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texto analisa os fundamentos teórico/metodológicos da educação implementada pela Companhia de Jesus entre 1549 e 1759, tendo por base as fontes que versam sobre o contexto histórico, político e religioso; abordando o conceito de colônia; as relações entre o modelo colonizador português e a Igreja católica e; a educação. Articula-se a tese de que a política educacional na colônia teve propósitos missionário/político/econômicos cuja diretriz foi traçada a partir da linha da política colonizadora
adotada por D. João III. Sua estruturação apresenta introdução e considerações nas quais justifica-se o estudo evidenciando-se o problema pesquisado que tematiza os fundamentos históricos da política colonial e a educação jesuítica, enfocando o papel dos jesuítas como os principais formuladores da política educacional e da burocracia iniciante do país, fazendo-se uma breve análise das dimensões que consubstanciaram a perspectiva de transformação da colônia em um país católico, de língua
portuguesa e de cultura ocidental cristã.Autores
DOI:
//doi.org/10.20396/rho.v15i61.8640534 Palavras-chave:
Educação. Companhia de Jesus. Colônia Resumo
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Biografia do Autor
Maria José Aviz do Rosário, PPGED – UFPA
Professora do instituto de Ciências da Educação da UFPA
Clarice Nascimento de Melo, PPGED – UFPA
Professora Adjunta da Universidade Federal do Pará
Referências
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Como Citar
ROSÁRIO, M. J. A. do; MELO, C. N. . de. A educação jesuítica no Brasil colônia. Revista HISTEDBR On-line, Campinas, SP, v. 15, n. 61, p. 379–389, 2015. DOI: 10.20396/rho.v15i61.8640534. Disponível em: //periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/histedbr/article/view/8640534. Acesso em: 15 dez. 2022.
Licença
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Durante a colonização do Brasil pelos portugueses, uma ordem religiosa cumpriu um papel de destaque na organização social da colônia: a Companhia de Jesus, ou simplesmente os jesuítas, como eram comumente conhecidos.
Os jesuítas liderados por Manoel da Nóbrega chegaram à colônia Brasil em 1549, junto a Tomé de Sousa, o primeiro governador-geral enviado por Portugal. A principal função dos jesuítas, ao virem ao Brasil, era evangelizar, catequizar e tornar cristãos os indígenas que habitavam estas terras.
Na Europa, o objetivo dos jesuítas era evitar o aumento do número de protestantes. A Companhia de Jesus havia sido fundada em 1534, pelo militar Santo Inácio de Loyola, no contexto da Reforma e da Contrarreforma religiosa. Na colônia, pretendiam também impedir que os protestantes realizassem a catequização indígena.
Para que a catequização fosse realizada, era necessário que os indígenas aprendessem a língua portuguesa para a leitura de trechos bíblicos e o ensino da prática religiosa católica. Um dos nomes mais conhecidos no processo de evangelização que chegaram até nós foi o do padre José de Anchieta.
Mas os jesuítas não ensinavam apenas os indígenas. Os filhos de colonos, principalmente dos senhores de engenho, também eram educados por eles. Para oferecer essa educação, os jesuítas criaram alguns colégios pela colônia, sendo o mais conhecido o Colégio de São Paulo, em torno do qual foi fundada a cidade de São Paulo de Piratininga, atual São Paulo.
A educação dos colonos era rígida. A disciplina era duramente cobrada. Em caso de desobediência a alguma norma ou mesmo no erro de alguma lição, os alunos eram punidos pelos jesuítas com castigos, muitas vezes físicos. O mais conhecido foi o uso da palmatória, um instrumento de madeira utilizado para bater na palma da mão dos alunos.
Porém, como a educação tradicional indígena era diferente, baseada na solidariedade e na cooperação, com os índios mais novos aprendendo com os mais velhos, foram necessárias algumas mudanças.
Nas missões, locais onde os jesuítas habitavam por vezes com milhares de indígenas, foi necessário em muitos momentos abandonar os castigos físicos. Elas estavam localizadas em várias localidades da colônia, sendo as mais conhecidas as construídas no sul, na fronteira onde estão Paraguai e Argentina.
As missões serviram também para que os jesuítas mudassem os hábitos dos indígenas. O interesse era que eles passassem a viver de acordo com a cultura europeia: que as famílias fossem nucleares (pai, mãe e filhos do casal), que eles se fixassem em um local (grande parte das tribos indígenas era seminômade, vivendo em constante deslocamento) e passassem a adotar os ritmos e as disciplinas de trabalho que impunham os europeus. Esse processo ficou também conhecido como aculturação.
Com isso, os jesuítas conseguiram que as missões produzissem para seu próprio consumo, além de fornecerem excedentes que eram comercializados. Toda essa situação levou os jesuítas a entrarem em conflitos com os colonos, que tinham interesse na escravização indígena. As missões serviam como áreas protegidas da ação dos colonos, mas também resultaram em fonte de força de trabalho para os jesuítas que se enriqueceram com a exploração dos indígenas.
Além do que era comercializado nas missões, os jesuítas conseguiram acumular fortuna com a posse de enormes extensões de terras e engenhos. Os jesuítas permaneceram na colônia portuguesa na América até 1759, quando foram banidos das colônias portuguesas. A venda do patrimônio dos jesuítas garantiu altas rendas para a Coroa portuguesa, o que mostrou que o poder espiritual dos jesuítas também havia se transformado em poder econômico.
Por Me. Tales Pinto