Como os profissionais devem atender os pacientes em cuidados paliativos?

Na busca por assistência digna, a Organização Mundial de Saúde (OMS) criou, em 2002, o conceito de Cuidados Paliativos (CP). Nessa abordagem estão descritas boas práticas de tratamento para portadores de doenças que ameaçam a vida, sem excluir os pacientes que sofrem com enfermidades crônicas, além dos familiares – que também são afetados.

Os cuidados paliativos exigem uma relação muito mais próxima entre a equipe de saúde e o enfermo. Nesse sentido, o papel da enfermagem ganha destaque. Afinal, o enfermeiro é o profissional que mantém contato direto com o paciente e sua família; e atua como um mediador, que liga todos os elos de maneira, muitas vezes, permanente. Isso porque o vínculo não termina com a alta hospitalar, perdurando pelo menos enquanto as medidas paliativas forem utilizadas. Sendo assim, o enfermeiro pode atender um mesmo paciente por muitos anos.

O conceito de cuidado paliativo é designado para toda e qualquer doença que não tenha possibilidade de cura – como câncer, AIDS, hipertensão ou diabetes. O cuidado paliativo objetiva aliviar a dor, por meio de um suporte que permite uma vida ativa dentro do possível, conferindo dignidade ao paciente frente ao óbito – um processo inevitável e inerente à vida.  Dentre os procedimentos realizados, nenhum é empregado para acelerar ou adiar a morte, garantindo assistência de maneira ética. O enfermeiro é responsável pelo controle sistemático dos pacientes, desde a administração medicamentosa para dor até o cuidado de outros sintomas estressantes, como astenia e dispneia.

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Garantia de dignidade e qualidade de vida com Cuidados Paliativos

Todo o esforço da equipe multidisciplinar é realizado para oferecer conforto e autonomia. Os cuidados paliativos modernos são divididos em três graus de complexidade. Os cuidados paliativos gerais são empregados a partir do diagnóstico em progressão; e buscam atender toda variedade de sintomas que se manifestam. Já os cuidados paliativos específicos aparecem nas últimas semanas ou últimos seis meses de vida, a partir do momento em que é verificado o estado progressivo de declínio.

Já os cuidados paliativos ao fim de vida compreendem o terceiro grau e são lançados, em geral, nas últimas 72 horas de vida. Quando uma doença como câncer é diagnosticada em estágio avançado e não há mais chance de tratamento curativo, entra em cena o cuidado da unidade de paliativo terminal. As técnicas auxiliam no manejo dos sintomas, além, é claro, dos aspectos psicossociais associados à doença.

“No paciente terminal, em que a doença está evoluindo para óbito, é ideal que a equipe consiga atender o desejo do paciente. Ele pode inclusive ser direcionado para casa, se essa for a sua vontade”, afirma a enfermeira Vera Portella, especialista em cuidados paliativos e professora na Escola de Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). As dificuldades físicas, as necessidades de vínculo social, as relações afetivas e as crenças espirituais também são empregadas para suprir necessidades.

No plano de cuidado individualizado são definidas as demandas e, em contrapartida, aquilo que o paciente deve adotar em seu cotidiano. “Assim, ele pode ter uma rotina semelhante à vida que levava antes. O paciente com doença crônica que, conceitualmente, não tem tratamento de cura, pode viver a vida inteira em cuidado paliativo, consultando apenas uma ou duas vezes por ano”, avalia Vera.

Olhar atento aos sinais

Não se trata apenas dos sinais vitais – que devem ser avaliados frequentemente. A sintonia com o paciente vai além do controle da dor e de todo protocolo médico. Uma conversa matinal ou mesmo a visita da enfermagem para arrumar os travesseiros, conferir se a roupa de cama está limpa e atender a família já proporciona mais intimidade entre as partes. Tudo bem, não é mais hora de investir em medidas invasivas, mas o paciente precisa (mais do que nunca) de atenção e conforto.

Na opinião de Vera Portella, o profissional deve se basear muito mais pela observação empírica – escuta sensível, baseada na vivência – do que propriamente nas listas. Enquanto a maioria dos cursos é voltada para salvamento, são poucos aqueles que se dedicam ao cuidado para a morte – vendo-a como se fosse uma espécie de falha. “Preconizo o cuidado holístico do paciente; cada um vai demandar um plano de atendimento diferenciado. É claro que precisamos trabalhar com uma orientação, mas quando as técnicas não dão certo é preciso saber ajudar o paciente de outra forma”, afirma a enfermeira.

No estágio crítico, por exemplo, o paciente não deve ser submetido a novos procedimentos. “Ele não deve sofrer agressões além do que já tem. Vamos fazer o controle da oxigenação, tudo em relação à manutenção, que é o papel da enfermagem. É o momento que não se investiga mais nada, em que não é empregada nenhuma medida para prolongar a vida. É importante enxergar o paciente como alguém que ainda não morreu”, complementa a profissional.

Concomitantemente, é importante que a enfermagem ofereça um sistema de apoio às famílias, que inclua aconselhamento e suporte ao luto. A comunicação entre todos, por sinal, auxilia o próprio processo de aceitação da morte. E, mesmo após o óbito, a equipe deve seguir com a atenção aos familiares. Facilitar a compreensão sobre a causa da morte e os procedimentos a serem tomados a seguir é uma tarefa inerente aos cuidados paliativos. Por isso, o estabelecimento do plano de ação deve prever as primeiras medidas de assistência, ainda em casa ou no hospital, até o momento pós-morte.

Como os profissionais devem atender os pacientes em cuidados paliativos?

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Quais são os cuidados de Enfermagem em cuidados paliativos?

Na perspectiva dos Cuidados Paliativos, os enfermeiros suprem necessidades de bem-estar físico, emocional, social e espiritual (no sentido existencial)..
Cuidados gerais, a partir do diagnóstico;.
Cuidados específicos, nos últimos meses do declínio;.
Cuidados terminais, nas últimas 72 horas de vida..

Como tratar um paciente paliativo?

O tratamento paliativo visa oferecer cuidados completos aos pacientes afetados e a suas famílias. Isso inclui o controle da dor e outros sintomas, bem como a resolução de problemas psicológicos, sociais e espirituais, um trabalho que deve ser feito por uma equipe multidisciplinar de profissionais.

Quais os cuidados de enfermagem e riscos com pacientes paliativos?

Os princípios fundamentais dos cuidados paliativos na unidade de terapia intensiva são: aceitar a morte como um processo natural do fim da vida, priorizar sempre o bem-estar do paciente, não realizar e procedimentos e diagnósticos considerados fúteis, não encurtar a vida nem prolongar o processo de morte, garantir uma ...

Qual a importância dos cuidados paliativos para o profissional de enfermagem?

O cuidado paliativo busca o bem-estar do paciente que se encontra em estado terminal, o enfermeiro tem o papel de elaborar ações de conforto para aliviar e melhorar a qualidade de vida, além de realizar cuidados básicos e relacionados à doença que ameaça a vida do paciente12.