«O mostrengo que está no fim do mar Show Na noite de breu ergueu-se a voar…» – Por que é que eles achavam que era um monstro e não perceberam logo que eram as rochas e as ondas? A pergunta surgiu depois de uma dramatização do Mostrengo de Fernando Pessoa, em conversa com os alunos do Pré-escolar e do 1º Ciclo. Lá fomos dizendo que estavam cansados, que imaginassem meses a fio num barco, com fome e sede, preocupados com a viagem… Como se sentiriam os navegadores? Às vezes até viam mal as coisas, de tão estafados e atordoados que estavam… – Nós às vezes também não vemos bem as coisas! – Pois é! Às vezes nós pensamos que as coisas são uma coisa e depois…! O diálogo continuava animadamente até que perguntei como podemos ver bem as coisas, a ver as rochas e as ondas sem pensar que são monstros; o que nos ajuda a saber o significado verdadeiro das coisas que vemos? Pensaram, pensaram, pensaram… E começaram a surgir dedos no ar: – A mãe! – O professor! – Os amigos! Suspirei de alívio. Temíamos que fosse desajustado para crianças tão pequenas mas afinal era simples. Eles fazem e reconhecem a mesma experiência do “homem do leme”… O que nos permite enfrentar os mostrengos, vê-los bem? O que sustenta a nossa certeza? O que vence «o mostrengo, que me a alma teme? É a vontade, que me ata ao leme». Mas é a vontade de quem? De El-Rei D. João II! E é esta que vence a ideia, o medo e até a tempestade. Saber-nos ao leme de uma vontade que não é só nossa, é uma obediência alegre porque nos faz ver mais e melhor do que os que ficam em terra sem navegar. Seja El-Rei, o professor ou a mãe, há sempre alguém cuja vontade, cujo amor, cujo abraço me ata ao leme e me ajuda a ser protagonista da minha vida e navegar sem temer porque, afinal, a tormenta era só uma tempestade e tornou-se Boa Esperança… Catarina Almeida Lista de 15 exercícios de Literatura com gabarito sobre o tema Mensagem: Fernando Pessoa com questões de Vestibulares. 01. (Fuvest) A leitura de “Mensagem”, de Fernando Pessoa, permite a identificação de certas linhas de força que guiam e, até certo ponto, singularizam o espírito do homem português, dando-lhe marca muito especial. Dentre as alternativas a seguir, em qual se enquadraria melhor essa ideia?
02. (UFRGS) Assinale a alternativa CORRETA sobre Mensagem, de Fernando Pessoa.
03. (Fuvest) “Louco, sim porque quis grandeza Qual a sorte a não dá. Não coube em mim minha certeza; Por isso onde o areal está Ficou meu ser que houve, não o que há.” “Sperai! Caí no areal e na hora adversa Que Deus concede aos seus Para o intervalo em que esteja a alma imersa Em sonhos que são Deus”. “Mestre de Paz, ergue teu gládio ungido; Excalibur do Fim em jeito tal Que sua luz ao mundo dividido Revele o Santo Gral ” Estas três citações de Fernando Pessoa pertencem à mesma obra e referem-se à mesma personagem histórica de Portugal cujo mito, como se vê, o poeta associa à figura lendária do rei Artur. Assinalar a alternativa em que, ao título da obra, segue-se o da personagem histórica que virou mito e alimentou o sonho do quinto império:
04. (PUC-SP) “Quem quer passar além do Bojador, Tem que passar além da dor. Deus ao mar o perigo e o abismo deu, Mas nele é que espelhou o céu. “Fernando Pessoa, “Mar Português” in Obra poética. Ria de Janeiro, Editora José Aguilar, 1960, p 19 O trecho de Fernando Pessoa fala da expansão marítima portuguesa. Para entendê-lo, devemos saber que:
05. (UEL) A questão refere-se a uma estrofe, transcrita abaixo, do poema de Fernando Pessoa. MAR PORTUGUÊS Ó mar salgado, quanto do teu sal São lágrimas de Portugal! Por te cruzarmos, quantas mães choraram, Quantos filhos em vão rezaram! Quantas noivas ficaram por casar Para que fosses nosso, ó mar! Valeu a pena? Tudo vale a pena Se a alma não é pequena. Quem quer passar além do Bojador Tem que passar além da dor. Deus ao mar o perigo e o abismo deu, Mas nele é que espelhou o céu. Fonte: PESSOA, F. Mensagem. In: Mensagem e outros poemas afins seguidos de Fernando Pessoa e ideia de Portugal. Mem Martins: Europa-América [19-]. Com base no texto e nos conhecimentos sobre o tema, a frase Tudo vale a pena quando a alma não é pequena remete a:
06. (Universidade de Fortaleza) Considere o trecho do famoso poema que segue. “Valeu a pena? Tudo vale a pena Se a alma não é pequena. Quem quer passar além do Bojador Tem que passar além da dor. Deus ao mar o perigo e o abismo deu, Mas nele é que espelhou o céu.” (Fernando Pessoa) A construção das caravelas pelos portugueses no século XV impulsionou consideravelmente as grandes viagens marítimas para além do Cabo Bojador, localizado na costa da África e considerado durante muitos anos o limite para as navegações. Essas embarcações estiveram presentes em quase todas as grandes expedições empreendidas nessa época, como a realizada por Cristóvão Colombo que, em 1492, conduziu duas caravelas e uma nau rumo às Índias, chegando a um continente até então desconhecido pelos europeus. Aliada à construção das caravelas, as inovações que contribuíram especialmente para o êxito marítimo dos europeus nos séculos XV e XVI foram a:
07. (PUC-MG) A História e Literatura têm trazido contribuições importantes para compreensão do desenvolvimento das civilizações. Leia o poema Mar Português, de Fernando Pessoa, e assinale a afirmativa CORRETA de acordo com o texto. Ó mar salgado, quanto do teu sal São lagrimas de Portugal! Por te cruzarmos quantas mães choraram, Quantos filhos em vão rezaram! Quantas noivas ficaram por casar Para que fosses nosso, ó mar! Valeu a pena? Tudo vale a pena Se a alma não é pequena. Quem quer passar além do Bojador Tem que passar além da dor. Deus ao mar o perigo e o abismo deu, Mas nele é que espelhou o céu.
VVVF 08. (UFPE) Mensagem, de Fernando Pessoa, foi o único livro em língua portuguesa publicado quando o autor era vivo. Os dois poemas abaixo fazem parte dessa obra. Analise as proposições seguintes. Mar português Ó mar salgado, quanto do teu sal São lágrimas de Portugal! Por te cruzarmos, quantas mães choraram, Quantos filhos em vão rezaram! Quantas noivas ficaram por casar Para que fosses nosso, ó mar! Valeu a pena? Tudo vale a pena Se a alma não é pequena. Quem quer passar além do Bojador Tem que passar além da dor. Deus ao mar o perigo e o abismo deu, Mas nele é que espelhou o céu. (Fernando Pessoa, Mensagem). Nevoeiro Nem rei nem lei, nem paz nem guerra, Define com perfil e ser Este fulgor baço da terra Que é Portugal a entristecer – Brilho sem luz e sem arder, Como o que o fogo-fátuo encerra. Ninguém sabe que coisa quer. Ninguém conhece que alma tem, Nem o que é mal nem o que é bem. (Que ânsia distante perto chora?) Tudo é incerto e derradeiro. Tudo é disperso, nada é inteiro. Ó Portugal, hoje és nevoeiro… É a Hora! (Fernando Pessoa, Mensagem).
09. (ESPM) Considere os dois excertos que seguem. I E disse: “Ó gente ousada, mais que quantas No mundo cometeram grandes cousas, Tu, que por guerras cruas, tais e tantas, E por trabalhos vãos nunca repousas (...)” (Os Lusíadas, Luís de Camões, canto V) II Aqui ao leme sou mais do que eu: Sou um povo que quer o mar que é teu; E mais que o mostrengo, que me a alma teme E roda nas trevas do fim do mundo, Manda a vontade, que me ata ao leme, De El-Rei D. João Segundo! (Mensagem, de Fernando Pessoa, 2.ª parte) Em I, o Gigante Adamastor fala aos navegantes portugueses que queriam, pioneiramente, atravessar o Cabo das Tormentas a caminho das Índias; em II, o timoneiro fala ao mostrengo o porquê de a embarcação lusitana estar enfrentando os perigos do mar. A partir dos excertos e dos comentários, assinale a afirmação que esteja incorreta.
10. (UFRGS) Noite A nau de um deles tinha-se perdido No mar indefinido. O segundo pediu licença ao Rei De, na fé e na lei Da descoberta, ir em procura Do irmão no mar sem fim e a névoa escura. Tempo foi. Nem primeiro nem segundo Volveu do fim profundo Do mar ignoto à pátria por quem dera O enigma que fizera. Então o terceiro a El-Rei rogou Licença de os buscar, e El-Rei negou. Como a um cativo, o ouvem a passar Os servos do solar. E, quando o veem, veem a figura Da febre e da amargura, Com fixos olhos rasos de ânsia Fitando a proibida azul distância. Senhor, os dois irmãos do nosso Nome — O Poder e o Renome — Ambos se foram pelo mar da idade À tua eternidade; E com eles de nós se foi O que faz a alma poder ser de herói. Queremos ir buscá-los, desta vil Nossa prisão servil: É a busca de quem somos, na distância De nós; e, em febre de ânsia, A Deus as mãos alçamos. Mas Deus não dá licença que partamos. Considere as seguintes afirmações sobre o poema e suas relações com o livro Mensagem. I - As três primeiras estrofes estão relacionadas a um episódio real: a história dos irmãos Gaspar e Miguel Corte Real que desapareceram em expedições marítimas, no início do século XVI, para desespero do terceiro irmão, Vasco, que queria procurá-los, mas não obteve a autorização do rei. II - O sujeito lírico, na quarta e na quinta estrofes, assume a primeira pessoa do plural, sugerindo que o drama individual dos irmãos pode representar um problema coletivo: a perda de poder e renome de Portugal, perda esta já associada à difícil situação do país no início do século XX, momento da escritura do poema. III- O diagnóstico das perdas de Portugal está ausente em outros poemas de Mensagem, por exemplo, Mar português, Autopsicografia e Nevoeiro, que apresentam a visão eufórica e confiante do sujeito lírico em relação ao futuro de Portugal. Quais estão corretas?
11. (UNIFESP) Leia o poema Prece, de Fernando Pessoa. Senhor, a noite veio e a alma é vil. Tanta foi a tormenta e a vontade! Restam-nos hoje, no silêncio hostil, O mar universal e a saudade. Mas a chama, que a vida em nós criou, Se ainda há vida ainda não é finda. O frio morto em cinzas a ocultou: A mão do vento pode erguê-la ainda. Dá o sopro, a aragem – ou desgraça ou ânsia –, Com que a chama do esforço se remoça, E outra vez conquistaremos a Distância – Do mar ou outra, mas que seja nossa! (Fernando Pessoa. Mensagem, 1995.) Extraído do livro Mensagem, o poema pode ser considerado nacionalista, na medida em que o eu lírico
12. (UFMA) Mar Português Ó mar salgado, quanto do teu sal São lágrimas de Portugal! Por te cruzarmos, quantas mães choraram, Quantos filhos em vão rezaram! Quantas noivas ficaram por casar Para que fosses nosso, ó mar! Valeu a pena? Tudo vale a pena Se a alma não é pequena. Quem quer passar além do Bojador Tem que passar além da dor. Deus ao mar o perigo e o abismo deu, Mas nele é que espelhou o céu. Fernando Pessoa in, Fernando Pessoa: No poema acima citado, Fernando Pessoa refere-se à expansão do Império Português, no início da Era Moderna. Se os resultados finais mais conhecidos dessas “Navegações Ultramarinas” foram a abertura de novas rotas comerciais em direção à Índia; a conquista de novas terras e a difusão da cultura europeia, outros elementos também compõem o panorama daquele contexto, como:
13. (Unicamp) Referindo-se à expansão marítima dos séculos XV e XVI, o poeta português Fernando Pessoa escreveu, em 1922, no poema “Padrão”: “E ao imenso e possível oceano Ensinam estas Quinas, que aqui vês, Que o mar com fim será grego ou romano: O mar sem fim é português.” (Fernando Pessoa, Mensagem – poemas esotéricos. Madri: ALLCA XX, 1997, p. 49.) Nestes versos identificamos uma comparação entre dois processos históricos. É válido afirmar que o poema compara
14. (UEA) Ó mar salgado, quanto do teu sal São lágrimas de Portugal! Por te cruzarmos, quantas mães choraram, Quantos filhos em vão rezaram! Quantas noivas ficaram por casar Para que fosses nosso, ó mar! (Fernando Pessoa. Mar português. Mensagem, 1970.) Mensagem foi o único livro que o poeta português Fernando Pessoa publicou em vida. Ele pensou, a princípio, dar-lhe o título de Portugal, considerando que os poemas tratavam da história do esplendor e da decadência do antigo reino. A estrofe transcrita exprime com lirismo e tristeza
15. (Unesp) Ó mar salgado, quanto do teu sal São lágrimas de Portugal! Por te cruzarmos, quantas mães choraram, Quantos filhos em vão rezaram! Quantas noivas ficaram por casar Para que fosses nosso, ó mar! Valeu a pena? Tudo vale a pena Se a alma não é pequena. Quem quer passar além do Bojador Tem que passar além da dor. Deus ao mar o perigo e o abismo deu, Mas nele é que espelhou o céu. (Fernando Pessoa. Mar Português. Obra poética, 1960. Adaptado.) Entre outros aspectos da expansão marítima portuguesa a partir do século XV, o poema menciona
O que o homem de Leme quer dizer ao afirmar?6) O " homem de leme" fala em nome dos navegantes. 7) Quer dizer que o Leme é sua paixão, sua força. Ao estar ali, ele assume sua verdadeira personalidade.
Quem seria o homem do leme?b) O homem no leme representa o Rei de Portugal, que vai em busca do desconhecido no mar. Já o monstrengo é a representação de todos os medos do desconhecido.
Qual é o episódio de Os Lusíadas com o qual o trecho de Fernando Pessoa dialoga?A partir do episódio do Velho do Restelo é possível fazer um diálogo intertextual das seguintes obras: o poema épico Os Lusíadas, de Camões; Mar Português, de Fernando Pessoa em Mensagem; Fala do Velho do Restelo ao Astronauta em Os poemas possíveis e Memorial do Convento, ambas de José Saramago.
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