Quais foram os impactos ambientais causados pelo rompimento da barragem em Mariana?

O rompimento da barragem de rejeitos da mineradora Samarco em 05 de novembro de 201, no município de Mariana, Minas Gerais, foi, sem dúvidas, um dos maiores desastres ambientais da história nosso país. Os impactos decorrentes da liberação da lama afetaram vários ecossistemas, que, provavelmente, demorarão dezenas de anos para se recuperar.

→ O que aconteceu em Mariana?

Em novembro de 2015, uma das barragens de rejeitos da Samarco, a barragem Fundão, rompeu-se e causou a liberação de uma grande quantidade de lama. Essa lama, capaz de encher mais de 20 mil piscinas olímpicas, deixou um grande rastro de destruição.

Ao ser liberada, a lama causou a destruição de várias casas e também a morte de pessoas que viviam em áreas próximas e de alguns funcionários da mineradora. O distrito mais atingido foi o de Bento Rodrigues, que foi praticamente coberto pela lama.

→ A lama liberada causa danos à saúde?

Segundo a mineradora Samarco, a lama liberada no acidente não é tóxica e contém apenas água, areia e óxido de ferro. Apesar de, aparentemente, não causar danos à saúde humana, essa lama, ao atingir rios, torna a água imprópria para o consumo, além, é claro, de causar várias perdas materiais.

→ Se a lama não é tóxica, como afetou o meio ambiente?

A grande quantidade de lama liberada no acidente não é toxica, mas desencadeou uma série de desequilíbrios ambientais. O primeiro deles foi a cobertura da região pelos rejeitos. Como esse material é pobre em matéria orgânica, provavelmente nenhuma espécie vegetal conseguirá desenvolver-se no local. Além disso, a lama pode causar alterações no solo, dificultando, inclusive, a permanência das espécies que não morreram com o acidente. Vale destacar ainda que, ao secar, a lama ficará endurecida, dificultando o crescimento de vegetais e o restabelecimento do ecossistema.

A lama também atingiu os rios da região, ocasionando a morte das espécies que ali viviam. Os peixes, que serviam para alimentação e até como fonte de renda, foram morrendo aos poucos em virtude da diminuição de oxigênio e da obstrução de suas brânquias, estruturas responsáveis pela respiração desses animais.

Vale destacar que não são apenas os peixes que morreram em consequência da lama. Em muitas regiões do rio, é possível perceber que todo o ecossistema aquático foi destruído. O rio Doce, um dos atingidos, provavelmente demorará dez anos para se recuperar de todos os danos causados pelo rompimento das barragens.

A morte não foi percebida apenas dentro dos rios, pois uma grande quantidade de mata ciliar (vegetação que fica às margens dos rios) foi completamente destruída em algumas áreas. Muitas espécies vegetais foram arrancadas pela força da lama, e outras, completamente soterradas.

A lama da Samarco pode provocar ainda o assoreamento de rios, diminuição da profundidade em algumas áreas, desvios de cursos de água e até mesmo soterramento de nascentes. Espera-se ainda que, ao atingir o mar pelo rio Doce, a lama contamine ambientes aquáticos e cause danos também na vida marinha.

→ Como os acidentes ambientais podem ser evitados?

Para que acidentes como o acontecido em Mariana sejam evitados, é muito importante que sejam feitas análises detalhadas dos impactos ambientais que um empreendimento pode causar. É importante avaliar todos os fatores ambientais antes, durante e após a construção de uma obra.

É necessário também analisar quais medidas podem ser tomadas por uma empresa caso um dano ambiental dessa proporção ocorra. Além disso, a fiscalização deve ser feita de maneira cautelosa e todas as irregularidades devem ser corrigidas de maneira rápida e efetiva.


Aproveite para conferir a nossa videoaula relacionada:

Quais foram os impactos ambientais causados pelo rompimento da barragem em Mariana?

O desastre criminoso de Mariana (MG), em novembro de 2015, provocado pelo rompimento da barragem do Fundão, de responsabilidade da mineradora Samarco, despejou toneladas de rejeitos minerais contaminando as águas do Rio Doce. Cerca de trinta e quatro milhões de m³ desses rejeitos foram lançados no meio ambiente causando a destruição de 1.469 hectares ao longo de 77 km de cursos d´água, incluindo áreas de matas ciliares.

As matas ciliares são fundamentais para a manutenção da qualidade física, química e biológica da água em uma bacia hidrográfica, além de outros serviços ambientais fundamentais. Para investigar o impacto da tragédia provocada pela “lama da Samarco” na região de Mariana, pesquisadores do Laboratório de Ecologia e Restauração Florestal da Esalq/USP promoveram o relatório “Comparação de metodologias de restauração ecológica da vegetação nativa na mitigação dos impactos do despejo de rejeitos de mineração na região de Mariana” .

O estudo mostra que o desastre causou a devastação das matas ciliares remanescentes e soterrou importantes meios de regeneração de florestas como os bancos de plântulas e de sementes encontradas no subbosque, comprometendo assim sua resiliência.

Segundo o relatório técnico da Fundação SOS Mata Atlântica publicado um ano após a tragédia, nos trechos protegidos pela floresta, onde a vegetação não foi arrastada e devastada, registraram-se os únicos índices de recuperação da condição ambiental da bacia do rio Doce. Isto é uma evidência de que além do impacto imediato do rejeito na mortalidade de árvores, os processos ecológicos responsáveis por sustentar a floresta na região atingida foram afetados.

Clique aqui para baixar o relatório completo.