O que estudar para entrar na faculdade de Medicina?

A quantidade de informações que devem ser aprendidas na faculdade de medicina é muito maior do que em outros cursos, e isso exige novas técnicas de estudo.

Você não entrou na faculdade de medicina por acaso. Se você está aqui, é porque se esforçou muito e dedicou anos no ensino médio para estudar e se disciplinar. Mas infelizmente (ou felizmente, dependendo de como você analisa isso), ser estudante de medicina é muito diferente de ser aluno do ensino médio. As habilidades que o trouxeram aonde você está agora podem não ser aquelas de que você irá precisar para ter sucesso nessa nova fase da sua vida.

Por exemplo, como a maioria dos estudantes, talvez você tenha passado uma noite estudando antes de uma prova, e provavelmente se saiu bem.

Infelizmente, essa forma de estudar não vai ajudá-lo muito na faculdade de medicina. Primeiro, o volume de informações que você precisa absorver e memorizar na faculdade de medicina é muito maior do que no ensino médio. Alguns alunos comparam o fluxo de informações que chega até eles a uma avalanche. Para ter sucesso, você não apenas precisará de mais tempo, mas também aprender a gerenciar melhor o tempo. Segundo, diferentemente do ensino médio, no qual você geralmente não precisa se lembrar de quase nada após a prova, o conteúdo na faculdade de medicina é cumulativo, ou seja, as informações que você aprendeu no primeiro ano permanecem relevantes meses e até anos mais tarde. Terceiro, você não apenas precisa se lembrar das informações, como também precisa atualizá-las constantemente à medida que novas pesquisas (com as quais também se espera que você se mantenha atualizado) tornam algumas das coisas que você aprendeu mais relevantes e outras obsoletas.

Por fim, o que está em jogo na faculdade de medicina é muito mais desafiador. Esquecer uma informação crucial não apenas resultará em uma pontuação mais baixa na prova, como também prejudicará seriamente os seus pacientes.

Há 3 problemas que os alunos enfrentam ao tentar dominar grandes quantidades de informação:

Felizmente, décadas de pesquisas baseadas em evidências mostraram maneiras pelas quais você pode alterar seu comportamento para evitar esses problemas e aumentar a probabilidade de lembrar as informações importantes. Vamos destacar 5 técnicas mais eficazes de estudo apoiadas pela neurociência (e a ciência que as embasa) que todo estudante de medicina deve conhecer:

  • A grande quantidade de informações ensinada na faculdade de medicina pode ser facilmente esquecida.

Solução: para combater a curva de esquecimento natural, aplique estratégias como:

Em uma série de experimentos na década de 1880, o psicólogo alemão Hermann Ebbinghaus descobriu que se você representa graficamente a retenção, ou o quanto você se lembra de um tema, versus quanto tempo transcorreu desde que você estudou, isso forma uma curva de declínio exponencial. Assim, se você aprende alguma coisa no primeiro dia e não fizer uma revisão, sua retenção segue uma “curva de esquecimento” semelhante à mostrada na figura abaixo.

Entretanto, se você revisar (ou melhor ainda, recuperar ativamente) o material em intervalos cada vez mais espaçados depois de aprendê-lo, então a curva de esquecimento começará a se nivelar, e você terá uma retenção muito melhor em longo prazo. Portanto, não basta revisar o material uma única vez antes da prova. Para realmente aprender, você tem de ampliar seu aprendizado e prática, que é uma estratégia conhecida como repetição espaçada.

Você também pode usar a prática intercalada, que também é chamada

  • Prática variada

  • Prática variável

  • Prática mista

Essa estratégia envolve combinar as informações que estão sendo testadas em vez de dividi-las em blocos.

Juntamente com a repetição espaçada, a prática intercalada pode levar a resultados de aprendizagem mais bem-sucedidos. Essas técnicas enquadram-se no que o pesquisador de psicologia da UCLA Robert Bjork e seus colegas chamam de "dificuldades desejáveis", que são estratégias contraintuitivas que podem diminuir o desempenho em curto prazo, mas melhorar o desempenho em longo prazo.

A repetição espaçada não é apenas rever o material com mais frequência, mas também revisá-lo no momento certo. Constatou-se que

  • O melhor momento para rever as informações que você está tentando aprender é exatamente no momento em que você naturalmente as esqueceria.

Como o esquecimento normalmente segue uma curva exponencial, o segredo é cronometrar as sessões de estudo em torno da curva e revisar as principais informações quando estão prestes a desaparecer da memória. O conceito fundamental é espaçar seus estudos e fazer autoavaliações ao longo do tempo, em vez de estudar um extenso material, ou "tudo de uma vez", porque esse espaçamento ajuda a nivelar sua curva de esquecimento para que você retenha as informações durante mais tempo.

Como sua familiaridade com diferentes assuntos pode variar muito, diferentes informações têm diferentes curvas de esquecimento. Estudos mostram que você dever ter o seguinte:

  • Para material conhecido: intervalos mais espaçados entre as sessões de estudo

  • Para material menos conhecido: intervalos mais curtos entre as sessões de estudo

Embora essa estratégia seja eficaz em todos os campos de estudo, é especialmente importante para estudantes de medicina, que precisam reter conhecimentos e habilidades fundamentais para tratar os pacientes. Um estudo revelou que sem a repetição espaçada, estudantes de medicina esqueciam até 33% do conhecimento básico em ciências após um ano e mais de 50% depois de 2 anos. Mas quando estudantes e residentes aplicavam estratégias de repetição espaçada aos seus estudos, superavam significativamente seus colegas, com alguns estudos mostrando uma retenção melhor de aprendizagem de quase 40%.

Sabendo tudo isso, por que a forma extensiva de estudar persiste como um comportamento popular? A verdade é que essa forma de estudar é muitas vezes eficaz em curto prazo. Estudar uma noite toda certamente pode ajudá-lo a passar na prova de amanhã, mas, 1 mês depois, você terá esquecido muitas dessas informações. Como você provavelmente precisará dessas informações para o restante da sua carreira, uma boa ideia é espaçar suas sessões de estudo. E também é importante observar que a repetição espaçada não apenas ajuda a reter o conhecimento; também ajuda a reter habilidades, seja ao pegar uma veia ou fazer uma punção lombar.

A aplicação da retenção espaçada nem sempre é simples. Estudantes — especialmente os das áreas de saúde e de medicina — precisam lembrar milhares de fragmentos de conhecimento. Pode ser muito difícil acompanhar tudo isso quando chega o momento de rever as informações, especialmente porque cada informação segue sua própria curva de esquecimento. É por isso que pesquisadores e desenvolvedores de programas de computação criaram algoritmos informatizados para ajudar os estudantes a otimizar seus estudos.

Esses algoritmos priorizam o estudo de acordo com o que você lembra e o que você não lembra. Isto é, se você errar uma questão, o algoritmo irá priorizar automaticamente essa informação para a repetição e dará menos ênfase às informações das questões que você acertou. Assim, na verdade esses algoritmos podem reduzir o tempo geral de estudo garantindo que você não perca tempo estudando informações que você já lembra com segurança.

Uma das melhores coisas sobre a repetição espaçada é que você ganha muito estudando de maneira mais inteligente, não necessariamente por mais tempo. Com um pouco mais de organização e preparo, você pode alcançar muito mais. No entanto, a repetição espaçada pode parecer pouco natural no início. Você não está acostumado a estudar algo que você acha que continua fresco na sua memória. Além disso, ao dedicar tempo para estudar algo que aprendeu há poucos dias, você poderia preocupar-se com o fato de que deveria usar esse tempo para estudar algo que aprendeu hoje. Mas a repetição espaçada vai te deixar em melhor situação a longo prazo.

Digamos que você quer aprender os conceitos A, B e C.

O modelo tradicional faz você dominar um por um por meio da prática extensiva (prática em bloco), que se parece com isto:

  • AAABBBCCC

Aparentemente, essa estratégia faz sentido. Você pratica uma habilidade até alcançar a proficiência e então (e só então) você passa para a próxima. Mas essa estratégia muitas vezes deixa a desejar:

  • Os temas raramente baseiam-se um no outro diretamente (ou seja, você só pode aprender B depois de dominar A).

  • Aprender novos temas pode ajudar a reforçar outros.

Isso é o que a intercalação faz: permite que você trabalhe em várias habilidades ao mesmo tempo alternando entre elas, o que se parece com isto:

  • ABCBCABAC

A intercalação ajuda-o a descobrir como os conceitos se superpõem e diferem, o que aumenta sua retenção geral. A intercalação também faz com que você use a repetição espaçada.

Assim, ao aprender sobre os vários diuréticos, não pratique todas as tiazidas seguidas de todos diuréticos de alça; em vez disso, intercale e combine-os da maneira como você aprende as coisas!

  • O estudo passivo não gera retenção das informações.

Solução: aplicar técnicas de aprendizado ativa e estratégias de memória por associação como:

Digamos que você tem uma prova importante chegando e você precisa revisar o material — qual seria a melhor maneira de estudar? Você pode achar que deve reler o material ou examinar suas anotações, mas acontece que uma das maneiras mais eficazes de aprender informações é estudar ativamente, testando-se quanto ao material, em vez de passivamente. Em outras palavras, o simples ato de responder a questões fortalecerá sua memória. Esse fenômeno é chamado efeito prova ou, às vezes, prática de aprendizado ou recuperação aprimorada por meio de provas.

Dito isso, você pode aprender ativamente até mesmo ao ler, desde que se esforce para vincular as informações que está lendo ao conteúdo que você já conhece. Estudos mostram que quanto mais associações você consegue estabelecer entre o que quer que seja que você esteja tentando aprender, maior a probabilidade de você se lembrar disso no futuro porque há mais caminhos que você pode seguir para recuperar essas informações. Uma das técnicas da memória por associação mais bem-sucedida que você pode usar é chamada palácio da memória, em que você imagina um local físico (o palácio) no qual você coloca coisas que o ajudarão a se lembrar de informações mais abstratas.

Depois de fazer várias provas decisivas, desde provas de fim de ano até o vestibular para a faculdade de medicina, você provavelmente chegou a associar as provas com o fim de uma experiência de aprendizagem, e não como parte dela. Mas a verdade é que as provas de avaliação intermediárias, como as mensais ou as bimestrais, desempenham um papel significativo no processo de aprendizagem. Esse fenômeno acontece por várias razões. Uma é que

  • A aprendizagem ativa é melhor do que aprendizagem passiva.

Ao ler um capítulo do livro-texto ou reler suas anotações, você se envolve com o material de forma relativamente passiva. Gostamos de pensar que somos esponjas de informação — que absorvemos o conhecimento quando ele passa na frente dos nossos olhos — mas o fato é que a aprendizagem real acontece quando nos envolvemos ativamente com o material, por exemplo, ao pensar sobre como ele se relaciona a outro material que aprendemos ou estamos aprendendo.

Pensar ativamente sobre o material aumenta a probabilidade de você recuperar as informações quando precisa delas mais tarde, como durante uma prova. Portanto, a recuperação ativa das informações por meio de provas fortalece o conhecimento subjacente. Em outras palavras, na verdade as provas melhoram a retenção do conhecimento em comparação com as formas menos ativas de estudo, como reler informações ou rever aulas.

Na verdade, quanto maior o engajamento ativo com o material, melhor. Pesquisas mostraram que você deve dedicar tempo para testar a si mesmo de maneiras que o forcem a enfrentar o material, em vez de se concentrar apenas na simples lembrança. Os benefícios das provas são maiores quando as perguntas são complexas e você realmente precisa se esforçar para pensar na resposta.

Outra razão pela qual provas são tão eficazes tem a ver com a dinâmica da lembrança. Para responder a uma pergunta em uma prova, você precisa vasculhar sua memória e recuperar a resposta, certo? Bem, acontece que — pelo menos em um aspecto — sua memória é mais um músculo do que um armário de arquivos.

Ao andar de bicicleta pela primeira vez, você provavelmente caiu muito e seus movimentos eram desajeitados e vacilantes, mas com a prática, esses movimentos tornaram-se mais fáceis e mais seguros. Pense na memória funcionando da mesma maneira:

  • Quanto mais você pratica testar a si mesmo e lembrar as informações, mais fácil será para você lembrá-las novamente mais tarde.

Por exemplo, um estudo comparou residentes médicos que se avaliavam com provas versus aqueles que simplesmente reestudavam as informações sobre duas doenças. A cada 2 semanas, um grupo realizava provas, enquanto o outro grupo simplesmente relia as informações. Seis meses depois de terem aprendido inicialmente o material, o grupo que havia feito provas práticas teve uma pontuação 13% mais alta do que o outro grupo, mostrando melhor retenção a longo prazo.

Você pode explorar esse fenômeno usando qualquer estratégia que o force a se envolver ativamente com o material, como:

  • Criando fichas de estudo

  • Anotações que organizam as informações que você precisa aprender com suas próprias palavras

Estudos mostram que o efeito prova é mais eficaz quando ocorre logo depois que você aprendeu o material — portanto, não espere! Você também deve se certificar de completar todos as provas práticas que seu professor atribuiu. Se nenhum foi disponibilizado, encontre algumas questões práticas on-line que podem ser enviadas automaticamente quando o momento da prova está se aproximando.

Além disso, mude sua mentalidade sobre provas de maneira mais geral. Não pense nas provas apenas como uma avaliação do seu aprendizado. Em vez disso, analise-as pelo que elas representam — uma oportunidade importante de aprendizado. Sempre revise as provas e exames para ver o que você errou!

Digamos que você esteja tentando lembrar os seis fármacos ou classes farmacológicas que conhecidamente causam pancreatite, ou inflamação do pâncreas. A lista é:

  • Diuréticos

  • Corticoides

  • Álcool

  • Azatioprina

  • Didanosina

  • Ácido valproico

Clinicamente, é muito útil que esses seis fármacos ou classes farmacológicas estejam na sua memória de trabalho para que você possa identificá-los em uma lista de fármacos e pensar neles como potencial causa da pancreatite.

Comece escolhendo um local que você conhece. Pode ser um lugar real, como sua casa, a academia, uma loja ou algum lugar que você já viu na televisão ou um lugar que você imaginou.

Em seguida, você identifica pontos específicos chamados "loci" nesse lugar. É bom escolher pontos realmente diferentes, e nesse caso, escolhemos seis pontos, pois há seis coisas a lembrar. Vamos usar seu quarto como o palácio e selecionar:

  • Cama

  • Janela

  • Porta

  • Cômoda

  • Tapete

  • Luz do teto

Em seguida, você precisa criar imagens para cada termo que está tentando lembrar. Você pensará em uma imagem em cada ponto. Você usa as imagens porque é comparativamente fácil primeiro lembrar um quarto cheio de imagens — especialmente se forem chamativas — e a seguir lembrar as coisas que você associou a cada imagem. Você pode tentar algumas abordagens para criar as imagens.

  • "Soa como": por exemplo, "pápula" soa como papa e mula, assim você pode imaginar o papa andando de mula.

  • "Parece com": por exemplo, uma célula parietal se parece com um ovo frito.

  • "Parece que": por exemplo, tomar medicação sedativa e sentir-se sonolento se parece com o que um urso sentiria depois de hibernar durante o inverno.

Quanto mais singular e descritiva for a imagem, melhor ela será lembrada, porque a mente adora se prender a imagens visuais interessantes em ambientes conhecidos. Mas, em vez de tentar analisar qual truque você usa, simplesmente utilize qualquer imagem que venha à mente.

Portanto, no nosso exemplo da pancreatite, você poderia imaginar, por exemplo:

  • Alguém urinando sobre os lençóis para ajudá-lo a pensar em diuréticos na cama

  • Um fisiculturista gigante, exageradamente musculoso pelo consumo de esteroides e irado quebrando a janela para associar corticoides à janela

  • Uma pessoa bêbada que erra a porta e bate direto contra a parede para pensar no consumo de bebidas alcoólicas

  • Um tio usando asas escondido no armário para pensar em azatioprina

  • Talvez, imaginar o tapete como um gramado e o goleiro Dida caindo no campo para pensar em didanosina

  • Por fim, a cidade de Valparaíso toda iluminada à noite para associar o lustre ao ácido valproico

Crie uma imagem mental de todas essas coisas no seu quarto!

Claro, você não vai desenhar nada. Você apenas imaginará o palácio da memória e as coisas que ele contém. No entanto, você deve escolher o material correto para aplicar essa ferramenta de aprendizado. Normalmente, o melhor material é bem concreto, como as etapas de um processo ou uma lista de algum tipo. Felizmente, isso é exatamente o tipo de coisa que temos de aprender muito na medicina.

A razão pela qual palácios da memória funcionam tão bem é que nossos cérebros são melhores em lembrar imagens e locais concretos, ao contrário de coisas abstratas como nomes e números. Ao usar essas imagens como um substituto para as informações abstratas, o palácio da memória fornece uma base para ajudar o cérebro a organizar e conectar conceitos. Você aprende mais rápido, esquece menos, cria as próprias imagens e torna o aprendizado mais agradável, adicionando um pouco de sabor à rotina habitual de estudos. Embora imagens personalizadas sejam as mais fáceis de lembrar, se você pertence a um grupo de estudo, considere se é possível construir um palácio de memória que funcione tanto para você como para os outros. Mesmo pensar como você construiria um palácio de memória relevante para os outros aumentará sua probabilidade de memorização.

  • Continuar a usar os comportamentos que o desencaminharam durante seus estudos de graduação

Solução: mude sua mentalidade e implemente mudanças comportamentais que lhe permitirão tornar-se um estudante de medicina melhor.

Agora que você conhece algumas técnicas comprovadas para ajudá-lo a aprender com mais eficiência e lembrar o material por mais tempo, como você realmente as faz se tornar um hábito? As técnicas a seguir podem transformar sua vida (e ajudá-lo a orientar melhor seus futuros pacientes também!):

  • Modelo comportamental de Fogg

  • Alcançar uma mentalidade de crescimento

O cientista comportamental de Stanford, B. J. Fogg, reduz a mudança comportamental a 3 variáveis:

  • Motivação

  • Capacidade

  • Gatilho

Se você pensar em qualquer comportamento — fazer exercícios, parar de fumar ou estudar usando as técnicas descritas acima — você precisará de certo nível de motivação e capacidade, e a seguir de um gatilho para implementar o comportamento.

Digamos que você queira estudar um material novo e revisar conceitos antigos todos os dias. Sua motivação é o desejo de se sair bem nas aulas e na provas finais e, sobretudo, ser capaz de tratar direito os seus pacientes.

  • Você pode aumentar sua motivação por meio de práticas envolventes como aprendizagem lúdica e responsabilidade social (p. ex., grupos de estudo).

  • Você pode aumentar sua capacidade usando ferramentas como aplicativos móveis que tornam o material de estudo facilmente acessível onde quer que você esteja.

  • Por fim, você usar como gatilho do comportamento o envio de e-mails, torpedos e notificações pelo celular.

Sobre último ponto, o segredo é não exaurir os gatilhos de modo que percam a eficácia. Uma maneira de diminuir a probabilidade disso acontecer é tornar cada gatilho relevante sincronizando-o com a sua grade curricular e sua agenda individual — assim, você pratica respondendo questões sobre bactérias Gram-positivas quando na verdade está aprendendo sobre elas em sala de aula ou passando visita em pacientes com infecções no hospital, em vez de obter essa informação em momentos aleatórios, menos significativos.

A pesquisadora de Stanford, Carol Dweck, descobriu que, quando as pessoas enfrentam desafios, elas frequentemente desenvolvem diferentes mentalidades, ou padrões de pensamento, envolvendo o problema e a capacidade de superá-lo.

  • Aqueles com uma mentalidade fixa acreditam que alguém nasce com ou sem uma habilidade, e que bem pouco pode ser feito para mudar essa habilidade inicial.

  • Aqueles com uma mentalidade de crescimento acreditam que ações e trabalho árduo são mais importantes do que o talento biológico inato.

Quando alunos com essas mentalidades receberam problemas fáceis de resolver (muito parecidos com os problemas que você pode ter encontrado no ensino médio), os dois grupos foram bem-sucedidos. No entanto, eles responderam de forma bastante diferente quando confrontados com uma tarefa mais desafiadora e difícil.

  • Aqueles com uma mentalidade fixa (como convicção de que a inteligência é inata e não pode mudar) desistiam rapidamente da tarefa quando de repente ela se tornava difícil.

  • Aqueles com uma mentalidade de crescimento, porém, tinham maior probabilidade de perseverar e se esforçar até encontrar a solução para o problema desafiador.

Quando solicitados a escolher entre séries adicionais de problemas fáceis ou difíceis:

  • Aqueles com uma mentalidade fixa só estavam interessados em resolver problemas quando sabiam que teriam sucesso.

  • Os alunos com uma mentalidade de crescimento entusiasmavam-se em resolver problemas desafiadores

A parte mais importante dessa pesquisa não era definir essas mentalidades, mas descobrir como elas poderiam ser facilmente superadas quando os alunos se conscientizassem delas. Em outras palavras, mentalidades de uma vida inteira sobre realizações e habilidades podem nos atrasar, mas elas não são imutáveis, e aqueles que as superam têm maior probabilidade de sucesso. Mesmo se você for alguém que passou fácil pelo ensino médio, certamente enfrentará maiores desafios na faculdade de medicina. Lembre-se de que não é natural uma pessoa absorver facilmente todos os assuntos, e que você pode avançar esforçando-se e dedicando-se aos temas com os quais você mais tem dificuldades.

Com o início de cada novo ano letivo, 25.000 estudantes de medicina nos Estados Unidos — e centenas de milhares em todo o mundo — serão confrontados com os desafios de cursos em classe intensivos, provas da banca examinadora e trabalho ambulatorial. Décadas de pesquisa em neurociência forneceram um conjunto completo de técnicas que podem orientá-lo no seu caminho para o sucesso, mas você precisa fazer a escolha de usá-las. Preste atenção às sugestões listadas neste guia de estudo e você estará no caminho certo para ser um estudante de medicina bem-sucedido!

  • Osmosis, uma plataforma de aprendizagem que incorpora estas técnicas de aprendizagems

  • Para aprender mais sobre as técnicas neste guia de estudo, sugerimos que você examine três livros em particular: Fixe o Conhecimento – A Ciência da Aprendizagem Bem-Sucedida, A Arte e a Ciência de Memorizar Tudo – Memórias de Um Campeão de Memórias e Learning Medicine: An Evidence-Based Guide.

Assista a estes vídeos para entender mais cada tema:

  • Albert, D. Making the Undergraduate-to-Medical-School Transition. Sept 28, 2012.

  • Agarwal, P. K., Karpicke, J. D., Kang, S. H., et al: Examining the testing effect with open- and closed-book tests. Appl Cog Psychol, 22(7), 861-876, 2008.

  • Augustin, M. How to Learn Effectively in Medical School: Test Yourself, Learn Actively, and Repeat in Intervals. Yale J Biol Med, 87(2), 207–212, 2014.

  • Bjork, R.A., Dunlosky, J., Kornell, N. Self-regulated learning: Beliefs, techniques, and illusions. Annu Rev Psychol, 64, 417-444, 2013. doi: 10.1146/annurev-psych-113011-143823

  • Bjork, E. L. e Bjork, R. A. Making things hard on yourself, but in a good way: Creating desirable difficulties to enhance learning. Em M. A. Gernsbacher and J. Pomerantz (Eds.), Psychology and the real world: Essays illustrating fundamental contributions to society (2nd edition). New York: Worth, 2014, pp 59-68.

  • Custers, E.J. Long-term retention of basic science knowledge: a review study. Adv Health Sci Educ Theory Pract 15: 109, 2010. doi: 10.1007/s10459-008-9101-y

  • Larsen, D.P., Butler, A.C., Roediger, H.L. Repeated testing improves long-term retention relative to repeated study: a randomised controlled trial. Med Educ 43: 1174–1181, 2009. doi: 10.1111/j.1365-2923.2009.03518.x

  • Gaglani, S. The Memory Hack That Got Me Through Med School—And Inspired A Startup, Jul 10 2013.

  • Gupta, J. Spaced repetition: a hack to make your brain store information. The Guardian, Jan 23, 2016.

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  • Kerfoot, B.P., Dewolf W., Masser B. et al: Spaced education improves the retention of clinical knowledge by medical students: a randomised controlled trial. Med Educ, 41(1), 23-31, 2007. doi: 10.1111/j.1365-2929.2006.02644.x

  • Kerfoot B.P. Adaptive spaced education improves learning efficiency: a randomized controlled trial. J Urol. 183 (2), 678-81, 2010. doi: 10.1016/j.juro.2009.10.005

  • Larsen, D.P., Butler, A.C., Roediger, H.L. Comparative effects of test-enhanced learning and self-explanation on long-term retention. Med Educ, 47(7), 674–682, 2013. doi: 10.1111/medu.12141

  • Martynoga, B. (2015, July 12). Can neuroscience solve the mystery of how students learn? The Guardian, Jul 12, 2015. Retirado de

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  • Roediger, H.L. and Karpicke, J.D. Test-enhanced learning taking memory tests improves long-term retention. Psychological Science, 17(3), 249-255, 2006. doi: 10.1111/j.1467-9280.2006.01693.x

  • Sisti, H.M., Glass, A.L., Shors, T.J. Neurogenesis and the spacing effect: Learning over time enhances memory and the survival of new neurons. Learn Mem, 14(5), 368–375, 2007. doi: 10.1101/lm.488707

  • Wozniak, P. Spaced repetition in the practice of learning.

  • Yang, A., Goel, H., Bryan, M., et al The Picmonic® Learning System: enhancing memory retention of medical sciences, using an audiovisual mnemonic Web-based learning platform. Adv Med Educ Pract, 8(5), 1250132, 2014. doi: 10.2147/AMEP.S61875

Visão Educação para o paciente

O que é preciso estudar para passar em Medicina?

Se você quer saber como estudar para medicina, saiba que deverá mandar bem em todas as disciplinas. Mas uma estratégia interessante é focar em Redação, Ciências da Natureza e Matemática, principalmente, se o seu objetivo é tentar uma vaguinha por meio do Enem.

O que aprender antes de entrar na faculdade de Medicina?

No caso de Medicina, as disciplinas com um maior peso são Biologia, Química, Física e redação. Isso porque todos esses conhecimentos serão de grande utilidade, sobretudo, nas matérias dos primeiros anos do curso, que representam o ciclo básico.