Show A Taxa Interna de Retorno, mais conhecida pela sigla TIR, é um percentual que pode ser usado por uma empresa ou por um investidor para avaliar se vale a pena investir em determinado projeto ou ativo. Para calculá-la, é preciso fazer uma série de suposições, o que torna a TIR uma taxa hipotética. Por isso, não deve ser o principal fator de decisão. Aliás, não deveria sê-lo mesmo se não fosse hipotética. No caso de quem usa a Taxa Interna de Retorno para planejar seus investimentos na Bolsa de Valores, há uma série de indicadores e fundamentos que devem ser levados em conta para uma análise fundamentalista completa. Mas neste post vamos nos concentrar apenas na TIR para descomplicar esse conceito ao máximo. Aqui, você entenderá o que é a TIR, como calculá-la e qual a sua utilidade para o investidor. Boa leitura! O que é a Taxa Interna de Retorno (TIR)?Taxa Interna de Retorno (TIR) é uma taxa de desconto hipotética, calculada a partir de uma projeção de fluxo de caixa (previsão de receitas geradas por um investimento ao longo de determinado período) quando consideramos que seu Valor Presente Líquido (VPL) é igual a zero. Na prática, ela é usada por investidores para indicar se um projeto é viável ou não. Opa, como assim? VPL igual a zero? Projeção de fluxo de caixa? Pois é, não tem como entender o que significa a TIR sem compreender bem esses dois elementos. Então, vamos por partes. Fluxo de caixa projetadoNosso foco, aqui, é abordar o uso da TIR para analisar ativos financeiros, como ações. Mas primeiro precisamos entender que a Taxa Interna de Retorno é usada principalmente na gestão financeira de empresas, para avaliar se vale a pena fazer determinado investimento. Por exemplo: se a companhia quer construir uma nova fábrica, deve considerar o investimento para a sua construção como uma saída de caixa e, depois, estimar as receitas provenientes do aumento na produção e considerá-las como entradas de caixa. A consolidação das saídas e entradas ao longo dos anos é o fluxo de caixa projetado, que servirá como base tanto para calcular o VPL quanto a TIR. Veja um exemplo:
Note que o primeiro valor, no período 0, é negativo. Isso porque ele se refere ao investimento sobre o qual queremos calcular, adiante, a Taxa Interna de Retorno. Os valores dos períodos seguintes são as entradas que o investimento gerou. Se o investimento em questão for a compra de ações de determinada empresa, o valor da operação vai no período zero, os pagamentos de dividendos constam como entradas no fluxo de caixa e a valorização da ação entra no período final. Depois, daremos exemplos e ensinaremos a fazer as projeções e cálculos no Excel. Por enquanto, o importante é que você compreenda os conceitos. Tudo certo quanto ao fluxo de caixa? Agora, vamos ver o que é o tal VPL. LEIA MAIS: Investimento em renda variável: o que é e como funciona Valor Presente Líquido (VPL)Valor Presente Líquido (VPL) é um método usado para avaliar se um projeto ou investimento é viável economicamente a partir do fluxo de caixa descontado, isto é, trazendo para o presente as entradas futuras. A lógica é simples: se, em vez de investir em determinado projeto ou ativo, o dinheiro fosse aplicado em um investimento seguro, de baixo risco, o que aconteceria? Se a rentabilidade projetada do investimento seguro for superior ao rendimento que está sendo avaliado, o resultado do VPL será menor que zero, caso em que não é recomendado seguir com o plano inicial. Mas se a perspectiva é que a rentabilidade do projeto supere a do investimento seguro, então ele é viável, pois o retorno compensará o risco. Para fazer esse cálculo, é preciso definir uma Taxa Mínima de Atratividade (TMA), que será a taxa de desconto: a remuneração mínima para que o investimento seja considerado viável. Podem ser levados em conta vários critérios para definir a TMA, e o mais simples é considerar o custo de capital, ou seja, um percentual de rendimento que se espera obter com a aplicação em um investimento tradicional. Por exemplo, o gestor ou investidor pode definir que, considerando os riscos, a liquidez e o custo de oportunidade, o projeto ou investimento em análise só valerá a pena se render mais de 10% ao ano. Esse será o TMA. Com a taxa de desconto em mãos, você pode usar o Excel para calcular o VPL. Vamos tomar como base a mesma tabela de antes, passada para uma planilha. Dedique uma célula à TMA e use a fórmula VP (ou PV, em inglês, como no print abaixo) para descontar as entradas do fluxo de caixa. Veja: O resultado ficará assim:
O desconto quer dizer que, considerando uma Taxa Mínima de Atratividade de 10%, R$ 9,9 mil recebidos daqui a cinco anos (o valor do período 5 da tabela acima) equivalem a receber R$ 6.147,12 hoje. E a Taxa Interna de Retorno? Como calcular a TIR?Demoramos para chegar na TIR, não é? É por um bom motivo: agora que você já compreendeu como fazer uma projeção de fluxo de caixa e calcular o VPL, chegar na Taxa Interna de Retorno é muito mais simples. Como dito antes, a TIR é a taxa de desconto de um projeto ou investimento quando o VPL é igual a zero. Para encontrarmos esse percentual, temos que aplicar uma fórmula sobre uma projeção de fluxo de caixa. No Excel, é muito fácil calcular, basta usar a fórmula TIR (ou IRR, de Internal Rate of Return, em inglês) e selecionar as células das entradas e saídas do fluxo de caixa. Vamos retornar ao exemplo de antes para mostrar: Nesse caso, a TIR ficará em 22%. LEIA TAMBÉM | Os 9 melhores livros de ações para você dominar a renda variável Como utilizar a TIR para analisar um investimento?Note que, no cálculo da TIR, não é utilizada a TMA, afinal, já sabemos que o VPL será zero. Em vez de trazer cada entrada para o valor presente a partir de uma taxa de desconto predefinida, calculamos qual seria a taxa de desconto para que o VPL resulte em zero a partir dos valores que foram projetados. Isto é, apesar do nome, a TIR não indica o retorno que um investimento trará, e sim o desconto que precisaria ser aplicado sobre o fluxo de caixa projetado para que o projeto “empatasse”. No exemplo de antes, portanto, se avaliarmos que a taxa de desconto real do mercado ficaria um tanto abaixo de 22%, concluímos que o investimento é viável. Quanto maior a TIR, mais promissor é o investimento. Imagine que o resultado tivesse sido 5% — nesse caso, valeria mais a pena aplicar o dinheiro em um ativo mais seguro, com uma rentabilidade potencial maior. No fim, a conclusão é muito parecida com a do VPL, mas saber calcular a TIR abre novas possibilidades de análise na comparação entre dois ou mais investimentos. LEIA MAIS | ROE: o que é e como analisar o Return On Equity ao investir Como usar o TIR em investimentos em açõesSe o seu objetivo é calcular a TIR de um investimento em ações, é preciso entender que a lógica é um pouco diferente. O que deve constar como entradas no fluxo de caixa é o pagamento de dividendos, pois a valorização da ação ao longo do tempo só será paga na hora do resgate. Então, vamos fazer uma planilha que mostra a evolução na cotação do ativo, mas apenas considera como entradas os valores dos dividendos. No período final, aí sim são somados os valores totais. Veja: Agora com os resultados: Você pode incrementar a planilha com outras variáveis. Por exemplo, relacionando a cotação a uma previsão de evolução de indicadores como o Preço sobre Lucro (P/L). Vai depender do seu conhecimento em relação aos fundamentos das empresas listadas na bolsa e da sua capacidade de fazer previsões. LEIA TAMBÉM | Setores da Bolsa: conheça todos e analise as empresas para investir Desvantagens de usar a TIRA grande desvantagem da TIR é que o método se baseia em muitas suposições. Tome como referência o exemplo acima: ninguém é capaz de prever qual será o preço de determinada ação daqui a cinco anos, e nem quanto a empresa pagará em dividendos. E se você relacionar os valores a indicadores como P/L, Dividend Yield e outros, o problema é o mesmo, quiçá maior — afinal, os resultados dos indicadores também serão suposições e, quanto mais suposições forem feitas, mais chances de pelo menos uma delas estar errada. O mesmo vale para uma empresa que calcula a TIR de um projeto. Não há como saber ao certo quais as receitas que o investimento vai gerar no futuro. Isso não quer dizer que a Taxa Interna de Retorno – TIR (ou o VPL, que também é baseado em suposições) seja inútil. As expectativas sempre serão incertas, mas nunca deixaremos de tê-las — e é importante que as tenhamos. Uma solução é traçar mais de um projeção, pelo menos três: uma pessimista, uma otimista e uma intermediária. Essa maleabilidade favorece o planejamento de estratégias para lidar com cada cenário possível. Quer investir em uma corretora sem conflitos? Abra sua conta na Warren. É grátis, descomplicado e você começa a investir em minutos. Para saber mais sobre métodos de análise de ações, indicadores e notícias sobre o mercado financeiro, continue acompanhando o blog da Warren: IPO: tudo que você precisa saber sobre a Oferta Pública Inicial na Bolsa de Valores |