Quais são os principais desafios enfrentados atualmente pelas mulheres no mercado de trabalho pesquise?


Um relatório do Fórum Econômico Mundial (de 2019) mostra que, se continuarmos na evolução das pautas relativas à participação da mulher no mercado de trabalho como estamos hoje, a igualdade de gênero só se dará no ano 2276.

A importância da mulher no mercado de trabalho

A presença de mulheres no mercado de trabalho tem benefícios que vão desde os sociais até os financeiros. 

Quando se trata de benefícios sociais, podemos citar principalmente o fato de que, historicamente, a mulher foi muito prejudicada em decorrência de diversos preconceitos e exclusões. 

Na década de 1950, por exemplo, ocupavam uma taxa de apenas 14% no mercado de trabalho e, apesar de evidentes avanços, uma pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) demonstrou que as mulheres ainda recebem salários menores do que os homens, ainda que nos mesmos cargos ocupados. 

Por isso esse primeiro ponto é um dos benefícios da maior inserção da mulher no mercado de trabalho: pois permite que, com o tempo, os preconceitos se desconstruam e haja uma melhora na qualidade de vida dessas mulheres também. Saiba mais sobre o preconceito nas empresas em nosso estudo Demitindo Preconceitos.

Já no que se refere aos benefícios financeiros, existem dados muito positivos sobre a presença feminina nas empresas e também, mais especificamente, em cargos de liderança. 

Um levantamento feito pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) demonstrou que dentre as 451 empresas entrevistadas, 71% relataram ter um aumento de 5% a 15% na sua lucratividade, tendo mulheres nos tipos de cargos citados.

Ou seja, os benefícios são inegáveis em diversas áreas e para que tenhamos cada vez mais avanços, é importante conhecermos e analisarmos alguns desafios enfrentados por elas.


Antes de listar os principais desafios da mulher no mercado de trabalho, quero deixar alguns artigos importantes para líderes de empresas:

  • Inclusão Racial nas empresas: como fazer?
  • O que é absenteísmo no trabalho: consequências e impactos na gestão de pessoas
  • Promovendo a diversidade e inclusão nas empresas?
  • Como fazer uma pesquisa de clima organizacional?
  • Verdades e mitos sobre a comunicação empresarial interna
  • Consultoria de RH: entenda porque esse serviço é fundamental

As mulheres têm um papel fundamental em diversos setores e é importante que temas como o que trouxemos hoje sejam abordados além do mês de março, por exemplo, quando é mundialmente celebrado o Dia da Mulher, para que possamos buscar progressos constantemente. 

Sendo assim, confira a seguir os principais desafios da mulher no mercado de trabalho

Fatores que dificultam a inserção feminina no mercado de trabalho

Ao contrário do que se pensa, o salário, apesar de determinante não é o único problema. Especialmente as mulheres executivas, se queixam da desigualdade competitiva, elas não acreditam ter as mesmas chances de promoção que homens, mesmo com o mesmo nível de qualificação.

A razão para isso? Confira abaixo as dificuldades e alguns caminhos para as mulheres na disputa por cargos de forma igualitária.

Diferença salarial

Essa é uma das principais questões que é preciso trabalhar quando existe a preocupação com a diversidade e a equidade de gênero nas organizações. Não é raro vermos uma empresa se posicionar como diversa por ter mulheres como maioria no quadro de funcionários. Mas elas são reconhecidas em termos de salário? Quais cargos elas ocupam?

Em praticamente todas as áreas, mulheres brancas com ensino superior ganham, em média, 60% do salário de homens brancos com ensino superior – mesmo que ocupem o mesmo cargo e desempenhem as mesmas funções. Para mulheres negras o gap é ainda maior: elas ganham, em média, 40% do salário dos homens brancos, ou seja, menos que a metade.

Falando de Brasil, no quesito de igualdade de salário, estamos na penúltima colocação das Américas. E de 142 países avaliados, ocupamos a 124ª posição.

Vale lembrar que a desigualdade de salários para uma mesma função é uma prática ilegal, mas, ainda assim, é realidade em muitas empresas.

Temos um outro artigo que fala mais sobre estes dados de desigualdade de gênero no mercado de trabalho.

Dupla jornada, maternidade e carreira

É uma questão social: historicamente são atribuídas às mulheres todas as obrigações com a casa e com os filhos. De acordo com o IBGE, as mulheres dedicam, em média, 21,3 horas por semana às atividades de casa, enquanto os homens gastam 10,9 horas, ou seja, quase a metade do tempo.

A pandemia agravou seriamente este cenário para as mulheres, fazendo com que boa parte chegue a pensar em deixar o trabalho, ao se verem tendo que cuidar das demandas profissionais, dos filhos (em casa, durante o isolamento social) e da casa.

Falando de maternidade, além do desafio de conciliar as funções, sabe-se que grande parte das mulheres que se tornam mães enfrentam um cenário desafiador ao voltarem da licença-maternidade. Um estudo da FGV aponta que metade das mães que trabalham são demitidas após dois anos da licença-maternidade, de acordo com esta matéria. A mesma matéria traz o dado de que, a cada dez mulheres, quatro não conseguem retornar ao mercado de trabalho após a licença-maternidade, seja por questões de mercado, ou questões culturais.

Síndrome da impostora

Você, mulher, que está lendo este texto: quantas vezes se sentiu 100% segura ao assumir uma nova função? O quanto você realmente acha que domina o tema com o qual trabalha?

A necessidade de ser aceita e de atender aos padrões impostos pela sociedade é algo que faz parte da vida das mulheres em todos os âmbitos, historicamente. A socialização diferenciada, a educação e os valores distintos contribuem fortemente para isso. É uma realidade que ultrapassa gerações e, no ambiente de trabalho, isso não seria diferente. Por isso, não é raro as mulheres, em geral, acharem que não estão fazendo o suficiente, não se sentirem preparadas para assumir determinadas responsabilidades, ou, pior: invalidarem suas trajetórias e suas realizações profissionais.

Este misto de sensações ganhou um nome: Síndrome da Impostora. Se refere à falta de autoestima para desempenhar uma função em espaços tradicionalmente masculinos, o que leva à necessidade de trabalhar mais e melhor para ter direito a este reconhecimento. Excesso de autocobrança, perfeccionismo, dificuldade de se posicionar, necessidade de aprovação e sobrecarga de trabalho são alguns dos sintomas que fazem, por exemplo, Jennifer López sentir que não é boa cantora – apesar de vender 70 milhões de discos.

Se quiser entender mais, esta matéria aprofunda no tema.

Assédio no ambiente de trabalho

Como se não bastassem os tópicos anteriores, as mulheres também enfrentam o assédio (de diversos tipos, mas com destaque para o moral e o sexual) no ambiente de trabalho, especialmente nas áreas da ciência, engenharia e medicina. 

E, mais um vez, a diferença é gritante: esta matéria mostra que 40% das mulheres dizem que já foram xingadas ou ouviram gritos no ambiente de trabalho, contra 13% dos homens. Ainda mais grave é que o assédio é, muitas vezes, naturalizado ou levado como “brincadeirinha” por parte de empresas essencialmente machistas.

Obstáculos enfrentados por mulheres negras no mercado de trabalho

Além de tudo o que já vimos aqui, na nossa sociedade, muitos preconceitos se “acumulam”, por isso, se além de mulher, a pessoa ainda for uma mulher negra, as dificuldades são ainda maiores. Aqui entra o importante conceito de interseccionalidade.

Exemplos disso são dados que já citamos aqui como os menores salários – ainda menores em relação a mulheres brancas – e menor presença em cargos de CEO. 

Além disso, existem obstáculos discriminatórios como: 

Menor inserção no mercado de trabalho

De acordo com dados Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC) de 2019, ou seja, em um cenário ainda anterior à pandemia, quase 50% das mulheres pretas no Brasil estavam fora do mercado de trabalho. 

Objetificação e machismo

Muitas pessoas – e muitos homens – ainda mantêm uma visão da era colonial e associam corpos de mulheres pretas ao prazer sexual, gerando objetificação,  “piadinhas” e ainda mais assédio. Em outro artigo, falamos mais sobre machismo no trabalho.

Descrédito

Alguns ainda descredibilizam pessoas pretas, suas falas e opiniões. Quando se tratam de mulheres pretas, o cenário é ainda mais intenso, o que torna o ambiente de trabalho muitas vezes ainda mais pesado, frustrante e desgastante.

A inserção da mulher no mercado de trabalho

Para que possamos compreender ainda melhor a atualidade e continuarmos avançando, é essencial que conheçamos também um pouco de como a mulher era inserida no mercado antigamente. 

Especialmente antes da década de 1940, as mulheres eram limitadas a trabalhar com tarefas domésticas e a cuidar dos filhos. Porém, com a industrialização e aumento da necessidade de produção, a mão de obra masculina não era mais suficiente e com isso, começou a inserção de mulheres no mercado de trabalho. 

No entanto, seus salários eram menores em relação aos dos homens e por esse menor custo, muitas indústrias começaram a contratar ainda mais mulheres para o trabalho. Percebendo o que ocorria, a partir da década de 1970, muitos movimentos feministas começaram a se manifestar no Brasil na busca por direitos e melhores condições de trabalho. 

De acordo com o IBGE, desde o ano de 1950 até 2018, a presença feminina no mercado de trabalho aumentou em cerca de 35%, o que é expressivo, mas ainda existem muitos espaços a serem conquistados e ocupados.

A evolução da mulher no mercado de trabalho

Já no início do século XX, os movimentos femininos começaram a se manifestar com maior vigor e nomes como Marie Curie e Simone de Beauvoir a se destacar.

Nos anos 20 do mesmo século, surgiram debates e formação de leis trabalhistas, tal como redução da jornada de trabalho. Inclusive desde aquela época, já existe no Brasil a lei que determina igualdade salarial independentemente do sexo – mesmo que, ainda hoje, nem sempre isso seja uma realidade. 

Na mesma época, as mulheres receberam o direito ao voto e em 1928 pela primeira vez na história do Brasil, uma mulher tomou posse de um cargo político, quando Alzira Soriano foi eleita prefeita da cidade de Lage – RN.

Entre a década de 30 e 70, o papel da mulher começa a se expandir a muitas áreas artísticas, como na música, cinema e em alguns programas de televisão. Ainda assim, haviam muitos estereótipos de uma mulher que tinha como função servir ao seu marido e cuidar de sua casa. Com isso, o corpo feminino começou a ser ainda mais sexualizado na época. Além disso, muitas mulheres viviam em realidades mais pobres cujos maridos não conseguiam sustentar por completo a casa ou, no caso de outros países, o marido podia até mesmo estar em guerra. Por isso, além das áreas artísticas, diversas mulheres começaram a recorrer a diversos tipos de trabalhos, como lavadeiras, cuidadoras de idosos, telefonistas, dentre outros. 

Houveram, então, pequenas aberturas para o reconhecimento da relevância feminina, com ênfase no setor econômico.

Principalmente depois da década de 70, houveram diversas evoluções no cenário de trabalho feminino e que continuaram ao longo do tempo, até mesmo pelo processo de industrialização citado anteriormente. 

Juntamente a tais movimentos, as mulheres começaram a ocupar alguns lugares além das indústrias, principalmente como professoras, costureiras e enfermeiras. Em alguns países, algumas mulheres tiveram que atuar até mesmo em batalhões militares.

A partir dos anos 2000, houve um crescimento econômico em todo o mundo e com isso, juntamente à persistência de movimentos feministas, mulheres do mundo inteiro, inclusive brasileiras, puderam ter cada vez mais espaço e influência sobre o mercado de trabalho. 

E ainda que reconheçamos que há muito o que ser feito e acelerado, é também importante que vejamos o que já foi conquistado, até mesmo para nos inspirar a continuar essa transformação.

O que vem sendo feito?

A criação de cotas para mulheres em cargos de comando é uma das iniciativas que vêm sendo discutidas e que podem amenizar a baixa equidade nas empresas.

A implantação do ESG (Ambiente, Social e Governança) em grandes empresas também pode ajudar a tornar a diversidade e, consequentemente, a equidade de gênero, uma questão prioritária. Isso pode representar um avanço importante para todos os grupos minorizados, uma vez que o ESG está totalmente relacionado ao investimento que grandes companhias farão em empresas que, comprovadamente, possuem, no mínimo, um plano para abordar estas questões.

Falar sobre equidade de gênero, ouvir as mulheres para entender como elas se sentem naquele ambiente, questionar as estruturas da sua empresa, repensar políticas, investir em lideranças diversas, combater vieses inconscientes, promover oportunidades e conhecer cases de sucesso em relação ao tema, são primeiros passos importantes para ter um ambiente mais inclusivo, diverso e que dê o devido suporte às mulheres.

Alguns dados importantes

Ao longo deste texto, trouxemos diversos dados sobre a presença das mulheres no mercado de trabalho. E, para facilitar a sua absorção, retomaremos alguns a seguir: 

  • Em um levantamento feito pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), 71% das empresas entrevistadas relataram ter um aumento de 5% a 15% na sua lucratividade tendo mulheres em cargos de liderança. 
  • O mesmo levantamento da OIT apontou que mulheres brancas recebem, em média, 60% do salário de homens brancos, enquanto mulheres negras recebem ainda menos: cerca de 40% em comparação aos salários de homens brancos.
  • Dentre as 50 maiores empresas brasileiras, apenas 11% dos cargos executivos são ocupados por mulheres. E no total, apenas 0,4% dos cargos executivos são ocupados por mulheres negras. (Fonte: Instituto Ethos)

Que tal aproveitar todo o conhecimento adquirido para repensar estas práticas na sua empresa?

Neste artigo falamos um pouco mais sobre como engajar a sua empresa com a equidade de gênero. E, se quiser entender mais, você também pode baixar gratuitamente o Guia da Equidade de Gênero da Santo Caos. Não deixe de conferir!

Quais os maiores desafios enfrentados pelas mulheres no mercado de trabalho?

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Quais são os desafios que as mulheres enfrentam na atualidade?

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Quais os principais desafios enfrentados atualmente para ingressar no mercado de trabalho?

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Quais são as principais barreiras que as mulheres enfrentam no mercado de trabalho para alcançar cargos de liderança?

Em sua visão, isso afeta inclusive o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional..
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