O que interfere na distribuição do fármaco?

A farmacocinética é uma parte essencial para o estudo da farmacologia, já que ajuda na compreensão da atuação de tais fármacos no organismo.

A farmacocinética estuda o caminho do fármaco no organismo, desde a sua administração, absorção, distribuição e metabolismo, até a sua excreção. Cada uma dessas etapas pode afetar positiva ou negativamente a ação do fármaco, dependendo da forma como for aproveitada – por exemplo, a absorção de fármacos como o omeprazol se dá de forma mais eficiente quando se está de jejum.

O estudo da farmacocinética é essencial para determinar a efetividade clínica de um medicamento, já que é a partir dela que saberemos os caminhos dos fármacos no organismo, se ele foi bem-sucedido em ultrapassar barreiras fisiológicas e em sua distribuição nos órgãos-alvo. A farmacocinética, dessa forma, compreende o estudo do caminho do fármaco no corpo humano, desde a sua administração até a sua metabolização ou excreção, passando por várias etapas, como a absorção, a distribuição e a metabolização. Durante esse estudo, adquire-se conhecimento sobre o que pode facilitar ou dificultar a absorção de um determinado fármaco, o que pode ser feito para melhorar sua distribuição, e, também muito importante, é possível determinar interações medicamentosas que podem ocorrer em diferentes fases, como na metabolização dos fármacos no fígado.

A farmacocinética se divide em absorção, distribuição, metabolização e excreção. Na absorção, é importante aprender sobre os diferentes locais em que ela pode ocorrer e as barreiras fisiológicas que dificultam o processo absortivo; já na distribuição, estuda-se os caminhos dos medicamentos até chegarem ao órgão-alvo, seja pela corrente sanguínea ou linfática; no metabolismo dos fármacos, vê-se que eles podem ser transformados em metabólitos inativos, prontos para excreção, ou até mesmo em compostos mais ativos que o inicial, e isso se dá por atividade enzimática; por último, na excreção, entende-se quais os locais por onde o organismo elimina o fármaco.

Absorção

A absorção de um fármaco se dá após a sua administração e depende da passagem desse fármaco pelas barreiras do organismo. Exemplos da proteção exercida pelo organismo são a secreção ácida no estômago e básica no intestino, que podem aumentar ou diminuir a entrada do medicamento, de acordo com as suas propriedades químicas.

Outro fator importante definido durante a absorção é a biodisponibilidade, ou seja, a fração do fármaco que alcançará a circulação sistêmica, de acordo com a forma de administração realizada, as propriedades químicas do fármaco e algumas características próprias do paciente. A respeito das formas de administração, podem ser divididas em vias enterais, ou seja, oral e retal, e parenterais, a exemplo das transdérmicas.

A via enteral é a forma mais simples e prática de se administrar um fármaco, já que engloba a administração oral. Apesar disso, é necessário que o medicamento apresente certa resistência, já que ele será exposto a ambientes ácidos, no estômago, e básicos, no intestino. De forma geral, para que um fármaco seja administrado via oral e seja bem absorvido pelo organismo no trato digestivo, ele deve apresentar característica hidrofóbica e carga neutra, já que essas são absorvidas de forma mais eficiente do que moléculas hidrofílicas e de carga negativa. Depois de absorvidos, os fármacos não cairão diretamente na circulação sistêmica. Antes disso, serão transportados pelo sistema porta até o fígado, onde sofrerão um processo chamado de metabolismo de primeira passagem. Nesse momento, o fármaco pode tanto sofrer uma baixa em seus metabólitos ativos quanto ser biotransformado em metabólitos mais ativos que o original, e é por isso que é necessário conhecer o metabolismo de cada fármaco no organismo e, também, a dose necessária para que, caso ocorra diminuição da concentração ativa, ainda exista metabólitos efetivos suficientes para alcançar o órgão-alvo. É possível concluir, portanto, que a biodisponibilidade do fármaco, quando administrado de forma enteral/oral, será menor que a concentração administrada originalmente, já que ocorrerão perdas durante o processo de metabolismo de primeira passagem.

TABELA: Vias de administração de fármacos

VIAVANTAGENSDESVANTAGENSEnteral (p. ex., administração oral de ácido acetilsalicílico)Simples, de baixo custo, conveniente, indolor e não causadora de infecçãoO fármaco exposto ao ambiente GI e ao metabolismo de primeira passagem requer absorção GI, e sua liberação no local de ação farmacológica é lentaParenteral (p. ex., administração intravenosa de morfina)Rápida liberação no sítio de ação farmacológica, alta biodisponibilidade, sem risco de metabolismo de primeira passagem ou inativação em ambiente GI adversoEfeito irreversível; potencialidade de produzir infecção, dor, medo; necessidade de pessoal técnico experienteTransmucosa (p. ex., administração respiratória de beclometasona)Rápida liberação no sítio de ação farmacológica, não sujeita ao metabolismo de primeira passagem ou a ambientes adversos do trato GI, frequentemente indolor, simples e conveniente, baixa indutora de infecção, liberação direta nos tecidos afetados (p. ex., brônquios)Existem poucos fármacos disponíveis para administração por essa viaTransdérmica (p. ex., aplicação de adesivo de nicotina)Simples, conveniente, indolor, excelente para administração contínua ou prolongada, não sujeita a metabolismo de primeira passagem ou ambientes adversos do trato GIExige fármaco altamente lipofílico, liberação lenta no sítio de ação farmacológica; pode provocar irritaçãoFONTE: GOLAN, David E. et al. Princípios de farmacologia: a base fisiopatológica da farmacologia. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014.

Quais os fatores que interferem na distribuição de fármacos?

A distribuição é afetada por fatores fisiológicos e pelas propriedades físico- químicas da substância. Os fármacos pouco lipossolúveis, por exemplo, possuem baixa capacidade de permear membranas biológicas, sofrendo assim restrições em sua distribuição.

Quais os fatores que interferem na distribuição de fármacos e justifique como interferem?

Após entrar na circulação sistêmica, o fármaco é distribuído a todos os tecidos corporais. Em geral, a distribuição é desigual em virtude de diferenças na perfusão sanguínea, ligação a tecidos (p. ex., decorrente do conteúdo lipídico), pH regional e permeabilidade das membranas celulares.

O que pode interferir nos processos de absorção e distribuição de um fármaco explique?

A velocidade e extensão da distribuição dependem do fluxo sanguíneo tecidual, propriedades físico-químicas do fármaco, características da membrana através da qual será transportado e sua ligação a proteínas plasmáticas e teciduais.

O que pode influenciar no volume de distribuição?

O volume de distribuição pode estar aumentado por insuficiência renal (devido a retenção de fluidos) e insuficiência hepática (devido ao fluido corporal alterado e ligação a proteínas plasmáticas). Desta maneira, também pode estar diminuído na desidratação.