Que país tinha o maior número de imigrantes?

Os Estados Unidos são o país que mais abriga imigrantes no mundo inteiro, com 44,4 milhões de pessoas de quase todas as outras nacionalidades, segundo um relatório divulgado nesta segunda-feira pelo Pew Research Center.

A população imigrante vem crescendo substancialmente desde 1965, quando os EUA abandonaram o velho sistema de cotas por nações, e se quadruplicou desde então. O número de 44,4 milhões corresponde a 2017 e representa quase 25% de todos os migrantes no mundo.

"Os imigrantes representam agora 13,6% da população americana, quase o triplo da proporção que havia em 1979", informou o relatório.

Leia também: Imigração ilegal causa mais de 50% das prisões de brasileiros nos EUA

"Mesmo assim, a proporção de imigrantes continua estando abaixo do recorde de 14,8% alcançado em 1890, quando havia 9,2 milhões de imigrantes no país", diz o estudo.

A maioria desses imigrantes está nos EUA de maneira legal e 45% deles tinha adquirido a cidadania americana até 2017. Naquele ano, aproximadamente 27% dos imigrantes eram residentes permanentes e 5% estavam no país com vistos temporários, enquanto quase 23% deles eram imigrantes ilegais.

Veja também

  • EUA: Câmara aprova lei que pode legalizar milhões de imigrantes
  • Imigrantes pagaram US$ 405 bilhões em impostos nos EUA em 2017
  • EUA: Número de imigrantes irregulares caiu 1 milhão em 7 anos 
  • Organizações denunciam o rentável negócio da crise migratória nos EUA

O relatório acrescentou que entre 1990 e 2007 o número de imigrantes ilegais quase triplicou, passando de 3,5 milhões para o número sem precedentes de 12,2 milhões. Depois essa população caiu em 1,7 milhões de pessoas até 2017.

"A diminuição da população imigrante sem documentos se deve, em grande parte, à redução no número de migrantes do México, que entre 2007 e 2017 foi reduzida em dois milhões de pessoas.

Um fenômeno peculiar entre os imigrantes nos Estados Unidos é que nem todos eles, embora sejam residentes legalizados há muitos anos, escolhem adquirir a cidadania americana, à qual têm direito depois de cinco anos de residência legal.

No ano fiscal de 2018, cerca de 800 mil imigrantes solicitaram a naturalização, e o número desses trâmites aumentou em anos recentes, embora os totais anuais sigam abaixo das 1,4 milhões de solicitações iniciadas em 2007.

Em 2017, os países mais representados na população imigrante dos EUA foram México, com 11,2 milhões de pessoas; China, com 2,9 milhões; Índia, com 2,6 milhões; Filipinas, com dois milhões; e El Salvador, com 1,4 milhão.

Atualmente, mais de um milhão de imigrantes chegam aos Estados Unidos a cada ano. Em 2017, os países que mais contribuíram para esse fluxo foram Índia, com 126 mil pessoas; México, com 124 mil; China, com 121 mil; e Cuba, com 41 mil.

Quanto ao que o relatório afirma como "raça e etnicidade", em quase todos os anos desde 2010 chegaram comparativamente mais asiáticos que hispânicos. E projeta-se que os asiáticos serão o maior grupo de imigrantes até 2055, superando os hispânicos. O Pew Research Center calcula que até 2065 os asiáticos representarão cerca de 38% da população imigrante.

A população nascida no exterior alcançará em 2065 a marca de 78 milhões de pessoas, segundo as projeções, e "os imigrantes e seus descendentes contabilizarão 88% do crescimento da população dos EUA" até o ano em questão.

Outro grupo dentro dos imigrantes são os refugiados, que desde 1980 contabilizaram três milhões de pessoas realocadas no país, um número maior que o aceito por qualquer outro.

No ano fiscal de 2018, os EUA aceitaram 7.878 refugiados da República Democrática do Congo (35% do total), 3.555 de Mianmar (16%), 2.365 da Ucrânia (12%) e 2.228 do Butão (10%).

Quanto à distribuição por estados, aproximadamente 45% dos 44,4 milhões de imigrantes do país vivem na Califórnia (24,8%), no Texas (11%) e em Nova York (10%), segundo o estudo.

  • Rafael Barifouse
  • Da BBC News Brasil em São Paulo

30 outubro 2021

Atualizado 31 outubro 2021

Que país tinha o maior número de imigrantes?

Crédito, Arquivo Pessoal

Legenda da foto,

A estudante Ana Scarpa se mudou para a Itália no ano passado

A estudante Ana Lais Scarpa estava um dia na fila do supermercado em Arzignano, cidade de 25 mil habitantes no norte da Itália, onde mora, quando ouviu algo familiar.

"Tinha uma mulher falando português. Esperei ela terminar e brinquei: 'Nossa, tem muito brasileiro por aqui, né?!' Isso já aconteceu várias vezes", conta ela.

  • A imigrante venezuelana que cantava debaixo de ponte na Espanha e foi descoberta por programa de TV

Ana se mudou para lá em setembro do ano passado, para trabalhar como babá e dar entrada no seu pedido de cidadania italiana — seu trisavô, no caminho inverso, emigrou da Itália para o Brasil no final do século 19.

A vontade de fazer isso bateu quando a pandemia começou. Ela decidiu que não queria mais em Belo Horizonte, onde estudava Nutrição na Universidade Federal de Minas Gerais.

O gosto por viajar e conhecer novas culturas se somou à falta de perspectiva.

"Ia me formar, ganhar pouco, sem muitas chances de crescer", diz a estudante de 22 anos, que hoje cursa Economia de forma gratuita, por ser italiana e ter uma renda baixa.

"O que me atraiu na Itália foi a possibilidade de estar aqui como cidadã, com todos os direitos. E aqui tem muita oportunidade e qualidade de vida. Tem problema também, mas não como o Brasil, onde a situação está ruim agora. Está tudo muito difícil, ainda mais para quem é jovem."

Em Arzignano, ela conheceu vários outros brasileiros que também trocaram o Brasil pela Itália.

"A maioria dos estrangeiros aqui são indianos, mas a gente brinca que os brasileiros estão quase superando os indianos", diz Ana.

A experiência dela se reflete nos números oficiais do governo brasileiro.

O levantamento mais recente do Itamaraty mostra que quase dobrou em dois anos o tamanho da comunidade brasileira na Itália, onde o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) participa no final de semana de uma reunião do G20.

Em 2018, 85,7 mil brasileiros viviam no país e, em 2020, eram 161 mil, um aumento de 88%.

Os números são uma estimativa do Ministério de Relações Exteriores que leva em conta os registros dos consulados brasileiros, dados de outros órgãos nacionais, como a Receita Federal, e informações de autoridades italianas.

Ou seja, na prática, os números podem ser ainda maiores.

Crise e pandemia

É verdade que esse fenômeno não se restringe à Itália. Muita gente se mudou do Brasil nesse período.

O número de brasileiros no exterior passou de 3,59 milhões para 4,22 milhões, quase 18% a mais. Em comparação com 2015, quando a tendência de alta começou, o aumento foi de 54% até 2020.

Mas a Itália foi um dos principais destinos dos recentes imigrantes brasileiros. Em 2018, o país tinha a 11ª maior comunidade brasileira no mundo. Em 2020, a 6ª.

Os relatos à reportagem de vários profissionais que trabalham ajudando brasileiros no processo de imigração também mostram isso.

  • Pandemia causa maior redução da expectativa de vida nos EUA e na Europa desde a 2ª Guerra

"Comecei a sentir esse aumento entre o final de 2018 e o início de 2019 e, em 2020, explodiu e ficou ainda mais forte neste ano", afirma Anna Katarina Vieira, advogada especializada em processos de cidadania.

Ela diz que a crise econômica que o Brasil atravessa é um dos motivos. Muitas pessoas perderam o emprego e decidiram tentar uma nova vida lá fora.

A pandemia e a restrição de entrada em muitos países imposta aos brasileiros também fizeram muita gente voltar a tocar o processo de cidadania para ter um passaporte alternativo para viajar.

"Mas a maioria dos meus clientes são pais que querem que os filhos tenham a oportunidade de estudar na Europa", conta.

A advogada Ana Paula Dias Marques, especializada em imigração, também percebeu uma maior procura pelos seus serviços.

"Acho que tem a ver com a pandemia e com a crise que o país atravessa. Quando a pessoa vê que a crise vai demorar a passar, que o Brasil vai levar um tempo para se recuperar, ela tenta começar uma vida em outro lugar", afirma.

Crédito, Getty Images

Legenda da foto,

Bolsonaro visitará a Itália nos próximos dias

Brasileiros vão morar na Itália para tirar cidadania

Uma vantagem da Itália é que a concessão de cidadania não tem um limite geracional, como por exemplo Portugal, que só permite isso para até os netos de portugueses.

Por esse motivo, e também porque houve uma grande imigração de italianos para o Brasil no passado, muitos brasileiros têm direito à cidadania italiana e, depois de conseguir isso, podem morar na Itália.

"Hoje, são aproximadamente 25 milhões de descendentes de italianos no Brasil", explica Marques.

O próprio Bolsonaro é descendente de italianos e deve, ao visitar cidades no país nos próximos dias, receber o título de cidadão honorário de Anguillara Veneta, berço de sua família.

Há três formas principais de um descendente brasileiro se tornar cidadão italiano. A primeira, por meio dos consulados no Brasil, onde a fila dos processos pode chegar a dez anos.

Ou entrar com uma ação na Justiça italiana, alegando que os consulados no Brasil não respeitam os prazos legais para a análise dos pedidos. A decisão costuma ser favorável e sai em média em dois a três anos.

Ou a opção mais rápida: ir morar na Itália e dar entrada no processo em uma Prefeitura local. Quanto menor a cidade, mais rapidamente o trâmite costuma ser. A espera leva geralmente de três a seis meses, mas pode ser ainda mais curta.

A ideia é prevenir que essas pessoas caiam em golpes, que estavam se tornando bastante frequentes, segundo o consulado.

'É uma pena que não viemos antes'

Crédito, Arquivo Pessoal

Legenda da foto,

Adriane e sua família queriam ter a experiência de viver no exterior

Muita gente volta para o Brasil ou se muda para outros países da Europa depois de conseguir a cidadania. Muitos também vão para se estabelecer na Itália.

Adriane Pignatti chegou, com o marido e as duas filhas adolescentes, em fevereiro do ano passado. Eles queriam ter a experiência de viver no exterior e dar às meninas a oportunidade de estudar em outro país.

Escolheram uma cidade bem pequena, a Tuscania, de pouco mais de 8 mil habitantes, na região central do país.

No final de julho, ela virou cidadã italiana — foi a primeira da sua família a fazer esse processo. Seus bisavós eram italianos.

Os planos eram inicialmente morar no norte do país, mas eles não puderam se mudar por causa das restrições impostas pelo governo para conter a pandemia.

Decidiram então se estabelecer em Viterbo, capital da mesma Província onde estavam e que fica a 1h30 de Roma. "Aqui tem muito brasileiro", diz ela.

Adriane era servidora pública e pediu uma licença não remunerada. Hoje, ela presta serviços para brasileiros que querem virar cidadãos italianos. Seu marido é chef de cozinha e dá aula de gastronomia.

Pouco mais de um ano e meio depois de se mudar, eles estão felizes com essa decisão.

"Aqui a gente ganha pouco, mas vive com dignidade. Parece que o dinheiro rende mais. O imposto é alto, mas a gente tem qualidade de vida, escolas boas de graça, serviços de saúde que não custam um absurdo como no Brasil", diz Adriane.

"É uma pena que a gente não veio antes."

Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!

Qual país com maior número de imigrantes?

É o caso dos Emirados Árabes Unidos, primeiro no ranking. Cerca de 88,4% dos habitantes do país vieram de outras partes do mundo. Isto é, de uma população total de 9,1 milhões, 8,09 milhões são estrangeiros.

Quais são os países com mais imigrantes?

Ou seja, nunca houve tanto brasileiro residindo no exterior do que atualmente..
Vamos aos números:.
1º) Estados Unidos. Os EUA são (de longe) o país com a maior concentração de brasileiros do mundo. ... .
2º) Portugal. ... .
3º) Paraguai. ... .
4º) Reino Unido. ... .
5º) Japão..