Quais as contribuições da psicanálise nos estudos sobre o desenvolvimento e aprendizagem?

RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo discutir a pertinência da aplicação dos conceitos psicanalíticos, relacionados a psicanálise freudiana no campo educacional. Trata-se de um estudo teórico, utilizando a metodologia de pesquisa bibliográfica com perspectiva qualitativa, baseada nas referências de Sigmund Freud e seus comentadores. Para tal, primeiramente será apresentada uma contextualização histórica da psicanalise, abordando os principais conceitos desta teoria, mencionando às implicações destas ideias para a prática pedagógica. Desta forma, o trabalho destaca os fatores inconscientes podem trazer repercussões para o contexto escolar no que se refere ao agir dos educandos, à relação professor-aluno e ao processo de ensino e aprendizagem. Os resultados do estudo apontam para a importância do docente dispor de tais conhecimentos, evidenciando a relevância do estudo da psicanálise nos cursos de formação pedagógica. Conclui-se acerca da importância de o educador apropriar-se do conhecimento fornecido por essa teoria para melhor compreender a subjetividade dos educandos e desenvolver uma prática pedagógica mais sensível.

Palavras chave: Psicanálise. Educação. Freud.

1 INTRODUÇÃO

Segundo Libâneo (2001, p. 8), “A educação é uma prática social que busca realizar nos sujeitos humanos as características de humanização plena”. Neste contexto, nota-se que o fazer pedagógico deve estar voltado para o atendimento das múltiplas dimensões de cada um: psíquica, cultural e social. Sendo assim, a apropriação de conhecimentos psicanalíticos por parte do educador proporciona mais subsídios para compreender os alunos, tornando-o um profissional mais advertido e sensível para fazer seu fazer seu papel pedagógico.

Para a educação, a psicanalise se apresenta como uma possibilidade para construir uma pedagogia mais leve, que considere sua subjetividade. Cabe ressaltar que, nesta pesquisa serão apresentados os principais conceitos da psicanalise freudiana, direcionando o seu foco para as contribuições no campo educacional. Este estudo visa elucidar a seguinte problemática: Qual a importância destes conhecimentos para o processo de formação docente?

A relevância desta pesquisa justifica-se pela necessidade de apresentar a psicanálise como campo do saber, resgatando elementos da história deste saber e do seu fundador. As informações apresentadas aqui, abordarão aspectos desta teoria que interessam a educação, como: os consentidos de inconsciente e suas manifestações, bem como de sublimação, transferência e desejo de saber.

O presente trabalho tem como objetivo discorrer sobre a teoria psicanalítica, criada por Sigmund Freud, considerando a pertinência de suas ideias para o contexto educacional. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica, com perspectiva qualitativa, utilizando como principais fontes: o referido autor e seus demais comentadores.

2 A PSICANÁLISE ENQUANTO CAMPO DO SABER E REPERCURSSÕES NA EDUCAÇÃO

A psicanálise surgiu na transição do século XIX para XX, e é definida como o procedimento utilizado para investigar processos mentais que são quase inacessíveis de qualquer outra forma e simultaneamente um método de tratamento, com base nessa investigação, e como uma coleção de informações psicológicas que se fundou uma nova teoria gradualmente. A psicanálise se concentra especificamente no estudo do inconsciente, por esse motivo, é diferente das demais teorias psicológicas que focam diretamente no estudo da consciência humana.

Com base na investigação do inconsciente, ela busca compreender a manifestação de comportamentos e sintomas nos indivíduos. Foi desenvolvida diante de um contexto de ocorrências de doenças nervosas, como no caso da histeria, que acometia um alto número de mulheres. No final do século XIX, os quadros de histeria ainda intrigavam a medicina pois, abrangiam sintomas somáticos sem uma explicação fisiológica aparente, como: cegueira, paralisia e afonias duradouras ou transitórias.

No começo, a maioria das mulheres acometidas por estes sintomas eram tratadas como loucas, como se estivessem fingindo, desacreditados pela sociedade e pelos médicos. Um tempo depois, o médico Jean Martin charcot propôs um tratamento utilizando hipnose, conduzindo essas pacientes a um estado de consciência onde elas conseguiriam realizar justamente as funções afetadas pelos sintomas histéricos, mas, um tempo depois abandonou este tratamento e propôs que fosse substituído pelo “talking cure”, do português “cura através da fala”.

Sigmund Freud é considerado o fundador da psicanálise nascido na moravia, no ano de 1856. Durante a sua infância demonstrou grande comprometimento com os estudos, considerado um estudante exemplar e que aos 17 anos ingressou na faculdade de medicina, e após concluir o curso se especializou em neurologia. Na sua jornada profissional, seus estudos foram concentrados em neuropatologias, e assim, diagnosticou diversas pacientes com histeria.

Nos dias atuais, utiliza-se a psicanálise de forma mais ampla, não está restrita apenas ao tratamento e compreensão de histeria, visto que, pode contribuir em outras áreas, dentre estas, a educacional. Freud não se ateve em criar modos de atuação ou estabelecer métodos pedagógicos baseados em suas ideias. Ele esperava que os psicanalistas ou professores que o sucederam desenvolvessem propostas neste contexto.

Ou seja, a relação entre educação e a psicanálise é demonstrada em diversos aspectos do contexto escolar, como no próprio ofício docente, conforme profissionais da educação são designados para lidar diariamente com indivíduos dotados de singularidades, e isto torna o trabalho docente uma tarefa complicada, pois, o processo de ensino-aprendizado é composto por fatores de ordem subjetiva.

Sendo assim, as dificuldades de aprendizagem, de relacionamento interpessoal e outras que são apresentadas pelos estudantes não retratam apenas um ambiente escolar em se, podem ser resultados de conflitos da relação consigo e com o outro, e é certo que, tudo que envolve a realidade de vida do discente pode interferir. Ante ao exposto, nota-se que na escola o trabalho docente é com os indivíduos em sua totalidade, e cada aspecto do sujeito importa durante o processo de ensino-aprendizagem. Neste contexto, no que tange as contribuições da psicanálise para área educacional, é possível situar uma compreensão diferente dos determinados problemas vividos pelos estudantes na escola, que podem repercutir no desenvolvimento do seu potencial, pois fatores inconscientes interferem na dinâmica, então, se relacionam com o processo de ensino e aprendizagem.

É dessa maneira que a psicanálise pode ajudar o educador, permitindo a possibilidade de uma compreensão em profundidade do sujeito, no que ele tem de mais pessoal e de mais íntimo. Para tal, é necessário que a escola não mantenha os alunos numa relação de submissão passiva à autoridade do professor (PEDROZA, 2010 p.83).

Portanto, conhecer essa teoria irá proporcionar uma compreensão mais abrangente sobre o funcionamento psíquico, podendo tornar o educador mais sensível às particularidades de cada aluno levando este profissional a utilizar uma prática que considere o sujeito e os fatores psíquicos que o compõem.

2.1 Aspectos teóricos da psicanálise que interessam a educação

Primeiramente, a teoria freudiana dividiu processos mentais, considerando a existência de três níveis de consciência: consciente, pré-consciente e inconsciente. Essa sistematização ficou conhecida como primeira tópica, sendo reformulada posteriormente, no que atualmente recebe o nome de segunda tópica, sistematizada a partir de 1920, que concebe o sistema psíquico como constituído por: isso, eu e supereu (traduzidos equivocadamente como: ego, id e superego).

Desde então, o inconsciente tornou-se a base de três instâncias mentais: ele (Es), que é um conjunto de conteúdos sujeitos à censura e, portanto, corresponde à posição do sistema inconsciente no tópico anterior; o eu (Ich), concebido como a instância intermediária, ligada à consciência, mediando a relação entre o mundo externo e o psiquismo, e contém uma parte inconsciente que é responsável por suprimir os impulsos passionais do id e submetê-los à prova da realidade; e o superego, que atua sobre o ego como uma instância de consciência moral, governá-la através da culpa inconsciente. Como mencionado anteriormente, o inconsciente é o foco da pesquisa psicanalítica.

Segundo Garcia-Roza (2009), pode-se conceber tal área como sendo um sistema psíquico diferente dos outros, que possui sua própria atividade. Dessa forma, é possível compreender que seu funcionamento é direcionado por uma lógica distinta dos demais, contudo isso não significa que sua atividade seja arbitrária e incompreensível, uma vez que os conteúdos nele armazenados são carregados de sentido. Para este autor, “O inconsciente não é o mais profundo, nem o mais instintivo, nem o mais tumultuado, nem o menos lógico, mas uma outra estrutura, diferente da consciência, mas igualmente inteligível” (GARCIA-ROZA, 2009, p, 173). Seus conteúdos encontram-se parcialmente inacessíveis à consciência e não obedecem à lógica racional da consciência, pois, no inconsciente, ideias antagônicas podem coexistir, inclusive pode conter memórias traumáticas conscientemente esquecidas, assim como vontades e pensamentos reprimidos pela consciência. Esse conjunto de elementos armazenados no inconsciente, embora não sejam conhecidos conscientemente pelo sujeito, podem revelar-se por meio das chamadas manifestações do inconsciente, sendo as principais os sonhos, os sintomas, os atos falhos e as associações livres.

2.2 As manifestações do inconsciente no contexto educacional

Em sua obra “Além do princípio do prazer”, Freud (1996) relata que os sonos são a satisfação de um desejo do inconsciente, visto que, neste ato existe menos interferência da censura do consciente, proporcionando espaço para a manifestação dos elementos que provém do inconsciente. Sendo assim, a psicanalise considera os sonhos como a via régia para o inconsciente, conforme propõe Freud no livro “a interpretação dos sonhos”. Com base em seus estudos sobre os sonhos enquanto manifestações do inconsciente, Freud trouxe importantes contribuições para a psicologia.

Além de investigar os significados dessa atividade inconsciente, ele alerta para que sua interpretação não seja generalizada, considerando a singularidade do sujeito. Além disso, demonstrou detalhadamente como a interpretação dos sonhos pode proporcionar explicações para auxiliar no tratamento de doenças mentais e também em outras formas de sofrimento psíquico. No que tange as relações que se estabelecem entre tal manifestação inconsciente e o contexto educacional encontra-se o fato de que os sonhos também refletem dos elementos que ocorrem no cotidiano, o que é chamado por Freud de “restos diurnos”.

Neste contexto, na medida em que a escola é um espaço social, os alunos podem sonhar com os acontecimentos vividos no ambiente escolar, constituindo uma importante dimensão da vida. Além disso, os sonhos também podem ser com a figura do professor, em decorrência da função da natureza da relação afetiva entre ambas as partes, ou como uma atividade onírica advinda de outras relações ou eventos que se estabeleceram neste ambiente, etc. Conforme supracitada, compreender a existência dessas relações entre o ambiente escolar e inconsciente pode ajudar o docente a manter uma postura mais sensível em relação aos aspectos subjetivos de seus alunos.

Por outro lado, os sintomas consistem no surgimento de sinais físicos de desconforto (cegueiras, paralisias, afonias, dentre outros), sem que existam explicações orgânicas diante das interpretações e se justificam pelo ponto de vista psíquico por serem a realização de um desejo inconsciente, o que foi nomeado por Freud como “ganhos secundários”, como por exemplo, os sintomas de que o sujeito não quer executar algo, a ponto de até adoecer fisicamente, em casos onde embora seja experimentado um desconto pela doença, ocorre um ganho secundário que pode ser impossibilitado pelo desenvolvimento de fazer aquilo que não desejava.

Em relação ao contexto educacional, os sintomas de que tratam a psicanálise, geralmente envolvem dificuldades de aprendizado, que podem apontar para fatores subjetivos do aluno, ou da relação entre professor e aluno, ou entre algum outro significado. Ou seja, geralmente existem razões de natureza psíquica para justificar o surgimento desses sintomas, Ribeiro (2005 p.62) cita como exemplo, o caso de um menino onde “o sintoma de não saber, que, na escola, tomava a forma do não saber ler, mas, nas sessões, mostrava-se como um não saber sobre a sua mãe e sobre as suas origens”.

Este relato demonstra um caso onde uma criança de seis anos de idade, criada pela vó materna, a qual se queixava de comportamentos agressivos por parte do menino e também da sua dificuldade de aprendizado escolar. Em decorrência destas queixas, a avó buscou atendimento psicológico, E desde o início destes acompanhamentos clínicos que foram realizados sobre orientação da psicanálise o profissional que acompanhou a criança identificou que os sintomas adivinham aspectos inconscientes da criança, como por exemplo, pelo fato de não compreender o abandono da mãe e a atitude da sua avó de não o deixar ter acesso a informações sobre sua origem. Diante disso, foi possível perceber que os sintomas de não aprendizagem desta criança refletiam questões de natureza psíquica, ou seja a busca pelo conhecimento das suas origens familiares que estava sendo negada ponto final devido a este conflito pessoal, a maneira encontrada para manifestar esse impasse era através de dificuldade de aprendizagem, um comportamento considerado agressivo no ambiente escolar.

A partir de tais elementos, podemos pensar que a ‘agressividade’, relatada tanto pela avó como pela professora de Vitório, referia-se a uma busca incessante por uma verdade que as duas tentavam tamponar: a verdade sobre a sua origem, a verdade sobre a sua mãe. Este assunto não era falado de maneira alguma por ninguém, constituindo, assim, um não dito que colocava Vitório para trabalhar (RIBEIRO, 2009, p. 7).

Outra forma de manifestar o inconsciente é através dos atos falhos, que são uma realização do desejo inconsciente, e ocorrem quando o sujeito deixe escapar alguma ação ou fala que conscientemente não deixaria ocorrer, demonstrando intenções que foram oprimidas pelo seu consciente, mas que continuam persistindo no inconsciente. No ambiente escolar, o professor deve observar o aluno atentamente diante da manifestação dos atos falhos, podendo fornecer um olhar e escuta, mas atentos a dimensão psíquica destes discentes.

Por fim, diferentemente dos exemplos supracitados, que possuem desdobramentos no campo educacional, as associações livres enquanto forma de manifestação do inconsciente emergem, mas no contexto da clínica psicanalítica, conforme esta é conceituada como uma técnica onde o paciente tem um espaço livre de fala, que deve ocorrer com o mínimo de censura possível. Com base no nessa técnica, no contexto do tratamento psicanalítico elementos do inconsciente podem ser verbalizadas para que o analista e o analisando faça interpretações sobre o significado subjacente dos conteúdos expressados na fala.

3 OS PRINCIPAIS CONCEITOS PSICANALÍTICOS E SUA PERTINÊNCIA AO CONTEXTO EDUCACIONAL: TRANSFERÊNCIA E EDUCAÇÃO

Conforme apontado anteriormente, em seu princípio, a teoria psicanalítica não era direcionada à educação. Contudo, devido à vasta amplitude dos conhecimentos proporcionados pela psicanálise, reconheceu-se que alguns pontos são de extrema relevância para o meio educacional, visto que oferecem interpretações de caráter inovador no que concerne à aprendizagem do sujeito, por abordar como fatores inconscientes influem no ato de aprender. Nessa perspectiva, a psicanálise oferece uma compreensão mais ampliada a respeito da aprendizagem humana.

Segundo Kupfer (1989), dentre os conceitos psicanalíticos com maior relevância para o âmbito educacional estão o de transferência, sublimação e desejo de saber. Tais conceitos serão discutidos na sequência, focando em suas relações com o cotidiano do trabalho pedagógico.

Freud (1912/1980) observou que alguns de seus pacientes transferiam para ele, enquanto analista, sentimentos e cargas afetivas de origem parental, amorosa, etc. geralmente oriundos da infância de cada paciente. Em sua obra A dinâmica da transferência, ele define esse fenômeno da seguinte forma:

Logo percebemos que a transferência é, ela própria, apenas um fragmento da repetição e que a repetição é uma transferência do passado esquecido, não apenas para a figura do médico, mas também para todos os outros aspectos da situação atual (FREUD, 1912/1980, p.197).

Diante disso, com base no que está proposto pelo autor, o conceito de transferência pode ser compreendido como essa transposição de afetos de uma pessoa para outra ou de determinadas relações para outras, feita pelo sujeito de forma inconsciente. Contudo, convém destacar que o próprio Freud (1914/1996) afirmou em seu texto Algumas reflexões sobre a psicologia escolar que a transferência não está restrita à relação analista-paciente, mas também é observável em contextos educacionais, uma vez que a figura docente costuma ocupar um importante espaço na vida dos educandos, já que o ato de educar é perpassado pelo cuidado, atenção e dedicação, tal como acontece nas relações desenvolvidas no âmbito familiar.

Nessa perspectiva, Freud (1914/1996, p. 288) também acrescenta que por volta da segunda metade da infância as crianças enxergam em seus professores a figura de “pais substitutos”. Diante disso, pode-se compreender que a transferência está presente em contextos educacionais na medida em que alunos realizam uma transposição de afeto de algum ente, inclusive de seus pais, para seu professor, de modo a colocá-lo, em alguns casos, em um lugar de substituto que receberá uma carga afetiva proveniente de relações com outros significativos para a criança.

E tal processo ocorre em decorrência do educador desempenhar muitas funções semelhantes às realizadas pelos pais e cuidadores primários, tais como: cuidar, ensinar, preocupar-se, e sobretudo ter uma convivência diária. Desse modo, é possível concluir que a profissão docente está diretamente associada à disponibilidade afetiva para a vivência com os alunos e que as relações estabelecidas na escola são muito significativas nas vidas dos estudantes. Assim, convém ao educador estar ciente de que ser professor consiste em um ofício que oportuniza o estabelecimento de vínculos afetivos entre os sujeitos envolvidos no processo.

A transferência no âmbito educativo também implica a atribuição de significado especial à figura do professor, tal como aponta Kupfer (1989, p. 91), segundo a qual transferir também implica em conferir um sentido especial àquela figura determinada pelo desejo. Na perspectiva do contexto escolar isso significa que, muitas vezes, a figura do professor ganha grande importância para o aluno, em alguns casos, até suplantando os conhecimentos por ele transmitidos. Como também pode acontecer de a imagem, a personalidade do docente, ou o afeto desenvolvido para com o aluno serem associadas ao objeto de ensino, favorecendo que o educando tenha seu interesse despertado por determinado saber a depender do sentimento construído para com o educador.

Kupfer (1989, p. 91) discorre sobre esse assunto afirmando que: “a transferência se produz quando o desejo de saber do aluno se aferra a um elemento particular, que é a pessoa do professor”. Assim, pode-se compreender que a dimensão afetiva presente na relação professor-aluno também tem implicações no ato de aprender do educando.

Diante disso, é possível perceber que a transferência está muito presente no cenário educacional e não só permeia a relação professor-aluno, mas também traz repercussões no processo de ensino-aprendizagem. Sendo assim, é de grande relevância que o pedagogo tenha acesso à discussão acerca desse conceito em sua formação, pois estar advertido do papel desempenhado pela transferência no campo educacional possibilita a autorreflexão sobre a importância que cada professor assume na vida dos seus educandos.

3.1 A sublimação e suas implicações no contexto educacional

No que concerne ao conceito de sublimação, Freud (1905) faz a seguinte afirmação: “a energia – na totalidade ou em sua maior parte – é desviada do uso sexual e voltada para outros fins” (p. 108). Tal afirmação significa que em determinado momento da vida infantil, o sujeito inconscientemente abdica do interesse por questões sexuais e este passa a ser direcionado para fins socialmente estimados, fenômeno conceituado como sublimação. Segundo Freud, a fase em que esse desvio de interesses ocorre de forma mais contundente é a de latência, que se situa entre as fases fálica e genital do desenvolvimento psicossexual, as quais serão abordadas juntamente com a oral e anal no capítulo seguinte.

Dessa forma, a teoria psicanalítica propõe que o desejo de se empreender na busca pelo conhecimento científico resulta de uma energia primariamente de caráter sexual que foi sublimada. Ou seja, o processo de aprendizagem pode ser compreendido como proveniente da sublimação, isto é, resultado dessa canalização de energia oriunda do interesse sexual para o interesse em obter conhecimentos científicos. Nesse sentido, a teoria freudiana concebeu “o trabalho intelectual como forma sublimada de se obter satisfação, mediante o desvio do alvo pulsional” (TEIXEIRA, 2015, p. 21)

3.2 O desejo de saber e suas implicações no contexto educacional

Ainda no que refere-se ao fenômeno da aprendizagem, a psicanálise também aponta que a busca pelo saber encontra-se presente na vida do sujeito desde a infância, sendo expressa por meio do desejo infantil de conhecer, o qual pode ser observado, por exemplo, quando crianças fazem perguntas sobre o mundo que as cerca. A partir da percepção dessa busca pelo conhecimento presente no indivíduo desde os anos iniciais de sua vida, a teoria psicanalítica levanta a existência do chamado desejo de saber, o qual começa no interesse em investigar determinados assuntos, tais como: a origem da vida, as diferenças anatômicas entre homens e mulheres etc. Tais investigações demonstram o princípio da necessidade da criança de compreender melhor as coisas a seu redor.

Contudo, é importante ressaltar que, de acordo com a abordagem psicanalítica, esse desejo de saber manifesto na criança está diretamente vinculado às motivações sexuais relacionadas a sua necessidade de descobrir seu lugar no mundo enquanto sujeito. Tal como afirma Kupfer: “Pode-se dizer, então, que, para Freud, a mola propulsora do desenvolvimento intelectual é sexual. Melhor dizendo, a matéria de que se alimenta a inteligência em seu trabalho investigativo é sexual” (1989, p. 84). Desse modo, pode-se inferir que essas motivações sexuais impulsionam a criança a ter interesse pelo conhecimento e, por isso, é possível afirmar que o desejo de saber está diretamente relacionado com o processo de aprendizagem.

3.3 A transferência, o desejo de saber e a sublimação em contextos educacionais

Diante disso, pode-se pontuar que o contexto educacional é muito impactado pelos conceitos psicanalíticos, tornando importante a compreensão dos múltiplos fatores envolvidos na aprendizagem, tais como transferência, sublimação, desejo de saber etc. Conhecer tais conceitos permite concluir que a aprendizagem não depende apenas de aspectos conscientes, mas está também vinculada à fatores mentais inconscientes, haja vista que, conforme afirma Teixeira (2015, p. 21): “o conhecimento não é linear e escapa, frequentemente, ao controle volitivo e à consciência”.

Portanto, a psicanálise traz o conhecimento de que o inconsciente, além de manifestar-se de diversas formas na vida do indivíduo, como já discorrido anteriormente, também está envolvido no processo de aprendizagem. Tal percepção, permite ao educador concluir que o ato de aprender é algo não totalmente controlável, uma vez que envolve processos inconscientes. Nessa perspectiva, compreender o aprendizado por meio de um olhar psicanalítico confere ao docente uma maior sensibilidade para identificar as necessidades educativas dos discentes, concebendo o sujeito como movido por um desejo de saber proveniente do campo do inconsciente.

A partir daí, o professor poderá canalizar e direcionar seu trabalho, procurando maneiras de criar condições facilitadoras do aprendizado, tal como aborda Scorsato (2005, p. 48):

Acredito que aprendizagem poderá ocorrer se for considerada a questão do desejo no processo da aprendizagem, acionando a pulsão ao desejo de saber dos sujeitos ensinantes se estiverem marcados pelo próprio desejo de aprender. Não há como motivar alguém nem fazê-lo se interessar por algo se este algo, como objeto, não estiver “suficientemente” erotizado no sentido de que este objeto possa conter algo de valor.

4 A RELEVÂNCIA DA PSICANÁLISE PARA A FORMAÇÃO PEDAGÓGICA

Considerando as relações já apontadas entre a psicanálise e a educação, é possível afirmar que seus conceitos têm grandes implicações no campo pedagógico, uma vez que os conhecimentos trazidos acerca da subjetividade humana tornam-se muito favoráveis ao campo educacional, já que nesse contexto os aspectos subjetivos envolvidos influenciam diretamente nas relações estabelecidas em sala de aula e consequentemente traz repercussões para o processo de ensino e aprendizagem.

Dessa forma, sabendo que a psicanálise pode ser um importante aporte para a prática pedagógica, convém que esteja presente no processo de formação docente. No entanto, segundo apontam Costa e Mota (2011, p. 1), o tempo destinado ao estudo das ideias psicanalíticas nos cursos de formação de professores não é suficiente para o desenvolvimento dos conteúdos previstos.

Tal afirmação indica que a psicanálise costuma ser trabalhada de forma sucinta, na maioria dos casos não havendo uma disciplina específica para seu estudo, mas sendo abordada apenas como um conteúdo programático no âmbito de algum componente curricular. Diante desse fato, apontamos para a importância de que a psicanálise seja inserida de forma mais intensa no processo de formação de professores, uma vez que, de posse desse conjunto de saberes psicanalíticos, o docente poderá ampliar seu olhar e consequentemente estar mais preparado para exercer sua função.

4.1 A psicanálise e a subjetividade do professor

Para Kupfer. et al (2010, p. 299-300), “a dimensão subjetiva do professor é condição para a realização de qualquer projeto educacional; […] tem função facilitadora ou impeditiva da aprendizagem do aluno”. Assim, pode-se inferir que não apenas a subjetividade do aluno importa no processo pedagógico, mas é necessário que os aspectos subjetivos do docente também sejam considerados, pois interferem nas suas atitudes pedagógicas e podem gerar repercussões no processo de ensino aprendizagem.

Nessa perspectiva, pode-se afirmar que, à medida em que discorre sobre o psiquismo, a psicanálise fornece também subsídios para o docente melhor compreender as relações que envolvem os sujeitos presentes no contexto educacional. Ao refletir sobre isso a partir do referencial psicanalítico, torna-se possível conhecer mais acerca da esfera relativa à sua subjetividade enquanto docente, como também a respeito da maneira como os alunos são afetados inconscientemente pela sua figura, conforme foi discorrido no capítulo anterior no que se refere ao aspecto transferencial.

4.2 A psicanálise e a subjetividade do educando

Durante muito tempo, acreditou-se que ensinar consistia apenas em transmitir conteúdos. Nessa perspectiva, professores eram formados concebendo que o objetivo central de sua função era ser transmissor de conhecimentos. Posteriormente, percebeu-se que a educação ultrapassa a transmissão de conteúdos curriculares. A psicanálise também reconhece que “ensinar é muito mais do que a transmissão de conteúdo” (COSTA; MOTA, 2011, p. 3).

Ainda no que refere-se à maneira de conceber a educação, convém destacar que essa só passou a ser pensada de forma mais ampla e a direcionar sua atenção para os educandos a partir do manifesto dos pioneiros da Escola Nova, que almejavam transformar o contexto pedagógico vigente, pautado na concepção de que o professor era o detentor do saber enquanto os alunos meros receptores de informação.

Essa vertente pedagógica, conhecida como tradicional e baseada na teoria comportamentalista, não oferecia subsídios para o estudo e a preocupação com a figura do aluno, já que o principal responsável pela aprendizagem, nessa perspectiva, era o educador. Dessa forma, o manifesto pretendia modificar esse cenário e conceder mais centralidade ao estudante, visando trazer um olhar mais sensível para com o público estudantil, destacando a relevância e influência das diversas dimensões desses sujeitos no processo educativo. Conforme Costa (2013, p. 1):

O movimento da Escola Nova, responsável pelas principais transformações na educação nas primeiras décadas do século XX, trouxe uma mudança de paradigma no campo educacional: não era mais o professor e as formas de ensino que estavam em evidência, mas a criança e suas formas de aprender.

Sendo assim, importa que a formação docente não esteja focada apenas em aspectos conteudistas, mas que se concentre no estudo do sujeito em suas múltiplas vertentes, dentre elas, a psíquica. Assim, mediante o conhecimento da psicanálise é possível ter um olhar mais sensível à subjetividade do educando, pois como aponta Freire (1996) não há docência sem discência, sendo, portanto, a compreensão dos discentes e seus processos de aprender um conteúdo a ser estudado em profundidade pelos docentes em seus cursos de formação. Além disso, ao trazer essa discussão para o contexto atual de ensino, as Diretrizes Curriculares Nacionais de Formação de Professores apontam a necessidade de haver “aplicação ao campo da educação de contribuições e conhecimentos, como o pedagógico, o filosófico, o histórico, o antropológico, o ambiental-ecológico, o psicológico, o linguístico, o sociológico, o político, o econômico, o cultural” (BRASIL, 2015, p.10). Mediante ao que está apresentado nesse documento, é possível constatar que a psicanálise pode ser incluída no rol de conhecimentos que podem contribuir com a educação, uma vez que aborda aspectos psicológicos dos indivíduos, especificamente focando-se no inconsciente.

4.3 A psicanálise e o processo de ensino e aprendizagem

Uma formação docente que permita um maior aprofundamento na psicanálise também possibilitaria uma melhor compreensão de certas condutas dos estudantes, de maneira a facilitar a identificação de eventuais sintomas que estejam interferindo no processo de ensino e aprendizagem, tais como: indisciplina, dificuldade de aprendizagem, etc. Assim, por meio de uma aproximação maior, o professor pode, através da escuta e observação, quando necessário, para descobrir que razões inconscientes subjazem determinadas posturas e modos de agir dos alunos, auxiliando-o a encontrar novas possibilidades.

De acordo com Costa e Mota (2011, p. 2), ” O pedagogo ocupa um lugar fundamental na vida das crianças de 0 (zero) aos 10 (dez) anos. É exatamente nessa fase que aprendemos e adquirimos as concepções de sociedade, moral, valores, entre outras”. Assim, o professor não é responsável apenas pelas aprendizagens científicas dos estudantes, mas ocupa um papel mais amplo na vida de seus alunos, uma vez que o processo educativo repercute em toda a formação do sujeito.

Sabendo disso, convém destacar que a formação do professor deve prepará-lo para preocupar-se com seus alunos, visando atendê-los também em suas questões subjetivas, de modo a tratar cada aluno de forma atenciosa, considerando-o como um sujeito dotado de singularidade. Sendo assim, mediante conhecimentos provenientes da psicanálise, o professor tende a desenvolver uma pedagogia mais humanizada, que considere a dimensão inconsciente que também se manifesta no contexto escolar, atribuindo-lhe a devida relevância para o processo de ensino e aprendizagem.

4.4 A psicanálise e o desenvolvimento psicossexual do sujeito

Em sua obra Três ensaios sobre a sexualidade, Freud (1905/1996) elaborou a teoria do desenvolvimento psicossexual, segundo a qual o desenvolvimento humano é perpassado por fases de acordo com as zonas erógenas privilegiadas. Estando muito à frente de sua época, Freud apontava que, desde os primeiros anos da infância, a sexualidade já se fazia presente na vida humana.

No entanto, convém ressaltar que ao referir-se à sexualidade infantil essa não é concebida de forma semelhante àquela presente na fase adulta. Pois a primeira está relacionada com a obtenção do prazer por parte da criança quando tem suas necessidades básicas atendidas, como exemplo pode ser citada a sensação de satisfação ao alimentar-se, ao ser cuidada pelos entes queridos, ou ao satisfazer sua necessidade de sucção (através do seio, do dedo ou da chupeta, por exemplo). Dessa forma, é possível entender que o alvo da sexualidade na infância não é o ato sexual, como ocorre na fase adulta. De acordo com Kauffman (1998):

Ao acariciar, beijar, embalar, entre outras coisas, o outro proporciona ao bebê uma fonte infindável de satisfação sexual. Sendo o sexual entendido, em psicanálise, como uma conotação particular: trata-se de um campo constituído como efeito da relação do filhote humano com outro ser humano falante e desejante, abarcando assim um conjunto de atividades que não se relacionam necessariamente aos órgãos genitais e são geradoras de um prazer que extrapola as finalidades biológicas.

Logo, pode-se constatar que a sexualidade infantil precisa ser compreendida de forma distinta daquela vivenciada durante a fase adulta. Sendo assim, para melhor compreensão, a sexualidade humana foi dividida por Freud (1905/1996), nas seguintes fases: oral, anal, fálica e genital. A fase oral compreende o momento em que o bebê concentra sua obtenção de prazer na sucção, isto é, satisfazendo-se por meio de alimentos, da amamentação materna e ao colocar objetos na boca a fim de conhecer melhor o ambiente. Já a fase anal trata-se do momento em que a criança concentra o prazer na defecação, na sensação de aprender os momentos de ir ao banheiro; no controle dos esfíncteres etc.

A fase fálica consiste no período em que a criança descobre a diferença anatômica entre homens e mulheres e passa a ter curiosidades relativas à presença ou ausência do falo, isto é, do órgão genital masculino. Entre a fase fálica e genital existe o período denominado de latência conforme já mencionado no capítulo anterior, o qual consiste em um momento da infância em que há um desvio da energia investida em curiosidades sexuais para outras atividades, tal como a interação com o ambiente que a cerca.

Por fim, a fase genital remete à etapa do desenvolvimento humano em que o prazer se concentra na área genital, associando-se ao corpo do outro e ao próprio ato sexual. Diante disso, é possível inferir que o pedagogo, enquanto profissional que trabalha diretamente com diversas fases de desenvolvimento do sujeito, beneficia-se do acesso a tal conhecimento durante sua formação para assim melhor compreender seu aluno, pois isso ajuda a melhor conhecer os sujeitos e assim ter suas ações pedagógicas melhores direcionadas para atender às reais necessidades de cada um.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Contemplar o conhecimento psicanalítico na formação do pedagogo, seja inicial ou continuada, certamente contribuirá para que esse docente esteja mais preparado para relacionar-se com os diversos educandos e realizar um trabalho mais reflexivo sobre sua prática, em virtude de dispor de uma compreensão mais ampla acerca da subjetividade humana.

Tais contribuições da psicanálise são também imprescindíveis para o meio educacional no que concerne à construção de uma educação pautada na formação integral do ser humano, uma vez que a dimensão psíquica consiste em um importante fator para a aprendizagem e desenvolvimento dos indivíduos no espaço escolar. Logo, torna-se de grande proveito dispor do saber sobre a psicanálise, já que um dos elementos que deve direcionar a prática pedagógica é o atendimento aos sujeitos em sua totalidade.

Em relação à função de formar os educandos, pode-se afirmar que é uma responsabilidade que recai com grande peso sobre a figura do professor, por isso, importa que a formação pedagógica prepare esse profissional para assumir tal desafio, fazendo-se, portanto, necessário que o docente tenha acesso aos conceitos oferecidos pela psicanálise, pois esses ajudarão a reconhecer e melhor compreender as variadas dimensões de cada sujeito.

Assim, trazer as teorias da psicanálise para o campo educacional é uma forma de tornar acessível aos educadores o conhecimento acerca dos elementos subjetivos do sujeito, para que assim o ato de educar seja facilitado, uma vez que, para desenvolver práticas de ensino eficazes é preciso conhecer melhor o público para quem destina-se o processo educativo, isto é, os alunos. Assim, ter noções acerca do funcionamento psíquico humano certamente tornará o docente mais capacitado para melhor desempenho do trabalho pedagógico.

REFERÊNCIAS

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Esse trabalho foi produzido por Jonas Barbacovi, aluno formado no Curso Livre de Doutorado em Psicanálise da SIP-SP.

Quais as principais contribuições da psicanálise para a educação aprendizagem?

A psicanálise, ao colocar a linguagem como marca do humano, possibilita uma aproximação com as questões da educação, principalmente no que diz respeito à importância que o professor deve atribuir àquilo que a criança diz, bem como ao que é dito a ela.

Quais são as principais contribuições da psicanálise?

Uma das maiores contribuições do uso do referencial psicanalítico é a problemática da dúvida, da interpretação e da forma como o conhecimento é construído, sem desconsiderar a importância dos conceitos específicos à Psicanálise, como o inconsciente, a teoria da sexualidade infantil, a teoria das pulsões e a ...

Como a teoria da psicanálise compreende a aprendizagem?

Na aprendizagem, o saber move o sujeito, enquanto desejo e pensamento. E aparece enquanto formação do inconsciente. Na perspectiva do sujeito do inconsciente, a aprendizagem é um processo de transformação por resolução ou dissolução de antigas formações em novas formações do inconsciente.

Qual a relação da psicanálise com a educação?

A psicanálise é um saber que interroga o mal-estar na cultura, na civilização, na educação. Ela defende a impossibilidade de uma total coerência e controle sobre o próprio discurso. Há um mal-entendido na comunicação humana, decorrente da condição da linguagem, que marca uma ruptura entre a palavra e o objeto.