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A concentração de terras no Brasil não é novidade, ela é oriunda de um longo processo histórico que determinou a organização territorial do país, o qual, ainda hoje, conserva essa característica de desigualdade em sua estrutura. O problema se inicia com a forma como a escravidão foi resolvida no Brasil, pois após a terra ser transformada em mercadoria, a partir da Lei de Terras de 1850 (mesmo ano da abolição do tráfico de escravos), originou-se a prática de grilagem de terras, isto é, a apropriação de terras públicas por meio de uma falsa documentação, que consolidou as bases às desigualdades sociais e territoriais. Além disso, essa lei cobrou taxas para a regularização das propriedades, o que afastou também os camponeses da possiblidade de se apropriar dos espaços onde moravam. Com isso, camponeses e pequenos posseiros foram expulsos de seus lotes. Neste sentido, apesar da abolição da escravatura possibilitar a existência do trabalho livre, ela consolidou a perversa concentração fundiária, uma vez que os ex-escravos e os camponeses foram obrigados a trabalhar para os proprietários de terras para conseguir sobreviver e passaram a ocupar terras marginais. Figura reproduzida do site: https://ricostudio.blogspot.com/2018/07/abolicao-da-escravatura.html Avançando na cronologia, há outro processo que contribuiu a essa estrutura de concentração fundiária. Após a Proclamação da República em 1889 e a Constituição Federal de 1891, as terras devolutas – ou seja, terras públicas que não estão sendo utilizadas pelo governo – antes administradas pela monarquia passaram a ser responsabilidade dos governos estaduais, os quais iniciaram vendas e distribuições pautadas em seus próprios interesses políticos e econômicos. Assim, muitos posseiros foram despejados das terras que haviam ocupado e os proprietários se apossaram de seus novos bens. Desta forma, evidencia-se que mesmo após o fim da Monarquia e o início da República, a elite agrária permaneceu no comando no país e a concentração fundiária continuou presente. Esses processos iniciaram a estruturação da concentração de terras, mas não foram os únicos. Ao longo da história brasileira muitos mecanismos foram criados para realizar a manutenção do poder das elites agrárias. Entretanto, lutas e resistências populares também marcam a história, elas ascendem em diversas situações e buscam incansavelmente a transformação da sociedade e a reforma agrária.
Mas quais são os problemas da concentração de terras?
De acordo com o jornal El País: “[…] apenas 0,7% das propriedades têm área superior a 2.000 hectares (20 km²), mas elas, somadas, ocupam quase 50% da zona rural brasileira. Por outro lado, 60% das propriedades não chegam a 25 hectares (0,25 km²) e, mesmo tão numerosas, só cobrem 5% do território rural.” (Matéria publicada em 16/09/2020) Figura reproduzida do site: http://www.fabianocartunista.com/2014/01/latifundio-e-reforma-agraria.html
Questão(ENEM 2020) A propriedade compreende, em seu conteúdo e alcance, além do tradicional direito de uso, gozo e disposição por parte de seu titular, a obrigatoriedade do atendimento de sua função social, cuja definição é inseparável do requisito obrigatório do uso racional da propriedade e dos recursos ambientais que lhe são integrantes. O proprietário, como membro integrante da comunidade, se sujeita a obrigações crescentes que, ultrapassando os limites do direito de vizinhança, no âmbito do direito privado, abrangem o campo dos direitos da coletividade, visando o bem-estar geral, no âmbito do direito público. JELINEK, R. O princípio da função social da propriedade e sua repercussão sobre o sistema do Código Civil. Disponível em: www.mp.rs.gov.br. Acesso em: 20 fev. 2013. Os movimentos em prol da reforma agrária, que atuam com base no conceito de direito à propriedade apresentado no texto, propõem-se a a) Reverter o processo de privatização fundiária. b) Ressaltar a inviabilidade da produção latifundiária. c) Defender a desapropriação dos espaços improdutivos. d) Impedir a produção exportadora nas terras agricultáveis. e) Coibir o funcionamento de empresas agroindustriais no campo. A alternativa correta é a letra C. Acesse o portal InfoEnem e tenha acesso aos melhores conteúdos e informações sobre o Enem 2021! Por quê, Porquê, Porque e Por que: aprenda a diferença entre cada um para não errar no Enem!O que é SiSU?É o sistema informatizado do MEC por meio do qual instituições públicas de ensino superior (federais e estaduais) oferecem vagas a candidatos participantes do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). Como diminuir a concentração de terras no Brasil?Para reduzir as desigualdades no campo, é preciso:. Reformar urgentemente o acesso à terra;. Instituir políticas para reconhecimento e garantia dos direitos da mulher no meio rural;. Proteger povos indígenas, quilombolas e outras comunidades e povos tradicionais;. O que é necessário para solucionar os problemas no espaço rural?Portanto, é necessário que políticas públicas sejam desenvolvidas para solucionar esses problemas, de forma a reduzir a desigualdade no campo, fiscalizar as condições de trabalho, além de oferecer subsídios para os pequenos produtores rurais.
Qual a solução para diminuir a concentração fundiária?Por isso, o primeiro passo é a regularização fundiária, título da propriedade. E a partir disso, se cria crédito, se criam instrumentos para que nós façamos dessa atividade a atividade econômica mais relevante no Brasil, dando suporte aos pequenos e médios produtores.
Como a função social da terra pode diminuir a concentração de terras no Brasil?Geralmente, é através da redistribuição das terras que se objetiva concretizar os programas de reforma agrária, sendo este procedimento expropriatório privativo da União e realizado pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA).
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