Como as redes sociais influenciam na vida das crianças?

Levante a mão quem nunca se derreteu com um vídeo de uma criança fofa na internet, principalmente nas mídias sociais. É muito difícil que você, leitor, não tenha visto, curtido ou compartilhado algum conteúdo protagonizado por crianças nos últimos tempos, não é mesmo? A espontaneidade e a criatividade delas encantam e podem gerar muito engajamento nas redes. 

Embora a maioria das plataformas estabeleça a idade mínima de 13 anos para a criação de um perfil, cerca de 20 milhões de crianças e adolescentes de nove a 17 anos eram usuários de internet e ativos em redes sociais em 2018, segundo a pesquisa TIC Kids Online Brasil

O estudo identificou também uma presença maior de meninas nas redes sociais: 51% das usuárias tinham perfil no Instagram frente a 40% dos meninos. Já o Snapchat foi mencionado por 29% das meninas e 18% dos meninos.

A pesquisa ainda apontou que o uso de redes sociais por este público está associado a uma série de benefícios, como acesso à informação, consolidação de canais de expressão e de valorização das identidades, estabelecimento e manutenção de relações. Nesse contexto, as redes sociais ajudam os jovens a construírem suas identidades, aprenderem sobre o mundo, se expressar e se relacionar. O relacionamento social on-line é entendido como o processo de se desenvolver e se engajar em uma rede de pessoas articuladas no ambiente virtual.

Assim como os adultos, as crianças estão desenvolvendo uma identidade virtual ao escolherem o que e como compartilhar, o que consumir e quem seguir. Têm a chance de produzir conteúdo, aprimorar sua capacidade criativa e propor discussões sobre os temas que a cercam. Por outro lado, os “influenciadores mirins” também estão sujeitos a situações de superexposição e cyberbullying.

Presença da criança na internet

Para a doutora em psicanálise Carol Lopes, autora da página Infância e Parentalidade, a criança só deve ter acesso àquilo que seus pais lhe dão acesso. “Para usar as redes sociais, ela precisa de rigorosa supervisão e atenção constante de pais, responsáveis, educadores e rede de apoio. Muitas vezes os pais focam em limitar o tempo de tela dos filhos, mas ainda mais importante é saber qual conteúdo estão acessando e como lidam com o material acessado”. A psicóloga ainda alerta que os pais são os principais influenciadores das crianças e têm papel fundamental para potencializar e nutrir a autoestima e autoconfiança dos filhos. 

“A rede social pode ser um perigo para as crianças que ainda não possuem maturidade de discernimento e são passivas diante das informações que recebem, sem saber identificar o que é bom ou ruim, verdadeiro ou falso”

Contudo, a proporção de crianças e adolescentes usuários de internet que afirmaram possuir experiência em relação às dinâmicas das redes e saber definir o que devem ou não compartilhar na internet foi de 88%, em 2018. 

Renata Guarido, mestre em psicologia e educação, vê com preocupação a possibilidade de superexposição das crianças. “O controle é a melhor prevenção. Quando falamos de criança e internet, precisamos entender que de algum modo há um adulto presente que media esse uso”. Essa mediação é de extrema importância, segundo ela, porque “qualquer episódio preconceituoso ou de insulto vai demandar da criança uma condição de lidar consigo mesma e com esses ataques muito superior aos recursos que ela provavelmente tem, não apenas pela idade, mas porque a exposição na internet é exponencial”. 

“A alegria de alguns pode ser a frustração de outros”, pondera Carol. “O que muitos buscam nas redes é a sensação de perfeição e as crianças, por falta de maturidade, podem se espelhar no que veem ou mesmo no que seus pais veem, e acabam entendendo que aquilo é o ideal. 

“A rede social precisa ser uma aliada ao bem-estar e lazer da família, não um motivo desencadeador de situações de sofrimento, angústia, baixa autoestima”

O impacto da internet durante a infância

De que maneira a interação na internet afeta a personalidade, a autoestima, a rotina e o desenvolvimento da criança que administra um perfil em mídias sociais? 

Segundo a TIC Kids, “postar na internet vídeos ou músicas de autoria própria” é uma atividade realizada por 31% dos usuários entre nove e 17 anos. Contudo, as crianças e adolescentes compartilham muito mais conteúdo do que produzem: 46% compartilham imagens que não foram feitas por eles. A pesquisa ainda pondera que atividades relacionadas à cidadania poderia ter efeitos positivos na saúde mental dos usuários, pois se trata de uma forma de expressão. 

Carol Lopes também acredita que a internet pode ser uma oportunidade para amplificação de vozes e unir pessoas com as mesmas ideologias e propósitos. “A rede pode ser a chance do indivíduo estabelecer vínculos afetivos, mostrar sua narrativa e viabilizar o encontro de pares por meio de uma identificação horizontal”, diz. “Unidos, se sentem protegidos e fortalecidos para darem vozes a questões que não podem mais ser silenciadas, que precisam ser faladas o tempo todo”, como o racismo, por exemplo. “A representatividade contribui para que as crianças e adolescentes negros se percebam refletidos em papéis que até então eles não podiam ocupar”.

“Ao se sentir representada, a criança ganha novas referências para se colocar no mundo, traz a sensação de pertencimento e tem mais referências para lidar com bullying ou preconceito”

Crianças produtoras de conteúdo digital

Colobarou: Semayat Oliveira

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Resumo

Ao comentarem desafios e potencialidades das atividades das crianças nas redes sociais, especialistas e famílias abordam questões como personalidade, autoestima, rotina e desenvolvimento infantil.
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Como as redes sociais influenciam na vida?

As redes sociais permitem uma maior interatividade entre povos distintos, encurtam a distância entre pessoas, facilitando o intercâmbio cultural. É notório o baixo custo que as redes sociais oferecem para usuários que se propõem a utilizar as mesmas para se comunicar com diversas pessoas.

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