Como os egípcios melhoraram o aproveitamento das águas no rio Nilo?

É um país que me fascina pela sua história (Antigo Egipto), cultura, sociedade, gastronomia, especiarias, artefatos e, sobretudo, pela sua paisagem.

Se fizesse referências historicas sobre o Antigo Egipto, estaria a ser extremamente exaustiva. Por isso, apenas deixo uma pequna introdução e algumas imagens para mostrar a Maravilha do Mundo, onde o Antigo estará sempre presente, onde os Faraós estarão sempre a governar, os as Rainhas estarão sempre belas, onde os hieroglifos contarão sempre histórias e lendas.

A civilização egípcia antiga desenvolveu-se no nordeste africano (margens do rio Nilo) entre 3200 a.C (unificação do norte e sul) a 32 a.c (domínio romano).

Como a região era desértica, o rio Nilo ganhou uma extrema importância para os egípcios. O rio era utilizado como via de transporte (através de barcos) de mercadorias e pessoas. As águas do rio Nilo também eram utilizadas para beber, pescar e fertilizar as margens, nas épocas de cheias, favorecendo a agricultura.

A sociedade egípcia estava dividida em várias camadas, sendo que o faraó era a autoridade máxima, chegando a ser considerado um deus na Terra. Sacerdotes, militares e escribas (responsáveis pela escrita) também ganharam importância na sociedade. Esta era sustentada pelo trabalho e impostos pagos por camponeses, artesãos e pequenos comerciantes.

Os escravos também compunham a sociedade egípcia e, geralmente, eram pessoas capturadas em guerras.Trabalhavam muito e nada recebiam por seu trabalho, apenas água e comida.

A economia egípcia era baseada principalmente na agricultura que era realizada, principalmente, nas margens férteis do rio Nilo. Os egípcios também praticavam o comércio de mercadorias e o artesanato. Os trabalhadores rurais eram constantemente convocados pelo faraó para prestarem algum tipo de trabalho em obras públicas (canais de irrigação, pirâmides, templos, diques).

A religião egípcia era repleta de mitos e crenças interessantes. Acreditavam na existência de vários deuses (muitos deles com corpo formado por parte de ser humano e parte de animal sagrado) que interferiam na vida das pessoas. As oferendas e festas em homenagem aos deuses eram muito realizadas e tinham como objetivo agradar aos seres superiores, deixando-os felizes para que ajudassem nas guerras, colheitas e momentos da vida.

Cada cidade possuía deus protetor e templos religiosos em sua homenagem. Como acreditavam na vida após a morte, mumificavam os cadáveres dos faraós colocando-os em pirâmides, com o objetivo de preservar o corpo para a vida seguinte. Esta seria definida, segundo crenças egípcias, pelo deus Osíris em seu tribunal de julgamento. O coração era pesado pelo deus da morte, que mandava para uma vida na escuridão aqueles cujo órgão estava pesado (que tiveram uma vida de atitudes ruins) e para uma outra vida boa aqueles de coração leve.

Muitos animais também eram considerados sagrados pelos egípcios, de acordo com as características que apresentavam: chacal (esperteza noturna), gato (agilidade), carneiro (reprodução), jacaré (agilidade nos rios e pântanos), serpente (poder de ataque), águia (capacidade de voar), escaravelho (ligado a ressurreição).

A escrita egípcia também foi algo importante para este povo, pois permitiu a divulgação de idéias, comunicação e controle de impostos.

Existiam duas formas de escrita: a demótica (mais simplificada) e a hieroglífica (mais complexa e formada por desenhos e símbolos). As paredes internas das pirâmides eram repletas de textos que falavam sobre a vida do faraó, rezas e mensagens para espantar possíveis saqueadores. Uma espécie de papel chamada papiro que era produzida a partir de uma planta de mesmo nome também era utilizado para escrever.

A civilização egípcia destacou-se muito nas áreas de ciências. Desenvolveram conhecimentos importantes na área da matemática, usados na construção de pirâmides e templos. Na medicina, os procedimentos de mumificação, proporcionaram importantes conhecimentos sobre o funcionamento do corpo humano.

Fonte: www2.ilch.uminho.pt

História do Egito

Egito Antigo

Localização e História

As primeiras cidades egípcias foram se formando há pouco mais de 5000 anos, próximas do rio Nilo.

Situado no nordeste da África, o território egípcio é em grande parte desértico.

O norte do Egito é banhado pelo mar Mediterrâneo e sua costa leste, pelo mar Vermelho. Na antiguidade, os produtos que os egípcios compravam de outras regiões chegavam pelo Mediterrâneo.

Ao longo desse período, camponeses e escravos muitas vezes se revoltavam contra as condições de vida e de trabalho.

A antiga cultura egípcia sobreviveu por 30 séculos (3500aC e 525aC), onde influenciou outros povos da época.

Era semelhante em alguns aspectos às sociedades mesopotâmicas, como as crenças politeístas (crença em vários deuses), as desigualdades sociais, as atividades econômicas dependentes das águas dos rios, a escrita.

Eram diferentes na forma de governo – governo unificado (único); crença na vida após a morte e os conhecimentos de medicina.

O Egito também enfrentou várias invasões de povos estrangeiros e acabou dominado pelos persas em 525aC.

O RIO NILO

Como a região era desértica, o rio Nilo ganhou uma extrema importância para os egípcios.

O rio era utilizado como via de transporte (através de barcos) de mercadorias e pessoas.

As águas do rio Nilo também eram utilizadas para beber, pescar e fertilizar as margens, nas épocas de cheias, favorecendo a agricultura.

Nos meses das cheias, as águas do rio invandiam as margens, deixando as terras úmidas e prontas para o plantio.

A cheia anual do rio Nilo era provocada no vale egípcio, porque seu maior afluente – o rio Nilo Azul -, que vinha das montanhas da Etiópia, trazia grande quantidade de água das chuvas. Os dois rios encontravam-se formando um só.

Quando as águas chegavam ao vale egípcio, em pleno deserto, o rio subia cerca de 16 metros e provocava as cheias que tornaram possível a civilização egípcia.

O primeiro dia de cheia era considerado o primeiro dia do ano egípcio.

Mas as cheias também traziam prejuízos porque, algumas vezes, eram muito violentas e destruíam as plantações e as aldeias.

Os egípcios construíram canais de irrigação, barragens e grandes reservatório para melhor utilizar a água, armazenando-a e abastecendo as regiões mais distantes do vale.

SOCIEDADE EGÍPCIA

A sociedade egípcia estava dividida em várias camadas, sendo que o faraó era a autoridade máxima, chegando a ser considerado um deus na Terra.

Sacerdotes, militares e escribas (responsáveis pela escrita) também ganharam importância na sociedade. Esta era sustentada pelo trabalho e impostos pagos por camponeses, artesãos e pequenos comerciantes.

Os escravos também compunham a sociedade egípcia e, geralmente, eram pessoas capturadas em guerras.Trabalhavam muito e nada recebiam por seu trabalho, apenas água e comida.

Os camponeses era a maior parte da população, trabalhavam na agricultura e eram obrigados a entregar parte do que produziam para o governo, na forma de impostos.

Esses impostos era para o sustento do faraó e sua família, para os sacerdotes, os chefes militares e os funcionários públicos.

Os escravos eram prisioneiros de guerras. Alguns realizavam trabalhos domésticos; outros pesados, como carregar grandes blocos de pedras e cavar a terra para construir represas.

Os artesãos produziam os artigos de luxo – móveis, armas, jóias, roupas, perfumes, decorações, estatuetas dos deuses.

Os comerciantes não eram muitos numerosos. Transportavam suas mercadorias através do rio Nilo.

Os funcionários do governo trabalhavam diretamente para o faraó e para a nobreza – cobrando impostos e fiscalizando as obras.

Os escribas, de todos os funcionários eram os que mais tinham reconhecimento- pois só eles sabiam ler, escrever e fazer cálculos.

Os sacerdotes eram valorizados e respeitados. Ele organizavam cerimônias para os deuses e funcionavam como conselheiros dos faraós em suas decisões.

O FARAÓ

Como os egípcios melhoraram o aproveitamento das águas no rio Nilo?

Com apenas 18 anos de idade. O túmulo de Tutankhamon – faraó que morreu perto de 1352A.C., foi descoberto em 1922,
praticamente intacto e cheio de mobiliário e ornamentos típicos do período de apogeu da civilização egípcia.

Os faraós acumularam poder e riqueza.

Foram eles que determinaram a construção de todas as grandes obras de engenharia.

A população os via como deuses.

Tinham várias mulheres e muitos filhos.

Sua grande família vivia em palácios luxuosos e convivia diretamente com outras famílias influentes.

ECONOMIA

A economia egípcia era baseada principalmente na agricultura que era realizada, principalmente, nas margens férteis do rio Nilo.

Os egípcios também praticavam o comércio de mercadorias e o artesanato.

Os trabalhadores rurais eram constantemente convocados pelo faraó para prestarem algum tipo de trabalho em obras públicas (canais de irrigação, templos, pirâmides e diques).

PIRÂMIDES

Há no Egito 80 pirâmides, construídas aproximadamente 4000 a.C. distam apenas 10Km da cidade do Cairo.

As pirâmides são as únicas sobreviventes das famosas “Sete Maravilhas do Mundo”.

A maior pirâmide, e a mais antiga é a de QUEOPS. Possui 148 metros de altura, 234 metros de base.

A área que ocupa é de 54.000 m². Nela foram empregados 2.300000 blocos de granito de 02 toneladas cada um.

As pedras foram trazidas da Arábia e transportadas em grandes barcaças pelo Rio Nilo.

No transporte de terra eram colocadas em enormes pranchas que por sua vez deslocavam sob troncos roliços de grandes dimensões.

Trabalharam na construção cerca de 100.000 operários durante 20 anos.

As pirâmides, grandes construções de blocos de pedras, era o túmulo dos faraós e de seus familiares.

Seu interior era decorado, possuía móveis, armas e jóias. Alguns deles passaram toda a vida organizando a construção e a decoração de seus túmulos.

Ordenavam aos seus auxiliares e escravos que colocassem alimentos, animais de estimação, roupas e objetos pessoais – acreditando que precisariam de tudo isso na vida após a morte.

Os egípcios acreditavam que, após a morte, teriam de passar pelo tribunal dos deuses, que julgaria quem mereceria uma vida.

Os premiados com a vida iriam precisar do corpo bem conservado para abrigar sua alma quando ela retornasse.

Com esse objetivo, desenvolveram técnicas de mumificação para a preservação dos corpos.

A MUMIFICAÇÃO

O trabalho de mumificação era caro e demorado, era feito por artesãos especializados.

Apenas as pessoas pertencentes as camadas privilegiadas eram mumificadas, as demais eram enterradas na areia do deserto, em cerimônias simples.

OS RITUAIS DE MUMIFICAÇÃO

A mumificação e os rituais funerários obedeciam regras rígidas, estabelecidas pelo próprio Anúbis e duravam 70 dias.

Após a retirada dos órgãos internos, os embalsamadores colocavam as vísceras em vasos sagrados chamados “Vasos Canopos”, cada um sob a proteção de um dos quatro filhos de Hórus.

O coração era lacrado no próprio corpo.

Os Egípcios o consideravam como o órgão tanto da inteligência como do sentimento e portanto, seria indispensável na hora do juízo.

Somente à alguém com um coração tão leve quanto a pluma da verdade, o deus Osiris permitia a entrada para a vida eterna.

Os Egípcios não davam nenhuma importância ao cérebro. Após extraí-lo através das narinas do morto, os embalsamadores o jogavam fora.

Depois de secar o cadáver com sal de natrão, eles o lavavam e besuntavam com resinas conservadoras e aromáticas.

Finalmente, envolviam o corpo em centenas de metros de tiras de linho, entre essas tiras eram colocados diversos amuletos que protegiam o morto contra inimigos e demônios do mundo subterrâneo.

Antes de a múmia ser colocada no túmulo, um sacerdote funerário celebrava a cerimônia da abertura dos olhos e da boca, a fim de devolver á vida todos os sentidos do morto.

Tumba

Arqueólogos da Universidade de Mênfis descobriram uma tumba intacta com cinco múmias no Vale dos Reis, perto da cidade de Luxor no sul do Egito.

Rosto para as múmias

A cidade de Turim, na Região de Piemonte, na Itália, possui o maior Museu Egípcio fora do Egito. A Polícia italiana conseguiu dar um rosto à múmia vendada que, há séculos, é abrigada dentro de um sarcófago, no Museu da cidade. A múmia é de Harua I, filho de Nesamondiaemaniut e de Ireru, que viveu a 3000 anos atrás.

Reconstituição de Tutancâmon

Uma equipe de cientistas conseguiu fazer uma reconstituição das feições de um dos faraós mais famosos do antigo Egito, Tutancâmon. Três grupos de peritos – franceses, egípcios e americanos – reconstruiram modelos separados mas semelhantes de como seria o rosto do faraó usando radiografias.

Os modelos do menino-rei, morto 3.300 anos atrás, revelaram um jovem com bochechas rechonchudas e um queixo arredondado.

Os modelos têm uma semelhança surpreendente com a máscara que cobriu a face mumificada de Tutancâmon quando seus despojos foram encontrados pelo arqueólogo britânico Howard Carter em 1922, e outras imagens antigas.

As versões francesa e americana também traziam nariz e queixo de formato semelhante, mas a equipe egípcia chegou a um nariz mais pronunciado, de acordo com o arqueólogo. As imagens de tomografia computadorizada – as primeiras obtidas de uma múmia egípcia. Elas sugerem que o rei não era muito robusto, mas um homem saudável de 19 anos, quando morreu, provavelmente vítima de complicações resultantes de uma fratura na perna e não de assassinato, como se suspeitava.

Quando foram feitas radiografias do corpo, em 1968, um fragmento de osso foi encontrado em seu crânio levando a especulações de que ele havia sido morto com um golpe.

Pouco se sabe sobre os dez anos de reinado de Tutancâmon depois que ele sucedeu Akhenaten, que abandonara os velhos deuses do Egito em favor do monoteísmo.

Alguns historiadores dizem que ele teria sido morto por tentar trazer de volta o politeísmo.

Outros acreditam que ele foi assassinado por Ay, o segundo em comando, e que acabou sucedendo o jovem faraó.

O PAPIRO

Muito da História do Egito nos foi transmitido pelos rolos de papiro encontrados nos túmulos dos nobres e faraós.

Foram os egípcios que, por volta de 2200 antes de Cristo, inventaram o papiro, espécie de pergaminho e antepassado do papel.

Papiro é uma planta aquática existente no delta do Nilo. Seu talo em forma piramidal chega a ter de 5 a 6 metros de comprimento. Era considerada sagrada porque sua flor, formada por finas hastes verdes, lembra os raios do Sol, divindade máxima desse povo.

O miolo do talo era transformado em papiros e a casca, bem resistente depois de seca, utilizada na confecção de cestos, camas e até barcos.

Para se fazer o papiro, corta-se o miolo do talo – que é esbranquiçado e poroso – em finas lâminas.

Depois de secas em um pano, são mergulhadas em água com vinagre onde permanecem por seis dias para eliminar o açúcar. Novamente secas, as lâminas são dispostas em fileiras horizontais e verticais, umas sobre as outras.

Esse material é colocado entre dois pedaços de tecido de algodão e vai para uma prensa por seis dias. Com o peso, as finas lâminas se misturam e formam um pedaço de papel amarelado, pronto para ser usado.

Como os egípcios melhoraram o aproveitamento das águas no rio Nilo?

Embarcação feita de papiro muito utilizada pelos pescadores egípcios

ALFABETO

Como os egípcios melhoraram o aproveitamento das águas no rio Nilo?

Alfabeto egípcio

ESCRITA EGÍPCIA

Os egípcios criaram os HIERÓGLIFOS.

Este termo deriva da composição de duas palavras gregas – hiero «sagrado», e glyfus «escrita».

A escrita hieroglífica constitui provavelmente o mais antigo sistema organizado de escrita no mundo, e era vocacionada principalmente para inscrições formais nas paredes de templos e túmulos.

Os hieróglifos foram usados durante um período de quatro milênios para escrever a antiga língua do povo egípcio.

ARTE EGÍPCIA

A arte egípcia se caracteriza pela “lei da frontalidade”, ou seja, as figuras com rostos de perfil e os olhos de frente.

O corpo está de frente e as pernas e pés de perfil. Isto porque eles acreditavam que, com o corpo de frente, a figura poderia receber inteiramente as reverências e a admiração de quem as contemplasse.

Os egipcios acreditavam que a vida continuava após a morte, e o morto reviveria tudo aquilo que fosse pintado no túmulo.

Costumavam mumificar os faraós, e faziam uma estátua igual ao morto, para que, na volta da alma, o corpo ali estivesse para recebê-la.

TEMPLOS EGÍPCIOS

O Grande Templo de Ramsés II, Abu Simbel

Com exceção das pirâmides, Ramsés ergueu algumas das maiores construções feitas por alguém — sendo provavelmente a maior de todas a do Templo de Abu Simbel, onde mandou esculpir na rocha viva que se ergue próximo da margem do Nilo com a inclinação de uma pirâmide, quatro estátuas sentadas suas, como uma com dezenove metros de altura. Em seu desejo de construir e perpetuar-se na pedra, Ramsés saqueou as pirâmides, retirou pavimentos e destruiu belos monumentos para obter material para suas próprias obras.

TATUAGEM

A história da tatuagem é muito mais antiga do que muitos pensam. A história da tatuagem parece estar ligada com a evolução do homem e do desenvolvimento da consciência do “eu”. Foi no Egito antigo que a tatuagem feita com perfurações introduzindo um pigmento na pele foi praticada.

Existe provas arqueológicas que provam que marcas de tatuagens foram feitas em seres humanos no Egito entre 4000 e 2000 a.C. Foi no Egito, também, que a arte da tatuagem viajou o mundo.

Fonte: www.ifgoiano.edu.br

História do Egito

A Civilização egípcia é datada do ano de 4.000 a.C., permanecendo estável por 35 séculos, apesar de inúmeras invasões das quais foi vítima.

Em 1822, o francês Jean François Champollion decifrou a antiga escrita egípcia tornando possível o acesso direto às fontes de informação egípcias. Até então, o conhecimento sobre o Egito era obtido através de historiadores da Antigüidade greco-romana.

O MEIO AMBIENTE E SEUS IMPACTOS

Localizado no nordeste africano de clima semi-árido e chuvas escassas ao longo do ano, o vale do rio Nilo é um oásis em meio a uma região desértica. Durante a época das cheias, o rio depositava em suas margens uma lama fértil na qual durante a vazante eram cultivados cereais e hortaliças.

O rio Nilo é essencial para a sobrevivência do Egito. A interação entre a ação humana e o meio ambiente é evidente na história da civilização egípcia, pois graças à abundância de suas águas era possível irrigar as margens durante o período das cheias. A necessidade da construção de canais para irrigação e de barragens para armazenar água próximo às plantações foi responsável pelo aparecimento do Estado centralizado. Nilo > agricultura de regadio > construção de obras de irrigação que exigiam forte centralização do poder > monarquia teocrática

EVOLUÇÃO HISTÓRICA

A história política do Egito Antigo é tradicionalmente dividida em duas épocas:

Pré-Dinástica (até 3200 a.C.): ausência de centralização política.

População organizada em nomos (comunidades primitivas) independentes da autoridade central que era chefiada pelos nomarcas. A unificação dos nomos se deu em meados do ano 3000 a.C., período em que se consolidaram a economia agrícola, a escrita e a técnica de trabalho com metais como cobre e ouro.

Dois reinos Alto Egito (sul) e Baixo Egito (norte) surgiram por volta de 3500 a.C. em conseqüência da necessidade de se unir esforços para a construção de obras hidráulicas.

Dinástica: Forte centralização política Menés, rei do Alto Egito, subjugou em 3200 a.C. o Baixo Egito. Promoveu a unificação política das duas terras sob uma monarquia centralizada na imagem do faraó, dando início ao Antigo Império, Menés tornou-se o primeiro faraó. Os nomarcas passaram a ser “governadores” subordinados à autoridade faraônica.

PERIODIZAÇÃO HISTÓRICA

A Época Dinástica é dividida em três períodos:

Antigo Império (3200 a.C. – 2300 a.C.)

Capital: Mênfis foi inventada a escrita hieroglífica.

Construção das grandes pirâmides de Gizé, entre as quais as mais conhecidas são as de Quéops, Quéfrem e Miquerinos. Esses monumentos, feitos com blocos de pedras sólidas, serviam de túmulos para os faraós. Tais construções exigiam avançadas técnicas de engenharia e grande quantidade de mão-de-obra.

Invasão dos povos nômades: fragmentação do poder Médio Império (c. 2040-1580 a.C.)

Durante 200 anos o Antigo Egito foi palco de guerras internas marcadas pelo confronto entre o poder central do faraó e os governantes locais – nomarcas.

A partir de 2040 a.C., uma dinastia poderosa (a 12ª) passou a governar o País iniciando o período mais glorioso do Antigo Egito: o Médio Império.

Nesse período:

Capital: Tebas
Poder político: o faraó dividia o trono com seu filho para garantir a sucessão ainda em vida
Poder central controlava rigorosamente todo o país
Estabilidade interna coincidiu com a expansão territorial
Recenseamento da população, das cabeças de gado e de terras aráveis visando a fixação de impostos
Dinamismo econômico
Os Hicsos

Rebeliões de camponeses e escravos enfraqueceram a autoridade central no final do Médio Império, permitindo aos hicsos – um povo de origem caucasiana com grande poderio bélico que havia se estabelecido no Delta do Nilo – conquistar todo o Egito (c.1700 a.c.). Os hicsos conquistaram e controlaram o Egito até 1580 a.C. quando o chefe militar de Tebas derrotou-os. Iniciou-se, então, um novo período na história do Egito Antigo, que se tornou conhecido como Novo Império.

As contribuições dos hicsos foram:

Fundição em bronze
Uso de cavalos
Carros de guerra
Tear vertical

Novo Império – (c. 1580- 525 a.C.)

O Egito expulsou os hicsos conquistando, em seguida, a Síria e a Palestina.

Capital: Tebas.

Dinastia governante descendente de militares.
Aumento do poder dos sacerdotes e do prestígio social de militares e burocratas.
Militarismo e expansionismo, especialmente sob o reinado dos faraós Tutmés e Ramsés.
Conquista da Síria, Fenícia, Palestina, Núbia, Mesopotâmia, Chipre, Creta e ilhas do Mar Egeu.
Afluxo de riqueza e escravos e aumento da atividade comercial controlada pelo Estado.
Amenófis IV promoveu uma reforma religiosa para diminuir a autoridade dos sacerdotes e fortalecer seu poder implantando o monoteísmo (acrença numa única divindade) durante seu reino.
Invasões dos “povos do mar” (ilhas do Mediterrâneo) e tribos nômades da Líbia conseqüente perda dos territórios asiáticos.
Invasão dos persas liderados por Cambises.
Fim da independência política.

Com o fim de sua independência política o Egito foi conquistado em 343 a.C. pelos persas. Em 332 a.C. passou a integrar o Império Macedônio e, a partir de 30 a.C., o Império Romano.

ASPECTOS ECONÔMICOS

Base econômica

Agricultura de regadio com cultivo de cereais (trigo, cevada, algodão, papiro, linho) favorecida pelas obras de irrigação.
Agricultura extensiva com um alto nível de organização social e política.
Outras atividades econômicas: criação de animais (pastoreio), artesanato e comércio.

ASPECTOS POLÍTICOS

Monarquia teocrática

O governante (faraó) era soberano hereditário, absoluto e considerado uma encarnação divina. Era auxiliado pela burocracia estatal nos negócios de Estado.
Havia uma forte centralização do poder com anulação dos poderes locais devido à necessidade de conjugação de esforços para as grandes construções.
O governo era proprietário das terras e cobrava impostos das comunidades camponesas (servidão coletiva). Os impostos podiam ser pagos via trabalho gratuito nas obras públicas ou com parte da produção.

ASPECTOS SOCIAIS

Predomínio das sociedades estamentais (compostas por categorias sociais, cada uma possuía sua função e seu lugar na sociedade).

O Egito possuía uma estrutura social estática e hierárquica vinculada às atividades econômicas. A posição do indivíduo na sociedade era determinada pela hereditariedade (o nascimento determina a posição social do indivíduo).
A estrutura da sociedade egípcia pode ser comparada a uma pirâmide. No vértice o faraó, em seguida a alta burocracia (altos funcionários, sacerdotes e altos militares) e, na base, os trabalhadores em geral .

A sociedade era dividida nas seguintes categorias sociais:

O faraó e sua família – O faraó era a autoridade suprema em todas as áreas, sendo responsável por todos os aspectos da vida no Antigo Egito. Controlava as obras de irrigação, a religião, os exércitos, promulgação e cumprimento das leis e o comércio. Na época de carestia era responsabilidade do faraó alimentar a população. aristocracia (nobreza e sacerdotes). A nobreza ajudava o faraó a governar. grupos intermediários (militares, burocratas, comerciantes e artesãos)

Camponeses

Escravo

Os escribas, que dominavam a arte da escrita (hieróglifos), governantes e sacerdotes formavam um grupo social distinto no Egito.

ASPECTOS CULTURAIS

A cultura era privilégio das altas camadas.
Destaque para engenharia e arquitetura (grandes obras de irrigação, templos, palácios).
Desenvolvimento de técnicas de irrigação e construção de barcos.
Desenvolvimento da técnica de mumificação de corpos.
Conhecimento da anatomia humana.
Avanços na Medicina.
Escrita pictográfica (hieróglifos).
Calendário lunar.
Avanços na Astronomia e na Matemática, tendo como finalidade a previsão de cheias e vazantes.
Desenvolvimento do sistema decimal. Mesmo sem conhecer o zero, os egípcios criaram os fundamentos da Geometria e do Cálculo.
Engenharia e Artes.
Jogavam xadrez.

ASPECTOS RELIGIOSOS

Politeísmo

Culto ao deus Sol (Amom – Rá)

As divindades são representadas com formas humanas (politeísmo antropomórfico), com corpo de animal ou só com a cabeça de um bicho (politeísmo antropozoomórfico).

Crença na vida após a morte (Tribunal de Osíris), daí a necessidade de preservar o cadáver, desenvolvimento de técnicas de mumificação, aprimoramento de conhecimentos médico-anatômicos.

Fonte: pt.scribd.com

História do Egito

O período histórico da civilização egípcia começa por volta de 4000 a.C.

Os primitivos clãs haviam sido transformados em províncias ou nomos, e seus chefes elevados à dignidade real.

Mais tarde foram agrupados em dois grandes reinos: um ao norte, cujo primeiro rei-deus foi Horus, e outro ao sul, que teve Set como primeiro rei-deus.

Por volta do ano 3300 a.C., segundo a tradição, o reino do sul venceu o do norte. Quando as dinastias humanas sucederam às dinastias divinas, Menés, personagem lendário e apontado como unificador do Egito, se tornou o primeiro faraó. A capital era, segundo alguns autores, Mênfis, e segundo outros, Tinis, nas proximidades de Abidos.

Menés é identificado como Narmeza (Narmer), representado, num relevo de Hieracômpolis, com as duas coroas dos reinos unificados. As primeiras dinastias eram denominadas tinitas por terem a capital em Tinis. Neste período houve um aumento da prosperidade econômica do país, incrementado pelas expedições à costa do mar Vermelho e s minas de cobre e turquesa do Sinai. Com a III dinastia, iniciada em 2650 a.C., a capital foi trasladada para Mênfis e os faraós iniciaram a construção das pirâmides, grandes túmulos reais. Inicia-se então o chamado Antigo Império, que vai até a VIII dinastia. Erguem-se as pirâmides de Quéops, Quéfren e Miquerinos, faraós da IV dinastia, e a esfinge de Gizé.

A arte egípcia já se apresentava com todas as suas características, nessa época de maior esplendor da civilização egípcia. O território se estendeu até a segunda catarata do Nilo, e realizaram-se expedições à Núbia e à Líbia. Aumentou o comércio marítimo no Mediterrâneo oriental e se iniciou a exploração das minas de cobre do Sinai, das pedreiras de Assuã e do deserto núbio. A VI dinastia realizou expedições à península do Sinai e sob Pepi II multiplicaram-se as imunidades concedidas aos nobres. Os chefes dos nomos se tornaram mais independentes e desapareceu o poder centralizador do faraó. Após longa fase de lutas internas, que marcaram o fim do Antigo Império, o Egito entrou em decadência. No século XXII a.C., os príncipes de Tebas afirmaram sua independência e fundaram a XI dinastia, dos Mentuhoep, dando início ao Médio Império, que durou de 1938 a c. 1600 a.C., com capital em Tebas.

Sobressaíram na XII dinastia, também tebana, Amenemés I, Sesóstris I e Amenemés III, que colonizaram a Núbia e o Sudão, intensificaram o comércio e as relações diplomáticas e fizeram respeitar as fronteiras egípcias. O segundo período intermediário, que abrange da XIII à XVII dinastia, entre c. 1630 e 1540 a.C., é de história obscura. Sob a XIV dinastia ocorreu a invasão dos hicsos. Os monarcas da XVII dinastia abriram luta contra eles e ferimentos encontrados na múmia de Seqenenre parecem indicar sua morte em combate. Ahmés ou Ahmose I assumiu o comando, expulsou definitivamente os hicsos e fundou a XVIII dinastia. Iniciou-se então o mais brilhante período da história egípcia, o chamado Novo Império, entre 1539 e 1075 a.C., que abrange também a XIX, a XX e a XXI dinastias.

Como grandes conquistadores, sobressaíram Tutmés I e III, da XVIII dinastia, Ramsés II (XIX dinastia), Ramsés III (XX dinastia) e Iknaton, Akenaton ou Amenhotep IV (XVIII dinastia), por sua reforma religiosa. Após cerca de trinta anos de paz interna, o Egito, rico e forte, pôde entregar-se s novas tendências imperialistas. Tornou-se um estado essencialmente militar e por 200 anos dominou o mundo então conhecido. Alargaram-se as fronteiras do país, da Núbia até o Eufrates. Os príncipes da Síria, Palestina, Fenícia, Arábia e Etiópia pagaram-lhe tributos. O tratado firmado em 1278 a.C. com Hattusilis III terminou com a secular guerra com os Hititas. O luxo e o poder econômico refletiram-se nas grandes construções desse período. Com Ramsés XI findou o Novo Império.

Rebentaram guerras civis e o Egito entrou em decadência, perdeu territórios e sofreu invasões. Por volta de 722-715 a.C., uma dinastia etiópica, com capital em Napata, restaurou parcialmente a unidade nacional. Em 667 a.C., Assaradão invadiu o Egito e ocupou Mênfis. Em 664 a.C., Assurbanipal tomou e saqueou Tebas. Os egípcios, comandados pelos chefes do delta, reagiram e em 660 a.C., Psamético I, fundador da XXVI dinastia, expulsou os assírios. O Egito voltou a conhecer nova fase de esplendor, chamada de renascimento saítico, devido ao nome de sua capital, Saís. Em 605 a.C., Necau II tentou conquistar a Síria, mas foi derrotado por Nabucodonosor. Em seu governo concluiu-se o canal de ligação entre o Mediterrâneo e o mar Vermelho e, sob seus auspícios, marinheiros fenícios contornaram a África. Em 525 a.C., o último soberano nacional egípcio, Psamético III, foi derrotado e morto por Cambises, rei dos persas, em Pelusa.

Egito foi incorporado ao Império Persa como uma de suas províncias (satrapia). A partir de então, até Artaxerxes II, reinou a XXVII dinastia persa. A organização social e religiosa foi mantida e registrou-se certo desenvolvimento econômico. A libertação do Egito se deu em 404 a.C. Com Armiteu, único faraó da XXVIII dinastia, a aristocracia militar do delta subiu ao poder. As instituições e a cultura revigoraram-se sob as XXIX e XXX dinastias. Depois de saquear o país, Artaxerxes III restaurou a soberania persa, em 343 a.C. O segundo período da dominação persa terminou em 332 a.C., quando Alexandre o Grande da Macedônia, vitorioso, entrou no Egito, após derrotar Dario III. Alexandre foi recebido como libertador e fez-se reconhecer como “filho de Amon”, sucessor dos faraós, prometendo respeitar as instituições e restaurar a paz, a ordem e a economia. Lançou as fundações da cidade de Alexandria.

Com sua morte em 323 a.C., o controle do Egito passou a um de seus generais, Ptolomeu I, que a partir de 305 a.C. iniciou a Dinastia dos Lágidas. Dentre seus herdeiros destacaram-se, inicialmente, Ptolomeu Filadelfo, cujo reinado durou de 285 a 246 a.C. e se notabilizou pela expansão comercial, a construção de cidades, e a criação de um museu e da biblioteca de Alexandria; sucedeu-lhe Ptolomeu Evérgetes, que reinou de 246 a 222 a.C. e impulsionou as letras e a arquitetura; e finalmente Ptolomeu Epífano, coroado em 196 a.C., que foi homenageado com a redação do decreto da pedra de Rosetta, em 204 a.C. Atacado por reinos helenísticos, o Egito colocou-se sob proteção romana, com submissão cada vez maior. Seguiram-se vários e cruéis reinados dos lágidas, até Ptolomeu Auletes que, com apoio romano, permaneceu no poder até 51 a.C., quando foi expulso pelos egípcios. Sua filha Cleópatra VII desfez-se, sucessivamente, de dois irmãos e apoiou-se no imperador romano Julius Caesar.

Com a morte deste, em 44 a.C., ligou-se a Marcus Antonius, mas diante da derrota frente às esquadras romanas, e do assassinato, ordenado por Octavius Augustus, do jovem Ptolomeu Caesar, filho que tivera com Julius Caesar, suicidou-se em 30 a.C. O Egito foi então transformado em província romana.

Soberanos de direito divino e culto imperial, os lágidas restauraram os templos, honraram a classe sacerdotal e entregaram a administração aos gregos.

Alexandria, cidade grega por suas origens, comércio e cultura, foi o centro intelectual e comercial do Mundo Helenístico. Em 30 a.C., iniciou-se o período romano. A minoria romana conservou a organização da época helenística, com base nos nomos (províncias). O camponês era esmagado por altos impostos e requisições.

A indústria e o comércio, que deixaram de ser monopólio estatal, ganharam impulso e atingiram as mais distantes regiões. A passagem dos romanos foi marcada ainda pela construção de estradas, templos, teatros, cisternas, obras de irrigação e cidades. Uma destas foi Antinópolis, construída por Hadrianus. No final do século II da era cristã generalizaram-se os ataques nômades às fronteiras (Líbia, Etiópia, Palmira) e as perseguições ligadas à expansão do cristianismo.

Após Constantinus I, começam as disputas religiosas.

Em 451 a adesão da igreja alexandrina ao monofisismo levou à formação de uma igreja copta, distinta da grega, e dessa forma o que era tido como heresia, por força das perseguições imperiais, transformou-se na religião nacional egípcia. Com a divisão do Império Romano verificou-se uma progressiva substituição de Alexandria por Constantinopla em importância cultural e econômica.

No século VI o declínio econômico era generalizado em todos os setores.

E no início do século VII os árabes foram recebidos como autênticos libertadores.

Fonte: www.nomismatike.hpg.ig.com.br

História do Egito

O Egito está situado no nordeste da África, entre os desertos de Saara e da Núbia.

É cortado pelo rio Nilo no sentido sul-norte, formando duas regiões distintas: o Vale, estreita faixa de terra cultivável, apertada entre desertos, denominada Alto Egito; o Delta, em forma de leque, com maior extensão de terras aráveis, pastos e pântanos, denominado Baixo Egito.

No Período Neolítico, com o progressivo ressecamento do Saara, tribos nômades indo-européias instalaram-se na região do vale do rio Nilo, onde construíram cidades-estados, como Tebas, Memphis e Tânis.

Os grupos humanos constituíam-se em clãs, que adotavam um animal ou uma planta como entidade protetora, o Tótem. A cerca de 4.000 a.C., as aldeias de agricultores passaram a se agrupar, visando a um melhor aproveitamento das águas do rio, formando os nomos, primeiras aglomerações urbanas. Desenvolveu-se um trabalho coletivo de construção de reservatórios de água, canais de irrigação e secamento de pântanos. A agricultura passou a gerar excedentes, utilizados nas trocas entre os nomos. Os egípcios aproveitavam também a riqueza mineral da região, extraindo granito, basalto e pedra calcárea das montanhas que margeiam o vale.

Os nomos eram independentes entre si e dirigidos pelos nomarcas que exerciam ao mesmo tempo a função de rei, juiz e chefe militar. Gradualmente, os nomos foram se reunindo em dois reinos, um no Delta, Baixo Egito, e outro no Vale, Alto Egito, que mais tarde irão constituir um só Império. Nesse período anterior à unificação, os egípcios já haviam criado a escrita hierográfica e um calendário solar, baseado no aparecimento da estrela Sírius, dividido em 12 meses de 30 dias cada, mais cinco no final do ano.

Os antigos habitantes atribuíam a unificação do país, que ocorreu por volta de 3 000 a.C., a um personagem lendário, Menés, rei do Baixo Egito, que teria conquistado o Alto Egito e formado um só reino com capital em Mênfis. Segundo a crença, o responsável pela unificação era considerado sobre-humano, verdadeiro deus a reinar sobre o Alto e o Baixo Egito e o primeiro faraó (rei-deus egípcio).

Ora, isso não pode ser comprovado arqueologicamente. A unificação decorreu da necessidade de uma direção centralizada para o melhor controle das enchentes do rio, que tanto podiam trazer a fartura das colheitas, como a destruição das aldeias e das plantações. De todo modo, a crença serviu para divinizar os governantes que se utilizaram muito bem dela para se impor à população e manter um domínio direto sobre todas as terras do Egito. Recebendo impostos e serviços dos camponeses das aldeias, que cultivavam as terras, os faraós acumularam grande soma de poder e de riqueza.

Até 2700 a.C., o Egito manteve-se relativamente isolado. Por volta de 2000 a.C. deu os primeiros passos para romper esse isolamento. Realizou incursões contra os beduínos do Sinai e conquistou suas minas de cobre e pedras preciosas.

A invasão dos hicsos, de origem caucasiana, interrompeu essa expansão. O Egito expulsou os hicsos em 1600 a.C. e, em seguida, conquistou Síria, Palestina, Mesopotâmia, Chipre, Creta e ilhas do mar Egeu. Em 332 a.C. passou a integrar o Império Macedônico e, a partir de 30 a.C., o Império Romano.

Período dinástico

Com a unificação dos nomos em um único Estado, iniciou-se o período dinástico da história do Egito, que se divide em três eras principais o Antigo Império, o Médio Império e o Novo Império, separados por períodos intermediários em que a autoridade faraônica decaiu, trazendo anarquia e descentralização.

O Antigo Império, entre 2.700 e 2.200 a.C., foi a época em que o poder absoluto dos faraós atingiu o auge, principalmente durante a IV Dinastia, dos faraós Quéops, Quéfren e Miquerinos, que mandaram construir as enormes pirâmides (sepulcros) da planície de Gizé, perto da capital, Mênfis.

O Médio Império, com capital em Tebas, aproximadamente de 2.000 a.C., a 1.700 a.C., foi uma época de expansão territorial, de progressos técnicos nos canais de irrigação e de exploração de minérios na região do Sinai. A mando do faraó Amenemá I, da XII Dinastia, foi construída uma grande represa para armazenamento das águas, que ficou conhecida como lago Méris ou Faium. No período intermediário que se seguiu, houve aumento do poder dos nomarcas, rebelião de camponeses e escravos e ocupação do Delta pelos hicsos, povo de origem asiática, iniciando um período que durou cerca de um século e meio.

Como os egípcios melhoraram o aproveitamento das águas no rio Nilo?

Ramsés II (Museu Britânico, Londres)

O Novo Império começou com a expulsão dos hicsos por volta de 1.580 a.C., e marcou o ponto culminante do país como potência política. Os faraós do Novo Império, destacando-se Tutmés II e Ramsés II, deram início a uma política externa expansionista, com a conquista da Núbia (ao sul), da Síria, da Fenícia e da Palestina, formando um Império que chegava até o Eufrates.

Seguiu-se um período denominado Baixo Império, de sucessivas invasões por povos estrangeiros: assírios (671 a.c.), persas (525 a.C.), macedônios (332 a.C.) e romanos (30 a.C.) que liquidaram o Império Egípcios, uma civilização que perdurou por cerca de 35 séculos (3.500 anos).

A sociedade egípcia

A sociedade egípcia estava dividida em várias camadas, sendo que o faraó era a autoridade máxima, chegando a ser considerado um deus na Terra. Sacerdotes, militares e escribas (responsáveis pela escrita) também ganharam importância na sociedade. Esta era sustentada pelo trabalho e impostos pagos por camponeses, artesãos e pequenos comerciantes. Os escravos também compunham a sociedade egípcia e, geralmente, eram pessoas capturadas em guerras. Trabalhavam muito e nada recebiam por seu trabalho, apenas água e comida.

A escrita egípcia também foi algo importante para este povo, pois permitiu a divulgação de idéias, comunicação e controle de impostos.

Existiam duas formas de escrita: a demótica (mais simplificada) e a hieroglífica (mais complexa e formada por desenhos e símbolos). As paredes internas das pirâmides eram repletas de textos que falavam sobre a vida do faraó, rezas e mensagens para espantar possíveis saqueadores. Uma espécie de papel chamada papiro que era produzida a partir de uma planta de mesmo nome também era utilizado para escrever.

A civilização egípcia destacou-se muito nas áreas de ciências. Desenvolveram conhecimentos importantes na área da matemática, usados na construção de pirâmides e templos. Na medicina, os procedimentos de mumificação, proporcionaram importantes conhecimentos sobre o funcionamento do corpo humano.

A economia egípcia

O rio Nilo fornecia a alimentação, a maior parte da riqueza e determinava a distribuição do trabalho das massas camponesas nas aldeias. Durante a inundação (julho /outubro), com os campos alagados, os homens transportavam pedras para as obras de construção dos faraós, escavavam poços e trabalhavam nas atividades artesanais. Na vazante (novembro / fevereiro), com o reaparecimento da terra cultivável, captavam as águas e semeavam. Com a estiagem (março / junho), colhiam e debulhavam os cereais. A alimentação era complementada pela pesca e pela caça realizada nos pântanos do Delta do Nilo. A agricultura produzia cevada, trigo, legumes, frutas, uvas e linho.

Os egípcios também praticavam o comércio de mercadorias e o artesanato. Os trabalhadores rurais eram constantemente convocados pelo faraó para prestarem algum tipo de trabalho em obras públicas (canais de irrigação, pirâmides, templos, diques).

Como a região era desértica, o rio Nilo ganhou uma extrema importância para os egípcios. O rio era utilizado como via de transporte (através de barcos) de mercadorias e pessoas. As águas do rio Nilo também eram utilizadas para beber, pescar e fertilizar as margens, nas épocas de cheias, favorecendo a agricultura.

Desenvolveram técnicas de irrigação e construção de barcos. Com a unificação, a propriedade da terra passou dos clãs ao faraó, aos nobres e aos sacerdotes.

Os membros dos clãs foram transformados em servos, que trabalhavam nas minas, na construção de palácios, templos e monumentais pirâmides de pedra (túmulos dos faraós).

A religião egípcia

A religião egípcia era repleta de mitos e crenças interessantes. Acreditavam na existência de vários deuses (muitos deles com corpo formado por parte de ser humano e parte de animal sagrado) que interferiam na vida das pessoas. As oferendas e festas em homenagem aos deuses eram muito realizadas e tinham como objetivo agradar aos seres superiores, deixando-os felizes para que ajudassem nas guerras, colheitas e momentos da vida. Cada cidade possuía deus protetor e templos religiosos em sua homenagem.

Como acreditavam na vida após a morte, mumificavam os cadáveres dos faraós colocando-os em pirâmides, com o objetivo de preservar o corpo para a vida seguinte. Esta seria definida, segundo crenças egípcias, pelo deus Osíris em seu tribunal de julgamento. O coração era pesado pelo deus da morte, que mandava para uma vida na escuridão aqueles cujo órgão estava pesado (que tiveram uma vida de atitudes ruins) e para uma outra vida boa aqueles de coração leve.

Muitos animais também eram considerados sagrados pelos egípcios, de acordo com as características que apresentavam: chacal (esperteza noturna), gato (agilidade), carneiro (reprodução), jacaré (agilidade nos rios e pântanos), serpente (poder de ataque), águia (capacidade de voar), escaravelho (ligado a ressurreição).

Egito ptolemaico

O Egito ptolemaico é um período da história do Egito que decorre entre 305 a.C., ano em que um antigo general de Alexandre Magno, Ptolemeu I Sóter, se tornou rei do Egito, e 30 a.C quando a rainha Cleópatra VII foi derrotada e o Egito passou a ser integrado no Império Romano como província.

Em 333 a.C. Alexandre Magno derrotou os Persas na Batalha de Issus, tendo no Outono do ano seguinte ocupado o Egipto, onde foi aclamado como libertador pelo povo. Antes de partir para novas campanhas militares no Oriente, Alexandre fundou na região ocidental do Delta do Nilo a cidade de Alexandria, que seria nos séculos seguinte a metrópole cultural e económica do Mediterrâneo e capital dinástica.

Alexandre faleceu em 323 a.C. não tendo ficado assegurada a sua sucessão. Nos anos que se seguiram os seus generais dividiram entre si império criado por Alexandre. Um destes generais, Ptolemeu, já instalado como governador do Egipto, tomou em 305 a.C. o título de basileus (rei), fundando a dinastia ptolemaica que governaria o Egipto até 30 a.C..

A última representante da dinastia ptolemaica foi a famosa rainha Cleópatra, que tentou restaurar a glória anterior do reino, aliando-se aos romanos Júlio César e Marco António. Os seus esforços revelaram-se inúteis, tendo sido vencida pelas forças romanas de Octaviano na Batalha de Ácio.

Fonte: www.passeiweb.com

História do Egito

República Árabe do Egito

Com mais de 86 milhões de habitantes (2014), 90% da população egípcia é muçulmana e 7% copta – a religião cristã ortodoxa do país.

A bandeira nacional tem três listras horizontais, vermelha, branca e preta, com uma águia no centro. O Hino Nacional Egípcio começa com a letra “A ti, a ti, meu país, entrego meu amor e meu coração”. A moeda é a libra egípcia, dividida em 100 piastras ou 1.000 millièmes. Esta última subdivisão – o millième – está praticamente em desuso.

A língua oficial é o árabe e o inglês tomou o lugar do francês como o segundo idioma do país, sendo utilizado principalmente para apoio aos turistas. Pode-se afirmar que em todos os lugares, no comércio e nos sítios turísticos, há sempre muitos egípcios que falam fluentemente o inglês. Todo o primeiro escalão do governo e todos os intelectuais do Egito se fazem entender perfeitamente nesta segunda língua.

O Egito (Misr, em árabe) é uma república presidencialista desde 1953, sendo o Chefe de Estado o Presidente Muhammad Hosni Mubarak, no poder desde 1981 e atualmente em seu terceiro mandato consecutivo. De acordo com a Constituição adotada em 1971, o Egito passou a ser uma sociedade democrática socialista. A cada seis anos um candidato a presidente deve ser apontado por pelo menos 1/3 dos membros da Assembléia do Povo – o Parlamento egípcio, unicameral – e confirmado por pelo menos 2/3 de seus membros. Somente um candidato é apresentado ao povo, para ser votado em referendum. O presidente nomeia um ou mais vice-presidentes e todos os membros do Conselho de Ministros.

A Assembléia do Povo tem 448 membros, eleitos para mandato de 5 anos. O presidente do Egito tem o direito de nomear mais 10 membros. Pelo menos a metade dos parlamentares deve ser composta de operários e trabalhadores rurais. Teoricamente, a Assembléia do Povo tem grande poder, mas na prática apenas aprova a política do presidente.

Administrativamente, o país é dividido em 22 governadorias (províncias ou estados) e 4 cidades.

Algumas governadorias têm nomes iguais às suas capitais: Cairo, Alexandria, Assuã, Suez, Gizé. O presidente tem, ainda, poder para nomear os dirigentes das governadorias. Estas, por sua vez, são divididas em distritos e cidades, com governantes também nomeados. Muitos “governadores” são militares de altas patentes, alguns sendo veteranos da Guerra de 1973, da qual também participou Mubarak como comandante da Força Aérea.

O Partido Democrático Nacional – do governo – é o mais poderoso do país. Partidos de oposição também participam das eleições, como o Partido Novo Wafd e o Partido Trabalhista Socialista. Todos os cidadãos egípcios com mais de 18 anos podem votar. Na realidade, o que se observa é que uma minoria tem título de eleitor. Calcula-se que apenas 10% dos aptos exercem o direito de voto, ou menos ainda. Como o partido do Presidente Mubarak é o mais forte, podendo este ser indicado indefinidamente para a reeleição, Mubarak pode ser chamado, com toda propriedade, de um autêntico “faraó”. Com uma Lei de Emergência em vigor e várias vezes reeditada desde o assassinato de Sadat, com amplos poderes sobre o país e as Forças Armadas, podendo fechar o Parlamento quando assim o desejar, Mubarak é na realidade um “Ramsés” dos tempos modernos.

De acordo com a lei egípcia, todas as crianças de 6 a 12 anos são obrigadas a freqüentar a escola.

Atualmente, 85% dessas crianças vão às aulas, mas o analfabetismo é ainda muito grande no Egito: 45% da população não sabe ler nem escrever.

Porém o quadro já foi pior: até 1940, 80% não sabia. Em 1994, a metade da população egípcia ainda vivia no campo.

Quando chegamos no Egito, em 1990, a situação econômico-social já era bastante crítica. Hoje, após a Guerra do Golfo Pérsico, com a ingerência do Fundo Monetário Internacional obrigando o país a retirar os subsídios dos produtos alimentícios e dos serviços públicos, a situação é muito pior para a classe menos favorecida.

O Egito procura fugir do modelo socialista imposto por Násser: nacionalização da indústria, setor público extrema-mente desenvolvido e pesado, com o país praticamente fechado a investimentos estrangeiros. Na época em que lá chegamos, a dívida externa era de mais de 40 bilhões de dólares. Comparado ao seu PIB, a dívida egípcia era 5 a 6 vezes mais grave que a brasileira. Como diria o ex-Ministro Magri, é uma dívida “impagável”.

Egito, o maior oásis do mundo

O Egito tem uma área aproximada de 1 milhão de km², da qual 96% é puro deserto. Não fosse o capricho da natureza ter feito seguir o Rio Nilo do sul para o norte da África, rasgando as escaldantes areias do deserto, não existiria o Egito que a gente conhece das aulas de História, com seus faraós e monumentos descomunais que tiveram início por volta de 3.000 anos antes de Cristo.

O Egito é antes de tudo o Rio Nilo. Nem por nada que o historiador grego Heródoto afirmou que “o Egito é um presente do Nilo”. Podemos dizer que o Egito, restrito na prática a seu Vale e a seu Delta, é o maior oásis do mundo, encravado entre o Deserto da Líbia e o Mar Vermelho. De Assuã (Alto Egito) até o Cairo, o fértil Vale do Nilo varia de 1,5 a 14,5 km de largura. Depois do Cairo, o Nilo se divide em dois braços principais, Damieta e Roseta, para atingir o Mar Mediterrâneo juntamente com uma infinidade de canais de tamanhos decrescentes que irrigam todo o Delta do Nilo (Baixo Egito), considerado uma das regiões mais férteis do planeta.

O Nilo de águas azuis que passa solene e manso pelo Cairo deriva-se de dois afluentes principais: o Nilo Branco, que se origina no Lago Vitória, e o Nilo Azul, que nasce na Etiópia. O Nilo tem, ao todo, 6.670 km de comprimento, só perdendo em extensão para o Amazonas-Ucayali.

O Nilo é tão importante para o Egito que o ex-Presidente Sadat já foi até à guerra com o Sudão por causa de suas águas. Como o Egito está no final da “fila” e é o último a receber o precioso líqüido, depois do Sudão, Quênia, Etiópia e outros países, procura impor uma política de utilização conjunta de suas águas e qualquer projeto de hidrelétrica ou irrigação nos outros países deixa o governo egípcio com o cabelo em pé. Ao todo, são nove os países que dependem das águas do Nilo.

Basta dizer que a quase totalidade da população egípcia se comprime nos 4% de suas terras férteis – o Vale do Nilo e seu Delta. Para se ter uma idéia da superpopulação egípcia, uma das maiores do mundo, é mais ou menos como se toda a população residente nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro vivesse num Estado como o Pará, mas com a diferença de não povoar o interior de todo aquele Estado, mas apenas as margens do Rio Amazonas, incluindo a Ilha de Marajó, que seria o Delta. Importante é frisar que nesse pequeno espaço em que o povo divide suas terras para a plantação e para sua habitação, o Egito consegue a proeza, ainda assim, de produzir quase tanto trigo quanto o Brasil, superando nosso país na produção de alho e cebola. Durante a Guerra da Secessão, nos EUA, o Egito se tornou o maior produtor mundial de algodão!

O resto de seu território, já foi dito, é puro deserto, com alguns oásis de interesse apenas turístico, de população escassa, a exemplo do oásis de Siwa, perto da fronteira com a Líbia, e dos oásis de Faratra, Kharga e Dakhla. Há também o Novo Vale, localizado numa depressão a oeste do Nilo, no Alto Egito, próximo à Represa de Assuã, um ousado projeto agrícola do governo que tenta domar as areias do deserto. Fora do Vale e do Delta do Nilo convém citar, ainda, os balneários no Sinai e nas costas do Mediterrâneo e do Mar Vermelho. Naqueles re-cantos paradisíacos, com águas do mar transparentes, muito sol e calor, os turistas praticam escafandria e viajam em barcos com o fundo transparente, ou em submarinos, para observar a rica fauna e flora do Mar Vermelho, com peixes exóticos e corais multicoloridos.

Redescoberta do Egito

O Egito é tão antigo, mas tão antigo que a história lá não é contada em séculos, porém em milênios. Assim, não impressiona quando se fazem não só descobertas mas também “redescobertas” naquele exótico país. Um egípcio, Dr. Ragab, “redescobriu” a técnica de fabrico do papiro. E os franceses, com Napoleão Bonaparte, “redescobriram” a história egípcia, escondida em hieróglifos indecifráveis.

Com a expedição de Napoleão ao Egito, em 1798, seguiram junto 150 estudiosos, que produziram uma enorme obra, a Description de il’Egypte (Descrição do Egito). Os aspectos exóticos da civilização faraônica despertaram a curiosidade de intelectuais e do povo em geral, surgindo a “egiptomania”. O roubo de antigüidades egípcias aumentou e começaram a se formar as grandes coleções que atualmente existem em vários museus do mundo, especialmente os de Londres, do Louvre (Paris) e do Vaticano.

Porém, o enigma dos hieróglifos que cobriam as paredes de muitos monumentos egípcios permanecia indecifrável e a história dos faraós continuava envolta em mistério.

Em 1799, próximo a Rashid (Roseta), a leste de Alexandria, foi achada uma pedra negra de basalto coberta de inscrições.

A pedra continha um decreto de Ptolomeu V, datado de 196 a.C., escrito em três textos: o primeiro em caracteres hieróglifos, a “escrita sagrada”, entendida naquela época somente pelos sacerdotes; o segundo em caracteres demóticos (do grego “demos”), a “escrita popular”; e o terceiro em caracteres gregos. Este último texto era nessa língua porque era dirigido ao grande número de gregos que se estabeleceram no Egito depois da conquista de Alexandre, muitos deles tornando-se figuras influentes na corte e na administração egípcia.

Supondo, corretamente, tratar-se do mesmo texto com três versões, compreenderam os cientistas que tinham em mãos uma chave para a escrita hieroglífica.

Fizeram-se várias cópias das inscrições da Pedra de Roseta para distribuição aos estudiosos. Com a derrota dos franceses no Egito, os ingleses levaram a Pedra de Roseta como troféu de guerra. Atualmente, a Pedra se encontra exposta no Museu Britânico.

O francês Jean-François Champollion já aos 13 anos se comprometeu em decifrar o enigma dos hieróglifos e para isso estudou latim, grego, hebraico, aramaico, sírio, árabe, persa e copta.

O enigma persistia: a escrita egípcia era ideográfica ou fonética? Ou seja, cada símbolo representava uma idéia ou um som?

Com a ajuda de cópias da Pedra de Roseta e de inscrições de monumentos do Egito, Champollion conseguiu decifrar os nomes de soberanos gregos e romanos, como Alexandre, e chegou aos nomes de faraós egípcios, como Ramsés. Champollion descobriu que os hieróglifos eram símbolos fonéticos. Por exemplo, o desenho da coruja não representava um pássaro mas o som da letra “m”; a mão não era uma mão mas o som da letra “d”; as duas linhas onduladas não representavam a água mas o som da letra “n”; o leão representava a letra “l”; e assim por diante. Aumentando o conhecimento do número de caracteres, Champollion começou a ler textos mais longos e, por fim, dominou o antigo idioma egípcio.

Nascia, assim, a egiptologia, ciência que, à semelhança do hipotético ovo de dinossauro do filme Parque dos Dinossauros, recriou toda a história do antigo Egito, dinastia após dinastia, nos legando todo o conhecimento detalhado da vida egípcia, seus afazeres domésticos, a crença na imortalidade da alma, seus deuses, os serviços funerários, as campanhas contra os inimigos.

O Egito, de Menés a Mubarak

Antes de escrever alguma coisa sobre os egípcios, esse povo sofrido que foi dominado por povos tão diferentes durante tanto tempo, usurpando de suas riquezas, convém fazer um retrospecto sobre sua história.

Período faraônico

No ano 3200 antes de Cristo, o Alto e o Baixo Egito foram unificados em um só reino, por Menés, com a capital em Mênfis, perto das pirâmides de Sakara, a uns 40 km ao sul do atual Cairo. Começou então o Período Arcaico ou Tinita, que durou até 2680 a.C. É nesse período que foi inventado o papiro. Os vários períodos de governo constituiram-se em 31 dinastias reais, cada uma com um número variável de soberanos. A pirâmide em degraus de Sakara foi construída no Período Arcaico, durante a III Dinastia, para servir de mausoléu ao Rei Zoser. Essa pirâmide é a primeira grande construção de pedra da história e a mais antiga edificação ainda existente no mundo.

As três grandes pirâmides de Gizé foram construídas durante a IV Dinastia, no rei-nado de Quéops, Quéfren e Miquerinos (pai, filho e neto, respectivamente). É o período do Antigo Reino (2680 a 2280 a.C.).

No Segundo Período Intermediário (1785 a 1580 a.C.), deve-se destacar as Dinastias XV e XVI, dos hicsos, cujo significado é “reis pastores”. Os hicsos eram povos de Canaã (Palestina e Líbano), que ocuparam o norte do Egito entre os anos de 1730 e 1580 a.C., dividindo aquele país novamente em Alto e Baixo Egito e fixando a capital em Avaris, na região oriental do Delta do Nilo. Os hicsos introduziram as carruagens de guerra, puxadas por dois ou quatro cavalos, arma essa utili-zada com muito sucesso pelos egípcios, posteriormente.

O Alto Egito continuou a ser governado pelos egípcios, naquele mesmo período, pela XVII Dinastia, com a capital em Tebas, no sítio da atual Lúxor.

Nesse tempo, os hebreus começaram a se instalar no norte do Egito, em grande número, entre o Delta do Nilo e o atual Canal de Suez, porque não havia restrição dos hicsos. Pela Bíblia sabemos que Abraão também passou pelo Egito, fugindo da fome que havia se instalado em Canaã. Com a escrava egípcia Agar, Abraão teve o filho Ismael. Este, por sua vez, teve 12 filhos e seus descendentes formaram os árabes ismaelitas. Com Sara, Abraão teve Isaac. Este teve 2 filhos, Esaú e Jacó. Jacó, também conhecido como Israel, teve 12 filhos, que formaram as 12 tribos de Israel. Assim, Abraão é, ao mesmo tempo, pai dos árabes e dos judeus. De mesma origem, os judeus e árabes até hoje nutrem ódio mortal uns contra os outros, apesar de todos serem primos. O idioma de ambos é muito semelhante, muitas palavras em hebraico e árabe são iguais.

Por exemplo, as palavras salam (em árabe) e shalom (em hebraico) têm o mesmo significado: “paz”.

Escreve-se, nas duas línguas, da direita para a esquerda, porém com caracteres diferentes.

Com a expulsão dos “reis pastores”, como eram conhecidos os hicsos, é fácil entender a apreensão de José, vendido pelos próprios irmãos como escravo para o Egito, quando quis estabelecer no país seu pai Jacó e os irmãos, todos pastores: “E direis isto, para poderdes habitar na terra de Gessém; porque os egípcios detestam todos os pastores de ovelhas” (Gênesis 46:33).

Finda a dominação dos hicsos, o Egito foi novamente unificado e os seus reis passaram a ser denominados “faraós”. O termo significa “palácio” e o faraó era tido como um deus.

O poder real do faraó é bem expressivo, pelas imagens que nos chegaram das tumbas: o cetro e o azorrague cruzados sobre o peito. O poder de reinar, e o poder de castigar. Com os faraós começa o período do Novo Reino, que se estendeu de 1580 a 1085 a.C.

Durante o Novo Reino, o Egito fixou sua capital em Tebas, que durante séculos foi a cidade mais importante do Oriente. É a época de ouro do antigo Egito, destacando-se os famosos faraós Tut Ankh-Amon – o rei-menino -, da XVIII Dinastia, e Ramsés II, da XIX Dinastia.

O faraó Akhenaton (casado com Nefertiti), que governou um pouco antes de Tut Ankh-Amon, é considerado o primeiro monoteísta, por querer implantar no Egito antigo a religião de um único Deus. Porém, após sua morte, o povo egípcio passou a ser politeísta como sempre tinha sido até então. Atribui-se a Akhenaton a criação dos conceitos da atual sociedade rosacruciana. Numerosos personagens da Antigüidade teriam pertencido àquela sociedade esotérica, como Salomão, Pitágoras, Platão. O alemão Christian Rosenkreuz, na Idade Média, foi apenas um renovador dessa ordem secreta, ao criar a sociedade Rosae Crucis, que mistura hermetismo egípcio, agnosticismo cristão, cabalismo judaico, alquimia e outras crenças.

Durante o Novo Reino, o povo hebreu havia crescido muito no Egito e passou a ser considerado um perigo para os faraós. Por isso, os hebreus começaram a ser escravizados e seus bebês do sexo masculino tinham que ser mortos, lançados ao rio. Moisés foi salvo das águas pelas mãos de uma princesa egípcia. A Bíblia nos diz sobre a construção, pelos escravos hebreus, das cidades-depósitos de Fitom e Ra-messés, esta última no sítio da antiga cidade de Avaris (Êxodo 1:11).

Segundo alguns historiadores, durante o reinado de Ramsés II (1298-1232 a.C.) os hebreus foram libertados por Moisés e começaram o retorno à Terra Prometida, passando pelo Sinai e vagando 40 anos pelo deserto. Se aquela época for a correta, o filme Os Dez Mandamentos se aproxima bastante do que poderia ter ocorrido com Moisés e seu povo nas mãos do faraó Ramsés II, interpretado pelo ator careca Yul Brynner. Como no filme, os filhos dos faraós tinham que raspar a cabeça, ficando apenas com uma mecha de cabelo, no lado da cabeça, enrolada em tranças.

Porém, há controvérsias. No tempo de Salomão (III Reis, 6:1) há referência sobre os 480 anos após a saída dos filhos de Israel da terra do Egito, que conhecemos por “Êxodo”, quando se começou a edificar a Casa do Senhor, em Jerusalém (1º Templo). Feitas as deduções, estudidosos acham que o Êxodo teria ocorrido em 1446 ou 1448 a.C., durante o reinado do faraó Tuthmosis III, da XVIII Dinastia. Tuthmosis, em sua campanha contra os cananeus e sírios, venceu a maior batalha da história antiga, Armagedon, nas colinas de Meguido, perto da Nazaré atual, em Israel. Armagedon é, ainda hoje, o símbolo da guerra entre o bem e o mal, a última e maior batalha que ainda está por ser travada (Apocalipse 16:14 e 16).

Em 525 a.C., começa o período de domínio estrangeiro, com os persas governando de 525 a 332 a.C., destacando-se os soberanos Cambises, Dario e Xerxes.

Cambises fundou a cidade da Babilônia, no atual Cairo Velho, onde hoje se encontram restos de antiga fortaleza romana. A partir da invasão dos persas começa a decadência do antigo império faraônico. Mesmo com o domínio estrangeiro, o Egito foi governado por dinastias reais, da XXVII até a última, a XXXI. O correto seria afirmar que as dinastias reais terminaram com a invasão dos persas, a partir de quando os egípcios, de uma forma ou de outra, foram quase sempre governados por estrangeiros até sua independência em 1922.

Dominação grega, romana e bizantina

Em 332 a.C., Alexandre, o Grande, conquistou o Egito, fundando Alexandria. Quando Alexandre morreu, um de seus generais começou a reinar sobre o Egito e a Palestina com o nome de Ptolomeu I. Começa assim o Período Ptolomaico, que se encerrou com a morte da rainha Cleópatra em 30 a.C., findando-se o longo período das 31 dinastias reais que governaram o Egito por mais de 3 milênios.

Alexandria passou então a ser o centro grego no Egito, uma base naval e uma ligação entre a Macedônia e o rico Vale do Nilo. O apogeu da cidade coincidiu com a época dos Ptolomeus. Em 280 a.C., Ptolomeu II mandou erguer o primeiro farol da história, em Alexandria. Tinha 120 m de altura e se tornou uma das sete maravilhas do mundo antigo. Localizava-se na Ilha de Faros, donde se originou o termo “farol”. Um terremoto o destruiu no século XIV. Sob o governo dos Ptolomeus, Alexandria tornou-se o centro da cultura mundial. Ali viveram Eurípedes, Teócrito, Aristarco. A biblioteca de Alexandria, com um acervo de mais de meio milhão de papiros, reunia todo o saber da época.

O chamado “bairro do Delta” abrigava, também, uma comu-nidade judia que falava grego. Desta aliança entre as duas culturas nasceriam O Livro dos Macabeus, O Livro da Sabedoria e a tradução grega do Antigo Testamento conhecida como Septuaginta ou dos Setenta.

A chegada dos romanos, com Júlio César, em 48 a.C., representou um duro golpe para a cidade de Alexandria: durante a guerra de 48/47 houve o incêndio da famosa biblioteca.

No Cairo Velho, nos dias atuais, ainda existem ruínas do antigo Forte da Babilônia, construída pelos romanos durante o reinado do imperador Trajano, em 98 de nossa era.

A partir de 324, com o imperador Constantino, o Grande, o Egito teve a religião cristã oficializada. Tem início o período bizantino (Império Romano do Oriente), com a capital em Constantinopla. Posteriormente, o imperador Teodósio I, o Grande, fechou todos os templos pagãos do Egito. Começa o declínio do antigo idioma egípcio, que acabou por desaparecer completamente.

Há igrejas coptas no Cairo Velho que datam daquela época, ampliadas e reformadas posteriormente, e que contam com mais de 1.500 anos de existência, como a Igreja de São Sérgio, onde fica a gruta que abrigou a Sagrada Família, quando fugiu de Herodes. Outra igreja, construída no século V, é chamada de Al-Mo’allaqa (a “Suspendida”) porque fica sobre alguns bastiões do antigo Forte da Babilônia. Não confundir com a Babilônia da Mesopotâmia, que ficava no Iraque atual. Antigamente, a fortaleza ficava ao lado do Rio Nilo, junto a um porto. Hoje, o Nilo corre 300 m adiante.

O Império Árabe

Depois dos bizantinos vieram os persas, em 616, e por fim os árabes, comandados pelo general Amr Ibn Al-As, durante o califado de Omar, que introduziram no Egito o islamismo em 639 – religião e cultura que persistem até hoje. O Egito tornou-se uma província do Império dos Califas, com sede em Medina, na Arábia Saudita.

Kalifa significa “sucessor”, do profeta Maomé. Omar, o 2º califa, é o verdadeiro fundador do império árabe, conquistando a Pérsia, a Síria, toda a Palestina, além do Egito. Nas imediações do atual Cairo Velho, Amr Ibn Al-As fez construir Al-Fustat, capital do Egito até 969. Dessa antiga cidade nada restou além da mesquita de Amr Ibn Al-As, a mais antiga da África e a quarta mais antiga do mundo.

A partir de 660 o califado se torna hereditário, iniciando-se a dinastia dos omíadas, com sede em Damasco, na Síria. Durante essa época, a partir de 711, os árabes subjugam a Espanha e Portugal. Na Espanha mantiveram-se por mais de 7 séculos, até 1492, com sede em Córdoba.

Em 750, a dinastia dos omíadas foi substituída pela dos abássidas, que iria se manter até 1258, e inicia-se o Califado de Bagdá. O último omíada, expulso de Damasco, se refugia em Córdoba, Espanha, e funda o Califado Omíada do Ocidente. Nesse período, o império começa a se fragmentar pois era muito extenso para se manter unido.

Em conseqüência do enfraquecimento do império árabe, em 969 o Egito foi invadido pelo general fatímida Djawhar Al-Rumi, que construiu ao norte de Al-Fustat uma nova capital, que chamou de Al-Qáhirah (O Cairo), cujo significado é “a vitoriosa”, devido ao planeta Marte que brilhava ao fim da batalha. Marte, como sabemos, é o deus da guerra.

A antiga cidade de Mênfis, uma das capitais do antigo Egito, ao sul das pirâmides de Gizé, tinha se mantido próspera mesmo durante a ocupação romana e só foi destruída pelos árabes que a saquearam para construir o Cairo. A principal relíquia que sobreviveu em Mênfis é uma esfinge de alabastro ainda encontrada no local.

Os fatímidas, ramo xiíta do islamismo, tem seu nome originado de “Fathima”, filha do profeta Maomé. Dessa época de domínio destaca-se a fundação da Mesquita Al-Azhar, no Cairo, com sua Universidade de Teologia, considerada uma das mais antigas do mundo e que ainda tem um grande poder de irradiação em todo o mundo muçulmano. Também é desse período a Mesquita de Ahmad Ibn Tulun, igualmente construída no Cairo, uma das maiores e mais bonitas da cidade, e que tem um minarete em espiral e um grande pátio interno.

Em 1171, o grão-vizir Salah Addin Yusuf Ibn Ayyub, conhecido como Saladino, dominou o Egito e governou o país como Sultão da Síria até 1174, quando passou a ter o título de Sultão do Egito. Aboliu o califado fatímida no país e iniciou a dinastia dos aiúbidas. Em 1187, Saladino reconquistou a Palestina dos cruzados, incluindo a cidade de Jerusalém, restabelecendo o controle do califado sunita de Bagdá sobre toda aquela região.

Em contraste com a sangrenta ocupação de Jerusalém feita pelos cruzados, Saladino concedeu anistia e passagem livre para os cruzados e suas famílias saírem da Palestina, após pagarem alto resgate.

As vitórias de Saladino na Palestina deram origem à III Cruzada, comandada por três reis da Europa: Felipe Augusto, da França; Frederico, o “Barbaroxa”, da Alemanha; e Ricardo Coração de Leão, da Inglaterra. O contra-ataque dos três reis tornou-se inócuo frente ao gênio militar de Saladino. O Reino Latino de Jerusalém, dos cruzados, a partir de então, restringiu-se a algumas cidades da costa da Palestina.

No Cairo, Saladino construiu a famosa cidadela militar em Gibal (Colina) Al-Muqattan, onde atual-mente fica a imponente mesquita de Muhammad Ali. Introduziu, ainda, as madrassas, escolas da religião muçulmana semelhantes às da Síria, Mesopotâmia e Pérsia.

Saladino é, para os egípcios, um herói equivalente a El Cid, o chefe militar cristão que se tornou famoso nas campanhas contra os mouros, na Espanha. Dotado de extremo cavalheirismo, Saladino tornou-se amigo de Ricardo Coração de Leão, enviando-lhe uma vez neve para curar seus ferimentos. Saladino foi um general vitorioso e é o símbolo máximo, para os árabes, dessa época romântica, caracterizada por cavaleiros destemidos e corteses, eternizada nas obras de capa-e-espada da literatura medieval. Ainda hoje é grande a romaria a seu túmulo, em Damasco.

No século XIII, a dinastia fundada por Saladino é destronada, dando lugar aos sultões mamelucos. O termo “mameluco”, em árabe, significa “ser possuído por alguém”. Eram escravos turcos capturados na infância e treinados pelos egípcios na arte da guerra. Os mamelucos, desta forma, tornaram-se oficiais influentes na corte egípcia e acabaram se apoderando do poder. O mesmo viria a acontecer com os califas de Bagdá, que foram se enfraquecendo pela presença cada vez maior de capitães turcos que serviam em seu império. Quase todos os monumentos que se conservaram até hoje no Egito são da época dos mamelucos, como a madrassa sepulcral (mesquita) do Sultão Hassan e os mausoléus dos sultões mamelucos, próximos da Cidadela de Saladino.

Em 1517, o Egito tornou-se parte do Império Otomano. Como foi afirmado antes, os sultões turcos não se apoderaram repentinamente do império árabe. É que já, de fato, tinham estabelecido um certo poder sobre o mesmo anteriormente. A única lembrança deixada pelos turcos no Egito talvez seja o tarbúsh, um chapéu vermelho de feltro, sem abas e com borla negra, que os mandatários do Egito e os homens em geral utilizavam até antes da Revolução de 1952 e que hoje é apenas objeto de interesse para os turistas. E as casas públicas de “banho turco”, hoje em decadência absoluta.

Em 1798, Napoleão Bonaparte invadiu o Egito e foi ex-pulso pelos turcos e ingleses em 1801, quando os sultões turcos retomaram o poder. Em 1805, Muhammad Ali é designado pasha (paxá, governador) do Egito. Embora estivesse sob o comando dos turcos, logo passou a ser o real governante do país, tornando o seu governo independente e hereditário. Muhammad Ali é o fundador do moderno Egito e promoveu muitas melhorias na cidade do Cairo, criando bairros novos e aterrando pântanos.

O Canal de Suez

Em 1859, o francês Ferdinand de Lesseps começou a construção do Canal de Suez, que ficou pronto 10 anos depois. Para comemorar a inauguração do Canal, o compositor italiano Giuseppi Verdi foi contratado para compor uma ópera, Aída, que teve sua première apresentada no Cairo somente em 1871.

Marco da moderna engenharia, o canal de Suez tem 167 km de extensão, largura mínima de 150 m, profundidade de 11 m e não possui comportas. O Canal encurtou em 44% o percurso entre Londres e Bombaim.

Possui em seu percurso três grandes lagos: Ballah, Timsah e Amargos. Através de um desses lagos – e não do Mar Vermelho – os hebreus teriam passado a salvo, conduzidos por Moisés no Êxodo do Egito para a Terra Prometida.

A guerra entre o Egito e Israel, em 1967, fechou o Canal de Suez à navegação internacional. A reabertura do Canal somente ocorreu em 1975, após um gigantesco trabalho de desobstrução de minas e navios afundados.

Desde a antigüidade, várias tentativas foram feitas no sentido de ligar o Mar Mediterrâneo ao Mar Vermelho. Nos séculos VI a III a.C. realizou-se uma ligação entre o Nilo, o lago Timsah e o Mar Vermelho.

Com o fim da dinastia de Muhammad Ali, em 1882, e até 1922, o Egito se tornou província britânica.

Embora permanecesse juridicamente parte do Império Otomano, o Egito passou a ser tratado pela Inglaterra como colônia sua: o exér-cito foi licenciado e substituído por forças militares britânicas de ocupação e o país dirigido por cônsules ingleses.

Em 1914, quando o Império Otomano se aliou aos alemães durante a I Guerra Mundial, o Egito foi declarado protetorado britânico e Hussein Kamel passou a ser seu governante com o título de Sultão. Em 1917 assume Fuad I. Em 1922 ter-mina o protetorado britânico e Fuad recebe o título de rei. Assim, somente em 1922 o Egito conseguiu sua in-dependência, após centenas de anos de ocupação estrangeira.

A Revolução de 23 de julho de 1952

Com a Revolução de 23 de julho de 1952, é deposto o Rei Farouk e em 1954 assume o governo do Egito o coronel Gamal Abdel Násser. Muitos consideram o dia da Revolução como sendo a verdadeira data da independência do Egito, por ter-se livrado de monarcas corruptos, títeres dos ingleses. Nessa Revolução têm importância os oficiais egípcios da Irmandade Muçulmana, um movimento fundamentalista criado pelo egípcio Hassan Al-Bauna em 1928 e que de certa forma orientou todo o fundamentalismo que se observa hoje no mundo islâmico. Após a Revolução, o Egito se torna uma República.

Násser nacionaliza o Canal de Suez em 1956, impedindo o seu uso a Israel. Com isso, provoca a Guerra contra Israel no mesmo ano, que invade a Faixa de Gaza e a Península do Sinai. Com a pressão das superpotências EUA e URSS, e da ONU, Israel deve devolver o território ocupado. Para fazer cumprir as resoluções da ONU, foram enviadas ao local do conflito as United Nation Emergency Forces – UNEF (Forças de Emergência das Nações Unidas), representadas também pelo Batalhão Suez, do Exército Brasileiro. Os nossos boinas azuis chegaram a Porto Said em 4 de fevereiro de 1957, sob o comando do tenente-coronel Iracílio Ivo de Figueiredo Pessoa. Geralmente, de 7 em 7 meses o Batalhão era substituído por novo contingente. Em 8 de junho de 1967, com o agravamento da crise árabe-israelense – que acabou resultando na Guerra dos Seis Dias -, os soldados brasileiros abandonaram a Faixa de Gaza a bordo do navio sueco Timmerland.

Em 1958, o Egito, a Síria e o Iêmen formam a República Árabe Unida (RAU). Essa confederação teve vida efêmera.

Porém, até hoje ela deve ainda estar no subconsciente egípcio, apesar de agora o país se chamar República Árabe do Egito (RAE).

Explico: o prefixo da Embaixada Brasileira no Cairo ainda é UAR-BREM. UAR é a sigla inglesa de República Árabe Unida. BREM (Brazilian Embassy) significa Embaixada Brasileira. Detalhe que os egípcios parecem não dar a mínima atenção. Na Embaixada Brasileira ninguém conseguiu me expli-car o porquê da manutenção daquela sigla. Como dizem os egípcios, maalêsh! Mais adiante eu explico o que isto significa.

O Egito viria a sofrer outra derrota humilhante na Guerra dos Seis Dias, em 1967. Násser, apesar das derrotas militares, sempre conseguiu manter seu nome como o maior líder do Egito moderno.

Em 1970, assume como presidente Anwar Al-Sadat. Ao contrário de Násser, que havia nacionalizado quase toda a produção egípcia, sob influência soviética, Sadat tenta introduzir no país a infitah, a política de “portas abertas” ou abertura econômica, e começa a aproximação com o Ocidente, principalmente com os EUA. Assim, em 1972, Sadat ordena a retirada do país de cerca de 20 mil conselheiros soviéticos.

O Egito e a Síria, apoiados pelas nações árabes, atacam Israel de surpresa no dia 6 de outubro de 1973, iniciando a Guerra do Ramadã, como é conhecida pelos egípcios, ou a Guerra do Yom Kippur, assim chamada pelos judeus. “Yom Kippur” significa “Dia do Perdão” e é uma das datas mais sagradas dos judeus. Essa guerra levantou o moral de todo o Egito, pelas conquistas alcançadas, incluindo-se a devolução do Sinai, somente efetivada em 1982.

Hoje, no Egito, 6 de outubro é feriado nacional e o nome de uma importante ponte sobre o Nilo no Cairo. Há, ainda, a Cidade Seis de Outubro, criada em pleno deserto, ao sul do Cairo e em direção a Al-Fayyum, onde há vários complexos industriais instalados para desafogar o Grande Cairo.

As guerras do Egito contra Israel tornaram o país pobre e o êxodo rural aumentou. A cidade do Cairo começou a inchar e os protestos políticos, junto com a insatisfação da população pelos aumentos de preços dos produtos de primeira necessidade, levaram a muitas agitações, gerando prisões em massa.

O Egito, acertadamente, reconheceu a necessidade de estabelecer um plano de paz com Israel e assim Anwar Al-Sadat e Menachem Beguin assinaram um Acordo de Paz, em 1979. Esse Acordo, aliado à política econômica recessiva de Sadat, revoltou ainda mais os extremistas e em 1981, na parada militar de 6 de outubro, data do início da Guerra do Ramadã, Sadat é assassinado no palanque das autoridades. Junto ao palanque, em companhia de vários militares estrangeiros, o adido militar brasileiro teve que se jogar no chão para não ser atingido por rajadas de metralhadoras.

Assume, então, o Presidente Muhammad Hosni Mubarak, que governa o Egito desde então, sendo eleito através de plebiscito em 4 de outubro de 1993 para seu 3º mandato. Mubarak sempre seguiu a linha política de Sadat e tornou o Egito um aliado importante do Ocidente no Oriente Médio, apesar da crescente rejeição a seu governo por parte dos fundamentalistas muçulmanos, que promovem ataques às autoridades egípcias, aos cristãos coptas e, desde 1992, a turistas estrangeiros. Um exemplo típico do seu alinhamento com os EUA foi o observado na Guerra do Golfo, em 1991, quando o Egito integrou as forças aliadas contra Saddam Hussein.

Como vimos nesta compacta retrospectiva histórica, o egípcio é um povo sofrido, que sempre se debateu contra a dominação estrangeira e somente em 1922 conseguiu sua independência – um século depois do Brasil.

É um povo sofrido, porém muito alegre e hospitaleiro.

Faz lembrar o carioca no Brasil: gosta de curtir a vida, adora futebol e música, é afável, brincalhão e muito prestativo. Não consegue guardar rancor. É claro que há grupos radicais, mas o Egito era até pouco o único país árabe que mantinha relações diplomáticas com Israel.

Os costumes do povo egípcio, sua vida privada, curiosidades, humor, tudo isso tratarei adiante. Que é, sem dúvida, o melhor destas mal-traçadas linhas.

Processo de mumificação no Antigo Egito

“Embalsamar” e “mumificar” significam a mesma coisa. O termo “múmia” é resultado de erro grosseiro. Como muitos corpos embalsamados foram encontrados enegrecidos, acreditava-se que tivessem sido untados com betume. Mumiya, em árabe, significa “betume”.

A arte da mumificação no antigo Egito era ligada a ritual religioso. Eles acreditavam que depois da morte a alma, antes de atingir a redenção eterna, peregrinaria pelo espaço por longo tempo, revisitando várias vezes o corpo, razão pela qual se impunha a conservação do mesmo. No início, apenas os faraós e os sacerdotes tinham seus corpos mumificados. Depois o costume se estendeu também ao povo egípcio em geral.

Hoje, sabemos que há, pelo menos, três processos para preservar um corpo após a morte. O primeiro processo é refrigerá-lo a baixíssimas temperaturas.

Atualmente, há muitos milionários que mandam congelar seus corpos, após a morte, na esperança de mais tarde serem “ressuscitados” e curados da doença que os acometeu, ou, numa hipótese melhor, que tenham seus corpos rejuvenescidos quando retornarem à vida. Em 1991 foi descoberto o “homem de Similaun”, nos Alpes austríacos, que teve seu corpo congelado na neve e se conservou “mumificado” em muito bom estado até hoje.

O segundo processo para preservar o corpo é injetar um fluido anti-séptico nas veias e artérias, de modo que o líqüido atinja todo o corpo para evitar a ação das bactérias.

O terceiro processo é desidratar completamente o corpo e mantê-lo seco. As bactérias necessitam de umidade para se desenvolverem e multiplicarem. A “carne de sol”, impregnada de sal, é preservada através desse processo, assim como as frutas cristalizadas. Este último processo – da desidratação – era o único disponível para os egípcios mumificarem seus corpos. Eles já sabiam que o imenso calor nas areias do deserto ressecavam completamente os corpos humanos, mantendo-os bem conservados, porém rígidos. O que precisavam era algo que deixasse o corpo mais flexível.

Casualmente, os antigos egípcios tinham a substância ideal para isso, o natrão. Esta substância é uma mistura de bicarbonato de sódio e carbonato de sódio com cloreto de sódio (sal de cozinha) ou sulfato de sódio. Sua principal propriedade é ser higroscópica, ou seja, a capacidade de absorver a umidade, além de ser antisséptico – essencial para o embalsamamento das múmias egípcias. Desde a época do Antigo Reino (2680 a 2280 a.C.), os egípcios conheciam estas propriedades do natrão.

O natrão se cristalizava no verão, nas pequenas lagoas que se formavam após as enchentes do Nilo. Os antigos egípcios chamavam o natrão de netjeryt, que significa “divino”.

O natrão era também encontrado em um local, a 130 km a oeste do Cairo, que hoje tem seu nome derivado dessa palavra: Wadi Al-Natrun (Vale do Natrão).

Sabe-se que havia três métodos de preparação do corpo para a mumificação, de acordo com as posses da família do morto. O primeiro método, mais elaborado e mais caro, consistia na extirpação das vísceras e do estômago, deixando na caixa toráxica apenas o coração, algumas vezes também o fígado. O coração era mantido no corpo porque era considerado o órgão vital mais importante. Para os egípcios, era no coração que residia a inteligência humana, não no cérebro.

Com ganchos metálicos era retirada toda a massa cerebral. Os órgãos extirpados eram guardados em uma caixa canópica. Esta, no funeral, era colocada dentro do sarcófago.

No segundo tipo de preparação do corpo não era feita nenhuma incisão para extrair órgãos internos. Com uma seringa injetava-se, através do orifício retal, óleo de cedro. Posteriormente, era drenado o óleo, trazendo consigo o estômago e os intestinos.

O terceiro método era utilizado para o preparo dos defuntos mais pobres. Simplesmente eram limpados os intestinos com um purgante.

O historiador grego Heródoto escreveu que as mulheres da classe mais alta e as que se distinguiam por sua beleza não tinham seus corpos entregues aos embalsamadores logo após a morte, mas apenas 3 ou 4 dias após, para evitar a necrofilia. Sem refrigeradores e com altíssimas temperaturas no Egito, isso era pouco provável de ocorrer. A não ser que se desse mais atenção para evitar a violação do corpo do que para conservá-lo efetivamente, pois em 3 ou 4 dias o corpo já estaria em adiantado estado de putrefação.

Após a preparação do corpo, dava-se início à mumificação. No primeiro processo – com o corpo sem as vísceras -, colocava-se o natrão interna e externamente no corpo, para melhor penetração do sal em todos os tecidos do defunto. Substâncias aromáticas também eram colocadas dentro do corpo, além de mirra e cássia. Os órgãos guardados dentro da caixa canópica – vísceras, fígado, estômago, pulmões – também eram cobertos com natrão. Era, sem dúvida, o método que apresentava a maior durabilidade de conservação do corpo.

Nos dois outros processos, o natrão agia somente de fora para dentro do corpo, e o resultado era apenas parcial, pois havia a decomposição das vísceras. Resta saber qual o processo utilizado para a mumificação de Lênin, cujo corpo recebia enormes filas de visitantes em Moscou durante os áureos tempos do comunismo na antiga União Soviética.

Em todos os três métodos, a ação do natrão levava em torno de 40 dias para desidratar o corpo. Após esse tempo, o corpo era retirado do sal, lavado e enrolado em tiras de linho, da cabeça aos pés. A múmia estava pronta, toda enfaixada. Nessas condições, o corpo era devolvido à família para o enterro.

No Antigo Testamento, há uma passagem que fala da mumificação dos corpos de José e Jacó: “E ordenou aos médicos que o serviam, que embalsamassem o seu pai. E, enquanto eles cumpriam a ordem, passaram-se 40 dias” (Gênesis, 50: 2-3).

As múmias dos faraós e dos principais integrantes de sua corte eram colocadas dentro de sarcófagos de madeira ricamente decorados. A câmara sepulcral do faraó Tuth Ankh-Amon, no Vale dos Reis, consistia de uma tumba escavada em bloco maciço de quartzo, com desenhos e hieróglifos em alto e baixo-relevo. Dentro da tumba, três sarcófagos, um dentro do outro, os dois primeiros em madeira revestida com ouro, o último em ouro maciço de 22 quilates, pesando 1.170 kg, guardavam o corpo do “rei-menino”. Uma máscara de ouro com pedras preciosas cobriam a cabeça da múmia até os ombros.

Temos, no Brasil, uma bela coleção de múmias egípcias, que podem ser vistas no Museu Nacional, no Rio de Janeiro. A múmia da sacerdotisa Sha-Amen-em-Su, da 25ª Dinastia, foi presente do rei egípcio ao Imperador D. Pedro II. Há, ainda, uma outra peça valiosa, a múmia de uma jovem da 26ª Dinastia, que foi confiscada por D. Pedro I de um comerciante italiano, em 1818, no Porto do Rio de Janeiro, junto com outras preciosidades que tinham como destino a Argentina. Além das múmias, há um acervo bastante grande do antigo Egito no Museu Nacional, um dos maiores das Américas.

A sultana Shagaret El-Dur

O jornal egípcio Al-Ahram (As Pirâmides) nº 7, de 11 Abr 91, conta a interessante história da Sultana Shagaret El-Dur.

Al-Salih Nagmeddin Al-Ayyubi, considerado “Sultão Mártir”, morreu em 1249 na batalha de Al-Mansura, quando um exército de cruzados francos atacou o Egito.

Sua mulher Shagaret El-Dur, temendo o baixo moral que se abateria sobre as tropas egípcias com a notícia da morte do Sultão, espalhou a notícia de que seu marido se encontrava enfermo e recolhido em sua casa. Ela passou a assinar todos os decretos em nome do marido e a dar ordens da residência real como se ele estivesse vivo. Somente quando os francos deixaram o país é que a morte do Sultão foi anunciada.

Em reconhecimento a suas habilidades, Shagaret El-Dur foi feita Sultana do Egito, a única mulher a governar o Egito islâmico em seus 14 séculos. Quando voltou a se casar novamente, o poder passou ao novo marido.

O fim da Sultana foi trágico: uma rival a matou a tamancadas, dentro de sua banheira.

Em Zamalek, no Cairo, há uma rua com o nome da Sultana, a Shária (Rua) Shagaret El-Dur, paralela com a Shária Al- Barazil (Rua Brasil).

O paraíso dos antigos egípcios

Interessante é observar a semelhança entre a religião da época faraônica com as religiões cristã e muçulmana.

Todas pregam a vida pós-morte, todas têm imagem semelhante para depois do juízo final: os bons irão para o céu e os maus para o inferno.

Os egípcios da época dos faraós acreditavam que o céu era eterno, com rios caudalosos, frutas e licores que não intoxicavam. É uma imagem muito parecida com o Corão, livro sagrado dos muçulmanos, que além dessas delícias ainda promete mulheres virgens.

É fácil imaginar o que seria o céu ideal para os faraós, assim como para os árabes, por viverem em uma das re-giões mais agressivas da Terra, o deserto sem fim, o calor infernal e a constante falta de água. Para um esquimó, o céu, sem dúvida, deveria ter uma lareira, um foguinho de lenha, para afugentar o frio.

Mas para os árabes, o paraíso não poderia ser diferente daquela paisagem ideal para todos nós também: muitas árvores, rios e cachoeiras, clima ameno – assim como Campos do Jordão, SP.

A imagem do juízo final, desenhada em tumbas faraônicas, é bem expressiva. O morto tem o coração arrancado e co-locado numa balança. Simbolicamente, o contrapeso é apenas uma pena de ave. Se o coração for mais pesado que a pena, é lançado a um chacal para ser devorado. Se for mais leve – apenas os que tiverem praticado boas ações têm o coração mais leve que a pena -, o morto terá alcançado as delícias do paraíso junto aos deuses.

A cidade dos mil minaretes

Embora o Egito fique na África e só tenha um pé fincado na Ásia – a Península do Sinai -, sua capital, Cairo, é uma espécie de “Paris do Oriente Médio”. É efetivamente a vitrina e porta de entrada de toda a cultura árabe, com seus bazares, mesquitas e a vida fervilhante que delicia o turista. Como disse o sociólogo egípcio Saad Eddin Ibrahim, “o Cairo, em termos de influência no mundo árabe, é tão importante quanto Paris, o Vaticano, Oxford, Hollywood e Detroit juntos”.

O Grande Cairo atual deve ter de 13 a 15 milhões de habitantes, ninguém sabe ao certo. Engloba Gizé, na margem ocidental do Nilo, e Heliópolis, além do próprio Cairo, na margem oriental. Conhecida há muito tempo como a “cidade dos mil minaretes” (torres de mesquitas), Cairo é uma cidade nova, se comparada à civilização egípcia que teve início com os faraós. Construída em 969 pelos árabes fatímidas (xiítas) que então dominaram o Egito, deveu seu nome Al-Qáhirah, que quer dizer “a vitoriosa”, ao fato de aparecer no céu o planeta Marte após a vitória dos novos conquistadores.

O Grande Cairo é dividido pelo famoso Rio Nilo, que corre manso com suas águas azuis, formando algumas ilhas na cidade, sendo a mais famosa a de Gezira, que em árabe quer dizer “Ilha”, onde fica o bairro de Zamalek. Nesse lugar os árabes, durante a dominação britânica, só tinham permissão para entrar para lavar as ruas e conservar os jardins das mansões dos lordes de então. As mansões estão sumindo para dar lugar a arranha-céus, mas algumas dessas enormes casas são ainda utilizadas como sedes de embaixadas ou residências de embaixadores. Em Zamalek destaca-se, hoje, o Clube Gezira, com piscinas, quadras esportivas e extensas áreas verdes para a prática de eqüitação, além de um estádio de futebol pertencente ao time Zamalek. O bairro tem vários templos religiosos, como a igreja católica de São José, com missas em árabe, inglês e francês aos domingos. Há uma catedral anglicana cuja cúpula lembra a catedral de Brasília. A Pizza Hut, em 1991, também se fez presente naquele bairro.

Trânsito caótico no Cairo

Cairo é uma cidade adorável à noite. Durante o dia, ao contrário, o que predomina é o tom amarelado dos prédios sem pintura, cobertos com espessa camada de poeira que vem do deserto. A primeira impressão que tivemos no dia seguinte da nossa chegada à cidade foi a pior possível. Ruas sujas, prédios decadentes, o lixo acumulado nos tetos.

Porém, à noite, Cairo se transforma numa linda odalisca, com luzes profusas e até berrantes em todos os pontos da cidade, que se refletem no Nilo preguiçoso por chegar ao Mediterrâneo, e as luzes esverdeadas que contornam os minaretes das mesquitas. Um festival de brilho, luz e alegria, desde os mais humildes bazares, até os luxuosos cassinos dos hotéis. Nos barcos borrados de luzes que vagam pelo Nilo, músicas com floreios e mais floreios, executadas em uma escala exótica e estranha aos nossos ouvidos, embalam a dança do ventre das famosas bailarinas árabes.

O trânsito na capital é caótico. Não é obedecida regra nenhuma. Quem “embica” primeiro o carro tem a preferência. Ou quem buzina primeiro. O buzinaço é fenomenal e eterno, dia e noite, as buzinas melódicas entrando pela madrugada, como Love Story, A Ponte do Rio Kwai, Susana. Mas é um trânsito democrático, onde carros de todas as marcas e tamanhos imagináveis brigam pelo espaço com carroças, charretes, burros, cavalos, motos, bicicletas, pedestres e, às vezes, até camelos. Em alguns cruzamentos sem semáforo, na hora do rush, os carros provocam um verdadeiro “nó” no trânsito. Ninguém consegue seguir, em frente ou em marcha à ré. Os policiais, recrutas na maioria, tentam colocar ordem nessas ocasiões, recebem xingamentos, respondem no mesmo tom, e depois de um longo tempo o tráfego flui novamente.

Vez por outra, um rebanho de ovelhas ou cabritos atravessa as ruas da cidade, parando completamente o trânsito. Outra cena insólita vista com freqüência são as vacas amarradas a carroças, os bichos sujando a rua com estrume, e atrás, sem poder ultrapassar, fagueiro, um reluzente carro zero quilômetro. Como se vê, o antigo e o moderno convivem pacificamente, sem choques. Com exceção das largas avenidas modernas, as ruas são estreitas e sem calçadas. Quando têm calçadas, elas se tornam intransponíveis, com obstáculos de toda espécie. Dessa forma, o povo anda no meio da rua e a gente tem que abrir caminho com a buzina. Como nos filmes de Hollywood, do tipo A Jóia do Nilo. Como se sabe, no Cairo a buzina é tão importante quanto a gasolina.

O Cairo se ressente de uma coleta de lixo eficiente. Há bairros que têm um bom serviço de limpeza urbana, como Mohandeseen e Maadi, porém em muitos lugares o lixo nunca é recolhido, tornando-se foco de procriação de insetos e roedores. A cidade recebeu um prêmio das Nações Unidas, na Eco-92, no Rio de Janeiro, pelo “desenvolvimento do sistema de coleta, transporte e processamento do lixo na cidade do Cairo” – anunciado com antecedência pelo jornal Al-Ahram semanal de 14-20 de maio de 1992. Deve ter sido mais como um incentivo pela melhoria verificada nos últimos anos do que por resultados efetivos, ainda longe.

Fonte: www.batalhaosuez.com.br

História do Egito

É o antigo reino e a moderna república no nordeste da África, ligada a Ásia Ocidental pelo Istmo de Sinai.

O país compõe-se de um oásis estreito e comprido de largura variável de 5 a 25 quilômetros, situado entre dois desertos, o líbrico e o arábico.

É bastante citado no Antigo Testamento e no Novo Testamento abrigou como exilado o Menino Jesus, fugido com seus pais da perseguição movida pelo rei Herodes aos menores de até dois anos (Mt 2, 16-17).

Desde os primórdios dividido em duas Terras: as do Norte que eram representadas por uma flor de lótus e as do Sul, representadas pela planta papyrus.

A região mais importante do Egito, situada na costa mediterrânea, é o fértil e irrigado vale do Nilo. O país compõe-se de um oásis estreito e comprido de largura variável de 5 a 25 quilômetros, situado entre dois desertos, o líbrico e o arábico.

O Egito depende do rio Nilo para seu suprimento de água. Nasce na África central como Nilo Branco (Etiópia), transforma-se em Nilo Azul no atual Sudão, e depois se ramifica em um gigantesco delta que desemboca no Mar Mediterrâneo.

É o curso de água mais longo do mundo, maior rio em extensão, medindo 6.695 quilômetros, é usado há muitos milênios como estrada natural no deserto. De águas fartas e assíduas, abençoa o território árido do deserto, proporcionando vida ao país…

As origens da antiga civilização egípcia não podem ser definidas com precisão. A descrição do desenvolvimento da civilização egípcia se baseia nas descobertas arqueológicas de ruínas, tumbas e monumentos. Os hieróglifos proporcionaram importantes dados.

A história egípcia, até a conquista de Alexandre III, o Magno, se divide nos impérios antigo, médio e novo, com períodos intermediários, seguidos pelos períodos tardio e dos Ptolomeus.

As fontes arqueológicas mostram o nascimento, por volta do final do período pré-dinástico (3200 a.C.), de uma força política dominante que, reunindo os antigos reinos do sul (vale) e do norte (delta), se tornou o primeiro reino unificado do antigo Egito.

Durante a I e II Dinastias (3100-2755 a.C.), algumas das grandes mastabas (estruturas funerárias que antecederam às pirâmides) foram construídas em Sakkarah e Abidos. O Império Antigo (2755-2255 a.C.) compreende da III à VI Dinastias. A capital era no norte, em Menfis, e os monarcas mantiveram um poder absoluto sobre um governo solidamente centralizado. A religião desempenhou um papel importante, como fica evidenciado pela riqueza e número dos templos; de fato, o governo tinha evoluido para um sistema teocrático, no qual o faraó era considerado um deus na terra, razão pela qual gozava de poder absoluto.

A IV Dinastia começou com o faraó Snefru que, entre outras obras significativas, construiu as primeiras pirâmides em Dahshur. Snefru realizou campanhas na Núbia, Líbia e o Sinai. Foi sucedido por Queóps, que erigiu a Grande Pirâmide em Gizé. Redjedef, filho de Queóps (reinou em 2613-2603 a.C.), introduziu uma divindade associada ao elemento solar (Rá) no título real e no panteão religioso. Quéfren e Miquerinos, outros membros da dinastia, construíram seus complexos funerários em Gizé.

Com a IV Dinastia, a civilização egípcia conheceu o auge do seu desenvolvimento, que se manteve durante as V e VI Dinastias. O esplendor manifestado nas pirâmides se estendeu para numerosos âmbitos do conhecimento, como arquitetura, escultura, pintura, navegação, artes menores, astronomia (os astrônomos de Mênfis estabeleceram um calendário de 365 dias) e medicina.

A VII Dinastia marcou o começo do Primeiro Período Intermediário. Como conseqüência das dissensões internas, as notícias sobre a VII e VIII Dinastias são bastante obscuras. Parece claro, no entanto, que ambas governaram a partir de Mênfis e duraram apenas 25 anos. Nesta época, os poderosos governadores provinciais tinham o controle completo de seus distritos e as facções no sul e no norte disputaram o poder.

Os governadores de Tebas conseguiram estabelecer a XI Dinastia, que controlava a área de Abidos até Elefantina, perto de Siene (hoje Assuã).

O Império Médio (2134-1784 a.C.) começa com a reunificação do território realizada por Mentuhotep II (reinou em 2061-2010 a.C.). Os primeiros soberanos da Dinastia tentaram estender seu controle de Tebas para o norte e o sul, iniciando um processo de reunificação que Mentuhotep completou depois de 2047 a.C., limitando o poder das províncias. Tebas foi a sua capital.

Com Amenemés I, o primeiro faraó da XII Dinastia, a capital foi transferida para as proximidades de Mênfis. O deus tebano Amon adquiriu nessa época mais importância que as outras divindades, e foi associado ao disco solar (Amon-Rá). Os hicsos invadiram o Egito a partir da Ásia ocidental, instalando-se no norte.

Sua presença possibilitou uma entrada massiva de povos da costa fenícia e palestina, e o estabelecimento da dinastia hicsa, que deu início ao Segundo Período Intermediário.

Os hicsos da XV Dinastia reinaram a partir da sua capital, situada na parte leste do delta, o que lhes permitia manter o controle sobre as zonas média e alta do país. O soberano tebano Ahmosis I derrotou os hicsos, reunificando o Egito e criando o Império Novo (1570-1070 a.C.).

Amenhotep I (1551-1524 a.C.) estendeu os limites até a Núbia e a Palestina. Com uma grande construção em Karnak, separou sua tumba do seu templo funerário e iniciou o costume de ocultar sua última morada. Tutmés I continuou a ampliação do Império Novo e reforçou a preeminência do deus Amon; sua tumba foi a primeira a ser construída no vale dos Reis.

Tutmósis III reconquistou a Síria e a Palestina, que tinham se separado anteriormente, e continuou a expansão territorial do Império. Amenófis IV foi um reformador religioso que combateu o poder dos sacerdotes de Amon. Trocou Tebas por uma nova capital, Aketaton (a moderna Tell el-Amarna), que foi construída em honra de Aton, sobre o qual se centrou a nova religião monoteísta. No entanto, a revolução religiosa foi abandonada no final do seu reinado.

Seu sucessor Tutankhamen é conhecido hoje, sobretudo, pela suntuosidade do seu túmulo, encontrado praticamente intacto no vale dos Reis, em 1922. O fundador da XIX Dinastia foi Ramsés I (reinou em 1293-1291 a.C.), que foi sucedido por seu filho Seti I (reinou em 1291-1279 a.C.); esse organizou campanhas militares contra a Síria, Palestina, os líbios e os hititas.

Foi sucedido por Ramsés II, que fez a maior parte das edificações em Luxor e Karnak, ao construir o Ramesseum (seu templo funerário) em Tebas, os templos esculpidos na rocha em Abu Simbel e os santuários em Abidos e Mênfis. Seu filho Meneptá (1212-1202 a.C.) derrotou os invasores provenientes do mar Egeu, feitos narrados em um texto esculpido na esteira na qual figura a primeira menção escrita conhecida do povo de Israel.

O Terceiro Período Intermediário compreende da XXI à XXIV Dinastias. Os faraós que governaram a partir de Tânis, no norte, entraram em choque com os sumos sacerdotes de Tebas. Os chefes líbios deram origem à XXI Dinastia. Quando os governadores líbios entraram em um período de decadência, vários rivais se armaram para conquistar o poder. De fato, as XXIII e XXIV Dinastias reinaram ao mesmo tempo que a XXII, bem como a XXV (cusita), que controlou de forma efetiva a maior parte do Egito quando ainda governavam as XXIII e XXIV Dinastias, no final do seu mandato.

Os faraós incluídos da XXV à XXXI Dinastias governaram a Baixa Época. Os cusitas governaram de 767 a.C. até serem derrotados pelos assírios, em 671 a.C.

Quando o último faraó egípcio foi derrotado por Cambises II, em 525 a.C., o país caiu sob domínio persa (durante a XXVII Dinastia).

A ocupação do Egito pelas tropas de Alexandre Magno, em 332 a.C., pôs um fim ao domínio persa. Alexandre designou o general macedônio Ptolomeu, conhecido mais tarde como Ptolomeu I Sóter, para governar o país. A maior parte do período que seguiu à morte de Alexandre Magno, em 323 a.C., foi caracterizada pelos conflitos com outros generais, que tinham se apoderado das distintas partes do império. Em 305 a.C., assumiu o título real e fundou a dinastia ptolemaica.

Cleópatra VII foi a última soberana dessa Dinastia. Tentando manter-se no poder, aliou-se a Caio Júlio César e, mais tarde, a Marco Antônio. Depois da morte de Cleópatra, em 30 a.C., o Egito foi controlado pelo Império Romano durante sete séculos. Nessa época, a língua copta começou a ser usada independentemente da egípcia.

Com a finalidade de controlar a população e limitar o poder dos sacerdotes, os imperadores romanos protegeram a religião tradicional. Os cultos egípcios a Ísis e Serápis se estenderam por todo o mundo greco-romano. O Egito foi também um centro importante do cristianismo primitivo. A Igreja Copta, que aderiu ao monofisismo, separou-se da corrente principal do cristianismo no século V.

Durante o século VII, o poder do Império Bizantino foi desafiado pela dinastia dos Sassânidas da Pérsia, que invadiram o Egito em 616. Em 642, o país caiu sob o domínio dos árabes, que introduziram o islamismo.

Nos séculos que se seguiram, teve início um lento processo de arabização que com o tempo produziu a mudança de um país cristão de fala copta para um outro, muçulmano de fala árabe. A língua copta se converteu em uma língua litúrgica.

Durante o califado abássida, surgiram freqüentes insurreições por todo o país provocadas pelas diferenças entre os sunitas, maioria ortodoxa, e a minoria que aderiu aos xiitas. Em 868, Ahmad ibn Tulun transformou o Egito em um estado autônomo, vinculada aos abasidas apenas pelo pagamento de um pequeno tributo.

A dinastia de Tulun (os tulúnidas) governou durante 37 anos um império que englobava o Egito, a Palestina e a Síria. Depois do último governo dos tulúnidas, o país entrou em um estado de anarquia. Suas frágeis condições o tornaram presa fácil para os fatímidas, que em 969 invadiram e conquistaram o Egito e fundaram o Cairo, convertendo-a na capital do seu império.

Os fatímidas foram derrotados pelos ayyubis, cujo lider Saladino (Salah ad Din Yusuf ibn Ayubb) se proclamou sultão do Egito e estendeu seus territórios até Síria e Palestina, tomando dos cruzados a cidade de Jerusalém (Cruzadas).

A debilidade de seus sucessores levou a uma progressiva tomada do poder pelos mamelucos, soldados de diversas origens étnicas que os serviam e terminaram por proclamar-se sultões com Izza al Din Aybak, em 1250.

No final do século XIII e começo do século XIV, o território dos mamelucos se estendia para o norte até os limites da Ásia Menor. A segunda dinastia de sultões mamelucos, os buris, era de origem circassiana; governaram de 1382 a 1517, quando o sultão Selim I invadiu o Egito e o integrou ao Império otomano.

Embora o domínio real dos turcos otomanos sobre o Egito tenha durado apenas até o final do século XVII, o país pertenceu nominalmente ao Império otomano até 1915. Em vez de acabar com os mamelucos, os otomanos utilizaram-nos em sua administração.

Na metade do século XVII, os emires mamelucos (ou beis) restabeleceram sua supremacia. Os otomanos aceitaram a situação, com a condição de que pagassem um tributo.

A ocupação francesa do Egito em 1798, levada a cabo por Napoleão I Bonaparte, interrompeu por um curto intervalo de tempo a hegemonia mameluca.

Em 1801, uma força britânico-otomana expulsou os franceses. Mehemet Ali assumiu o poder e, em 1805, o sultão otomano o reconheceu como governador do Egito.

Mehemet Ali destruiu todos os seus oponentes até se tornar a única autoridade no país. Para poder controlar todas as rotas comerciais, realizou uma série de guerras expansionistas…

Os britânicos ocuparam o Egito de 1882 a 1954. O interesse da Grã-Bretanha era centrado no Canal de Suez, que facilitaria a rota britânica até a Índia. Na I Guerra Mundial, a Grã-Bretanha estabeleceu um protetorado.

A crescente influência européia, que tem como marco a construção do Canal de Suez, inaugurado em 1869, atraiu pela primeira vez, um grande contingente de turistas à região, e atinge o seu auge com a ocupação britânica, em 1882.

Em 1918, surgiu um movimento nacionalista para garantir a independência. Eclodiu uma revolta violenta no país, razão pela qual a Grã-Bretanha suprimiu o protetorado em 1922 e foi proclamada uma monarquia independente, governada pelo rei Fuad I.

Mas o Reino Unido mantém sua presença militar e continua a controlar a política do Egito até 1936, quando se retira e deixa tropas apenas na zona do Canal de Suez.

Em 1948, o Egito e outros Estados árabes entraram em guerra com o recém-criado Estado de Israel. Com a derrota, o Exército se voltou contra o rei Faruk I.

Em 1952, um golpe de estado depôs o rei e proclamou a República do Egito.

O primeiro presidente, o general Muhammad Naguib, foi uma figura nominal, pois o poder foi exercido por Gamal Abdel Nasser, presidente do Conselho do Comando da Revolução. Em 1956, foi eleito oficialmente presidente da República.

No começo, Nasser seguiu uma política de solidariedade com outras nações africanas e asiáticas do Terceiro Mundo e se converteu no grande defensor da unidade árabe…

A negativa dos países ocidentais de proporcionar-lhe armas (que provavelmente utilizaria contra Israel) provocou uma reviravolta na política externa de Nasser, que o aproximou dos bloco dos países do Leste…

No que diz respeito à política interna, Nasser suprimiu a oposição política, estabeleceu um regime de partido único e socializou a economia. Essa nova ordem foi chamada de “Socialismo Árabe”.

Em 1967, continuou a luta contra Israel, que desembocou na Guerra dos Seis Dias, ao final da qual Israel assumiu o controle de toda a península do Sinai.

O canal de Suez permaneceu fechado durante a guerra e posteriormente foi bloqueado. Nasser recorreu à antiga União Soviética. Nasser morreu em 1971 e foi sucedido pelo seu vice-presidente, Anwar al-Sadat.

Sadat promoveu uma abertura política e econômica, além de procurar uma saída para o problema israelense mediante a negociação; como não conseguiu, planejou outro ataque contra Israel, dando início à guerra do Yom Kippur.

Em 1974 e 1975, Egito e Israel concluíram uma série de acordos que resultou na retirada das tropas do Sinai. Em 1975, o Egito reabriu o canal de Suez e Israel se retirou de certos pontos estratégicos e de alguns dos campos petroleiros do Sinai.

A questão econômica começou a ganhar cada vez mais importância; em 1977, Sadat pediu para que os assessores militares soviéticos abandonasse o país e se aproximou dos Estados Unidos.

Em uma conferência tripartite com o presidente norte-americano Jimmy Carter, realizada em 1978, Sadat e o primeiro-ministro israelense Menahem Begin assinaram um acordo para a solução do conflito egípcio-israelense. Grupos fundamentalistas islâmicos protestaram contra o tratado de paz, e Sadat foi assassinado em 1981…

Uma série de 21 selos emitida pela Zâmbia em 11/02/2002, mostra diversos vencedores do Prêmio Nobel. Um deles (abaixo), com valor facial de 2.000 ZMK, mostra Anwar Sadat – vencedor do prêmio Nobel da Paz, em 1978.

Hosni Mubarak sucedeu Sadat. Abriu politicamente o país e melhorou as relações com outros Estados árabes. Participou da coalizão que lutou contra o Iraque na guerra do Golfo Pérsico, em 1991.

Em 1992, os fundamentalistas islâmicos começaram a lançar violentos ataques com o objetivo de substituir o governo de Mubarak por outro baseado no estrito cumprimento da lei islâmica. Em outubro de 1993, Mubarak foi reeleito para um terceiro mandato presidencial, embora continuasse a violência por parte dos militantes islâmicos…

Baixo Egito (Egypt North)

Saqqara ou Saccara

Cidade onde situa-se a primeira grande estrutura em pedra da história, a Pirâmide Escalonada, pirâmide-escada ou pirâmide em degraus, a mais antiga do Egito.

Está localizada a 15 quilômetros ao sul da Esfinge e das três Pirâmides de Gizé.

Nesta região de Saccara, a 27 quilômetros a sudoeste do Cairo, existem as pirâmides de “Unas” e “Oserkaf”, as urnas funerárias de “Mereruka” e “Tieptahotep”, e também o famoso “Serapeum” (a tumba of the Bull, Ápis).

Foi construída pelo faraó Djoser ou Zoser, o primeiro da terceira dinastia, por volta de 2.780 – 2.630 a.C., sendo projetada por Imhotep, arquiteto e funcionário chefe do rei, que mais tarde foi venerado como deus.

Dizia um texto sagrado: “Uma escada para o céu foi colocada para ele (o faraó), de modo que, por ela, a alma do governante morto, possa subir ao céu e se unir aos deuses na imortalidade”.

A pirâmide tem seis degraus de tamanho decrescente, mede 62 metros de altura, e sua base tem 104 por 125 metros. Da base da pirâmide, um amplo poço central levava à câmara mortuária do faraó, cercada de galerias repletas de oferendas funerárias em mais de 40.000 jarros de pedra.

Oferendas vindas de longínquas províncias do Egito, alimentam o morto por toda a eternidade, é o que mostra os entalhes em um alto-relevo no túmulo de um dignitário. Esta pirâmide, serviu de exemplo para as que foram erguidas mais tarde.

Mênfis

Primeira capital do Egito faraônico, erguida em 3.100 a.C., no exato ponto onde o longínquo governante Menés proclamou a unificação do Alto e do Baixo Egito, dando início à era dos faraós. Mênfis guarda muito pouco da grandeza de cinco milênios atrás, pois se deteriorou quase que completamente. Aqui foi a residência real, dedicada ao deus Ptá.

Nenhum dos faraós do Egito antigo teve tanta importância quanto Ramsés II. Aqui em Mênfis, repousa a grande estátua de Ramsés II quando jovem. Ramsés reinou durante 66 anos numa época em que os homens viviam pouco mais do que 30.

Seu reinado aconteceu oito séculos antes de Cristo, ou seja: 2.800 anos atrás.

Outras cidades do Baixo Egito: Al Bawiti, Al Fayyûm, Al Jîzah, Al Mansûrah, Al Minyâ, At Tûr, Az Zagâzio, Banha, Bani Suwayi, Dahab, Damanhûr, Damietta, Ismalia, Kafr ash Shaykh, Marsá Matrûh, Rashid (Roseta), Sharm ash Shaykh, Shibîn al Kawm, Siwah (oásis), Suez, Tantâ.

Porto Said

O primeiro selo data de 1899 (Scott: 1, SG: 101), com valor facial de 1 centime, foi remarcado com a sobrecarga vermelha “PORT-SAÏD” em um selo da França (abaixo, lado esquerdo). O primeiro grafado com o nome data de 1902 (Scott: 18, SC: 122), também com valor facial de 1 centime.

Alto Egito (Egypt South)

Luxor (antiga Tebas)

Cidade onde se pode ver melhor o glorioso passado dos faraós. Tebas foi a capital política e espiritual dos faraós por mais de 500 anos, a partir da chamada 18ª Dinastia, posterior a Mênfis…

É um esplêndido mostruário de construções antigas da “juventude” da terra, de seus 3.400 anos. Aqui, reinaram Tuthmosis I (o faraó que substituiu as pirâmides pelas tumbas encravadas no Vale dos Reis), Hatshepsut (a única mulher que governou o Egito) e Ramsés II (o maior de todos os faraós), entre outros.

Aqui, no Templo de Luxor, Plácido Domingo cantou Aída, de Verdi, em um famoso espetáculo ocorrido em 1987. Este templo foi construído por Amenófis III e Ramsés II, em duas dinastias consecutivas.

Houve uma época em que este templo era uma obra simétrica, com dois obeliscos na frente, exatamente como planejado e construído pelo faraó Ramsés II…

Hoje, neste templo, existe apenas um obelisco, pois o outro decora a Place de la Concorde, em Paris.

No século passado um governante egípcio decidiu trocar com Luís Felipe, da França, a escultura milenar por um relógio francês, de pouco valor artístico, que não funciona há quase cem anos, e que está na Cidadela de Saladino…

O Obelisco de Luxor que está em Paris, na Praça da Concórdia, tomou seu lugar depois de mais de dois anos de viagem em um navio construído para suportar suas 320 toneladas. Foi um presente do vice rei do Egito…

Edfu (Idfû)

No sul do Alto Egito, a mais de 100 quilômetros de Luxor, ergue-se o belo Templo de Edfu, é um tributo a Hórus, o deus falcão, é datado de 2.200 a.C. (construído em 237 a 57 a.C.). O templo representa um aspecto da arquitetura religiosa egípcia, foi edificado no lugar exato de um santuário muito mais antigo, provavelmente datado do Antigo Império.

Tem grande interesse histórico, pois, é um dos mais conservados monumentos que se pode visitar, sua construção ocupa quase 11 mil metros quadrados, tem 137 metros de comprimento por 79 de largura, sua entrada orienta-se para o sul (o que de modo algum corresponde aos costumes egípcios), e o interior do templo oferece sutis jogos de luz e sombra. Originalmente fazia parte de um conjunto mais amplo, do qual só se recuperou o mansi, edifício onde uma vez por ano se celebrava o nascimento de Hórus.

Dendera

É um templo oferecido a Hátor (uma divindade do amor, da dança e da alegria), assume a forma de um leão que mata humanos, e de uma vaca celestial. Foi construído entre 80 e 51 a.C., no reinado de Ptolomeu XII e continuou sua construção no reinado de Nero entre 54 e 68 d.C. O teto é decorado com o Sol, a Lua, o ciclo lunar, os decanos, as doze horas do dia e da noite e os símbolos do zodíaco. A parte de fora do templo tornou-se famosa porque existe uma representação (onde não se distinguem reis e rainhas) da legendária Cleópatra e de seu filho Cesarion.

Ilha Elefantina: “Cidade no meio das ondas”, do carneiro Cnum. A ilha situa-se nas proximidades do abismo sagrado, a partir de onde, segundo a lenda, subia a cheia do Nilo.

Outras cidades do Alto Egito: Al Ghardaqah, Al Khârijah, Al Qusayr, Asyût, Bârîs, Bûr Safájah, Barânis, Hurghada, Mût, Qina, Sûhâj.

Outros

Jabal Katrinah é o ponto mais elevado do país, com 2.642 metros. O turismo é uma importante fonte de renda, da mesma forma que o pedágio cobrado pela passagem de navios no Canal de Suez. Os árabes vestem a tradicional galabeia, uma espécie de túnica ampla.

Abu Mena: Inscrito na ONU em 16/12/2001.

Faraó: Título dos soberanos do antigo Egito. Antes do nascimento de um faraó, Amon-Rá, já previa o seu destino.

Em sua coroa, ergue-se a imagem de uma cobra, com a garganta inchada de cólera: é a serpente Ureus, deusa das chamas que representa o olho de Rá.

Traz uma cauda de animal na cintura. Tem uma barba postiça. Carrega um cetro com cabeça setiana. Tudo mostra que o faraó não tem nada de homem, é um autêntico deus vivo.

Como os egípcios melhoraram o aproveitamento das águas do rio Nilo?

Para melhor aproveitar as águas do rio, os egípcios desenvolveram um sistema de canais para distribuir a água pelo vale e construíram diques para barrar a força da correnteza.

Como os antigos egípcios aproveitavam as águas do rio Nilo?

Diques e reservatórios no rio Nilo Assim, às margens do Nilo foram construídos diques e reservatórios, a fim de reter as águas que seriam utilizadas - por meio de canais de irrigação - no tempo de escassez das chuvas para a agricultura, a pecuária e o consumo humano.

Como os egípcios usavam as cheias do rio a seu favor?

Próximo ao rio, eles viviam da pesca e da agricultura (sobretudo cultivo de cereais) garantida pelas cheias do Nilo, que favoreciam a fertilização do solo.

Como os egípcios produziam o necessário para sua sobrevivência?

A principal atividade econômica dos egípcios era a agricultura. Os egípcios cultivavam trigo, cevada, linho, algodão, legumes, frutas e papiro, planta com a qual faziam um papel de boa qualidade.