Mencione dois exemplos de sistemas agropecuários tradicionais de subsistência

Publicado em 13/11/2020 14h38 Atualizado em 27/06/2022 13h05

Sistemas Agrícolas Tradicionais (SATs) são sistemas de produção dinâmicos, nos quais elementos culturais, ecológicos, históricos e socioeconômicos interagem, no tempo e no espaço, configurando diferentes arranjos e técnicas produtivas que, em seu conjunto, se mostram resilientes e sustentáveis, gerando paisagens características.

Trata-se de atividades produtivas (agricultura, pesca, extrativismo, beneficiamento artesanal, manejo florestal, criação de animais, etc.) que ocorrem segundo determinadas lógicas, elaboradas conforme o manejo adaptativo dos recursos naturais, as experiências acumuladas ao longo de gerações, a troca de saberes entre conhecimento tradicional e científico, a prática sobre a agrobiodiversidade, as inovações e adaptações produtivas frente às características do terreno e o arcabouço cultural de seus habitantes.

Mencione dois exemplos de sistemas agropecuários tradicionais de subsistência

Apanhador de flores sempre-vivas – Foto: André Dib

Esse funcionamento sistêmico, em geral, objetiva a garantia dos meios de subsistência econômica, a segurança alimentar e nutricional e a permanência no tempo de produtores rurais, em especial de povos e comunidades tradicionais e agricultores familiares.

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) tem chamado a atenção para a relevância desses sistemas agrícolas e seu potencial de contribuição para a Bioeconomia do país, servindo como fonte de conhecimentos e referência para o desenvolvimento de tecnologias para o setor agropecuário nacional.

A Secretaria de Agricultura Familiar e Cooperativismo (SAF), em conjunto com diferentes parceiros, tem fomentado uma série de ações direcionadas à valorização dos SATs; à estruturação de redes de comercialização dos produtos da agricultura familiar; ao fortalecimento do agroextrativismo; e ao uso sustentável dos produtos da sociobiodiversidade, entre outras ações.

Iniciativas para a promoção dos SATs no brasil  

É missão do Mapa promover o desenvolvimento sustentável das cadeias produtivas agropecuárias, em benefício da sociedade brasileira. Nesta perspectiva, o Mapa tem aumentado sua atuação no tema Sistemas Agrícolas Tradicionais (SATs), que, recentemente, tem ganhado destaque no âmbito das políticas públicas brasileiras, principalmente após a implementação de diretrizes e programas governamentais destinados à promoção do patrimônio agrícola, biológico e cultural; à valorização dos conhecimentos tradicionais; e ao uso sustentável dos produtos da sociobiodiversidade.

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Castanha de Baru – Foto: Eduardo Aigner

Algumas iniciativas de destaque podem ser observadas a seguir:

  • Programa Bioeconomia Brasil – Sociobiodiversidade: Lançado em junho de 2019, o Programa busca promover a estruturação produtiva de sistemas agroextrativistas e o uso sustentável de produtos da sociobiodiversidade brasileira, incentivando a articulação de pequenos e médios produtores rurais, agricultores familiares, povos e comunidades tradicionais com o Poder Público e o setor empresarial. Coordenado pela Secretaria de Agricultura Familiar e Cooperativismo (SAF), o Programa possui entre seus objetivos específicos: valorizar a diversidade biológica, social e cultural brasileira e apoiar a estruturação de arranjos produtivos e roteiros de integração em torno de produtos e atividades da sociobiodiversidade; e promover a conservação da agrobiodiversidade, por meio do reconhecimento de Sistemas Agrícolas Tradicionais e fomento de ações para a conservação dinâmica destes sistemas, com foco no uso sustentável de seus recursos naturais.
  • Fortalece Sociobio: Um dos instrumentos de operacionalização do Programa Bioeconomia Brasil – Sociobiodiversidade, o “Fortalece Sociobio” seleciona propostas de Consórcios Públicos de todo o país, cujos projetos tenham por finalidade o fortalecimento da sociobiodiversidade e de Sistemas Agrícolas Tradicionais, envolvendo pequenos e médios produtores rurais, agricultores familiares, povos e comunidades tradicionais no contexto da bioeconomia. No ano de 2020, esteve voltado para a estruturação de arranjos produtivos e institucionais; para o reconhecimento de Sistemas Agrícolas Tradicionais, fomentando ações para a sua conservação dinâmica, geração de renda e agregação de valor; e para atenuar, em nível local, as consequências e impactos socioeconômicos resultantes da pandemia da COVID-19.
  • Grupo de Trabalho Técnico – GTT SIPAM (GIAHS): Grupo de trabalho que tem por finalidade discutir e sugerir protocolos e procedimentos para o funcionamento no Brasil do programa internacional Sistemas Importantes do Patrimônio Agrícola Mundial (SIPAM) da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO).
  • Registro de Bens Culturais de Natureza Imaterial: Instrumento legal de preservação, reconhecimento e valorização do patrimônio cultural imaterial brasileiro. Os bens imateriais são aqueles que contribuíram para a formação da sociedade brasileira, como as celebrações, os lugares, as formas de expressão e os saberes, ou seja, as práticas, representações, expressões, lugares, conhecimentos e técnicas que os grupos sociais brasileiros reconhecem como parte integrante do seu patrimônio cultural. Os bens registrados recebem o título de “Patrimônio Cultural do Brasil”, concedido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), autarquia vinculada ao Ministério do Turismo e à Secretaria Especial da Cultura.
  • O prêmio BNDES-SAT: Fruto da parceria entre o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a Secretaria de Agricultura Familiar e Cooperativismo do Ministério da Agricultura e a FAO Brasil, o Prêmio BNDES de Boas Práticas para os Sistemas Agrícolas Tradicionais – Prêmio BNDES-SAT objetiva reconhecer e identificar boas práticas de salvaguarda e conservação dinâmica de bens culturais imateriais associados à agrobiodiversidade e à sociobiodiversidade presentes nos SATs em todo o Brasil. O Prêmio BNDES-SAT busca, ainda, promover os sistemas de uso do ambiente, as paisagens e as estratégias agroalimentares desenvolvidas pelos agricultores familiares e pelos povos e comunidades tradicionais. Além de fortalecer o reconhecimento dos SATs no Brasil, o prêmio é uma interessante estratégia para impulsionar a implementação do Programa SIPAM no país.

A primeira edição do Prêmio BNDES SAT foi lançada em setembro de 2017. Esse concurso recebeu 63 inscrições e selecionou as 15 melhores ações de boas práticas para a salvaguarda e a conservação dinâmica de Sistemas Agrícolas Tradicionais. A cerimônia de premiação foi realizada no dia 18 de julho de 2018, na Sede da Embrapa, em Brasília.

Em junho de 2019, foi lançada a segunda edição do Prêmio BNDES de Boas Práticas para Sistemas Agrícolas Tradicionais. O concurso recebeu 41 propostas, e premiou as 10 melhores ações identificadas como boas práticas de salvaguarda e conservação dinâmica de Sistemas Agrícolas Tradicionais. As cinco primeiras colocadas foram: 1) Casa das Frutas de Santa Isabel do Rio Negro; 2) Conservação da Agrobiodiversidade através da Rede de Bancos Comunitários de Sementes da Paixão do Território da Borborema-PB; 3) Candidatura ao Programa SIPAM, como estratégia de reconhecimento e valorização das comunidades Apanhadoras de Flores Sempre-Vivas; 4) Ritual do lyaokwa; e 5) Feira de Sementes Tradicionais do Povo Indígena Krahô.

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Localização, por bioma, das ações contempladas com o Prêmio BNDES de Boas Práticas para Sistemas Agrícolas Tradicionais, das primeira e segunda edições.

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Sistemas Agrícolas Tradicionais (SATs) no Brasil. Fotos (da esquerda para a direita): Fruto do Pinhão – Serviço Florestal Brasileiro; Floresta de Babaçu – Marcos Toledo (Embrapa Cocais); Milho Crioulo – Associação Comunitária Rural de Imbituba; Apanhador de flores sempre-vivas – André Dib.

Os livros Sistemas Agrícolas Tradicionais no Brasil e Prêmio BNDES de Boas Práticas para Sistemas Agrícolas Tradicionais trazem mais informações a respeito dos SATs no Brasil e das 15 melhores ações contempladas na primeira edição do Prêmio BNDES-SAT.

Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro

SAT do Rio NegroReconhecido, em 2010, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), como Patrimônio Cultural do Brasil, o Sistema Agrícola Tradicional (SAT) do Rio Negro compreende um conjunto de práticas e saberes que expressam aspectos produtivos, socioculturais, econômicos, cosmológicos, religiosos e simbólicos de grupos indígenas dessa região.

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Sistema Agrícola Tradicional do Rio Negro -Foto: Pedro Portella e Julia Barreto/IPHAN

O SAT do Rio Negro é fruto do etnoconhecimento de 23 povos indígenas, integrantes dos troncos linguísticos Aruak, Maku e Tukano, que vivem nos municípios de Barcelos, Santa Isabel do Rio Negro e São Gabriel da Cachoeira, estado do Amazonas. O SAT do Rio Negro está inserido em um complexo mosaico de ambientes naturais interdependentes que influenciam os modos de vida dos povos indígenas e suas atividades produtivas, incluindo a agricultura, o extrativismo, a caça e a pesca.

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Sistema Agrícola Tradicional do Rio Negro -Foto: Pedro Portella e Julia Barreto/IPHAN

Os saberes que constituem o SAT do Rio Negro se disseminam em um processo contínuo de troca e intercâmbio entre os diferentes povos indígenas, denotando um caráter dinâmico e inovador para a conservação e o manejo da agrobiodiversidade, e lhe atribuem a qualidade de patrimônio cultural. Nesses termos, cabe reconhecer que o Sistema Agrícola Tradicional do Rio Negro abrange a própria identidade desses grupos indígenas e, ao mesmo tempo, se projeta como referência cultural do seu território.

SAT das Comunidades Quilombolas do Vale do Ribeira - O Sistema Agrícola Tradicional (SAT) Quilombola do Vale do Ribeira está localizado no Estado de São Paulo. É resultado do processo histórico de interação das comunidades com a natureza, mediada a partir dos saberes, técnicas e tecnologias de manejo do ecossistema, desenvolvidos a partir da observação empírica das dinâmicas ecológicas e do repertório de conhecimentos agrícolas e práticas socioculturais destas comunidades.  

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Sistema Agrícola Tradicional (SAT) das Comunidades Quilombolas do Vale do Ribeira (SP) – Foto Marília Senlle/ISA

O modo tradicional de fazer agricultura, baseado em um sistema de ocupação e uso da terra itinerante, conhecido como “Roça de Coivara”, é capaz de conciliar a produção de alimentos, garantindo a segurança alimentar e nutricional das comunidades quilombolas, com a conservação ambiental.  Este Sistema Agrícola mimetiza as dinâmicas de mosaico e sucessão florestal dos ecossistemas de Mata Atlântica através do manejo dos fluxos de matéria e energia voltados à produção alimentar, organizando o tempo e o espaço conforme o calendário agrícola.

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Produtos das roças quilombolas - Foto Cláudio Tavares/ISA

O "fazer a roça" se torna a prática estruturante dos modos de vida quilombola no Vale do Ribeira, contribuindo na constituição de sua identidade e possibilitando sua permanência no território e sua reprodução física e cultural. O SAT incorpora processos de cultivo e colheita, técnicas e artefatos para o transporte, o armazenamento e o processamento dos produtos agrícolas, práticas extrativistas e práticas culturais de sociabilidade, representadas pelo trabalho coletivo e relações de troca e reciprocidade, estabelecimento de laços de afeto e afinidade, pelas festas e rituais religiosos, pela música e danças tradicionais. 

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Apresentação da dança Nhá Maruca pelo Quilombo Sapatu na 11ª Feira de Troca de Sementes e Mudas Tradicionais das Comunidades Quilombolas do Vale do Ribeira - Foto Cláudio Tavares/ISA

Quais são os principais sistemas agropecuários tradicionais de subsistência?

Minifúndios, plantation, agricultura familiar.

Quais são os tipos de agricultura de subsistência?

O principal exemplo de agricultura familiar de subsistência são os agricultores donos de pequenas terras, que cultivam alimentos como arroz, feijão, mandioca, hortaliças e frutas para seu consumo e de sua família.

O que é agricultura tradicional ou de subsistência?

A agricultura de subsistência é uma modalidade que tem como principal objetivo a produção de alimentos para garantir a sobrevivência do agricultor, da sua família e da comunidade em que está inserido, ou seja, ela visa suprir as necessidades alimentares das famílias rurais.

Quais são os sistemas agrícolas tradicionais?

Sistemas Agrícolas Tradicionais (SATs) são sistemas de produção dinâmicos, nos quais elementos culturais, ecológicos, históricos e socioeconômicos interagem, no tempo e no espaço, configurando diferentes arranjos e técnicas produtivas que, em seu conjunto, se mostram resilientes e sustentáveis, gerando paisagens ...