ideia com sua equipe. A nova reedição da atração seria uma forma de conter os rumores sobre sua possível saída da Globo.

Com o fim do Mestre do Sabor, as críticas sobre Pipoca da Ivete e o mico que foi o Casa Kalimann, Boninho acreditava que um programa relevante como o Som Brasil poderia melhorar sua imagem, que tem dividido opiniões nos bastidores.

Mariano Boni, inclusive, orientou que sua equipe produzisse os novos episódios de Som Brasil de modo que não lembre em nada os especiais já dirigidos pelo big boss do BBB.

Quem é Mariano Boni?

Até então diretor-executivo de Jornalismo, Mariano Boni foi promovido em 1º de dezembro de 2018 a diretor de gênero, mesmo cargo de Boninho. Pulou de terceiro posto no Jornalismo para a segunda posição em todo o organograma da emissora.

Boni --que não é parente do colega de trabalho-- divide o comando dos programas de entretenimento com o marido de Ana Furtado. Sob seu guarda-chuva estão atrações que têm entrevistas: Mais Você, Encontro com Patrícia Poeta, É de Casa, Altas Horas e Conversa com Bial. Na lista original, também havia Vídeo Show, Bem Estar (2011-2019) e Amor e Sexo (2009-2018), que foram extintos da programação.

J.B. de Oliveira, o Boninho, negociará no ano que vem sua permanência na Globo. Com contrato até 2023, o diretor é alvo de um grande impasse dentro da emissora. No comando de programas como Big Brother Brasil e No Limite, ele anda colecionando atrações flopadas e tem uma lista de reclamações de funcionários e colaboradores no compliance da firma. É sabido que o marido de Ana Furtado não é uma pessoa fácil de se trabalhar --nem ele esconde isso. Ao Notícias da TV, a Globo diz que o diretor segue prestigiado.

Boninho tem a confiança da alta cúpula da empresa e é considerado um profissional extremamente talentoso e dedicado ao trabalho. Quem defende sua permanência acredita que os fracassos de atrações como No Limite e Mestre do Sabor não são responsabilidade apenas dele e que vários fatores levaram os programas ao buraco.

O reality apresentado por Fernando Fernandes terá sua terceira edição no ano que vem porque a emissora comprou três temporadas do formato. Para não jogar dinheiro no lixo, vai produzi-lo mesmo depois de audiência e repercussão medíocres, correndo o risco de ser um novo flop --independentemente de Boninho.

Já a excelente aceitação de Marcos Mion e seu "Caldeirola" são um ponto a favor do marido de Ana Furtado. Fontes ouvidas pelo Notícias da TV afirmam que, se fosse hoje, a emissora renovaria o contrato com Boninho, principalmente, por causa do assédio dos concorrentes.

As plataformas de streaming não cansam de procurar o diretor com ofertas de trabalho. Com o fim de Mestre do Sabor, o profissional recebeu da Globo uma nova encomenda de projeto para mantê-lo bem ocupado.

Até 2023, no entanto, tudo pode mudar. Ainda segundo fontes, o alto salário de Boninho (de cerca de R$ 400 mil) é um ponto contra para alguém que, atualmente, é mais conhecido pelas polêmicas nas redes sociais e pelo sucesso do BBB, que anda com pernas próprias.

O entendimento de parte da direção da Globo é que um outro profissional minimamente talentoso --e ganhando bem menos que ele-- consegue dar conta o reality mais famoso do país.

Outro lado

Procurada antes da publicação, a Globo, por meio de sua assessoria, havia informado apenas que "Boninho segue contratado da Globo. E, como você bem sabe, não divulgamos detalhes de contrato, tampouco comentamos especulações".

Depois da publicação da reportagem, a Comunicação da Globo entrou em contato com a coluna para um novo posicionamento. "Ressaltamos, ainda, que as especulações não correspondem à realidade, pois Boninho é um talento da Globo, responsável por grandes sucessos de crítica e de audiência. Implementou o núcleo de realities na Globo, hoje um dos principais pilares de conteúdo da empresa, além de sucessos em produtos de 'variedades e musicais'", diz o comunicado.

O diretor Boninho é que comanda o BBB e responsável pelas principais atrações de sucesso da TV Globo

Se você pesquisar o nome "Boninho" no Google, a primeira pergunta que vai aparecer é: "Boninho é dono da Globo?". Há quem acredite que sim, devido a ser o diretor mais conhecido publicamente da emissora. No entanto, ele não é dono da Globo apesar de "mandar e desmandar" por lá.

José Bonifácio Brasil de Oliveira, conhecido como Boninho, é filho do também diretor de televisão José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, ou simplesmente Boni, que era um dos "braços-direitos" de Roberto Marinho, quem foi durante anos o verdadeiro dono da emissora e morreu em agosto de 2003, aos 98 anos. Com o falecimento o Grupo Globo passou a ser dividido entre os filhos Roberto Irineu Marinho, João Roberto Marinho e José Roberto Marinho.

Agora, voltando para história de Boninho. Aos 60 anos, podemos dizer que ele é atualmente um dos diretores mais influentes na Globo e em todo cenário da televisão brasileira. Seu nome é constantemente lembrado e noticiado na mídia por comandar os principais programas de entretenimento da emissora, entre eles o BBB, que estreia a próxima edição no dia 17 de janeiro.

Mas, se engana quem pensa que a carreira de Boninho se resume ao BBB. Atualmente, ele ainda é responsável por atrações importantes na programação, como Caldeirão, Domingão, The Voice Brasil (todas as versões), No Limite, Mestre do Sabor, Especial de Roberto Carlos, entre outros.

O início de carreira foi em 1978, na Rádio Excelsior FM. Com experiência no setor, foi responsável por reestruturar a Rádio Globo FM e criou ainda mais vínculo com o Grupo Globo ao se tornar diretor de criação da Apoio Comunicações, empresa responsável pelos merchandisings da Rede Globo. Na TV, estreou na emissora dirigindo o programa 'Clip Clip', programa que exibia videoclipes e foi exibido até 1987.

Posteriormente passou a dirigir também os clipes para o Fantástico e criar quadros para o Domingão do Faustão. Em paralelo, trabalhou com bandas famosas, a exemplo de Ultraje a Rigor, Titãs, Os Ronaldos, entre outras, e dirigiu grandes eventos como Rolling Stones, Lady Gaga, AC/DC, LMFAO, Hollywood Rock, Free Jazz e Prêmio TIM.

No início da década de 90, comandou a criação e programação do canal a cabo Multishow. Entre suas criações que marcaram época, destaca-se também o infantil TV Colosso. Apesar das inúmeras produções, foi em 2000 que começou a ganhar ainda mais destaque midiático ao entrar de cabeça no mundo do reality show, quando criou a primeira edição do 'No Limite'.

Ao longo dos anos, comandou e dirige até os dias de hoje, uma séries de realities, além dos já citados, são eles: O Jogo, Jogo Duro, Hipertensão, SuperStar, Popstar e Super Dança dos Famosos. Entre os programas que já teve sua assinatura, se destacam Estrelas, Mais Você, Vídeo Show, TV Xuxa, Encontro com Fátima Bernardes, Tomara Que Caia, É de Casa, Só Toca Top, Tamanho Família e Zig Zag Arena.

Vida pessoal
Seu primeiro casamento foi com a socialite Narcisa Tamborindeguy, em 1983, união que não recebeu a benção do seu pai Boni, que nem se quer foi à celebração na época. O relacionamento acabou três anos depois, em 1986, mas foi quando teve a sua primeira filha, de nome Mariana, hoje com 33 anos.

Quase dez anos depois, resolveu se casar novamente. Dessa vez, a esposa foi a coreógrafa Kátia D’Ávila, que é mãe do seu filho Pedro. Coincidentemente, a união durou também três anos, entre 1995 e 1998.

Em contrapartida, a relação mais duradoura é a atual, com a apresentadora Ana Furtado. Eles começaram a namorar em 1996 e oficializaram a união em 1999. Juntos a quase 26 anos, eles são pais de Isabella Furtado, que nasceu em maio de 2007 e atualmente está com 14 anos.

Curiosidades
Frustou sonho do pai - O desejo do pai que ele fosse economista. No entanto, ao começar a trabalhar na Globo como na coordenação de rede e ganhando um salário mínimo, Boninho se apaixonou pelo universo da televisão. Com isso, Boni o enviou para estudar inglês nos Estados Unidos e acompanhar as novidades das emissoras norte-americanas.

Não gostava do apelido Boninho - Durante muito tempo conviveu com a sombra de ser filho do "todo poderoso" Boni. Até por isso, nunca gostou de ser chamado de Boninho, passando a assinar seus trabalhos como J. B. de Oliveira, nome que usava até pouco tempo nas redes sociais. No entanto, acabou adotando o "nome artístico" dado por Nelson Motta e Mário Lúcio Vaz.

Queria fazer novela - Buscando se diferenciar, tentou ser diretor de novelas. Chegou a ser responsável pela reformulação de 'Malhação', em 1997, e dirigiu o quadro Caça Talentos, dentro do programa Angel Mix, de Angélica, em busca de atores e atrizes.

Brigas e desafetos - Segundo a Folha de S. Paulo, ele teve um desentendimento interno na Globo, que quase lhe tirou da emissora. Em 2000, bateu de frente com Evandro Carlos de Andrade, diretor da Central Globo de Jornalismo, porque não estava satisfeito com a edição dos episódios da primeira temporada de No Limite.

Em 2002, quando já comandava o BBB, chegou a entregar o crachá após discussão séria com Marluce Dias da Silva, diretora-geral da Globo na época e de quem era primo. O motivo teria sido por não concordar com os direcionamentos sugeridos para o programa.

Outro desafeto era o ator e diretor Daniel Filho, quem acusa de lhe afastar das atividades por dois anos. "Daniel nunca quis trabalhar comigo. Nunca me respeitou profissionalmente. Quando ele virou chefão na Globo, sofri muito. Ele me botou na geladeira por dois anos", contou durante uma entrevista à Folha.

Mudança de vida - Em 2015, se submeteu a uma cirurgia bariátrica. Com a redução de estômago, apareceu alguns meses depois 30 quilos mais magro. Três anos depois, realizou mais um procedimento ao fazer uma abdominoplastia, quando conseguiu reduzir 45 quilos do seu peso antigo.

Amante de carrões - Com sucesso na carreira, se permitiu alguns luxos e passou a ser visto constantemente com carrões. Em abril do ano passado, por exemplo, foi visto em um posto de gasolina com nada menos que uma Ferrari. Dois meses depois, foi flagrado em um shopping com um Porsche elétrico, modelo Taycan Turbo S.

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Quais os programas dirigidos por Boninho?

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