Para que tipo de mudança social e econômica apontam as reflexões de Olga

Tracejar vidas normais: estudo qualitativo sobre a integração social de indivíduos de origem cigana na sociedade portuguesa

Estudo qualitativo sobre a integração social de indivíduos de origem cigana na sociedade portuguesa Tese de Doutoramento em Sociologia Especialidade Relações Interculturais Orientação científica: Prof. Doutora Luísa Ferreira da Silva Co-orientação científica: Prof. Doutora Fátima Alves UNIVERSIDADE ABERTA 2010 Agradecimentos Durante este percurso de investigação recebi vários apoios individuais e institucionais. À Universidade Aberta e ao Centro de Estudos das Migrações e Relações Interculturais (CEMRI) agradeço o enquadramento institucional que me permitiu assegurar condições logísticas e financeiras para a realização do trabalho como docente e investigadora, sobretudo pela licença de serviço docente concedida e o apoio financeiro do CEMRI, nomeadamente em deslocações ao estrangeiro para pesquisa bibliográfica em bibliotecas e apoio à participação em congressos nacionais e internacionais que me foram permitindo discutir os resultados com peritos em meio científico. Agradeço também...

A República Velha e as oligarquias rurais

Com a Proclamação da República, em 1889, teve início na vida política brasileira o período conhecido como República Velha (1889-1930). Depois dos anos iniciais, em que os militares estiveram no poder, começou em 1894 uma fase na qual o país passou a ser governado por presidentes civis, representantes das oligarquias do Sul e do Sudeste. Nesse período, presidentes vindos de Minas Gerais e de São Paulo se revezavam, o que deu origem à chamada "política do café com leite".

Apesar de o Brasil ter entrado no século XX como uma jovem república, as estruturas sociais, econômicas e políticas do país ainda eram basicamente as mesmas da época da monarquia. Os escravos, por exemplo, não foram absorvidos pelo mercado de trabalho e, nos centros urbanos, a mão de obra era proveniente das imigrações europeias.

Somente com a Revolução de 1930 foi que ocorreram mudanças profundas na estrutura social, econômica e política do país.

Fim do complemento.

4. Considere este pensamento de Olga:

"E a terra não era dele? Mas de quem era, então, tanta terra abandonada que se encontrava por aí? [...] Por que esse acaparamento, esses latifúndios inúteis e improdutivos?"

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Sabendo que a obra Triste fim de Policarpo Quaresma foi escrita durante a República Velha (1889-1930), em que predominavam os interesses da oligarquia rural, responda:

a. Que relação há entre esse trecho e o contexto sociopolítico da época?

Resposta: O trecho mostra que, apesar de ter havido a proclamação da República, a vida no campo continuava a mesma: as terras continuavam nas mãos da oligarquia rural, que era dona de grandes propriedades no campo, e os trabalhadores (brancos e negros recentemente alforriados) eram miseráveis.

b. Para que tipo de mudança social e econômica apontam as reflexões de Olga (e do próprio Lima Barreto) sobre o assunto?

Resposta: O pensamento de Olga aponta para uma perspectiva de reforma agrária. Professor: O estudioso Alfredo Bosi reconhece na ideologia de Lima Barreto traços de um "socialismo maximalista".

5. Policarpo Quaresma é associado frequentemente a Dom Quixote, personagem idealista e sonhadora de Miguel de Cervantes.

a. Por que, na conversa de Quaresma e o marido de Olga, mais uma vez se comprova o caráter quixotesco do protagonista?

Resposta: Porque ele idealiza o Brasil como o melhor país do mundo e se nega a admitir a possibilidade de as terras brasileiras não serem férteis e necessitarem de adubos.

Atenção professor: Comente com os alunos que os resultados da plantação com que Quaresma se ocupa depois tornam-se um fracasso e se mostram economicamente inviáveis. Fim da observação.

b. Nessa noite, que fato se contrapõe, ironicamente, à ingenuidade de Quaresma, comprovando algumas das afirmações de Felizardo?

Resposta: A invasão da casa pelas formigas; o episódio comprova a afirmação de Felizardo, de que as formigas acabam com a plantação.

Boxe complementar:

Golias

Segundo relatos bíblicos, Golias era um soldado filisteu de 2,90 m. Em uma guerra contra os judeus, Golias desafiou o exército inimigo, propondo que escolhessem um único soldado para lutar contra ele. Se o soldado vencesse, Golias e o exército filisteu se renderiam.

Um jovem judeu, chamado Davi, se dispôs a lutar. Foi até o rio, pegou cinco pedras e colocou-as em um pequeno saco.

Com uma funda, um tipo de atiradeira, nas mãos, acertou uma das pedras na cabeça de Golias e matou-o. Depois, cortou a cabeça do soldado filisteu, usando a espada do próprio gigante.

LEGENDA: Davi com a cabeça de Golias (1609-10), de Caravaggio.

FONTE: Galleria Borghese, Roma, Itália

Fim do complemento.

6. O nome do capítulo é "Golias". Leia o boxe "Golias" e, depois, estabelecendo um paralelo entre a história do gigante e o episódio das formigas, responda:

a. Que personagem de Triste fim... equivale a Golias? Por quê?

Resposta: Policarpo Quaresma, que é bem maior do que as formigas, equivale a Golias, pois, mesmo sendo maior e mais forte, leva a pior.

b. Qual personagem corresponde a Davi? Por quê?

Resposta: As formigas, que, mesmo sendo menores, têm uma força coletiva suficiente para vencer Quaresma.

c. Pode-se afirmar que esse episódio revela uma visão irônica e crítica do próprio Lima Barreto? Justifique sua resposta.

Resposta: Sim; Lima Barreto critica e ironiza o nacionalismo ufanista e ingênuo do protagonista.

Atenção professor: Comente com os alunos que o nacionalismo ufanista era uma das linhas de pensamento no Brasil das primeiras décadas do século XX, como fica claro alguns anos depois com o aparecimento de correntes artísticas como os movimentos Verde-Amarelismo e Anta, na década de 1920. Fim da observação.

7. O Pré-Modernismo é um momento de transição de nossa literatura, que mantém alguns traços das correntes artísticas do século XIX e, ao mesmo tempo, apresenta elementos novos, como o interesse por temas nacionais e a busca de uma língua mais coloquial e brasileira.

a. Com quais das estéticas literárias do século XIX a obra Triste fim de Policarpo Quaresma está mais alinhada? Por quê?

Resposta: Está mais alinhada com o Realismo, em virtude do retrato sociopolítico que faz do Brasil do final do século XIX, além do tratamento irônico e crítico que dá ao tema.

b. As novidades introduzidas pelo Pré-Modernismo podem ser identificadas no texto lido? Justifique sua resposta.

Resposta: Sim; a obra se volta para o retrato da realidade brasileira, de seus contrastes sociais, de sua gente simples, etc. Além disso, a linguagem é despojada e se empenha em retratar as variedades linguísticas nacionais, como a fala caipira de Felizardo.

ARQUIVO

Por meio da leitura de textos de autores pré-modernistas feita neste capítulo, você viu que:

- o Pré-Modernismo não é propriamente um movimento literário; é um período de transição, que reúne obras com traços remanescentes do Simbolismo, do Realismo e do Naturalismo;

- as obras pré-modernistas apresentam como novidade o interesse por temas da realidade nacional, como a vida da classe média suburbana do Rio de Janeiro e a busca de linguagem mais brasileira, próxima da língua falada pelo povo;

- a poesia de Augusto dos Anjos é um caso singular em nossa literatura, pois reúne elementos aparentemente excludentes, como traços do Simbolismo e do Naturalismo e formas poéticas da tradição clássica.

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LÍNGUA E LINGUAGEM

Concordância verbal

FOCO NO TEXTO

Leia o poema a seguir, de Ferreira Gullar, escrito durante o período do regime militar no Brasil:

Dois e dois: quatro

Como dois e dois são quatro

sei que a vida vale a pena

embora o pão seja caro

e a liberdade pequena

Como teus olhos são claros

e a tua pele, morena

como é azul o oceano

e a lagoa, serena

como um tempo de alegria

por trás do terror me acena

e a noite carrega o dia

no seu colo de açucena

- sei que dois e dois são quatro

sei que a vida vale a pena

mesmo que o pão seja caro

e a liberdade, pequena.

(Toda poesia. 18ª ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 2009. p. 171.)

FONTE: SHNA/Shutterstock

1. Leia a seguir um depoimento de Ferreira Gullar, dado na Bienal do Rio de Janeiro, em 2009, no qual ele comenta sobre a situação em que esse poema foi escrito:

Muitos amigos estavam presos, muita gente sumiu, então havia um grande desapontamento em todos nós, que tínhamos lutado pela reforma agrária, pela mudança das condições do país [...] Então esse poema foi escrito um pouco pensando nas pessoas que estavam presas e em tudo, em todos nós que estávamos perdendo o ânimo [...].

(Transcrito do vídeo disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=T2iTZJAOz6c. Acesso em: 18/1/2016.)

a. A 1ª estrofe apresenta uma síntese das ideias principais do poema. Considerando o contexto social e político em que o poema foi produzido, explique o sentido dos versos "embora o pão seja caro / e a liberdade pequena".

Resposta: Esses versos remetem à situação desfavorável vivida à época, na qual o custo de vida era alto e as pessoas não tinham liberdade de expressão nem liberdade política.

b. Tendo em vista o momento caracterizado por Gullar, conclua: O que expressam os dois primeiros versos dessa estrofe?

Resposta: O desejo do eu lírico de levar ânimo às pessoas à sua volta, afirmando sua previsão positiva para o futuro como uma certeza e garantindo que ela é tão certa quanto um cálculo matemático.

c. Segundo o depoimento de Gullar, a quem ele se dirigia com seu poema?

Resposta: À sociedade em geral, às pessoas que se viam sem esperanças na vida e no futuro.

2. Embora em seu depoimento Gullar tenha explicitado a quem se dirigia com seu texto, no poema o eu lírico se dirige especificamente a um "tu", que aparece em meio a uma comparação.

a. Levante hipóteses: Quem é o tu a que o eu lírico se dirige?

Resposta: Possibilidades variadas de resposta: A uma pessoa querida que se encontrava distante ou que estava muito desanimada com a situação e a quem ele gostaria de encorajar.

b. Com o que o eu lírico compara os elementos trazidos na 2ª, na 3ª e na 4ª estrofes?

Resposta: Com a sua certeza de que a vida vale a pena.

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3. No poema em estudo, o eu lírico faz uma queixa em relação à situação vivida naquele momento.




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