Quais os principais impactos da falta de ética e moral dentro de uma organização?

RESUMO

Toda estrutura organizada possui em suas delimitações de funcionamento regras que devem ser tomadas em prol de uma visão, missão e princípios que estão regidos por uma nomenclatura que se determina como ética. Ética, enquanto filosofia e consciência moral, é essencial à vida em todos os seus aspectos, seja pessoal, familiar, social ou profissional. Assim, enquanto profissionais e pessoas, dependendo de como nos comportamos, por exemplo, em nossas relações de trabalho. A sobrevivência e evolução das empresas e de seus negócios, portanto, estão associadas cada vez mais a sua capacidade de adotar e aperfeiçoar condutas marcadas pela seriedade, humildade, justiça e pela preservação da integridade e dos direitos das pessoas.

Palavras Chave: Profissional; Empresa; Ética.

INTRODUÇÃO

 A importância da ética nas empresas cresceu a partir da década de 80, com a redução das hierarquias e a consequente autonomia dada às pessoas. Os chefes, verdadeiros xerifes até então, já não tinham tanto poder para controlar a atitude de todos, dizer o que era certo ou errado. A disputa por cargos cresceu e, com ela, o desejo de se sobressair a qualquer custo. Assim, nos últimos anos, os escritórios viraram um campo fértil para a desonestidade, a omissão, a má conduta e a mentira.

Na verdade, trazer à luz as dimensões morais da vida organizacional requer uma perspectiva nova que leve à reflexão ética. Se essa perspectiva vier a se impor, novas perguntas passarão a ser feitas dentro do processo decisório, no momento em que forem julgadas as alternativas possíveis, antes de se escolher um curso de ação.

Muitas organizações procuram, hoje, criar seu código de ética. Essa tendência, que à primeira vista pode se assemelhar a um modismo, parece estar entranhando o tecido social e a comunidade empresarial de forma mais profunda que um passageiro entusiasmo dos profissionais de recursos humanos, relações públicas ou auditoria.

Se a empresa, como espaço social, produz e reproduz esses valores, ela se torna importante em qualquer processo de mudança de perspectiva das pessoas; tanto das que nela convivem e participam quanto daquelas com as quais essas pessoas se relacionam. Assim, quanto mais empresas tenham preocupações éticas mais a sociedade na qual essas empresas estejam inseridas tenderão a melhorar no sentido de constituir um espaço agradável onde as pessoas vivam realizadas, seguras e felizes.

São estes elementos que produziram argumento para a manifestação deste estudo que visa fundamentalmente a verificação de como a ética se promove nas organizações atualmente, além disso, pode-se afirmar que tal principio está presente na maioria das ações cotidianas das pessoas.

1 CONCEITO DE ÉTICA

O exercício de um pensamento crítico e reflexivo quanto aos valores e costumes vigentes tem início, na cultura ocidental, na Antiguidade Clássica com os primeiros grandes filósofos, a exemplo de Sócrates, Platão e Aristóteles. Questionadores que eram, propunham uma espécie de “estudo” sobre o que de fato poderia ser compreendido como valores universais a todos os homens, buscando dessa forma ser correto, virtuoso, ético. O pano de fundo ou o contexto histórico nos qual estavam inseridos tais filósofos era o de uma Grécia voltada para a preocupação com a pólis, com a política (ARRUDA, 2002).

 Na visão de Vázquez (2002, p. 69)

  A ética seria uma reflexão acerca da influência que o código moral estabelecido exerce sobre a nossa subjetividade, e acerca de como lidamos com essas prescrições de conduta, se aceitamos de forma integral ou não esses valores normativos e, dessa forma, até que ponto nós damos o efetivo valor a tais valores.

  A ética seria uma reflexão acerca da influência que o código moral estabelecido exerce sobre a nossa subjetividade, e acerca de como lidamos com essas prescrições de conduta, se aceitamos de forma integral ou não esses valores normativos e, dessa forma, até que ponto nós damos o efetivo valor a tais valores (ARRUDA, 2002).

Logo, o agente moral deve colocar em prática sua autonomia enquanto indivíduo, pois aquele que possui uma postura de passividade apenas aceita influências de qualquer natureza. Assim, consciência e responsabilidade são condições indispensáveis à vida ética ou moralmente correta (VÁZQUEZ, 2002).

É de extrema importância destacar que a ética está diretamente ligada aos hábitos e costumes, e esses mudam de acordo com o tempo e a localização. Sendo assim, o que é considerado ético hoje, pode não o ser amanhã e o que é considerado certo em determinado país ou localidade, pode não o ser em outro. Álvaro Valls (2000) traz assim, uma definição mais abrangente de ética, onde a entende como hábitos e comportamentos aceitos em determinado espaço de tempo e em determinada localidade de acordo com os costumes vigentes, enquanto considerados morais pela maioria da sociedade, deixando clara a condição situacional da ética.

Dentre eles, encontra-se o grego Sócrates que viveu entre 470 e 399 a.C. e que se destaca por ter desafiado a cidade-estado, questionando as leis, mesmo obedecendo-as, fazendo com que o conservadorismo grego o condenasse a beber veneno. Apesar de não ter deixado nada escrito, seus ensinamentos podem ser observados por intermédio dos seus discípulos, dentre eles Platão em seus diálogos. Séculos depois, Sócrates foi chamado de fundador da moral, pela tentativa de compreensão da justiça através da sua convicção pessoal. Valls (2000) aborda moral como sinônimo de ética, com pequeno destaque para a interiorização das normas. Para muitos, Sócrates foi considerado o primeiro pensador da subjetividade, através da interiorização da reflexão.

Platão, que viveu entre 427 e 347 a.C., discípulo de Sócrates, acreditava que todos os homens estavam em busca da felicidade, no entanto, sempre se questionava, onde estaria esse bem supremo. Platão parecia acreditar em uma vida após a morte, demonstrando em seus diálogos a espera da felicidade especialmente depois da morte. Ele acreditava que esta vida devia servir de contemplação de idéias, dentre elas, a principal, a idéia do bem. Segundo João Mattar (2004), Platão teve outra importância, fundando o que pode ser considerada a primeira universidade da história da humanidade ao fundar sua Academia. Suas obras são descritas em diálogos e cartas.

Como Sócrates, Platão também teve seus discípulos, dentre eles, Aristóteles, que viveu entre 384 e 322 a.C., pensador que analisava depoimentos sobre a vida das pessoas e das diferentes cidades gregas. Também compara o ser e o bem, relevando as diversidades de ambos e enfatizando que cada substância terá o seu ser em busca do seu bem, para que o homem atinja a felicidade. Mas Aristóteles compreende que o homem não necessita de um único bem supremo; em sua complexidade, necessita de vários bens, de diversos tipos, formando um conjunto. Segundo Álvaro Valls (2000), Aristóteles afirma que os homens têm o seu ser no viver, no sentir e na razão, sendo esses os fatores que definirão os melhores bens para cada um. Aristóteles valoriza a vontade humana, apregoando que o homem necessita converter seu esforço em bons hábitos, de acordo com a razão, sendo esse esforço voluntário.

Aristóteles desenvolve a teoria da virtude que, segundo João Mattar (2004), tem como uma das principais funções morais o cultivo de traços de caráter, sendo estas, características que as pessoas já possuem, bastando externá-las através de suas atitudes no dia-a-dia. Aristóteles ainda considerava virtuosa a pessoa que conseguisse, através da sabedoria prática adquirida pela experiência individual, o equilíbrio entre o vício do excesso e da escassez.

No final do século XVIII, volta-se a destacar a análise da subjetividade com o pensador alemão Kant que viveu entre 1724 e 1804, na busca de uma ética universal, na igualdade entre os homens. Sua filosofia, segundo Álvaro Valls (2000), se chama filosofia transcendental, por buscar no próprio homem o conhecimento verdadeiro e o agir livre. Para a igualdade fundamental, Kant necessitaria chegar a uma moral única, racional. Conforme demonstra Valls (2000, p. 20) “Se a moral é a racionalidade do sujeito, esse deve agir de acordo com o dever e somente por respeito ao dever: porque é dever, eis o único motivo válido da ação moral”.

Outro autor que aborda a ética de forma abrangente, é Peter Singer (2002) que traz questões de natureza prática como a igualdade para as mulheres, o aborto, a eutanásia e utiliza, indiferentemente, as palavras ética e moral. Afirma que, para alguns, a ética pode ser vista como uma série de proibições ligadas ao sexo e para outros, pode ser confundida como algo bonito na teoria, mas que não funciona na prática. Segundo o autor (2002), isso acontece porque as pessoas acreditam que a ética é um conjunto de normas simples e breves como: não matar, não mentir, mas na vida real acontecem coisas inusitadas e complexas. Daí surge a concepção consequencialista, em que uma ação será ética ou não, dependendo das consequências que o ato acarretar.

Isso incorre na teoria do subjetivismo ético, pois faz com que os valores ou juízos éticos dependam da aprovação ou desaprovação da pessoa que está emitindo tal juízo, e não da sociedade em que ela vive. O subjetivismo parece estar muito bem relacionado à nossa realidade atual e ao nosso cotidiano, em se tratando de ética. Porém, o que fica evidenciado com essa teoria é que ela restringe nossa possibilidade de discussão sobre o assunto. Já que cada indivíduo tem o direito de ter sua própria opinião, não se pode entrar no mérito de certo ou errado, pois cada um decidiria sobre suas próprias questões e a solução teria que ser aceita por todos como ética.

De acordo com Singer (2002), uma pessoa estaria vivendo dentro de uma esfera do ético quando esta tivesse ao menos uma tentativa de justificativa de sua ação, mesmo que fosse uma tentativa frustrada. Para o autor, só de a pessoa achar que não está errada, ela já estaria pautada na ética. É importante destacar que, apesar de suas relevantes variantes históricas, a ética mantém algumas noções firmes e consistentes como a distinção entre o bem e o mal, sendo agir eticamente agir de acordo com o bem. No entanto, não há uma verdade suprema de como se definirá o que é, de fato, esse bem.

Robert Solomon (2006) afirma que a moralidade se refere à cultura, tradição, costumes e regras compartilhadas na vida em comum, não dizendo respeito unicamente às limitações ao interesse individual e essa não deve ser reduzida ao mercado ou substituída por ele. Álvaro Valls (2000) também atenta para o fato de que a moral está diretamente ligada às ações práticas dos seres humanos. Com a massificação e o autoritarismo dos meios de comunicação e das políticas, torna-se preocupante se os homens, mesmo cientes de seu papel fundamental como executores da moral, conseguem agir eticamente.

Questiona-se até que ponto é possível o homem de hoje escolher entre o bem e o mal. Em uma reflexão ético-social do século XXI, pode-se perceber que as pessoas, talvez pela massificação, não se comportem mais moralmente. Esta questão despertou o interesse pela realização deste estudo.

 2 PRINCÍPIOS ÉTICOS

  A ética reflete o comportamento do ser humano que age tomando por base os seus valores. Mais do que isso, pressupõe que o comportamento humano seja dirigido para o bem. Quando se trata da ética empresarial o que se deve levar em conta são os valores da organização. Não há, no entanto, como dissociar os valores dos indivíduos em sua vida social e intelectual de sua atuação como empresário (SROUR, 2003).

Atualmente, a ética empresarial é colocada como uma meta essencial a ser alcançada no mundo corporativo. A cultura ética e sua gestão nas empresas são temas tratados com importância igual ou superior aos próprios resultados, à inovação, à excelência e ao sucesso financeiro (ANDRADE, et. al. 2004).

 No que se refere Srour (2003, p. 88) 

 Ao longo da última década, tanto alta administração quanto os demais colaboradores nas grandes corporações passaram a identificar os valores e a missão das empresas como requisitos obrigatórios para demonstrar a seriedade de propósitos e a transparência na administração para o mundo corporativo.

Além dos princípios gerais que norteiam o bom funcionamento social, existe também a ética de determinados grupos ou locais específicos. Neste sentido, podemos citar: ética médica, ética profissional (trabalho), ética empresarial, ética educacional, ética nos esportes, ética jornalística, ética na política, etc. dentre os princípios gerais podem ser elencados:

- Honestidade no trabalho;

- Lealdade com a empresa;

- Formação de uma consciência profissional;

- Execução do trabalho no mais alto nível de rendimento;

- Respeito à dignidade da pessoa humana;

- Segredo profissional;

- Discrição no exercício da profissão;

- Prestação de contas ao chefe hierárquico;

- Observação das normas administrativas da empresa;

- Tratamento cortês e respeitoso a superiores, colegas e subordinados hierárquicos;

- Apoio a esforços para aperfeiçoamento da profissão;

Cada sociedade e cada grupo possuem seus próprios códigos de ética. Num país, por exemplo, sacrificar animais para pesquisa científica pode ser ético. Em outro país, esta atitude pode desrespeitar os princípios éticos estabelecidos. Aproveitando o exemplo, a ética na área de pesquisas (ANDRADE, 2004).

 3 O COLABORADOR E A ÉTICA

  A ética pode ser representada pela honestidade e integridade de conduta em todas as áreas de nossa vida, dai porque a importância de se estabelecer um padrão de conduta no âmbito corporativo, pois uma organização empresarial não tem vida própria; são seus empregados, colaboradores e dirigentes que dão vida à empresa e constroem a sua reputação e imagem, no âmbito interno e externo. Ser reconhecida como uma empresa ética significa que ela é repleta de virtudes, como a honestidade, a transparência e a integridade de conduta (DAINEZE, 2010).

 Na visão de Arruda (2002, p. 69)

 No seu código de ética corporativo, a organização empresarial, também, pode estabelecer proibições e regras de condutas a serem observadas e cumpridas por todos os seus empregados, administradores e colaboradores, sob pena de punições disciplinares no caso dos empregados que poderão até ser demitidos por justa causa (Código de Conduta).

Os Códigos de Ética Corporativos costumam destacar, com mais frequência, temas como: missão e visão da empresa; princípios e valores da empresa; princípios éticos gerais; normas de padrão de conduta da empresa e de seus empregados, administradores e colaboradores, política de uso do e-mail, internet e sistemas de informática; política em relação ao patrimônio da empresa, política em relação ao uso de álcool, tabagismo e drogas ilícitas; política em relação a prevenção do assédio moral e assédio sexual; política contra qualquer tipo de discriminação, política de sigilo das informações; política de relacionamento com empresas concorrentes; política em relação ao meio ambiente de trabalho; política de saúde e segurança do trabalho; conflitos de interesses; política de relacionamento com clientes/consumidores, prestadores de serviços, fornecedores, investidores, imprensa, sindicatos, comunidade/sociedade e Governo e punições aos infratores (DAINEZE, 2010).

O poder de organização permite que o empregador expeça regras para o andamento dos serviços na empresa. Estas normas, podem ser positivas ou negativas, gerais ou específicas, diretas ou delegadas, verbais ou escritas (formalizadas através de avisos, portarias, memorandos, instruções, circulares, comunicados internos, etc.). Nas grandes empresas o poder de organização também se manifesta através da imposição unilateral de um conjunto de normas estruturais chamado Regulamento Interno de Trabalho, cujo teor obriga tanto a comunidade de trabalho como o empregador. O Regulamento Interno de Trabalho (RIT) deve definir com clareza e precisão não só os procedimentos de rotina como também os direitos e deveres de cada um, a fim de eliminar, de antemão, possíveis causas de conflitos, bem como possibilitar a convergência das ações individuais para o desenvolvimento produtivo do grupo (ARRUDA, 2002).

 Para Srour (2003, p. 59)

A adoção de princípios éticos e comportamentais reflete o tipo de organização da qual fazemos parte e o tipo de pessoa que somos. Nosso respeito pelas diferenças individuais e a preocupação crescente com a responsabilidade social, onde inserimos as questões de segurança, meio-ambiente e saúde no cotidiano da nossa gestão empresarial, refletem as relações com seus empregados e para com a sociedade.Cada indivíduo tem o seu próprio padrão de valores. Por isso, torna-se imperativo que cada empregado faça sua reflexão, de modo a compatibilizar seus valores individuais com os valores expressos nos Princípios Éticos.

É preciso ouvir mais as ideias de seus colegas, pois muitas ideias aparentemente absurdas podem ser a solução para um problema. Para descobrir isso, é preciso trabalhar em equipe, ouvir as pessoas e avaliar a situação sem julgamentos precipitados ou baseados em suposições, e principalmente dar crédito a quem realmente é merecedor. Muitas vezes recebemos elogios pelo trabalho realizado por outras pessoas, sem sequer repassar os mesmos ou citar o nome dos colegas que contribuíram para tal, e isso é ser antiético, pois está-se aceitando um elogio pelo trabalho de outra pessoa e, cedo ou tarde, o mesmo será reconhecido e você ficará com fama de mau-caráter (DAINEZE, 2010).

No que se refere Motta (2008, p. 72)

Deve haver o comprometimento coletivo com a ética, a solidariedade, o amor ao próximo, a dignidade, a valorização do eu e do outro, a cidadania e o respeito, acima de tudo, com a vida. Com o despertar para esses valores, acredita-se que o assédio moral nos ambientes de trabalho possa ser amenizado e/ou até excluído, ocasionando menos sofrimentos aos trabalhadores.

  Assim, fica explícito que para se obter um ambiente de trabalho saudável deve-se alcançar condições laborais baseadas em princípios morais, éticos e no respeito ao próximo, considerando cada indivíduo como único, com suas crenças, valores e cultura. É essencial retomar os valores humanos, de toda natureza.

 4 A ÉTICA COMO DIFERENCIAL COMPETITIVO

  A ética afeta na obtenção de lucros devido a credibilidade da empresa no momento de decisão de compra do consumidor, implicando na sobrevivência da mesma no mercado global, ou seja, a empresa necessita de atenção com a maneira que trata funcionários, fornecedores, procedência de matérias primas, forma de atuação no mercado de modo que tenha um sincronismo que a beneficie perante os concorrentes (ANDRADE, et. al. 2004).

Os recentes escândalos financeiros em corporações estrangeiras ou não, levaram a população a verificar quais as relações estabelecidas entre as organizações e seu público, sejam funcionários, clientes, fornecedores, governo, imprensa, concorrentes, comunidade/meio ambiente. Nunca se exigiu tanto em relação ao comportamento da organização a ter uma conduta socialmente responsável, que mais do que um diferencial é uma questão de sobrevivência para manter uma imagem positiva no mercado (GOLDE, 20

Na visão de Leisinger (2011, p. 99)

 A falta de ética causa muitos prejuízos as empresas uma vez que os próprios funcionários pactuam com a empresa, por vezes, a necessidade de pagar propinas, de não dizer a verdade, mentir ou omitir algo, além de ter preços diferentes para clientes que compram em quantidades e condições iguais.

As pressões por resultados e pela concorrência muitas vezes obrigam o profissional a afrouxar em algumas normas éticas, pois ele é medido por resultados alcançados tendo que suportar a exigência do mercado, metas audaciosas para cumprir, sendo obrigado a vender para sustentar-se e garantir o seu emprego. Isto não é fácil de ser manejado (ARRUDA, 2002).

O mundo capitalista e a sociedade consumista nos empurram tendem a nos empurrar para a desonestidade. Aumentar uma nota para compensar outros gastos, incluir gastos com diversão, prometer ao cliente algo que não possa ser cumprido e achar que tudo isto é uma conduta normal (GOLDE, 2009).

O profissional, empregado ou não, precisa ter uma norma de conduta ética a ser seguida. Este é um valor importantíssimo para o vínculo com os clientes e buscar sua lealdade, pois ajustam seu desempenho aos princípios morais da conduta humanas geralmente aceitas pela sociedade e por ele mesmo. Fácil de imaginar que ela tem um peso significativo em seu desempenho frente aos clientes (MOTTA, 2008).

Felizmente, as organizações concluíram que hoje, a sua credibilidade é conquistada apenas com uma prática efetiva de valores éticos no respeito ao consumidor, meio ambiente, comunidade e uma transparência de relações nos seus mais diversos públicos (LODI, 2000).

 5 A ÉTICA NO MUNDO GLOBALIZADO

  Contemporaneamente, o mundo assiste uma nova revolução tecnológica que não apenas incrementou a produtividade econômica, provocou alterações nos mecanismos de hegemonia política e cultural nas sociedades, como também rompeu os limites, até então estabelecidos, entre o real e a fantasia. A cada dia os cientistas anunciam novas façanhas que pasmam o grande público. As mídias simplificam as análises e a imaginação de espectadores é alçada a vôos mirabolantes de toda ordem (STIGLITZ, 2003).

 Para Daineze (2010, p. 55)

  A ética justa global é uma ética assente na defesa do humanismo, mas um humanismo vivo, dinâmico, que reconhece o estado de ignorância do ser humano em relação a si próprio e a atualidade do mandamento socrático. É um humanismo que não exclui os outros seres vivos.

  Ao longo dos tempos tem preponderado o sentimento de que devemos cuidar dos “nossos” em detrimento dos “outros”, ou seja, cada um de nós cidadão do mundo, preocupamo-nos mais em ajudar quem está próximo do que quem está longe, independentemente de aquele que está longe necessitar muito mais do que aquele que está próximo (parente, vizinho, pessoa da mesma raça, pessoa do mesmo país, etc) (GOLDE, 2009).

A ética Universal, a ética da Globalização, deve ser uma ética das virtudes – ser livre, no sentido da compreensão de si, ser verdadeiro e justo, ser tolerante e sensato ; deve ser uma ética dos deveres – o dever para consigo próprio, com a família, os amigos e a humanidade, o dever de cumprir com os compromissos livremente assumidos; deve ser uma ética dos afetos – tratamento preferencial para com os seus familiares e amigos, embora o fim seja estender esse tratamento a toda a Humanidade (DAINEZE, 2010).

Deve ser uma ética de valores universais: liberdade, igualdade, solidariedade justiça, verdade e razão. Deve compreender e aceitar a parcialidade dos afetos fraternais, familiares e amigáveis, comuns a todas as culturas . Apesar de glorificar a razão – seguindo Kant – não deve excluir as emoções. Podemos dizer que a partir das descobertas científicas sobre o cérebro humano, nomeadamente sobre a relação entre o sentir, as emoções e a razão (ver António Damásio) não se trata já de “controlar as emoções e glorificar a razão” , mas de “compreender as emoções como base das boas razões” (MOTTA, 2008).

A compreensão das emoções reforça as emoções positivas, ajuda a controlar as negativas e permite juízos e decisões mais sensatos. A ética Universal de um mundo globalizado (a ética da aldeia global) tem de considerar tanto os deveres como os direitos individuais e defender que o individualismo não só é compatível como pressupõe o altruísmo. Deve rejeitar o egoísmo psicológico , o egoísmo ético e o relativismo cultural (LEISINGER, 2011).

A ética está presente na condição humana, mesmo nas sociedades mais primitivas, há a ética, mesmo que em forma. Ela é teórica, nela se buscam a justificativa dos costumes da sociedade, assim como subsidiar seus conflitos mais comuns. Os paradigmas éticos estão livres de serem influenciados pelos que os criaram? Foi visto que a sociedade pode transformá-la, e isto poderia mudar a visão do que é considerado ético, do que seria correto (ARRUDA, 2002). 

Nos tempos modernos, como já foi dito, a ética tem sido tema recorrente, tanto pela sua presença, quanto pela sua falta, quer se relacionado às ciências, aos estudos, medicina, política, relacionamentos e em praticamente todas as relações e ações do homem. Ela tem sido o diferencial, o que se busca, mas o que muitas vezes se é esquecido pelo ser humano, mostrando os mais recônditos sentimentos e anseios do “lobo” hobbesiano (SROUR, 2003).

Contínuos desafios éticos nos são postos na atualidade. Hoje o pensamento ético é caracterizado por um grande e crescente interesse na solução de problemas de ordem individual e coletiva que tem afligido a humanidade. Dentre os temas podemos citar a poluição do mar, do ar, a destruição da camada de ozônio em benefício de alguns para o crescimento econômico (GOLDE, 2009).

 6 A ÉTICA E AS EMPRESAS ATUALMENTE

  Empresas são formadas por pessoas e só existem por causa delas. Por trás de qualquer decisão, de qualquer erro ou imprudência estão seres de carne e osso. E são eles que vão viver as glórias ou o fracasso da organização. Por isso, quando se fala de empresa ética, lembra-se de pessoas éticas. Uma política interna mal definida por um funcionário de qualquer nível pode atingir dois dos maiores patrimônios de uma empresa: a marca e a imagem. Alguns exemplos de condutas antiéticas:

- A empresa diz não ter preconceito, mas não possui nenhum trabalhador negro;

- Suborno indireto: os compradores negociam corretamente, mas aceitam vantagens políticas e às vezes até sexuais de seus fornecedores;

- comprador se envolve com o fornecedor e acaba favorecendo-o mesmo sem a intenção de fazê-lo;

- Comprador para fornecedor: ou aceita o preço ou o concorrente recebe. Este procedimento acaba liquidando os pequenos;

- A empresa ter informantes em Brasília;

 - A contratação de pessoal do concorrente para obter informações;

- Subfaturar o produto: o concorrente A pesquisa o mercado e estima que o valor justo para um determinado produto é X, computando entre outros itens o seu custo, mão-de-obra e suas vantagens. No entanto, o concorrente B fatura o mesmo produto pela metade do preço e paga o restante por fora;

- Dois concorrentes combinam abaixar o preço de um produto para liquidar um terceiro;

- Violar o meio ambiente;

- A empresa que opta por uma publicidade enganosa, abusiva ou escandalosa, uma vez que ela tem responsabilidade nesta escolha e não só a agência;

- Vender sonho ao invés de produto: propaganda de um sabão que vende o sonho de uma viagem para a Europa, por exemplo, e não o produto.

Muitas organizações procuram, hoje, criar seu código de ética. Essa tendência, que à primeira vista pode se assemelhar a um modismo, parece estar entranhando o tecido social e a comunidade empresarial de forma mais profunda que um passageiro entusiasmo dos profissionais de recursos humanos, relações públicas ou auditoria.

Este código pode abranger vários parâmetros que poderão servir de instrumentos para nortear a conduta moral dos stakeholders, tais como:

a) importância de um programa de ética;

b) liderança ética;

c)elaboração do código de ética;

 d) educação para a ética;

e) comunicação ética;

f) auditoria ética;

g) ética na seleção, na avaliação e na recompensa.

As empresas têm motivos de sobra para atuarem de maneira ética interna externamente. Está provado que práticas cidadãs podem ser um diferencial competitivo. Se a empresa, como espaço social, produz e reproduz esses valores, ela se torna importante em qualquer processo de mudança de perspectiva das pessoas; tanto das que nela convivem e participam quanto daquelas com as quais essas pessoas se relacionam. Assim, quanto mais empresas tenham preocupações éticas mais a sociedade na qual essas empresas estejam inseridas tenderão a melhorar no sentido de constituir um espaço agradável onde as pessoas vivam realizadas, seguras e felizes.

Quando se fala em ética empresarial, também há esse senso coletivo, onde se buscam criar referências, boas práticas e engajamento na interação corporativa com seus públicos. Nesse sentido, a ética empresarial é a pura expressão do sentimento social. Quando se exige da empresa uma atitude ética em relação ao meio ambiente, é uma demanda social. Isto é um exemplo de como as novas derivações estão tornando a ética nas empresas cada vez mais complexa.

Por esta razão, a ética empresarial é compreendida pela transparência e o desenvolvimento de seu modelo de governança corporativa. Internamente, suas lideranças devem gerir a ética como processo, inclusive em suas decisões estratégicas, mantendo a coerência entre discurso e prática. No ambiente externo, a avaliação cabe a seus stakeholders, que devem estar convencidos disto, para que os ganhos sejam compartilhados.

Hoje, a ética empresarial precisa ser percebida como geradora de diferenciais nos negócios, valorizando a marca, a imagem e ampliando a credibilidade. A empresa ética é admirada e preferida por consumidores, bons profissionais e investidores. Os resultados fluem mais facilmente.

Por sua natureza, o espaço corporativo é formador de opiniões e conhecimento. Ter a ética disseminada numa empresa é abrir oportunidades para que as ações ultrapassem seus limites, multiplicando uma configuração de negócios, que é requisito para o sucesso em nossos dias.

 7 PRODUTIVIDADE E ÉTICA

  A ética pertence ao caráter e está relacionada ao bom viver humano, ao bom relacionamento humano, ao comportamento interpessoal, à melhor forma de conviver com as pessoas, uma atitude de dentro para fora do ser humano, ao passo que a moral é regida por normas e leis e caracteriza, portanto, uma atitude de fora para dentro.

Isto posto, a ética tem grande importância na vida profissional, pois está diretamente relacionada ao nosso comportamento e nosso relacionamento com as pessoas, visando o melhor convívio. Nas empresas burocráticas, como já discutimos, esta convivência é complexa pois o que se relaciona são cargos e funções, e não pessoas, e as decisões são autoritárias, nas mãos de um chefe, não existindo a autonomia. Porém, nas empresas cujo modelo de relacionamento é contemporâneo, ou seja, primam pelo bom convívio, pelo bom relacionamento, pela inovação, pela autonomia, onde o líder é, além de um facilitador, um educador, a ética passa a ser relevante, pois não há como pensarmos em uma empresa que visa o bom relacionamento contar com pessoas anti-éticas, cujos pensamentos não são virtuosos (bondade, gentileza, domínio próprio, temperança, paciência, amizade, entre outros) e sim viciosos (vulgaridade, libertinagem, orgulho, zombaria, vaidade, inveja, entre outros vícios).

Apesar de universal, a ética não é um padrão fixo de comportamento. O que é considerado certo para uns pode não o ser para outros. Por isso, é muito importante saber as diretrizes que norteiam a atuação da empresa e os valores que ela defende: eles, na medida do possível, devem ser os seus também. O exercício profissional, desde as pequenas atitudes diárias às grandes decisões, deve ser orientado pela ética. E isso, aliado a um bom desempenho, é um indício de uma carreira produtiva e bem-sucedida. Como podemos identificar:

- Procure ser sempre honesto. Pensar em ética no trabalho é pensar, antes de tudo, em honestidade.

- Nunca faça algo que não possa ser assumido em público.

- Esteja aberto a críticas e opiniões e, quando solicitado, procure opinar sem julgamentos precipitados ou ideias preconcebidas.

- Seja pontual e assíduo. Isso gera credibilidade, algo extremamente difícil de se recuperar quando se perde.

- Esteja sempre atento à produtividade. Não adianta ser pontual e não produzir o necessário.

Seja transparente. Evite fofocas e críticas feitas “por trás”: estas dificilmente são construtivas.

Segundo Chauí (1999), para que exista uma conduta ética é preciso que haja um agente consciente, ou seja, o indivíduo com capacidade de discernir entre o bem e o mal, entre o certo e o errado, o permitido e proibido, a virtude e o vício. A percepção dessas diferenças se dá através da consciência moral, pois por meio dela o individuo é capaz de julgar o valor dos atos e das condutas e agir em conformidade com os valores morais, tornando-se responsável por suas ações, por seus sentimentos e assumindo as consequências daquilo que sente e faz. Na consecução de uma vida ética a consciência e a responsabilidade se tornam indispensáveis.

Ainda de acordo com a autora, a manifestação da consciência moral se dá pela capacidade que tem o indivíduo de tomar decisões diante de alternativas que se apresentam como possíveis. Ao realizar a escolha, o indivíduo avalia suas motivações e suas exigências para tomar esta ou aquela decisão e assume para si toda a responsabilidade que aquela decisão implica, bem como arca com os meios que utilizou para alcançar seus fins. Entra em cena então a vontade, que é o poder deliberativo do agente moral. É imperativo para a realização da vontade o aspecto da liberdade, que assegura que a ação não está submetida a um outro indivíduo e nem ao sabor dos instintos e das paixões. É necessário ter o poder sobre eles.

O desejado neste momento de fundamentação teórica, é essencialmente captar as razões através das quais a discussão sobre ética na área de administração e negócios vem à tona. Como já abordado, esse não é um “fenômeno” exclusivo das empresas. A incapacidade de o modelo de produção capitalista dar respostas às contradições por ele criadas está no cerne de toda discussão.

Decorrente disso caberá apresentar argumentos que demonstrem a necessidade de resgatar as subjetividades dos indivíduos no interior das organizações. Outro aspecto, não menos interessante no que se refere às empresas, está na associação que é realizada entre a ética e a responsabilidade social das mesmas, que perpassam desde a criação de códigos de conduta até a preocupação com o meio ambiente. Nomenclaturas e definições, muitas vezes generalizadas, podem causar utilizações indevidas e pouco esclarecedoras a respeito do que efetivamente se quer tratar (RAMOS, 2013).

De acordo com os apontamentos de Morgan (2013), é possível analisar as organizações e sua influência na vida dos indivíduos (empregados ou não) de diversas formas. O autor argumenta que as organizações podem ser vistas como: máquinas, organismos, cérebros, culturas, sistemas políticos, prisões psíquicas, fluxo e transformação ou como instrumento de dominação. Estes pontos de vista não são excludentes, pelo contrário, coexistem. De acordo com o autor, o conceito de organização é originário do grego. Organon na língua grega significa uma ferramenta ou um instrumento.

A ética na administração tem sido discutida com mais ênfase em virtude da reflexão sobre as situações relacionadas com o negócio das empresas.

Na escala de valores que começa a se disseminar, contratar um parente incompetente ou discriminar um colega por razões raciais, de aparência ou escolaridade são comportamentos equiparados ao uso da propaganda enganosa, à poluição ambiental, à espionagem industrial ou ao suborno para levar vantagem numa negociação. A forma como a empresa vende seus produtos, relaciona-se com o governo ou enfrenta a concorrência define a conduta da empresa.

Como exemplos de condutas antiéticas praticadas em algumas empresas, tem-se: a contratação de pessoal do concorrente para obter informações; subfaturar o produto pagando o restante por fora para diminuir os encargos; a empresa que investe em filantropia e adota uma política de baixos salários para seus empregados.

Segundo Srour (203, p.13) “o grande desafio consiste em saber como coibir atos que só beneficiam interesses restritos, para não dizer egoístas”. Mas o quê, então, estuda a ética? Pode-se dizer que envolve os fenômenos morais e, de uma maneira mais profunda, as morais históricas, os códigos de normas que regulam as relações e as condutas dos agentes sociais e também os discursos normativos que identificam, em cada coletividade, o que é certo ou não fazer.

O pensar ético também gira em torno de duas questões fundamentais: o que é o bem, o que é o mal; que são coisas aceitáveis ou não. Com isso pode-se perceber que a reflexão ética deve partir sempre de um saber espontâneo, de maneira que todo homem deve entender que há ações que devem ser praticadas e outras não. Dessa forma, observa-se que a ética estabelece padrões sobre o que é bom ou mau na conduta humana e na tomada de decisões, tanto no plano pessoal, quanto sob a ótica organizacional.

Outro aspecto importante abordado por Andrade (2004, p.19), o qual faz uma reflexão sobre dois componentes que afetam a forma de agir das pessoas: o domínio da legislação, que contém os princípios éticos estabelecidos por lei, e o domínio da livre escolha, ou seja, a condição social de todo ser livre, de fazer suas escolhas e de agir de maneira que melhor lhe convier, em cada situação de sua vida pessoal e profissional. Segundo Andrade, “entre ambos, encontra-se o campo da ética, o qual leva a que, a partir dos dois extremos, cada indivíduo defina seus padrões éticos, considerando suas questões individuais, porém levando também em conta as inferências que a sociedade e a legislação imprimem-lhe em suas escolhas pessoais”.

Em conformidade com este raciocínio, percebe-se que a convivência social, feita de cooperação necessária e de entendimento, fica da mesma forma sujeita à falta de escrúpulos e aos conflitos de interesse, de modo que a mútua vigilância faz-se indispensável para que interesses pessoais não se sobressaiam aos interesses coletivos.

Ainda segundo Srour (2003, p.50), “as decisões empresariais não são inócuas, anódinas ou isentas de consequências: carregam um enorme poder de irradiação pelos efeitos que provocam”. Nas práticas organizacionais, afetam os agentes que participam das ações relacionadas com a gestão da empresa. Na frente interna, têm-se os trabalhadores, gestores e proprietários (acionistas ou quotistas). Já na frente externa, têm-se clientes, fornecedores, prestadores de serviços, agentes governamentais, instituições financeiras, concorrentes, mídia, comunidade local e entidades da sociedade civil. Todos eles acabam sofrendo efeitos que variam de acordo com a grandeza dos interesses entre os partícipes.

Agora o século XXI será marcado pelo aceleramento progressivo de duas grandes cadeias de acontecimentos na história das idéias. Uma delas ocorreu no início da década de 90 a partir da revolução dos processos de comunicação, os quais têm transformado o planeta numa pequena aldeia, oferecendo assim a possibilidade de aprimoramento da capacidade intelectual dos indivíduos. A outra cadeia surgiu com a liberação das energias atômicas e do início das explorações espaciais, que tornam a humanidade capaz de executar sua própria extinção e, ao mesmo tempo, apresenta a inferioridade do homem diante dos infinitos desafios deste futuro incerto.

De acordo com Gouvêa (2002:09), “todos aqueles que entendem a intensidade e a importância das transformações da humanidade também compreendem, cheios de ansiedade, que é necessário que pensemos acerca de todas as implicações éticas, políticas, socioculturais, filosóficas e religiosas que tais transformações acarretam”.

Com essa citação pode-se refletir a respeito da forma como as pessoas deverão se comportar para levar adiante suas vidas, sem se esquecer da importância dos relacionamentos, para assim manter ou reconstruir sua existência dentro da sociedade.

 CONSIDERAÇÕES FINAIS

 Com a abordagem deste artigo pode-se constatar que uma das palavras-chave da reflexão ética é a palavra responsabilidade, ou seja, o dever de responder pelas consequências dos seus atos. Muitos podem imaginar que é difícil pensar em consequências de médio ou longo prazo quando falta tempo para tudo e a velocidade dos acontecimentos parece tirar toda possibilidade de uma reflexão mais criteriosa.

Porém os mais ocupados são os possuidores de maior tempo!

Mas em todas as grandes decisões que se toma está em jogo uma escolha fundamental em relação à identidade humana de cada um. Com isso, nada é definitivamente seguro e a reflexão ética passa a ser um desafio constante, pois o esforço de construir vínculos verdadeiros é diário. Se for seduzido pelo brilho do jogo competitivo, pode-se esquecer que o outro nome do progresso e do conhecimento individual e coletivo é solidariedade, que seria o sentimento humano básico.

Dessa forma, a ética deve estar de acordo com os limites que a pessoa se impõe na busca de sua ambição. Deve ser tudo o que ela não quer fazer na luta para conseguir realizar seus objetivos, ou seja, não subtrair, tendo em vista seus valores e sua conduta.

Este aspecto transforma-se num problema no mundo empresarial quando o gestor decide sua ambição antes de sua ética, quando o correto seria o contrário. Dependendo da ambição, torna-se difícil impor uma ética que frustrará seus objetivos. Porém quando se percebe que não conseguirá alcançar tais objetivos, a tendência é alterar os planos de ação.

À guisa de síntese, a solução para os conflitos não reside na guerra, mas sim na tolerância; ninguém sabe qual mundo é o melhor, por mais convicto que esteja. Para praticar a ética dentro da organização torna-se necessário questionar mais as teorias administrativas, para assim aprimorar o próprio senso de observação, reavaliando de tempos em tempos as premissas, na busca de ações embasadas na ética e cidadania para o sucesso das empresas. 

REFERÊNCIAS

 ANDRADE, R.; ALYRIO, R.; MACEDO, M. Princípios de Negociação:

Ferramentas de Gestão. São Paulo: Atlas, 2004.  

 ARRUDA, M.C.C. Código de Ética: um instrumento que adiciona valor. São Paulo: Negócio Editora, 2002.

 CHAUÍ, Marilena. Comentários. Subjetividades contemporâneas. São Paulo, ano 1, n.1, p. 18-25, 2009.

 DAINEZE, Marina do Amaral. Códigos de Ética Empresarial e as Relações da Organização com seus Públicos. 2010.

 GOLDE, R. A. Planejamento prático para pequenas empresas. In: Coleção Harvard de Administração. Vol.9,p.7-34. São Paulo: Nova Cultural, 2009.

 LEISINGER, Klaus M. et. al. Ética empresarial: responsabilidade global e gerenciamento moderno. Tradução Carlos Almeida Pereira. Petrópolis: Vozes, 2011.

 LODI, João B. Governança corporativa. Rio de Janeiro: Campus, 2000.

 MORGAN, Gareth. Imagens da organização. Tradução de Cecília Whitaker Bergamini, Roberto Coda. São Paulo: Atlas, 2013.

 MOTTA NS. Ética e vida profissional. Rio de Janeiro: Âmbito Cultural; 2008.

 RAMOS, Alberto Guerreiro. A nova ciência das organizações: uma reconceituação da riqueza das organizações. Tradução de Mary Cardoso. 2. ed. Rio de Janeiro: Editora da Fundação Getúlio Vargas, 2013.

 SROUR, R. Ética Empresarial – A Gestão da Reputação. Rio de Janeiro: Campus,

2003.

STIGLITZ, Joseph E. Globalização, A grande Desilusão, Editora Terramar, Lisboa. 2003.

 VÁZQUEZ, A. Ética. 23ª ed. Rio de janeiro: Civilização Brasileira, 2002.

Quais as consequências da falta de ética profissional em uma organização?

Como já destacamos em alguns trechos deste artigo, a falta de ética pode prejudicar o clima organizacional e a harmonia entre os colaboradores, além de reduzir a produtividade e a eficiência. Ou seja, tanto a organização quanto seus funcionários individualmente saem perdendo.

Quais são as consequências da falta de ética?

A falta de ética mais prejudica a quem tem menos poder (menos poder econômico, menos poder cultural, menos poder político). A transgressão aos princípios éticos acontece sempre que há desigualdade e injustiças na forma de exercer o poder. Isso acentua ainda mais a desigualdade e a injustiça.

Quais as principais implicações da falta de ética empresarial para as empresas?

Ela é vista pelos clientes como uma empresa séria e que tem responsabilidade. As organizações que desrespeitam seus consumidores, fazem propagandas enganosas ou ofertas falsas — principalmente, com o intuito de ganhar dinheiro mais rapidamente — são condenadas ao fracasso.

Qual a importância de ética no trabalho e quais os malefícios da falta de moral?

Condutas éticas geram reflexos positivos, tanto para a organização quanto para seus empregados, na medida em que aumentam a produtividade, estimulam a harmonia no ambiente de trabalho e ajudam no desenvolvimento profissional dos que o compõem.