Qual foi a importância da expansão marítima para o processo a Europa

Quinta, 5 de Novembro de 2020

A expansão marítima europeia, ocorrida entre os séculos XV e XVII, foi essencial para tirar o Velho Continente da crise dos séculos XIV e XV. Além de ter sido um período profícuo para o desenvolvimento das atividades comerciais entre diferentes continentes (Europa, América, África e Ásia), também foi um momento histórico de construção de conhecimentos geográficos e contato com culturas distintas.

Ao longo deste artigo apresentaremos um panorama da expansão europeia realizada através das Grandes Navegações, apontando para as suas consequências na história. Esse é um conteúdo de grande relevância para o vestibular, então, fique ligado!

Fatores fundamentais para a Expansão Marítima Europeia

Historicamente, a expansão marítima europeia teve como pano de fundo a busca pelo aumento de possibilidades comerciais, podendo as Grandes Navegações serem chamadas de empreendimentos marítimos. Veja quais foram os fatores que contribuíram para o crescimento do alcance marítimo europeu.

Centralização política e Formação do Estado Nacional

Para que o empreendimento das Grandes Navegações se tornasse possível, foi essencial a centralização do poder político e a formação do Estado Nacional, pois somente assim se pode criar uma complexa estrutura de navios, navegadores, armas, entre outros itens. Somente com tal aparato os europeus puderam expandir seu alcance.

Aliança entre o rei e a burguesia

Recursos financeiros eram imprescindíveis para formar uma frota de navios preparados para os desafios dos oceanos, a aliança rei-burguesia foi fundamental.

Desenvolvimento técnico

As Grandes Navegações puderam se tornar realidade devido ao desenvolvimento técnico da área náutica, com destaque para o nascimento da cartografia, acúmulo de conhecimentos geográficos, criação de instrumentos, como a bússola e o astrolábio, assim como a construção de embarcações, como naus e caravelas, com capacidade de realizar viagens extremamente longas e desafiadoras.

Motivações econômicas

Um dos fatores predominantes para impulsionar a expansão marítima dos países europeus foi a motivação econômica. O Velho Continente precisava ampliar a sua capacidade de produção de alimentos (a população estava crescendo rapidamente), dar fim ao monopólio de cidades italianas no Mediterrâneo, encontrar fontes de metais preciosos para sanar a sua escassez, entre outras motivações.

Motivações religiosas

A Igreja Católica visava converter pagãos por meio de ação missionária, expandindo, assim, o alcance do cristianismo.

Expansão Marítima eEuropeia: o processo nas diferentes nações

Acompanhe como foi o processo de expansão marítima pelo viés das diferentes nações.

Expansão marítima de Portugal

Portugal contou com uma série de fatores favoráveis que contribuíram para seu sucesso na empreitada das Grandes Navegações. O país tinha um ambiente interno de paz, sua localização geográfica é estratégica para esse tipo de atividade e contava com uma burguesia mercantil fortalecida.

Além disso, Portugal tinha formado um Estado Nacional sólido, a centralização política, como mencionamos, era de grande relevância para desenvolver a estrutura necessária para a expansão marítima. A Dinastia de Borgonha (a partir de 1143) foi a primeira dinastia de Portugal e seu foco foi a expansão territorial interna.

O movimento político que entrou para a história como a Revolução de Avis, ocorrido entre os anos de 1383 e 1385, foi preponderante para a centralização política da nação ibérica. Basicamente, consistiu na aliança entre a burguesia mercantil portuguesa e D. João, o metre da Ordem de Avis. A expansão externa portuguesa tornou-se o foco da Dinastia de Avis.

Expansão marítima da Espanha

No ano de 1469, a Espanha tornou-se um Estado Nacional através do matrimônio entre Isabel de Castela e Fernando de Aragão. Em 1492, o navegador Cristóvão Colombo se pôs à disposição dos reis da Espanha. A ideia de Colombo era chegar ao Oriente navegando para Oeste, no entanto, acabou encontrando algo inesperado, a América.

No ano de 1504, Américo Vespúcio declara que a terra descoberta por Colombo era um continente até então desconhecido, ou seja, um Novo Mundo. Fernão de Magalhães foi responsável pela primeira viagem de circunavegação do globo, no período entre 1519 e 1522.

Portugal x Espanha

Havia intensa rivalidade entre as duas nações ibéricas por serem as que tinham melhores resultados em se tratando de expansão marítima. Visando evitar conflitos de grandes proporções, os dois países decidiram assinar um acordo, que foi proposto pelo Papa Alexandre VI, em 1493. Porém, inicialmente, Portugal não concordou com as proposições, assinando em 1494 o Tratado de Tordesilhas.

O documento dividia as terras recém-encontradas e as que ainda viriam a ser descobertas, as outras nações europeias não reconheceram o documento como oficial, pois também desejavam ter uma parte no Novo Mundo.

Expansão marítima de França, Inglaterra e Holanda

Essas três nações tiverem um processo de expansão marítima tardio, em decorrência do atraso da sua centralização política. Inglaterra e França estiveram em conflito na Guerra dos Cem Anos (1337-1453) e, após terem saído deste longo período belicoso, enfrentaram situações internas complicadas.

Os ingleses viveram uma guerra civil (Guerra das Duas Rosas, entre 1455 e 1485) enquanto os franceses passaram por lutas ao longo do reinado de Luís XI (1461 a 1483). As duas nações apenas começaram a sua expansão marítima após superar esses conflitos.

Por sua vez, a Holanda passou por um processo de centralização política tardio porque era um feudo espanhol. Quando a Espanha ficou enfraquecida, a nação holandesa aproveitou para conquistar sua independência e dar início às suas Grandes Navegações.

Consequências históricas da Expansão Marítima Europeia

A expansão marítima europeia teve grande importância por representar um grande salto na história da humanidade, que passou a contar com mais conhecimento a respeito da geografia do nosso planeta e com uma relação comercial unificada entre diferentes continentes.

A ampliação dos horizontes comerciais levou à decadência das cidades italianas que, até então, dominavam o mercado. O eixo econômico mundial se deslocou do mar Mediterrâneo para o Oceano Atlântico e o Sistema Colonial se formou. A Europa deu início a um processo intenso de retirada de metais preciosos da América, usando para isso mão de obra escrava.

Esse foi um período histórico regido pelo eurocentrismo (a hegemonia dos povos europeus) e pelo início da consolidação social do capitalismo através do acúmulo primitivo de capitais.

A expansão marítima europeia teve grande relevância para a configuração do mundo como conhecemos hoje e, por isso, é um tema que vale a pena pesquisar para saber mais a respeito.

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A expansão marítima europeia foi o período compreendido entre os séculos XV e XVIII quando alguns povos europeus partiram para explorar o oceano que os rodeava.

Estas viagens deram início ao processo da Revolução Comercial, ao encontro de culturas diferentes e da exploração do novo mundo, possibilitando a interligação dos continentes.

As primeiras grandes navegações permitiram a superação das barreiras comerciais da Idade Média, o desenvolvimento da economia mercantil e o fortalecimento da burguesia.

A necessidade do europeu lançar-se ao mar resultou de uma série de fatores sociais, políticos, econômicos e tecnológicos.

A Europa saía da crise do século XIV e as monarquias nacionais eram levadas a novos desafios que resultariam na expansão para outros territórios.

Veja no mapa abaixo as rotas empreendias em direção ao Ocidente pelos navegadores e o ano das viagens:

Qual foi a importância da expansão marítima para o processo a Europa
Rota das viagens

A Europa atravessava um momento de crise, pois comprava mais que vendia. No continente europeu, a oferta era de madeira, pedras, cobre, ferro, estanho, chumbo, lã, linho, frutas, trigo, peixe, carne.

Os países do Oriente, por sua vez, dispunham de açúcar, ouro, cânfora, sândalo, porcelanas, pedras preciosas, cravo, canela, pimenta, noz-moscada, gengibre, unguentos, óleos aromáticos, drogas medicinais e perfumes.

Cabia aos árabes o transporte dos produtos até a Europa em caravanas realizadas por rotas terrestres. O destino eram as cidades italianas de Gênova e Veneza que serviam como intermediárias para a venda das mercadorias ao restante do continente.

Outra rota disponível era pelo Mar Mediterrâneo monopolizada por Veneza. Por isso, era necessário encontrar um caminho alternativo, mais rápido, seguro e, principalmente, econômico.

Paralela à necessidade de uma nova passagem, era preciso solucionar a crise dos metais na Europa, onde as minas já davam sinais de esgotamento.

Uma reorganização social e política também impulsionava à busca de mais rotas. Eram as alianças entre reis e burguesia que formaram as monarquias nacionais.

O capital burguês financiaria a infraestrutura cara e necessária para o feito ao mar. Afinal, era preciso navios, armas, navegadores e mantimentos.

Os burgueses pagavam e recebiam em troca a participação nos lucros das viagens. Este foi um modo de fortalecer os Estados nacionais e submeter à sociedade a um governo centralizado.

No campo da tecnologia foi necessário o aperfeiçoamento da cartografia, da astronomia e da engenharia náutica.

Os portugueses tomaram a dianteira deste processo através da chamada da Escola de Sagres. Ainda que não fosse uma instituição do modo que conhecemos hoje, serviu para reunir navegadores e estudiosos so patrocínio do Infante Dom Henrique (1394-1460).

Portugal

A expansão marítima portuguesa começou através das conquistas na costa da África e se expandiram para os arquipélagos próximos. Experientes pescadores, eles utilizaram pequenos barcos, o barinel, para explorar o entorno.

Mais tarde, desenvolveriam e construiriam as caravelas e naus a fim de poderem ir mais longe com mais segurança

A precisão náutica foi favorecida pela bússola e o astrolábio, vindos da China. A bússola já era utilizada pelos muçulmanos no século XII e tem como finalidade apontar para o norte (ou para o sul). Por sua vez, o astrolábio é utilizado para calcular as distâncias tomando como medida a posição dos corpos celestes.

No mapa a seguir é possível ver as rotas empreendidas pelos portugueses:

Qual foi a importância da expansão marítima para o processo a Europa
As navegações portuguesas na África foram denominadas Périplo Africano

Com tecnologia desenvolvida e a necessidade econômica de explorar o Oceano, os portugueses ainda somaram a vontade de levar a fé católica para outros povos.

As condições políticas eram bastante favoráveis. Portugal foi a primeira nação a criar um Estado-nacional associado aos interesses mercantis através da Revolução de Avis.

Em paz, enquanto outras nações guerreavam, houve uma coordenação central para as estimular e organizar as incursões marítimas. Estas seriam essenciais para suprir a falta de mão de obra, de produtos agrícolas e metais preciosos.

O primeiro sucesso português nos mares foi a Conquista de Ceuta, em 1415. Sob o pretexto de conquista religiosa contra os muçulmanos, os portugueses dominaram o porto que era o destino de várias expedições comerciais árabes.

Assim, Portugal estabeleceu-se na África, mas não foi possível interceptar as caravanas carregadas de escravos, ouro, pimenta, marfim, que paravam em Ceuta. Os árabes procuraram outras rotas e os portugueses foram obrigados a procurar novos caminhos para obter as mercadorias que tanto aspiravam.

Na tentativa de chegar à Índia, os navegadores portugueses foram contornando a África e se estabelecendo na costa deste continente. Criaram feitorias, fortes, portos e pontos para negociação com os nativos.

A essas incursões deu-se o nome de périplo africano e tinham o objetivo de obter lucro através do comércio. Não havia o interesse em colonizar ou organizar a produção de algum produto nos locais explorados.

Em 1431, os navegadores portugueses chegavam às ilhas dos Açores, e mais tarde, ocupariam a Madeira e Cabo Verde. O Cabo do Bojador foi atingido em 1434, numa expedição comandada por Gil Eanes. O comércio de escravos africanos já era uma realidade em 1460, com retirada de pessoas do Senegal até Serra Leoa.

Foi em 1488 que os portugueses chegaram ao Cabo da Boa Esperança sob o comando de Bartolomeu Dias (1450-1500). Esse feito constitui entre as importantes marcas das conquistas marítimas de Portugal, pois desta maneira se encontrou uma rota para o Oceano Índico em alternativa ao Mar Mediterrâneo.

Entre 1498, o navegador Vasco da Gama (1469-1524) conseguiu chegar a Calicute, nas Índias, e aí estabelecer negociações com os chefes locais.

Dentro deste contexto, a esquadra de Pedro Álvares Cabral (1467-1520), se afasta da costa da África a fim de confirmar se havia terras por ali. Desta maneira, chega nas terras onde seria o Brasil, em 1500.

Espanha

A Espanha unificou grande parte do seu território com a queda de Granada, em 1492, com a derrota do último reino árabe. A primeira incursão espanhola ao mar resultou na descoberta da América, pelo navegador italiano Cristóvão Colombo (1452-1516).

Apoiado pelos reis Fernando de Aragão e Isabel de Castela, Colombo partiu em agosto de 1492 com as caravelas Nina e Pinta e com a nau Santa Maria rumo a oeste, chegando à América em outubro do mesmo ano.

Dois anos depois, o Papa Alexandre VI aprovou o Tratado de Tordesilhas, que dividia as terras descobertas e por descobrir entre espanhóis e portugueses.

França

Através de uma crítica ao Tratado de Tordesilhas feita pelo rei Francisco I, os franceses se lançaram em busca de territórios ultramarinos. A França saía da Guerra dos Cem Anos (1337-1453), das lutas do rei Luís XI (1461-1483) contra os senhores feudais.

A partir de 1520, os franceses passaram a fazer expedições, chegando ao Rio de Janeiro e Maranhão, de onde foram expulsos. Na América do Norte, chegaram à região hoje ocupada pelo Canadá e o estado da Louisiana, nos Estados Unidos.

No Caribe, se estabeleceram no Haiti e na América do Sul, na Guiana.

Inglaterra

Os ingleses, que também estavam envolvidos na Guerra dos Cem Anos, Guerra das Duas Rosas (1455-1485) e conflitos com senhores feudais, também queriam buscar uma nova rota para as Índias passando pela América do Norte.

Assim, ocuparam o que hoje seria os Estados Unidos e o Canadá. Igualmente, ocuparam ilhas no Caribe como a Jamaica e Bahamas. Na América do Sul, se estabeleceram na atual Guiana.

Os métodos empregados pelo país eram bastante agressivos e incluía o estímulo à pirataria contra a Espanha, com a anuência rainha Elizabeth I (1558-1603).

Os ingleses dominaram o tráfico de escravos para a América Espanhola e também ocuparam várias ilhas no Pacífico, colonizando as atuais Austrália e Nova Zelândia.

Holanda

A Holanda se lançou na conquista por novos territórios a fim de melhorar o próspero comércio que dominavam. Conseguiram ocupar vários territórios na América estabelecendo-se no atual Suriname e em ilhas no Caribe, como Curaçao.

Na América do Norte, chegaram a fundar a cidade de Nova Amsterdã, mas foram expulsos pelos ingleses que a rebatizaram de Nova Iorque.

Igualmente, tentaram arrebatar o nordeste do Brasil durante a União Ibérica, mas foram repelidos pelos espanhóis e portugueses. No Pacífico, ocuparam o arquipélago da Indonésia e ali permaneceriam por três séculos e meio.