Quais serão as consequências das mudanças climáticas no Nordeste do Brasil?

Nesta apostila “Seca, desertificação e mudanças climáticas”, com foco no Nordeste brasileiro, escrita pelo meteorologista Humberto Alves Barbosa e pela jornalista e historiadora Catarina de Oliveira Buriti, abordamos os principais conceitos para entender a desertificação no país e a sua relação com as mudanças climáticas. São tratados, ainda, aspectos envolvendo 1) as principais causas do processo de deterioração das terras secas; 2) como a mudança climática e a seca aumentam a degradação das terras e afetam a capacidade de resiliência da Caatinga; 3) medidas de adaptação às secas e às mudanças climáticas para conter a desertificação; 4) a história do uso da terra, que levou à formação de núcleos de desertificação no Semiárido brasileiro, e as divergências na classificação dos municípios inseridos nesses núcleos; 5) mapeamento das áreas em processo de desertificação, a partir de dados de satélites; e 6) definição de áreas prioritárias para conservação da biodiversidade nas áreas suscetíveis à desertificação (ASD’s).

PDF disponível aqui
Destaques:
    • A desertificação é a degradação das terras nas zonas áridas, semiáridas e subúmidas secas, resultante de um conjunto de fatores naturais e antrópicos, que incluem as variações climáticas e as atividades humanas.
    • Toda a região do Semiárido brasileiro integra as áreas consideradas suscetíveis ao processo de desertificação.
    • Os estados do Ceará e de Pernambuco são os mais afetados pelo problema, sendo que a Paraíba, proporcionalmente, possui a maior extensão de área comprometida, alcançando mais de 70% do seu território.
    • A desertificação ocorre em razão da crescente deterioração dos recursos naturais em ecossistemas de terras secas, que culmina na degradação grave ou muito grave dos solos.
    • Desde os anos 1980, a região do Matopiba, confluência de territórios do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, passou a ser explorada para produção intensiva de grãos, principalmente milho e soja, com base na irrigação. Considerada a nova fronteira agrícola do Brasil, grande parte das terras de Matopiba é composta por áreas suscetíveis à desertificação.
    • Dentre as consequências das mudanças climáticas no Semiárido brasileiro estão a perda da biodiversidade, a deterioração dos solos, o aumento das áreas em processo de desertificação, a supressão da vegetação nativa e a escassez hídrica. 
    • Com as mudanças climáticas, o aumento das temperaturas e das secas recorrentes, a tendência é de maior degradação das terras, em torno do rio São Francisco.
    • O Brasil não conta, atualmente, com um projeto consistente de combate à desertificação, apesar da gravidade do problema, sobretudo frente ao processo de mudanças climáticas.
Saiba mais:

Livro
Um século de secas: por que as políticas hídricas não transformaram o semiárido brasileiro?” Por Catarina de Oliveira Buriti e Humberto Alves Barbosa, Editora Chiado
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
Perfil dos Municípios Brasileiros 2018 IBGE
BBC
Mortes por chuvas em 2022 já superam ano passado inteiro
Clima Sem Fake
Desmatamento do Cerrado, com Isabel Figueiredo
Apagão de chuvas, verão de torneiras secas, com Américo Sampaio
Crise hídrica ou o novo normal?, com Samuel Barrêto
Entenda a crise hídrica no Brasil, com Paulo Artaxo
Aulas
Mapbiomas Caatinga, por Washington Rocha
Matopiba e a crise hídrica, por Ludmilla Rattis
Rio São Francisco e as mudanças climáticas, por Francisco Assis
Água e o Nordeste, por Samuel Barrêto

Sobre os autores:

Humberto Alves Barbosa é fundador do Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis – https://lapismet.com.br/), Barbosa é professor da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), desenvolveu projeto de pós-doutorado na University of Bergen (Noruega), possui doutorado em Solo, Água e Ciências Ambientais/Sensoriamento Remoto pela University of Arizona (Estados Unidos), é mestre em Sensoriamento Remoto pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), e graduou-se em Meteorologia pela Universidade Federal de Campina Grande (UFCG). Participa como autor de relatórios do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), na área de degradação das terras e desertificação. Desde 2007, é responsável, no Brasil, pela implantação e operação do “Sistema EUMETCast”, uma tecnologia descentralizada de recepção de dados de satélites da Organização Europeia para a Exploração de Satélites Meteorológicos (EUMETSAT).

Catarina de Oliveira Buriti é jornalista e historiadora, possui doutorado em Recursos Naturais e mestrado em História. Divulgadora científica do Instituto Nacional do Semiárido (INSA/ MCTI), é cofundadora do Instituto Letras Ambientais (https://www.letrasambientais.org.br/), uma organização especializada em divulgar informações para inteligência climática e ambiental baseadas em dados de satélites.

Você também pode se interessar

Quais são as mudanças climáticas que ocorrem na região Nordeste?

Além da expansão da seca, o pesquisador frisou que o Nordeste deverá sofrer também com as alterações nos oceanos, cujos níveis vêm subindo devido ao aumento da temperatura do planeta. Isso ocorre não somente pelo derretimento das geleiras, mas também devido à expansão natural da água quando aquecida.

Quais são as consequências do aquecimento global para o Brasil e para o Nordeste?

Alguns impactos desse desequilíbrio climático já podem ser notados no Brasil. A região Sudeste e parte do Nordeste sofrem com chuvas intensas, que deixam mortos e desabrigados. No Sul, secas históricas causam desabastecimento de água em centenas de municípios.

Quais são os possíveis efeitos das mudanças climáticas no Brasil?

O vasto território e as paisagens diversificadas fazem do Brasil um cenário que pode ser afetado das mais diversas formas por esse fenômeno, seja com o aumento de eventos extremos, como secas e furacões, com a alteração de paisagens naturais, como a Amazônia e o Pantanal, ou com prejuízos para a agricultura.

Quais são as consequências causadas pelas mudanças climáticas?

As mudanças climáticas afetam a disponibilidade de água, tornando-a mais escassa em mais regiões. O aquecimento global agrava os períodos de seca em regiões onde a falta de água já é comum e leva a um risco maior de secas agrícolas, afetando plantações, e secas ecológicas, aumentando a vulnerabilidade dos ecossistemas.