Durante o século XX, no campo econômico, o Brasil alcançou um bom índice de crescimento, se inseriu no grupo dos três países que mais alcançou níveis altos de ascensão, entre os anos de 1890 e 1980.
No ano de 1890, existiam restritas 50 nações independentes, e o Brasil não se colocava entre as vinte primeiras economias mundiais. Mais tarde, passados cem anos, em 1990 o mundo já apresentava outra configuração, agora com aproximadamente duzentas nações independentes, o Brasil também mudou o panorama de destaque diante do cenário mundial, ocupando a oitava economia com um dos maiores PNBs, era superado somente pelas nações potências, como Estados Unidos, Japão, Alemanha, França, Reino Unido, Itália e China.
No entanto, no final do século XX a economia brasileira deixou a condição de oitava economia, e nos primeiros anos do século XXI, foi superado por outras que apresentavam percentuais de crescimento maiores, isso se deve também ao baixo desempenho das atividades econômicas e sucessivas crises.
Apesar de perder o posto entre as principais economias do mundo, o Brasil conseguiu, durante esse período, ingressar no processo de modernização de uma forma acelerada e intensa. Na segunda metade do século XX presenciou um grande desenvolvimento industrial e, conseqüentemente, de urbanização que deu origem a um país razoavelmente moderno, de característica urbana, industrializado e de economia complexa, que coloca em evidência a diferença em relação ao país no século XIX, que tinha na produção de café e demais atividades rurais as fontes de receitas.
As transformações e avanços ocorridos na economia e no sistema produtivo produziram reflexos também na ordem social, os serviços de infra-estrutura puderam ser oferecidos à população, proporcionando uma melhor qualidade de vida, dos quais se destacam o acesso à eletricidade, água tratada, acesso aos meios de comunicação em massa como o rádio, televisão, aumento na expectativa de vida e diminuição nas taxas de analfabetismo e mortalidade infantil.
Salvo que as transformações foram acontecendo de forma isolada e parcial, pois o país apresenta dados desanimadores em relação às taxas de analfabetismo que ultrapassam os 15 milhões de pessoas com mais de 15 anos, índices raros em comparação com a maioria das nações, além disso, milhões de residências não contam com o serviço de esgoto e água tratada.
Diante das mudanças apresentadas podemos constatar que tais evoluções tiveram ligadas aos setores financeiros como a economia e a indústria, e o humano foi tratado com displicência, pois a camada de pobreza cresce assustadoramente, e acentua continuamente as desigualdades sociais.
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Mônica Porto Apenburg Trindade
Graduanda em História pela UFS
Integrante do Grupo de Estudo do Tempo Presente (GET/UFS/CNPq)
Bolsista PIBIC do projeto “Aracaju em tempos de conflito: Estudo dos espaços de lazer na Segunda Guerra”
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Orientador: Prof. Dr. Dilton Cândido Santos Maynard
O século XX foi um período marcado por grandes transformações. Cultivavam-se ilusões e encantamento perante o avanço tecnológico, experiências magníficas e a velocidade, configurando numa época de ratificação da modernização e progresso. No entanto, apesar desse clima aparentemente positivo, ele também foi permeado por decepções, guerras, destruição, mortes e o isolamento do indivíduo.
Francisco Carlos Teixeira retrata bem esse momento no seu texto "O Século XX: Entre Luzes e Sombras", ao afirmar que o século XX foi sombrio, mas não de escuridão. Ou seja, houveram pontos luminosos, sempre que possível, embora "obscurecidos por períodos de escuridão e trevas, resultando num tempo de guerras, genocídios, pobreza de massas, extremismos e opressão, ainda mais penoso porque não m ais se acreditava no mundo como espaço da mágica, enquanto um vale de lágrimas, um lugar de purgação" [1].
Outra mudança relevante nesta época foi a relação dos indivíduos com a noção de igualdade entre eles. O que se produziu desde o século XVIII a respeito de igualdade e busca da felicidade foi desmontado ainda entre os anos de 1901-1950, embora seja possível percebermos já no século XVIII o germe da desigualdade tão presente no período tratado nesse texto. Afinal, "a igualização dos homens na sociedade poderia, em um momento qualquer do futuro, desalojá-los da situação superior, segura e cômoda que gozavam"[2]. Ainda em forma de germe no século XVIII, desigualdade e sentimento de superioridade serviram, dentre outros fatores, como desencadeadores de vários conflitos e vicissitudes no século XX.
Um exemplo bem claro disso foi o acontecimento da Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Era uma época assinalada pelo nacionalismo exacerbado, corroborando para um sentimento de pertencimento e superioridade de cada nação, enxergando no outro, o verdadeiro perigo. Tal sentimento nutria-se a partir de uma ideologia fascista, característica do século XX, cuja "necessidade" de estar em evidência manifestava-se "naturalmente", sem descartar a utilização da violência a fim de alcançar seus objetivos. Além do uso da força e violência, típicos de um conflito, a Segunda Guerra Mundial influenciou seu centenário com o uso da palavra dirigida por seus líderes, do discurso apologético e da manipulação de massas identificadas com as mensagens proferidas.
Portanto, o século XX inaugurou uma série de transformações que não podem ser vistas somente na ótica do avanço, mas sob um olhar de diferenças fundamentais, ressaltando principalmente o papel dos conflitos nesse período como inflexões que mudaram a trajetória deste centenário repleto de controvérsias.
[1] SILVA, Francisco Carlos Teixeira da. O século XX: entre luzes e sombras. In: O século sombrio: uma história geral do século XX. 2004
[2] Ibidem
O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.