A relação entre os adolescentes e o seu corpo nem sempre é fácil. Enquanto uma autoimagem positiva contribui para uma melhor autoestima, há jovens que veem o seu corpo com uma insatisfação permanente – o que pode levar ao isolamento social, oscilações de humor ou até mesmo a perturbações alimentares. Ajude o seu filho a valorizar a imagem que vê ao espelho. Show
Todos temos uma ideia muito própria sobre o nosso corpo quando vemos o nosso reflexo. Aquilo que pensamos e sentimos acerca da nossa imagem e do nosso corpo – e também o que pensamos que os outros veem no nosso corpo – a autoimagem corporal, que pode ser positiva ou negativa. A autoimagem é importante na construção da autoestima, embora não seja o único fator a ter em conta.
Acontece quando uma pessoa se sente satisfeita e feliz com o seu corpo, com sentimentos de orgulho e otimismo. Além disso, “implica que se compreenda que a aparência não é um reflexo do caráter ou valor da pessoa”, explica Filipa Rouxinol, psicóloga do Centro Multidisciplinar do Adolescente do Hospital Lusíadas Porto.
Acontece quando uma pessoa se sente insatisfeita e infeliz com o seu corpo, em dimensões que variam de pessoa para pessoa (por exemplo: as raparigas podem querer ser mais magras e os rapazes mais musculados). O corpo é frequentemente associado ao valor da pessoa, de forma negativa. Adolescência e autoimagemA adolescência é um período de maior vulnerabilidade em relação à consciencialização do corpo e à autoimagem. Segundo o pediatra Hugo Braga Tavares, coordenador do Centro Multidisciplinar do Adolescente do Hospital Lusíadas Porto, “a satisfação com a autoimagem é um processo (e não um estado), que pode iniciar-se na adolescência (ou até antes), mas permanece o resto da vida”. Nesse sentido, a adolescência “representa um desafio marcante na definição e aceitação da autoimagem”, com consequências para a vida adulta. É nesta fase que os jovens se tornam mais autónomos, querem afirmar a sua identidade e passam por diversas alterações físicas. Por isso, estão também numa posição de maior vulnerabilidade e são mais influenciáveis às opiniões dos outros. Como realça a psicóloga Filipa Rouxinol, “as implicações da autoimagem negativa na adolescência são maiores e têm mais impacto do que na vida adulta, pois a autoimagem negativa na idade adulta advém precisamente da autoimagem desenvolvida na adolescência”. O que influencia a autoimagem de um adolescente?A adolescência é uma fase de mudanças a vários níveis, que acabam por marcar a forma como os adolescentes veem – e por vezes hipervalorizam – o seu próprio corpo e constroem a sua autoimagem. Estes são alguns dos principais fatores de influência:
Sinais de alarmeOs sentimentos negativos pontuais em relação à autoimagem são comuns, no entanto, “a persistência dessa autoperceção negativa, manifestada por verbalização constante de inferioridade (a comparação constante) e insatisfação permanente poderão ser interpretados como sinais de alerta”, avisa o especialista Hugo Braga Tavares. Esteja também atento se o seu filho adolescente tiver uma preocupação notória com a quantidade e calorias de cada refeição, com o peso e com gorduras corporais. Estes sinais, a que se pode juntar também o saltar de refeições, “poderá apontar para uma insatisfação exagerada com a composição corporal”. Existem outros comportamentos – mais ligados à interação social – que podem denotar maiores inseguranças em relação ao corpo, como o isolamento social, a timidez ou, no extremo oposto, um comportamento de ‘palhaço do grupo’, para disfarçar vulnerabilidades. Consequências de uma autoimagem negativaUma autoimagem negativa na adolescência contribui diretamente para uma baixa autoestima. Um adolescente permanentemente insatisfeito com o seu corpo apresenta também, frequentemente, sentimentos de vergonha, elevada frustração e criticismo. Segundo a psicóloga Filipa Rouxinol, esta perceção negativa poderá contribuir para:
Em casos mais graves, a autoimagem negativa poderá levar a perturbações de ansiedade, depressão, perturbações alimentares, automutilação, abuso de substâncias ou mesmo suicídio. O que pode fazer para ajudar?Não existem “fórmulas mágicas” para criar uma autoimagem positiva ou uma boa autoestima nas crianças e nos adolescentes. No entanto, os pais têm um papel fundamental no incentivo a uma autoimagem positiva nos seus filhos, sobretudo entre os 6 e os 12 anos. Estabeleça um vínculo seguro e uma comunicação positiva com o seu filho, aceitando-o e respeitando-o. Lembre-se de que a forma como olha para o seu próprio corpo tem impacto na autoimagem do seu filho. “Da mesma maneira que uma criança pequena olha para os seus pais e tenta copiar o seu comportamento, também os adolescentes o fazem”, sublinha Filipa Rouxinol. Por isso, é importante que demonstre uma atitude positiva em relação à sua autoimagem, evitando comentários negativos sobre o seu corpo (e sobre o de outras pessoas) e destacando aspetos que não estejam relacionados com a aparência física. É também fundamental que promova um estilo de vida saudável para si e para a família. Pequenos hábitos a criar durante a infância do seu filho:
Pequenos hábitos a criar durante a adolescência do seu filho:
Autoimagem e obesidadeConseguir incentivar uma autoimagem positiva nos adolescentes é ainda mais desafiante no caso de jovens com excesso de peso e obesidade. Contudo, se evitar abordar o tema do excesso de peso – com medo de magoar o seu filho e prejudicar a sua autoestima –, apenas estará a ignorar uma doença com consequências graves no futuro. Converse com o seu filho de forma aberta e positiva, incentivando-o a perder peso de forma saudável. Para o apoiar, procure ajuda especializada e promova um estilo de vida saudável. Em família, dê o exemplo com uma alimentação equilibrada (sem recorrer a dietas pontuais insensatas) e atividade física regular. “Os pais deverão dar o exemplo participando no processo de mudança. Esta é muitas vezes a melhor forma de reforçar positivamente as conquistas dos filhos”, destaca o pediatra Hugo Braga Tavares, acrescentando que “por uma questão de saúde, e não apenas com o objetivo de melhorar a autoimagem dos seus filhos, os pais deverão tudo fazer para capacitar os seus filhos na tarefa de atingir um peso saudável”. Autoimagem e deficiências físicasSe já é difícil para qualquer adolescente aceitar o seu próprio corpo, a autoimagem é ainda mais problemática para jovens com deficiências físicas ou doenças crónicas. Nesses casos, evite estratégias de isolamento social, embora deva ficar vigilante contra possíveis atos de bullying. Apoie o seu filho, ajude-o a lidar e ultrapassar limitações, assim como a implementar estratégias para menorizar o impacto das doenças ou de deficiências na sua aparência (por exemplo, trocar óculos por lentes de contacto). “Uma vez mais, a procura de ajuda profissional é importante, sobretudo na adolescência em que, pelos motivos atrás discutidos, a importância da semelhança aos pares é sentida como essencial”, conclui Hugo Braga Tavares. Por que a adolescência é considerada um período de vulnerabilidades?Desta forma, o adolescente encontra-se mais vulnerável à gravidez não planejada, às doenças sexualmente transmissíveis (DST), à experimentação de drogas, exposição aos acidentes em decorrência do comportamento desafiador, além de diferentes formas de violência(1).
Quais são as vulnerabilidades na adolescência?As publicações revelaram que as crianças e adolescentes são vulneráveis às situações ambientais e sociais. As vulnerabilidades manifestam-se em violência cotidiana, no contexto familiar e escolar, obrigando crianças e adolescentes a se inserirem precocemente no mercado de trabalho e/ou no tráfico de drogas.
Quais as principais condições de risco e vulnerabilidade associados à infância e adolescência?No Brasil, as principais vulnerabilidades que acometem as crianças e os adolescentes são os riscos inerentes aos proble- mas relacionados ao alcoolismo e conflitos entre casais, que tornam crianças testemunhas de agressões e de toda forma de violência.
Quais são as consequências da vulnerabilidade?E quanto às consequências da vulnerabilidade social, os entrevistados destacam mais uma vez a fragilidade na relação familiar, o isolamento social dos jovens e comportamentos ilegais e/ou tipos de violência.
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