Quais foram as consequências do vazamento de óleo na Baía de Guanabara?

CONSEQUÊNCIAS DO VAZAMENTO DE ÓLEO NA BAÍA DE GUANABARA/RJ NO ANO 2000

BASTOS, Carla Maria de Almeida Moraes

Professora do curso de administração da Faculdade Metropolitana São Carlos (FAMESC)

E-mail:

ALMEIDA, Fernando Xavier de

Professor do curso de administração da Faculdade Metropolitana São Carlos (FAMESC)

E-mail:

CRUZ, José Antônio Cabral de Melo

Graduando do 2º período de Administração da Faculdade Metropolitana São Carlos (FAMESC)

E-mail:

OLIVEIRA, Sávio Luís Gonçalves de

Graduando do 2º período de Administração da Faculdade Metropolitana São Carlos (FAMESC)

E-mail:

INTRODUÇÃO

A baia de Guanabara é considerada um dos patrimônios culturais da cidade do Rio de Janeiro, sendo um símbolo da grande beleza da cidade maravilhosa. Porém, após diversos desastres ecológicos, como a falta de saneamento básico e tratamento de esgoto que, infelizmente, é despejado por anos na baia; o derramamento de óleo que aconteceu no ano 2000, acabou afetando ainda mais o seu ecossistema.

As consequências da grande poluição na baia de Guanabara são diversas, de mortes dos peixes que ali se reproduziam até a geração de grande desemprego dos pescadores que dali retiravam o seu sustento. Dessa forma, faz-se necessário analisar quais as consequências do vazamento de óleo na baía de Guanabara/RJ no ano 2000.

Assim sendo, o presente trabalho tem a objetividade de apontar as consequências da grande poluição da baia de Guanabara no ano 2000, em foco no vazamento de óleo da Petrobras, que, infelizmente, perpetuam até hoje, bem como as modificações e os acontecimentos que nela perduraram.

Faz-se necessário, ainda, alavancar a grande importância de se desenvolver esse assunto, já que grande parte dos pescadores ainda não foram ressarcidos de seus respectivos prejuízos, bem como a baía de Guanabara, que ainda apresenta uma quantidade enorme de poluição e óleo.

MATERIAIS E MÉTODOS

          O método desenvolvido para a elaboração do resumo expandido se deu através da revisão de literatura com base em artigos selecionados em sites da internet. Utilizou-se, ainda, da demonstração de resultados de pesquisas, através de gráficos e explanações, com a finalidade de garantir ao leitor uma compreensão maior sobre o assunto.

DESENVOLVIMENTO

A baía da Guanabara é um grande símbolo histórico da cidade do Rio de Janeiro. Através de pesquisas foi descoberto que as águas da baía foram usufruídas pelo homem pré-histórico, há milhares de anos. Ainda, foram encontrados diversos fósseis aos arredores da lagoa que certificam a assertiva mencionada, apresentando fósseis de animais da época e também de pedras pré-históricas (PINHEIRO, s.d.).

Destarte, várias modificações geradas por elementos da natureza fizeram com que a baía de Guanabara sofresse mudanças, em que a mais importante delas foram as repetitivas alterações do nível do mar. Com a chegada dos portugueses, “a história da baía pode ser reconstituída com maior facilidade. Desenhos, mapas, textos e pinturas produzidos pelos colonizadores facilitaram o trabalho dos historiadores que vêm reconstituindo sua trajetória” (PINHEIRO, s.d., s.p.).

Diferentemente da baía de hoje, a baía de Guanabara já possuiu águas límpidas, já foi respeitada e não possuía a série de problemas que têm hoje. Atualmente, aqueles que necessitavam da baía em seu perfeito estado para que, dessa forma, conseguissem o seu sustento, não obtiveram sucesso, pois a baía, aos poucos, foi sendo destruída. A falta de saneamento básico nas redondezas da baía fez com que a mesma recebesse todo o tipo de lixo sem tratamento, diminuindo, por conta da grande carga de poluição, a fauna e a flora do local (BOECKEL, 2018).

 Além da falta de tratamento de esgoto e lixo que acabaram sendo levados para a baía de Guanabara, outro episódio que ocasionou ainda mais impactos negativos nela que, de acordo com um laudo da Coppe/UFRJ foi causado por negligência da Petrobrás, foi o rompimento de um duto da empresa no ano 200, que provocou um vazamento de 1,3 milhão de litros de óleo/petróleo diretamente na baía de Guanabara, fazendo com que a mancha se espalhasse por 40 km² (ROSA, 2010).

Com isso, de acordo com Rosa (2010), além dos pescadores que dia após dia buscavam o sustento através de pescas na baía de Guanabara, ONGs vieram, tentando salvar a região que abrigava grande variedade de fauna e flora.

O pescador Alexandre disse à reportagem do Estadão, que tudo que ele recebeu da Petrobrás, referente ao mês em que a pesca foi vetada, foram R$750,00. A Petrobrás alega que investiu R$450 milhões em projetos ambientais e sociais na baía. A companhia ainda alega que o programa para restabelecer a vegetação de manguezais na praia de Mauá e nas margens do Rio Estrela, com duração prevista até 2013, é o "maior do gênero no Brasil". Para Anderson, não passa de projeto de fachada. O analista ambiental do Instituto Chico Mendes (ICMBio) Bruno Herrera, afirma que estudos indicam ser necessários mais 20 anos para a recuperação do mangue (ROSA, 2010, s.p.).

Ainda, de acordo com Rosa (2010), uma análise ambiental feita pelo Instituto Chico Mendes (ICMBio), “afirma que estudos indicam ser necessários mais 20 anos para a recuperação do mangue” (ROSA, 2010, s.p.). Hoje, em 2020, ainda existem vestígios do que o óleo proporcionou para a baía, e isso, infelizmente, misturado com muitos outros fatores, acabam retardando a salvação da baía de Guanabara.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As consequências trazidas pela exorbitante quantidade de óleo jogado na baía de Guanabara são inúmeras. A grande poluição acabou afetando muitos fatores, direta e indiretamente, na cidade do Rio de Janeiro e para sua população.

De acordo com Otriz (2014), o derramamento de óleo na baía “entrou para a história como um dos maiores acidentes ambientais ocorridos no Brasil” (OTRIZ, 2014, s.p.). Uma das grandes consequências indiretas deste vazamento, foram as famílias que viviam do sustento através das pescas e também de outras atividades ligadas ao pescado e à baía.

Na época, a Petrobras pagou uma multa de R$ 35 milhões ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e destinou outros R$ 15 milhões para a revitalização da baía. A Federação dos Pescadores do Rio de Janeiro (Feperj) entrou, em março de 2000, com uma ação coletiva na Justiça cobrando danos morais entre R$ 60 e 90 mil por prejudicado para cerca de 12 mil pescadores. Responsável pelos dutos que vazaram, a Petrobras, mesmo tendo sido condenada, não pagou as indenizações (OTRIZ, 2014, s.p.).

Infelizmente, a falta de punibilidade por parte da Petrobras fez com que os pescadores, que viviam da pesca para sobreviver, ficassem sem nenhum tipo de auxílio e amparo. Além de deixarem de ganhar por conta do desastre ocasionado pela Petrobras, muitos perderam suas redes, botes, dentre pertences de pesca para o óleo que havia sido derramado pela empresa petrolífera (OTRIZ, 2014).

No período de março a julho de 2008, foi realizada uma coleta de dados na Colônia Z-10, uma comunidade de pescadores na Ilha do Governador, junto a Área de Proteção Ambiental e Restauração Urbana do Jequiá e à Estação de Rádio da Marinha, a qual conta com 456 domicílios com, aproximadamente, 2.000 pessoas (SOUZA; MIRANDA; MEDEIROS, 2013). Conforme os autores (2013, p.7), “Fizeram parte dessa pesquisa 25 pescadores da colônia Z-10 […]. A média de idade foi de 52 anos, tendo o pescador mais novo 30 anos e o mais idoso com 70 anos”.


Gráfico 1: Distribuição da renda familiar dos pescadores entrevistados

 Fonte: (SOUZA; MIRANDA; MEDEIROS, 2013).

Vale lembrar que, de acordo com o Guia Trabalhista (2020), o salário mínimo vigente no ano de 2013 era no valor de 678,00 reais. Dessa forma, os dados da pesquisa apresentados no Gráfico 1, acima, demostram que socioeconomicamente falando, as condições de vida estavam extremamente difíceis para as famílias entrevistadas, pois o trabalho informal, querendo ou não, não garante uma inconsistência de salário. Ainda, por conta da grande poluição da baía, essa instabilidade aumentou mais ainda, pois a quantidade de peixes presentes na baía de Guanabara foi cada vez mais diminuindo (SOUZA; MIRANDA; MEDEIROS; 2013).

Os pescadores citam a degradação ambiental, o acúmulo de lixo, a poluição e o assoreamento como os principais fatores para a redução da pesca. […] Com o acidente na Baía de Guanabara em 2000, provocado pelo derramamento de óleo, muitos pescadores relataram que a situação dos que sobrevivem da pesca piorou muito, uma vez que a produtividade pesqueira da Baía de Guanabara caiu mais de 90% após o acidente (SOUZA; MIRANDA; MEDEIROS, 2013, p. 8.).

Outro fator importante, segundo Souza, Miranda e Medeiros (2013), apresentado pela pesquisa feita, foi em relação às mudanças de vida dos pescadores.


Gráfico 2: Mudanças no modo de vida dos pescadores da colônia Z-10 após o derramamento de óleo na Baía de Guanabara em janeiro de 2000.

Fonte: (Souza; Miranda; Medeiros, 2013).

Através dos dados expostos no Gráfico 2, é possível perceber que além de matar os peixes presentes na baía, o acidente também acabou dificultando o trabalho dos pescadores, de forma que as redes de pescas e tarrafas ficaram extremamente danificadas. E ainda, mesmo após a liberação da venda dos peixes com os testes feitos na água da baía, os comerciantes não aceitavam a mercadoria, pois a baía de Guanabara ainda se encontrava muito suja (SOUZA; MIRANDA; MEDEIROS, 2013).

O acidente além de afetar diretamente a pesca e o comércio nela baseado, também trouxe prejuízos para posterior retomada da atividade com a perda dos equipamentos expostos à contaminação devido à invasão dos barcos pelo óleo por ocasião da subida da maré. E mesmo após 14 anos do grave acidente na Baía de Guanabara, os pescadores ainda sofrem as consequências do derramamento de óleo ocorrido em janeiro de 2000. Em resumo, a fala de um pescador expressa essa grave mudança em suas vidas: “Depois do acidente o mar nunca mais foi o mesmo” (SOUZA; MIRANDA; MEDEIROS, 2013, p. 9). 

Atualmente, 20 anos após o desastre, nada ainda foi feito. As medidas de restauração da baía não foram implementadas e, com o passar dos anos, além do derramamento de óleo na baía, diversos outros fatores fizeram – e fazem – com que ela continue poluída, com a fauna e a flora do local pedindo socorro e, ainda, deixando pescadores locais ainda desamparados e ainda sem nenhum tipo de indenização por consequência de toda a poluição. E tudo isso sem previsão para que melhore (PAMPLONA, 2020).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

          Mesmo com muitas tentativas de fazer para que a baia de Guanabara se reerguesse e saísse da poluição, este processo ainda continua em andamento, e infelizmente, longe de ser concretizado.

          Há ainda muito trabalho a ser feito. Infelizmente, muitos ignoraram o fato da baia estar poluída, porém, isso acaba influenciando no cotidiano de cada cidadão carioca, que deixa de ganhar ou até mesmo perde com a situação deplorável que se encontra a grande baia.

          E ainda, aqueles que se encontram em um prejuízo maior ainda são os indivíduos que viviam da pesca no local, que viram suas vidas mudando completamente quando a mancha de óleo tomou conta, e que ainda não foram ressarcidos pelos prejuízos provocados pela Petrobras.

REFERÊNCIAS

GUIA TRABALHISTA. Salário mínimo - tabela de valores nominais. 2020.Disponível em: http://www.guiatrabalhista.com.br/guia/salario_minimo.htm. Acesso em: 02 out. 2020.

OTRIZ, Fabíola. Baía de Guanabara: vazamento da Petrobras completa 14 anos. 2014. Disponível em: https://www.oeco.org.br/reportagens/28021-baia-de-guanabara-vazamento-da-petrobras-completa-14-anos/. Acesso em: 01 out. 2020.

PAMPLONA, Nicola. Quase 20 anos após o vazamento de óleo no Rio, pescadores ainda brigam por indenização. 2019. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/ambiente/2019/12/quase-20-anos-apos-vazamento-de-oleo-no-rio-pescadores-ainda-brigam-por-indenizacao.shtml#:~:text=Quase%2020%20anos%20ap%C3%B3s%20o,de%20Caxias%2C%20na%20Baixada%20Fluminense. Acesso em: 02 out. 2020.

PINHEIRO, Eliane Canedo de F. A Baía de Guanabara, um olhar sobre a história. s.d. Disponível em: https://museudoamanha.org.br/livro/07-a-baia-de-guanabara-um-olhar-sobre-a-historia.html. Acesso em: 30 set. 2020.

ROSA, Mayra. 10 anos depois do acidente, Baía de Guanabara Continua poluída. 2010. Disponível em: https://ciclovivo.com.br/planeta/meio-ambiente/baia_de_guanabara_continua_poluida/. Acesso em: 30 set. 2020.

xdddddddd><>wFile/633/656. Acesso em: 02 out. 2020.

Sousa, Luis Gabriel Rodrigues;  MIRANDA, Antonio Carlos de; Medeiros,Herika Bastos de. IMPACTO AMBIENTAL E SOCIOECONÔMICO DO DERRAMAMENTO DE ÓLEO NA BAÍA DE GUANABARA. IX Fórum Ambiental da Alta Paulista, v. 9, n. 2, 2013, p. 94-10. Disponível em: https://www.amigosdanatureza.org.br/publicacoes/index.php/forum_ambiental/article/view/633. Acesso em: 02 out. 2020.

Quais as consequências do acontecimento do vazamento de óleo?

O petróleo também é capaz de intoxicar os animais marinhos, causando danos, por exemplo, no sistema nervoso, além de causar asfixia e morte pelo aprisionamento no óleo. Animais como peixes e tartarugas marinhas são amplamente prejudicados.

Quais foram os impactos ambientais ocorridos após o derramamento de petróleo na Baía de Guanabara?

O vazamento afetou milhares de famílias que viviam da pesca e de atividades ligadas ao pescado. Na época, a Petrobras pagou uma multa de R$ 35 milhões ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e destinou outros R$ 15 milhões para a revitalização da baía.

Quais os impactos gerados pelo derramamento de óleo no Nordeste?

“Os impactos ambientais envolvem todos os recursos relacionados ao mar: prejuízo na qualidade das praias e da água, seja para lazer, seja para toda a biota marinha ou que dependa do mar para abrigo ou forrageio. Com isso, houve também comprometimento dos recursos pesqueiros”, completa o pesquisador.

O que foi o vazamento de óleo na Baía de Guanabara?

Era madrugada do dia 18 de janeiro de 2000 quando um duto da Petrobras que ligava a Refinaria Duque de Caxias (Reduc), no Rio de Janeiro, ao terminal Ilha d'Água, na Ilha do Governador, rompeu e despejou aproximadamente 1,3 milhões de litros de óleo na Baía de Guanabara.