Nesta disciplina, você já compreendeu que a história da educação de surdos está ligada a três principais abordagens de ensino: Oralismo, Comunicação Total e Bilinguismo. Nesta webaula, detalharemos cada uma dessas abordagens, pois é importante que haja clareza no delineamento da prática pedagógica. Show
OralismoFundamenta-se no ensino da fala oral, no treino da leitura orofacial (ou leitura labial) e no uso de Aparelho de Amplificação Sonora Individual
(AASI) ou do Implante Coclear (IC). A visão inscrita nesse contexto social oralista reproduz e naturaliza expressões como: “deficiente auditivo (DA)” “tratar a deficiência auditiva” “reabilitar o deficiente auditivo ou paciente”
O que defendem os oralistas? Além da proibição do uso de sinais, Poker (2008) afirma que os oralistas acreditam que seja importante respeitar as seguintes orientações: 1. Intervenção precoce do tratamento fonoaudiológico. 2. Esforço e dedicação de tempo da família para estimular a criança surda, conforme orientações dos profissionais. 3. Trabalho articulado entre a família e os profissionais envolvidos
com a educação da criança surda, tais como o fonoaudiólogo, o professor etc. 4 . Uso do AASI ou do implante coclear. Durante o treinamento auditivo a criança surda é estimulada a
aprender a ouvir, visto que, diante de uma perda auditiva, ela não realizou esse aprendizado de forma natural, tal como ocorre com seus pares ouvintes. memória auditiva (e sequencial) e evocação Leitura orofacial (LOF)O conceito de leitura orofacial é mais amplo que o de leitura labial, cuja representação está associada a uma atenção dedicada apenas à
articulação dos lábios. A LOF entende que a leitura dos lábios é uma das habilidades comunicativas que o surdo deve apresentar, mas que as expressões faciais, tais como o olhar e o movimento da cabeça, são fundamentais para se conseguir interpretar adequadamente entonações e sentidos contidos na mensagem verbalizada, como ironia e sarcasmo (KOZLOWSKI, 1997). O oralismo é, portanto, uma abordagem educacional com base no ensino da fala oral e no aproveitamento do resíduo
auditivo dos surdos, por meio do AASI ou do implante coclear. Pessoas com perda auditiva leve ou moderada tendem a apresentar ótimos resultados na aquisição da língua oral sob os pressupostos oralistas. Entretanto, o êxito é menor entre aqueles com perda auditiva mais grave. Assim, é preciso ter cautela e não generalizar os resultados da abordagem oralista. Comunicação TotalSegundo Ciccone (1990), reconhecendo a insuficiência e a rigidez do Oralismo no atendimento às necessidades da criança surda, surgiu na década de 1960 a Comunicação Total. Conforme Paccini (2007), a Comunicação Total foi considerada no Brasil não apenas uma metodologia, mas, sobretudo, uma filosofia educacional, apoiada em: • língua falada oralmente • alfabeto manual • sinais • imagens • apontamentos • língua escrita A
Comunicação Total não visava ao desenvolvimento linguístico, mas, sim, à comunicação, à interação, ao desenvolvimento afetivo e cognitivo do surdo (CICCONE, 1990). No entanto, a expressão da fala oral concomitante ao uso dos sinais produziu o que muitos denominaram “bimodalismo” ou “português sinalizado”. BimodalismoA prática da fala oral acompanhada de sinais desconsidera e desrespeita as especificidades da estrutura da língua de sinais, que não ocorre sob a mesma
organização da fala oral. Os sinais dentro dessa prática tornam-se um amontoado de palavras sem uma estrutura clara e bem definida, usados simplesmente de forma complementar para apoiar a oralidade e/ou a escrita. BilinguismoEm oposição à Comunicação Total, o Bilinguismo no Brasil defende o uso da Libras de forma autônoma, ou seja, respeitando o fato de que a estrutura linguística da Libras se organiza de forma diferente da língua portuguesa. A abordagem de
ensino bilíngue considera: Libras: Língua portuguesa (oral e escrita):
O bilinguismo envolve muito além da presença
de duas línguas no contexto educacional de aprendizes surdos, pois defende que o surdo é um sujeito bilíngue e bicultural, com especificidades linguísticas, culturais e identitárias. Nessa direção, apoia o contato e a comunicação precoce de crianças surdas com pares e adultos também surdos, com os quais podem compartilhar vivências e experiências visuais de mundo por meio da língua que lhes é natural: a Libras (QUADROS, 1997). LegislaçãoVamos agora compreender como a legislação vigente respalda a abordagem de ensino bilíngue. A Lei nº 10.436/2002 e o Decreto nº 5.626/2005 determinam a obrigatoriedade da disciplina de Libras em cursos de Educação Especial, Licenciatura e Fonoaudiologia (e como optativa nos demais cursos de graduação). O Plano Nacional de Educação, regulamentado pela Lei nº 13.005/2014, estabeleceu como meta uma educação bilíngue para surdos promovida por professores de Libras (prioritariamente surdos) e professores bilíngues (que ministram as demais disciplinas curriculares em Libras e na modalidade escrita da língua portuguesa).
Antes de finalizar esta webaula, deve ficar claro que, ao realizar a escolha lexical
entre “deficiente auditivo” e “surdo”, você está implicitamente se posicionando entre uma ou outra abordagem de ensino. Geralmente, os sujeitos educados dentro da abordagem oralista identificam-se com a expressão "deficiente auditivo", enquanto aqueles que cresceram sob a influência da língua de sinais costumam se reconhecer como "surdos". Na dúvida, lembre-se de que os surdos, usuários da Libras, em sua grande maioria, preferem ser chamados de surdos, e não de deficientes. Quais são as principais abordagens de ensino na educação dos surdos?Os métodos de ensino dividem-se em três abordagens principais que produziram muitas formas de se trabalhar com o aluno surdo. São elas: Oralismo, Comunicação Total e Bilinguismo.
O que é Oralismo e Bilinguismo?O Oralismo, a Comunicação total e o Bilinguismo são as abordagens de ensino que mais influenciaram e ainda influência a concepção sobre o sujeito surdo, a língua de sinais e a cultura surda. Na abordagem oralista o foco era fazer os estudantes a oralizar, tornando-os parecidos com os ouvintes.
Quais as duas principais filosofias educacionais existentes em relação aos surdos?O Oralismo, Comunicação Total e Bilinguismo são as filosofias educacionais Page 2 que marcaram épocas e com as suas análises críticas serviram para atender, respeitar e aceitar as limitações e necessidades do portador da surdez.
Qual era o principal objetivo da abordagem educacional Oralista?O principal objetivo da metodologia Oralista é desenvolver a fala do surdo, pois para os defensores deste método, a língua falada era considerada essencial para a comunicação e desenvolvimento integral das crianças surdas.
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