Quais os fatores que interferem no processo de aprendizagem dos alunos?

Em março deste ano, o Movimento Todos pela Educação publicou uma série de análises dos resultados das redes educacionais na Prova Brasil 2017.

Os dados, divulgados em dezembro de 2018 pelo Inep, mostram avanços tímidos no Ensino Fundamental e estagnação no Ensino Médio. Nesta etapa, 9 entre 10 estudantes concluem sem ter a proficiência mínima em Matemática e 7 de 10 também não atingem o patamar adequado em Língua Portuguesa.

Os resultados incomodam e provocam reflexões entre os mais diversos atores do processo educacional, tanto governantes quanto acadêmicos e especialistas de fundações e entidades privadas.

Afinal, quais são os fatores?

Muitos fatores são apresentados como causas para a estagnação: má gestão escolar, processo de alfabetização deficiente, descontinuidade de políticas, infraestrutura precária das escolas, ausência de currículo, formação continuada pouco focada na prática, dentre outras. Uma lista enorme de questões que geram mais aflição do que caminhos.

Em busca de respostas mais concretas, li recentemente um material do Banco Mundial com análises da série histórica do PISA (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes), avaliação coordenada pela OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) e realizada com estudantes matriculados a partir do 7º ano do Ensino Fundamental na faixa etária dos 15 anos.

Além do fato de o Brasil ficar nas últimas posições na avaliação, o trabalho realizado pelo Banco Mundial se aprofunda nos dados e encontra comportamentos estatísticos em regiões como Ásia, América Latina, Europa e África. Acima de tudo, o maior êxito do estudo, em minha opinião, é conseguir definir de forma muito clara os fatores que mais impactam o aprendizado.

Segundo o material, três fatores que mais impulsionam a aprendizagem são:
1) antecedentes familiares (formação acadêmica cultural e situação socioeconômica),
2) estímulos durante a primeira infância, ou seja, do zero aos 6 anos de vida (nutrição, saúde, vínculos socioemocionais e menor exposição à situação de estresse tóxico), e
3) a prática do professor (uma vez na escola, nenhum fator influencia mais do que isso).

Os estudantes de um professor com melhor prática podem ter um ganho médio de um ano e meio a mais do que um estudante acompanhado por um professor mediano (Hanushek e Rivkin, 2010; Rockoff, 2004). Basta um professor diferenciado na vida escolar de um estudante para a probabilidade de ele ter acesso ao ensino superior aumentar consideravelmente (Chetty, Friedman e Rockoff, 2014).

Sendo assim, duas constatações ficam muito evidentes. Primeiro: o peso do ambiente familiar e do contexto social, reforçando a ideia de que a escola sozinha tem limitações em sua intervenção – e que, diante de um cenário mais fragilizado, o desafio do processo educacional é muito mais complexo. Segundo: a relevância do professor no processo. É claro que a gestão escolar é muito importante. Também é claro que ter uma infraestrutura mínima parece ser razoável, mas nada influencia mais a aprendizagem do que a prática do professor.

Isso provoca outras duas reflexões: a necessidade de valorizar o profissional, inclusive como o melhor investimento frente a outras alternativas; e de ampliar a percepção de responsabilidade deste mesmo profissional no resultado do processo de aprendizagem dos alunos.

Um bom professor é o segredo do sucesso

É fundamental compreender essa dinâmica, sem reducionismos, mas com clareza empírica, para assim focarmos na melhoria dos sistemas de ensino.

Com a leitura adequada desses estudos, podemos direcionar a atenção para outros fatores, como a elevação do piso nacional da carreira (bem como a percepção de status da função na sociedade), a qualidade da formação inicial das licenciaturas, a eficácia de processos seletivos focados na competência em didática e domínio dos conteúdos por parte dos docentes, a adequada gestão do período probatório e a formação continuada baseada em processos de tutoria e monitoria.

Estas sim são pautas prioritárias se quisermos produzir, de forma assertiva, um salto na qualidade da educação brasileira.


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Quais os fatores que interferem no processo de aprendizagem dos alunos?

Torna-se cada vez maior a preocupação dos pais em acertar na educação dos filhos. Muitas vezes aqueles se perguntam onde foi que erraram para que o filho tivesse a dificuldade que hoje tem.

Livro relacionado:

Piletti (1984) considera, assim como diversos outros autores, que as primeiras experiências educacionais da criança, geralmente são proporcionadas pela família.

Nossa sociedade, caracterizada por situações de injustiça e desigualdade, criam famílias que lutam com mil e uma dificuldades para sobreviver. Esses problemas atingem as crianças, que enfrentam inúmeras dificuldades para aprender.

Alguns dos principais fatores etiológicos -sociais que interferem na aprendizagem são :

• Carências afetivas;

• Deficientes condições habitacionais, sanitárias, de higiene e de nutrição;

• Pobreza da estimulação precoce;

• Privações lúdicas, psicomotoras, simbólicas e cultural;

• Ambientes repressivos;

• Nível elevado de ansiedade;

• Relações interfamiliares;

• Hospitalismo;

• Métodos de ensino impróprios e inadequados.

Para Smith & Strick (p.31, 2001) um ambiente estimulante e encorajador em casa produz estudantes adaptáveis e muito dispostos a aprender, mesmo entre crianças cuja saúde ou inteligência foi comprometida de alguma maneira.

Inúmeras pesquisas apontam que o maior índice que interfere no processo de aprendizagem, ocorre com crianças pobres. Em tais pesquisas, as explicações apontadas para o problema deste fracasso escolar dizem respeito à condição econômica da família.

Ainda pode-se evidenciar entre alguns professores a associação da imagem do mau aluno na criança carente. Não é lícito estabelecer uma regra geral e inflexível atribuindo a todos os casos de problemas de aprendizagem um mesmo diagnóstico ou um enfoque generalizador.

Segundo Paín (p.33, 1985) o fator ambiental é, especialmente determinante no diagnóstico do problema de aprendizagem, na medida em que nos permite compreender sua coincidência com a ideologia e os valores vigentes no grupo.

Por isso, cada caso deve ser avaliado particularmente, incluindo na avaliação o entorno familiar e escolar. Se os problemas de aprendizagem, estão presentes no ambiente escolar e ausentes nos outros lugares, o problema deve estar no ambiente de aprendizado. Às vezes, a própria escola, com todas as suas fontes de tensão e ansiedade, pode estar agravando ou causando as dificuldades na aprendizagem.

Quanto à estrutura familiar, nem todos os alunos pertencem a famílias, com recursos suficientes para uma vida digna. Normalmente, verificam-se situações diversas: os pais estão separados e o aluno vive com um deles; o aluno é órfão; o aluno vive num lar desunido; o aluno vive com algum parente; etc. Muitas vezes, essas situações trazem obstáculos à aprendizagem, não oferecem à criança um mínimo de recursos materiais, de carinho, compreensão, amor.

Alguns tipos de educação familiar muito comum em nossa sociedade são bastante inadequados e trazem conseqüências negativasparaa aprendizagem. Os pais podem influenciar a aprendizagem de seus filhos através de atitudes e valores que passam a eles.

Classificam os pais nas seguintes categorias:

—pais autoritários- manifestam altos níveis de controle, de exigências de amadurecimento, porém baixos níveis de comunicação e afeto explícito. Os filhos tendem a ser obedientes, ordeiros e pouco agressivos, porém tímidos e pouco persistentes no momento de perseguir metas; baixa auto-estima e dependência; filhos pouco alegres, mais coléricos, apreensivos, infelizes, facilmente irritáveis e vulneráveis às tensões, devido à falta de comunicação desses pais.

—pais permissivos- pouco controle e exigências de amadurecimento, mas muita comunicação e afeto; costumam consultar os filhos por ocasião de tomada de decisões que envolvem a família, porém não exigem dos filhos, responsabilidade e ordem; estes, tendem a ter problemas no controle de impulsos, dificuldade no momento de assumir responsabilidade; são imaturos, têm baixa auto-estima, porém são mais alegres e vivos que os de pais autoritários.

—pais democráticos - níveis altos tanto de comunicação e afeto, como de controle e exigência de amadurecimento; são pais afetuosos, reforçam com freqüência o comportamento da criança e tentam evitar o castigo; correspondem às solicitações de atenção da criança; esta tende a ter níveis altos de autocontrole e auto-estima, maior capacidade para enfrentar situações novas e persistência nas tarefas que iniciam; geralmente são interativos, independentes e carinhosos; costumam ser crianças com valores morais interiorizados (julgam os atos, não em função das conseqüências que advêm deles, mas sim, pelos propósitos que os inspiram).

Mussen (1970) interpreta essas conclusões em termos de aprendizagem e generalização social: os lares tolerantes e democráticos encorajam e recompensam a curiosidade, a exploração e a experimentação, as tentativas para lidar com novos problemas e a expressão de idéias e sentimentos. Uma vez aprendidas e fortalecidas em família, essas atividades se generalizam na escola.

A educação familiar adequada é feitacom amor, paciência e coerência, pois desenvolve nos filhos autoconfiança e espontaneidade, que favorecem a disposição para aprender.

Paín (p. 33, 1985) destaca que embora o fator ambiental incida mais sobre os problemas escolares do que sobre os problemas de aprendizagem propriamente ditos, esta variável pesa muito sobre a possibilidade do sujeito compensar ou descompensar o quadro.

Dentro da escola existem, entre outros, quatro fatores que podem afetar a aprendizagem: o professor, a relação entre os alunos, os métodos de ensino e o ambiente escolar.

O autoritarismo e a inimizade geram antipatia por parte dos alunos. A antipatia em relação ao professor faz com que os alunos associem a matéria ao professor e reajam negativamente ambos.

A relação entre os alunos será influenciada pela relação que o professor estabelece com os alunos: um professor dominador e autoritário estimula os alunos a assumirem comportamentos de dominação e autoritarismo em relação a seus colegas. Para aprender, o aluno precisa de um ambiente de confiança, respeito e colaboração com os colegas.

Os métodos de ensino também podem prejudicar a aprendizagem. Se o professor for autoritário e dominador, não permitirá que os alunosse manifestem, participem, aprendam por si mesmos. Esse tipo de professor considera-se dono do saber e procurará transmitir esse saber aos alunos, que deverão permanecer passivos, receber o que o professor lhes dá e devolver na prova.

O ambiente escolar também exerce muita influência na aprendizagem, o tipo de sala de aula, a disposição das carteiras e a posição dos alunos, por exemplo, são aspectos importantes. Uma sala mal iluminada e sem ventilação, em que os alunos permanecem sempre sentados na mesma posição, cada um olhando as costas do que está na frente, certamente é um ambiente que pode favorecer a submissão, a passividade e a dependência, e não favorece o trabalho livre e criativo.

Outro aspecto a considerar, em relação ao ambiente escolar, refere-se ao material de trabalho colocado à disposição dos alunos.

É evidente que com salas abarrotadas de alunoso trabalho se torna mais difícil. O número de alunos deve possibilitar ao professor um atendimento individual, baseado num conhecimento de todos eles.

A administração da escola _ diretor e outros funcionários_ também pode influenciar de forma negativa ou positiva a aprendizagem. Se os alunos forem respeitados, valorizados e merecerem atenção por parte da administração, a influência será positiva. Se, ao contrário, predominar a prepotência, o descaso e o desrespeito, a influência será negativa.

De acordo com Paín (p.33, 1985) o problema de aprendizagem que se apresenta em cada caso, terá um significado diferente porque é diferente a norma contra a qual atenta e a expectativa que desqualifica.

Tanto os pais como os professores devem estar atentos quanto o processo de aprendizagem, tentando descobrir novas estratégias, novos recursos que levem a criança ao aprendizado.

Percebe-se que se os pais souberem do poder e da força dos seus contatos com seu filho, se forem orientados sobre a importância da estimulação precoce e das relações saudáveis em família, os distúrbios de aprendizagem poderão ser minimizados.

Considera-se fundamental importância para o desenvolvimento posterior dacriança e para sua aprendizagem escolar, os sentimentos que os pais nutrem por ela durante os anos anteriores à escola.

É sobretudo, à família, às suas características culturais ou situação econômica, que predominantemente se atribuià responsabilidade pela presença ou ausência das pré-condições de aprendizagem na criança.

No âmbito escolar, certas qualidades do professor, como paciência, dedicação, vontade de ajudar e atitude democrática, facilitam a aprendizagem. Ao contrário, o autoritarismo, a inimizade e o desinteresse podem levar o aluno a desinteressar-se e não aprender.

Além disso, métodos didáticos que possibilitam a livre participação do aluno, a discussão e a troca de idéias com os colegas e a elaboração pessoal do conhecimento das diversas matérias, contribuem de forma decisiva para a aprendizagem e desenvolvimento da personalidade dos educandos.

É importante que o professor e o futuro professor pense sobre sua grande responsabilidade, principalmente em relação aos alunos dos primeiros anos, sobre os quais,a influência do professor é maior.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

PAÍN, Diagnóstico e Tratamento dos Problemas de Aprendizagem. Porto Alegre: Artes Médicas, 1985.

PILETTI,Nelson. Psicologia Educacional. São Paulo: Ática,1999.

SMITH & STRICK. Dificuldades de Aprendizagem de A a Z . São Paulo: Artes Médicas, 2001.

Quais são os fatores que interferem no processo de aprendizagem?

Entre eles, destacam-se aspectos ambientais, econômicos, sociais, afetivos, psicológicos, emocionais e familiares. Fatores como condições habitacionais, sanitárias, de higiene e de nutrição também são considerados determinantes para a aprendizagem do aluno na escola e fora dela.

Que tipos de fatores podem influenciar o processo de aprendizagem acarretando o surgimento dos problemas ou dificuldades de aprendizagem?

Essas dificuldades podem estar relacionadas a determinantes sociais, problemas inerentes à escola, ao olhar do professor, ou do próprio aluno, ou seja, ligada a fatores internos (cognitivos e emocionais) e a fatores externos (culturais, sociais e políticos).

Que fatores afetam a motivação dos alunos?

De forma, geral, os estudos realizados sobre motivação para a aprendizagem permitiram apontar uma série de fatores que podem afetar a motivação do estudante: as expectativas e estilos dos professores, os desejos e aspirações dos pais e familiares, os colegas de sala, a estruturação das aulas, o espaço físico da sala de ...

Quais fatores favorecem o sucesso da aprendizagem do aluno?

Partindo desses dados, foi feita uma categorização dos cinco principais fatores que são considerados básicos para levar um aluno a obter sucesso. São eles: família, professores/escola competente, autoestima do aluno/força de vontade, saúde geral do aluno e recursos econômicos.