O que Gil Eanes conseguiu atravessar em 1434?

Périplo Africano é o nome de uma série de viagens realizadas pelos portugueses no século XV, inicialmente pelo Mar Mediterrâneo, mas sobretudo pela costa da África.

O objetivo era encontrar um caminho alternativo para chegar às Índias e poder trazer os produtos sem ter que comprá-los em Gênova ou Veneza.

Introdução ao Périplo Africano

A navegação portuguesa ganhou um importante impulso através do estímulo do Infante Dom Henrique (1394-1460), que patrocinou a "escola" de Sagres, bem como inúmeras expedições.

Os navegadores portugueses responsáveis pela atuação no périplo africano foram Bartolomeu Dias (1450-1500), Vasco da Gama (1469-1524), Diogo Cão (1440-1486), Gil Eanes (séc. XV) e Pero da Covilhã (1450-1530).

Na rota foram alcançados(as):

  • Ceuta (1415)
  • Madeira (1419)
  • Açores (1431)
  • Cabo Bojador (1434)
  • Rio do Ouro (1436)
  • Cabo Branco (1441)
  • Cabo Verde (1445)
  • Mina (1475)
  • Congo (1482)
  • São Tomé (1484)
  • Cabo das Tormentas (1487)
  • Moçambique (1498)
  • Mombaça (1498)
  • Melinde (1498)
  • Ascensão (1501)
  • Santa Helena (1502)

Quando chegavam às regiões, os portugueses criavam feitorias, que consistiam em pontos no litoral onde eram construídos fortes.

Nas feitorias permaneciam alguns representantes da coroa que ficariam responsáveis por negociar os produtos da região com os nativos.

Nesse período, tomar posse da terra e comercializar produtos era o único objetivo dos portugueses, que ainda não haviam decidido sobre a exploração por meio da colonização. Também não era intenção da Coroa portuguesa fixar povoamento.

O que Gil Eanes conseguiu atravessar em 1434?
O périplo africano ocorreu em várias missões dos navegadores portugueses

Cabo do Bojador

O Cabo do Bojador representava um limite difícil de ser ultrapassado e fazê-lo se tornou a meta de todos os navegantes que se lançavam a buscar novas terras.

Na expedição de Gil Eanes, em 1434, os navios se afastaram da costa africana (manobra muito temida) e somente depois voltaram a encontrá-la. Assim, uma vez superado o Cabo Bojador, perceberam que a região era de fácil navegabilidade.

O Périplo Africano e o Monopólio da Coroa

A partir de 1460, o comércio de pessoas para serem escravizadas já representava um lucrativo negócio na área que ia do Senegal à Serra Leoa.

Esse foi o ano da morte do Infante Dom Henrique, mas as viagens continuaram recebendo apoio da Coroa. Em 1462, o ouro é descoberto na Guiné por Pedro Sintra (séc. XV).

Foi o rei Dom João II (1455-1495), cujo reinado começou em 1481, quem decretou a exclusividade da coroa portuguesa à exploração dos bens das colônias.

O chamado monopólio régio mudava as características de mera exploração. Agora, seria fixado povoamento e organizada a produção local.

Cabo das Tormentas ou Boa Esperança?

O que Gil Eanes conseguiu atravessar em 1434?

Com os bons resultados, as navegações continuavam. Deste modo, em 1488, Bartolomeu Dias, experiente navegador, logra cruzar o Cabo das Tormentas, nomeado desta maneira devido às tempestades que enfrentou.

Mais tarde, este acidente geográfico mudaria de nome para Cabo da Boa Esperança. O navegador Vasco da Gama consegue atravessá-lo entre 1497 e 1498. Atinge as Índias e aporta em Calicute, onde negocia produtos e tratados comerciais com os chefes locais.

A investida de Vasco da Gama resultou em lucros superiores a 6.000% porque o controle da compra de produtos indianos era feito pelos italianos.

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O que Gil Eanes conseguiu atravessar em 1434?

Bacharelada e Licenciada em História, pela PUC-RJ. Especialista em Relações Internacionais, pelo Unilasalle-RJ. Mestre em História da América Latina e União Europeia pela Universidade de Alcalá, Espanha.

04.03.201709.03.2020

Durante séculos acreditava-se que o mundo acabava pouco depois de Marrocos e que não existia mar ou terras a sul. Mas em 1434, corajosos navegadores portugueses, enviados pelo Infante D. Henrique passam o Cabo e nos anos seguintes descobre-se a costa de África, iniciando-se assim a fantástica era dos Descobrimentos.

Um feito histórico de navegadores portugueses que derrotou o medo iniciou a descoberta do mundo!

As águas Cabo Bojador eram conhecidas por engolir navios inteiros que naufragavam nas gigantes ondas, muitas vezes consumidos pelo fogo e ficando as suas as tripulações à mercê de temidos monstros marinhos. Uma missão suicida da qual se sabia não haver volta.

Mas o Infante D. Henrique era uma visionário e, após 12 anos de expedições sistemáticas e por mais de 15 vezes de tentativas falhadas, Gil Eanes dobra o Cabo Bojador em 1434. Esta navegação acaba por se tornar um dos marcos mais importantes na história marítima, relatado em toda a Europa e que origina uma mudança de mentalidades: o medo transforma-se em vontade de descobrir.

Assim terminam os mitos medievais e aproxima-se o começo de um mundo novo. Nunca mais a razão do medo foi invocada para não navegar.  E, pela primeira vez percebe-se a necessidade de se fazer uma navegação mais longe da costa, perceber as correntes e planear uma rota.

Ainda hoje o Cabo Bojador é uma zona de muitos recifes e, a largos quilómetros da costa, em alto mar, a profundidade do mar é de pouco mais de 2m. Tempestades, mar agitado e grande frequência de ventos violentos caracterizam ainda hoje este local, continuando a ser uma zona que impõem respeito a navegantes.

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Para saber mais veja o vídeo:
RTP Ensina – Gil Eanes dobra o Cabo Bojador

Ou consulte alguma informação online sobre Gil Eanes, dado que alguns livros existentes não estão disponíveis online.

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Qual foi o grande feito de Gil Eanes?

Gil Eanes, conhecido originalmente por Gil Eannes, nasceu em Lagos e habituou-se a ver o mar e a navegar nele. Este, foi um navegador português do século XV, que ficou conhecido por ter dobrado o Cabo Bojador em 1434, logo, acabou por ser algo bastante marcante na história dos descobrimentos portugueses.

Porque a viagem de Gil Eanes contribuiu para o avanço das navegações portuguesas?

Isso acontecia porque o Cabo Bojador possui uma série de recifes, muitos pontiagudos, e em determinadas partes do cabo a profundidade da água é muito pequena. Esses dois fatores faziam com que as navegações naquele local fossem muito perigosas. O responsável por contornar esse cabo foi o navegante Gil Eanes.

Quem dobrou o Cabo Bojador em 1434?

1434: Dobragem do Cabo Bojador Gil Eanes aparelhou uma barca de 30 toneladas, com um só mastro, uma única vela redonda, parcialmente coberta e também movida a remos. Com uma tripulação de apenas 15 homens. Gil Eanes ao chegar nas proximidades do Cabo do Medo, decidiu manobrar para oeste afastando-se da costa africana.

Por que atravessar o cabo era tão importante para os navegadores portugueses?

A passagem do Cabo Bojador foi um dos marcos mais importantes da navegação portuguesa. Derrubou os velhos mitos medievais e abriu caminho para os grandes descobrimentos. Ao passar o Cabo Bojador, os navegadores portugueses entraram em mares até então desconhecidos, enfrentando inúmeros perigos.