Como nos relacionamos com os recursos naturais em especial com a água?

 Hidrometer - Desde 2004 gerando sustentabilidade para preservar a água e evitar a escassez de recursos naturais.

MISSÃO

Preocupação

com Recursos

Naturais

     Ser capaz de atender toda a cadeia de negócios relacionada à medição de consumo, em especial da água, preocupada sempre em respeitar os recursos naturais, por isso, desenvolvemos produtos que atendam a nossa expectativa e de nossos clientes.

VISÃO

Reconhecimento

por qualidade e

custo-benefício

     Ser reconhecida pela qualidade e como a melhor opção de custo-benefício do mercado.

VALORES

Ética, Respeito,

Transparência

     Ética, respeito e transparência com todas as pessoas e corporações com as quais nos relacionamos, além da busca constante por inovação.

  1. Início
  2. Jornalismo
  3. Anos Finais do Fundamental

Jornalismo

Estudos sobre o sistema hídrico mundial são unânimes em indicar que, se a média de consumo global de água não diminuir no curto prazo, teremos problemas de escassez. O Brasil, que tem uma parcela significativa de água doce, também está ameaçado

PorRogério Fernandes

01/08/2010

Como nos relacionamos com os recursos naturais em especial com a água?

Foto: Pier/Getty Images

Você acorda de manhã, acende a luz, toma um banho quente e prepara o café. Após se alimentar, limpa a boca com um guardanapo e lava a louça. Vai ao banheiro, escova os dentes e está pronto para dirigir até a escola para mais um dia de trabalho. Se parar para pensar, vai ver que, para realizar todas essas atividades, foi preciso usar água. A energia vinda das quedas d?água (via hidrelétricas) é que faz lâmpadas acenderem, chuveiros aquecerem e geladeiras refrigerarem. E para produzir o guardanapo que você passou pela boca é necessária muita água. Sem esquecer que o combustível de seu carro também contém
a substância.

Usando uma expressão que tem a ver com o tema, seria "chover no molhado" dizer que a água é essencial para a nossa vida. Sem ela em quantidade e qualidade adequadas, não é apenas o desenvolvimento econômico-social e a nossa rotina que ficam comprometidos, mas também a nossa própria sobrevivência. Só existimos porque há água na Terra. Por isso, a disponibilidade desse recurso é uma das principais questões socioambientais do mundo atual. De acordo com o relatório trienal divulgado em 2009 pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), em 2025, cerca de 3 bilhões de pessoas - mais da metade da população mundial - sofrerão com a escassez de água. "Se a média de consumo global não diminuir, o cotidiano da população pode ser afetado drasticamente, inclusive no Brasil", diz José Galizia Tundisi, presidente do Instituto Internacional de Ecologia de São Carlos e autor de livros sobre o tema (leia o artigo na última página).

Para ficar por dentro do assunto, o primeiro passo é compreender que, diferentemente do que ocorre com as florestas, a água é um recurso que tem quantidade fixa. Em teoria, dá para reflorestar toda a área desmatada da Amazônia, pois as árvores se reproduzem. Mas não é possível "fabricar" mais água. Segundo O Atlas da Água, dos especialistas norte-americanos Robin Clarke e Jannet King, a Terra dispõe de aproximadamente 1,39 bilhão de quilômetros cúbicos de água, e essa quantidade não vai mudar. Desse total, 97,2% dela está nos mares, é salgada e não pode ser aproveitada para consumo humano. Restam 2,8% de água doce, dos quais mais de dois terços ficam em geleiras, o que inviabiliza seu uso. No fim das contas, menos de 0,4% da água existente na Terra está disponível para atender às nossas necessidades. E a demanda não para de crescer.

A escassez hídrica na África é um problema econômico

Robin Clarke e Jannet King fazem um alerta: "Não se engane: o abastecimento de água no mundo está em crise, e as coisas vêm piorando". A crise a que eles se referem pode ser de três tipos. Há escassez física quando os recursos hídricos não conseguem atender à demanda da população, o que ocorre em regiões áridas, como Kuwait, Emirados Arábes e Israel, ou em ilhas como as Bahamas. E existe a escassez econômica que assola, por exemplo, o Nordeste brasileiro e o continente africano. Há ainda regiões ou países que vivem sob o risco de crises de abastecimento e de qualidade das águas pelo uso exagerado do recurso. Austrália, Espanha, Inglaterra, Estados Unidos e Japão sofrem com isso. "A recomendação da Organização das Nações Unidas (ONU) é que o consumo médio seja de 50 litros diários por habitante. Há países em que esse índice não passa de 5 litros. Já nas regiões mais desenvolvidas, uma pessoa usa em média 400 litros por dia", diz Tundisi.

A crise pode ser explicada por vários motivos: desmatamento, ocupação de bacias hidrográficas, poluição de rios, represas e lagos, crescimento populacional, urbanização acelerada e o uso intensivo das águas superficiais e subterrâneas na agricultura e na indústria (veja o infográfico)."Especialmente nos últimos 100 anos, o impacto da exploração humana dos recursos hídricos aumentou muito e trouxe consequências desastrosas", comenta Tundisi. De fato, segundo a Unesco, de 1900 a 2025, o total anual de consumo de água no mundo terá aumentado quase dez vezes.

O Brasil tem um bom volume de água, mas usa mal o recurso

Como nos relacionamos com os recursos naturais em especial com a água?

FIM DO DESPERDÍCIO Não poluir os rios
é mais inteligente e viável
economicamente do que limpar suas
águas. E o consumo tem de diminuir:
a ONU recomenda o uso diário de 
50 litros por habitante, mas há regiões
em que a média é de 400 litros.
Foto: Antonio Milena/Getty Images

O Brasil detém entre 12 e 16% da água doce da superfície terrestre. O país possui bons índices de chuva, o Amazonas é o rio de maior volume e nosso território ainda abriga o aquífero Guarani, o maior do mundo. Um aquífero é um reservatório subterrâneo, aonde a água das chuvas chega por infiltrações no solo arenoso. O Guarani se estende por 1,2 milhão de quilômetros quadrados e abrange oito estados brasileiros, além de áreas da Argentina, do Paraguai e do Uruguai. Essa água toda pode ser aproveitada com a construção de poços artesianos, o que já ocorre em vários locais. Se há recursos, por que os especialistas alertam que a situação é preocupante? "Essa abundância deve ser vista com reserva, pois a distribuição é irregular", diz Pedro Jacobi, da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP) e Coordenador do Projeto Alfa, da Comunidade Europeia sobre Governança da Água na América Latina e Europa.

"No Brasil, há muito desperdício, a distribuição não combina com as necessidades da população e a poluição é um grande problema", resume Tundisi. "A bacia do Tietê, por exemplo, está interligada com a bacia do Prata e a poluição do rio Tietê já chegou até lá. O país tem de se preparar para uma mudança na maneira com que lida com a água. Em vez de despoluir, é necessário pensar em não poluir. Isso é mais viável até economicamente, pois o rio saudável rende dividendos, além de a despoluição custar caro", diz Tundisi. A poluição das águas nacionais ainda é agravada pela falta de saneamento básico, que faz com que mais de 20% dos lares brasileiros lancem seu esgoto em córregos, rios e represas. Além disso, o desperdício não ocorre apenas pelo consumo da população. Calcula-se que mais de 30% da água encanada no Brasil seja perdida em vazamentos.

De olho nas pesquisas
Não só quem leciona Ciências ou Geografia precisa estar informado sobre a questão da água. O assunto está na pauta mundial e necessita ser tratado com critério e profundidade. Veja abaixo os principais erros no ensino do conteúdo e como evitá-los.

errado: Basear-se apenas no que trazem os livros didáticos.
certo: É essencial ler sobre o assunto em diversas fontes, como revistas e sites científicos, e se atualizar sempre.

errado: Tratar em sala apenas da origem e da composição da água.
certo: O ideal é abordar o assunto sob o ângulo da sustentabilidade e do consumo consciente.

errado: Ensinar o ciclo da água de forma esquemática, sem levar o aluno a pensar nas razões que proporcionam as mudanças de estado físico e na importância da substância para a vida.
certo: Estimular a investigação, com questões do tipo "por que a água evapora?", deixando que a classe chegue às possíveis respostas.

errado: Tratar da questão apenas como algo que está relacionado ao dia a dia do aluno, se esquecendo de discutir as implicações num contexto maior.
certo: Promover ações na escola e na comunidade que contribuam para preservar os recursos hídricos, mas sempre relacionando o uso do recurso nas esferas doméstica, social e global.

Consultoria Roberto Giansanti, professor de Geografia e consultor educacional, e Maria Teresinha Figueiredo, consultora em Ensino de Ciências e Educação Ambiental, Formação, Currículo e Material Didático do Instituto Sangari

As soluções são conhecidas, mas não representam um consenso

Como nos relacionamos com os recursos naturais em especial com a água?

NOVOS CAMINHOS A crise de 
abastecimento de água é real e está
piorando. Um dos caminhos para
alcançar a sustentabilidade do
recurso é a gestão integrada e o
estímulo da reciclagem, com o
aproveitamento da chuva e o controle
da irrigação nas atividades agrícolas.
Foto: Ryan McVay/Getty Images

No livro Colapso: Como as Sociedades Escolhem o Fracasso ou o Sucesso, o norte-americano Jared Diamond examina por que algumas civilizações deram certo e outras sucumbiram ao longo da história. Para ele, o uso da água e o superaquecimento global são questões que, caso não sejam solucionadas, podem destruir a nossa civilização. Com o foco nessa questão, a ONU criou a Década da Água (que vai de 2005 a 2015). Nesse período, deve haver uma concentração de esforços em reverter o quadro de deterioração do recurso no planeta. O fato é que já se diagnosticaram as causas do problema e as soluções são conhecidas, mas não há um consenso sobre como implementá-las.

Pedro Jacobi lista medidas que poderiam ser tomadas, como a fiscalização da exploração dos aquíferos, leis severas contra a poluição, reciclagem e aproveitamento de águas da chuva e controle do recurso usado na agricultura. Além disso, ele prega uma gestão de recursos hídricos participativa, integrada e descentralizada: "Temos de encontrar tempo para refletir e participar do debate sobre o fato de que até hoje a humanidade tem sido predatória e não pode mais ser assim, pois os recursos são finitos".

Problema de gestão

Como nos relacionamos com os recursos naturais em especial com a água?

Sergio Lima/Folha Imagem/Folha Press

José Galizia Tundisi
Presidente do Instituto Internacional de Ecologia e professor titular da Universidade Feevale

A situação hídrica no Brasil envolve problemas de quantidade e de qualidade. Todos os sistemas de águas continentais, tanto os de superfície como os aquíferos subterrâneos, têm sofrido pressão permanente pelos usos múltiplos, pela exploração excessiva e pelo acúmulo de impactos de várias magnitudes e origens. Em vista disso, nesta década, o Brasil precisa lidar com desafios específicos no que diz respeito ao gerenciamento desse recurso.

Apesar de o Brasil possuir entre 12 e 16% da água doce da superfície do planeta, o país sofre com a distribuição irregular, a poluição e o desperdício. É fundamental a introdução de novos paradigmas, como a gestão integrada, a otimização de usos múltiplos e o aproveitamento integral, incluindo a reutilização, o tratamento adequado e a baixo custo e a economia de água.

Um dos principais desafios é melhorar a qualidade da água na zona rural, que é bem inferior à da urbana. Os problemas apresentados no campo se devem principalmente ao saneamento básico, ainda precário, além da contaminação por transmissores de doenças tropicais. Nessas questões, há exemplos a ser seguidos. Os países desenvolvidos tratam esgoto, cuidam dos mananciais e procuraram antecipadamente desenvolver tecnologia e programas de controle. Já nas nações subdesenvolvidas, houve um retardo: apenas para exemplificar, nos Estados Unidos, o esgoto tratado fica próximo a 100%, enquanto na América Latina não passa de 30%.

Outro desafio importante é reduzir o recurso utilizado na agropecuária de produtos de exportação, como soja, café, laranja e carne. Com esse consumo excessivo, estamos, no fim das contas, exportando também esse precioso bem. Há ainda questões como garantir à população das periferias das grandes cidades o acesso à água potável e de boa qualidade. Nos grandes centros urbanos, os rios e as represas estão poluídos, e já há casos de estresse hídrico em áreas notadamente populosas.

Com tudo isso, uma coisa fica clara: chegou a hora de o país se preparar para uma mudança na maneira como lida com a água, adotando uma visão mais ampla sobre esse recurso, que inclui valores estéticos e culturais. Faz-se necessário um conjunto de alterações conceituais na gestão, como o desenvolvimento de programas de integração de sistemas e criação de comitês de estudo. Mais do que nunca, é preciso pensar a gestão unificada em nível nacional, que aborde a recreação, o turismo e a navegação. Enfim, o conjunto de usos múltiplos da água.

Quer saber mais?

CONTATOS
José Galizia Tundisi
Maria Teresinha Figueiredo
Pedro Jacobi

BIBLIOGRAFIA
Água no Século XXI - Enfrentando a Escassez
, José Galizia Tundisi, 256 págs., Ed. Rima, tel. (16) 3411-1729,
54 reais
Colapso: Como as Sociedades Escolhem o Fracasso ou o Sucesso, Jared Diamond, 686 págs., Ed. Record, tel. (11) 3286-0802, 70 reais
O Atlas da Água, Robin Clarke e Jannet King, 128 págs., Ed. Publifolha, tel. 0800-140-090, 40 reais

continuar lendo

Veja mais sobre:

Como nos relacionamos com recursos naturais em especial com a água?

A urgência de pensar no consumo dos recursos naturais Por exemplo, a água pode ser reutilizada. Mesmo após misturar-se a dejetos e virar esgoto, ela pode ser direcionada às estações, onde passa por diversas etapas de tratamento até ser despejada novamente no meio ambiente.

Quais são os recursos naturais da água?

Recursos hídricos A parcela de água doce acessível à humanidade, que pode ser superficial (rios e lagos) ou subterrânea (aquíferos), é amplamente utilizada para o consumo humano, irrigação, processos industriais e outras aplicações.

Quais são os recursos naturais mais utilizados pelo ser humano?

Os recursos naturais são os bens que vêm da natureza e são usados pelo homem para várias finalidades diferentes. São exemplos: água, vento, luz solar, ar, florestas, vegetais, minerais, solo, entre outros.

Qual é a importância dos recursos naturais para o ser humano?

Os recursos naturais são os elementos retirados da natureza para suprir as necessidades dos seres vivos. Esses elementos são úteis no dia a dia, fornecem alimento, energia e garantem o desenvolvimento da sociedade e das diversas atividades exercidas pelo homem em seu cotidiano.