Por quê as editoras no brasileira não voltam produzir fotonovelas

Por CEO e Editor-Chefe Railson Moura

Porque não se pode publicar por publicar. O conhecimento obtido não pode ficar escondido nos estoques das editoras ou em sites, sem nenhuma relevância de visitação ou distribuição e amplo acesso dos leitores. Nós, enquanto responsáveis pela divulgação, temos a obrigação de participar de eventos. Hoje, somente duas ou três editoras (favor não confundir com livrarias ou livreiros) que realmente participam de congressos e eventos, de distribuir para livreiros e levá-los em eventos menores, e divulgar em congressos no exterior em vários continentes. O nosso intuito é difundir cada vez mais pelo planeta o conhecimento e a produção de nossos autores.

Hoje, vejo editoras preocupadas em "cobrar" por publicação, oferecer "Direitos Autorais" como se fosse comissão e depois sumir e não "trabalhar"/divulgar o livro. O quanto de conhecimento estamos perdendo por causa desse mercado e desses editores sem compromisso em compartilhar o conteúdo das obras e, principalmente, com o Brasil? Pois quantos estão precisando daquele conhecimento e não conseguem nem saber que ele existe ou onde ele está?

Sabemos que hoje há um custo-Brasil muito alto e contamos com o fomento. Precisamos que os governos subsidiem parte da produção. Mas este subsídio não pode ser usado 100% para aumentar o lucro de editoras, ele tem que ser revertido em divulgação e distribuição. A Editora CRV, nos principais eventos, é a única editora que envia toneladas (isso mesmo) de livros, fazemos promoções verdadeiras (quem já nos viu nos congressos é testemunha), vendemos livros a preços de R$ 20,00, R$ 25,00 e R$ 30,00, e além disso, nos destacamos como o maior expositor e maior divulgador, onde as pessoas que precisam daquele conhecimento têm acesso a ele – e por um preço exclusivo de todo o catálogo e inclusive dos lançamentos do tema do evento.

Parte do que a Editora CRV arrecada, revertemos em divulgação, distribuição, antecipação de direitos autorais, novas tecnologias, patrocínios e participação de eventos.

Há pequenas editoras que trabalham com custos muito baixos, mas não se engane por ofertas “tentadoras”, como por exemplo, promessa de pagamento de Direito Autoral acima da média do mercado, e aparentemente te oferecem serviços extraordinários e equiparados aos nossos, mas que na verdade, não tem a mínima condição de gerir a publicação como um todo, pois não existe milagre.  

NÃO ENTREGUE TODO SEU ESTUDO E ESFORÇO sem pesquisar. Poderia falar pela CRV, mas deixo TODOS nossos organizadores, autores e coautores listados, com certeza haverá alguém da sua universidade, faculdade ou da área que atua, segue a lista completa. Expomos isso por recebermos, quase que diariamente, reclamações de autores que se sentem enganados por não verem seus livros divulgados e pedem nossa intervenção; contudo, uma vez que o contrato foi assinado, não há o que fazer.

A Editora CRV respeita seu esforço, seu estudo, seu conhecimento e sua história. Nosso contrato versa somente do direito exclusivo de COMERCIALIZAÇÃO. A grande maioria das concorrentes simplesmente exige os Direitos Autorais da obra, ou seja, você entrega todo seu esforço de anos e a editora passa a ser dona – exclusiva – daquele conhecimento! Não aceite isso. Não abra “mão”!

Doamos bibliotecas completas, voltadas para o educador, especificamente para cidades menores que não têm possibilidade de adquirir. São mais de 2.500 títulos doados (de acordo com a necessidade da comunidade), sem nenhum custo, mesmo de envio do material, tudo custeado pela Editora CRV. Inclusive, caso souber de alguma cidade precisando, pode nos indicar; seguem nossas considerações para a aprovação da doação: 1) local com livre acesso para todos os educadores (municipais, estaduais e universitários); 2) disponibilidade de estantes suficientes; 3) permitir que a Editora CRV nomeie o espaço direcionado aos livros.

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A pandemia afetou diretamente pequenas editoras de livros como a Noir, criada pelo jornalista Gonçalo Silva Junior em 2017. Em meio a essa tempestade, ele encontrou um caminho para produzir as obras que a editora não tinha condições de pagar: o financiamento coletivo.

“Estamos vivendo uma insanidade nos preços de produção. De 2020 para cá, eles dobraram”, diz Gonçalo. Fora o aumento do custo de produção, o fechamento de livrarias físicas e a grande concorrência na venda pela internet também dificultaram a vida de  pequenas editoras, que não conseguiam capital de giro para produzir os livros. 

Logo no começo da pandemia, em 2020, com o “livro de sua vida” em mãos, Gonçalo percebeu que a obra, uma biografia de Jacob Bandolim, o maior tocador de bandolim e compositor de choro do Brasil, não poderia ser bancada pela editora. Era um livro de quase 700 páginas, com um custo gráfico alto. 

O que ele não imaginava, no entanto, era que naquele momento os seus amigos e pessoas que acompanhavam o seu trabalho se mobilizariam para ajudá-lo a fazer a publicação. A campanha, feita pela plataforma Catarse, surgiu assim, com uma “vaquinha” entre pessoas próximas, mas logo se expandiu e se tornou um modelo de negócio. 

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Biografia de Jacob Bandolim conta a história de um dos maiores músicos brasileiros -Foto: Divulgação/ Editora Noir

Em 25 dias, ele arrecadou a quantia necessária para a publicação do livro. De lá para cá, mais dois produtos já foram lançados por meio de campanhas na plataforma: “Sr. Maravilha”, uma biografia de Stan Lee, e “Entre Patos e Ratos – A Epopeia dos Quadrinhos Disney”. 

“Perdi a insegurança que tinha sobre o Catarse, por ser um meio de ‘militância’ e ‘voluntariado’ para a produção artística, e entendi que ele se tornou uma ferramenta natural para que as pessoas consigam produzir arte no Brasil hoje”, diz o jornalista.

No final das contas, a ferramenta também se mostrou útil na divulgação dos livros. Gonçalo percebeu que o público-alvo da editora é justamente o mesmo das pessoas que buscam incentivar produções artísticas em plataformas de financiamento coletivo e viu ali uma oportunidade de expansão nos negócios.

Para criar fidelização, ele envia os livros em primeira mão aos apoiadores, oferece desconto no frete e coloca o nome deles nos agradecimentos das obras. “Hoje, o financiamento coletivo via Catarse já se tornou algo incorporado ao processo de produção da Noir”, diz.

Além do Catarse, existem outras plataformas que trabalham com esse tipo de campanha, apoiando o trabalho de artistas e empreendedores. Alguns exemplos são a Benfeitoria, a Kickante e a Start Me Up.

Amor pelos livros e pelas histórias reais

Enquanto conversávamos por telefone, eu podia escutar Gonçalo adesivando caixas de livros que ele mesmo levaria posteriormente aos Correios. É ele quem faz toda a produção da editora: seleciona os autores, negocia com as gráficas, cuida do fechamento do livro, faz a revisão e edição, cuida da distribuição, empacota e manda os produtos pelos Correios…

Quando não está se dedicando à Noir, Gonçalo faz frilas de edição de revistas e escrita de artigos, ensaios e até mesmo obituários.  “Adoram me chamar para escrever obituário. Volta e meia me chamam para escrever sobre alguém que morreu. E é assim que eu sobrevivo. Do meu trabalho freelancer, eu invisto na editora”, conta.

Realizado com o seu trabalho, ele conta que criou a editora para ter liberdade sobre suas publicações e poder selecionar as histórias nas quais acredita. “Eu me preocupo principalmente com a contribuição que eu dou para a sociedade a partir dos livros. Busco vender o suficiente para tocar o negócio e foco em deixar um legado de livros de personagens e histórias que merecem ser conhecidos”, diz.

Tudo começou quando teve uma de suas obras, a biografia do Bandido da Luz Vermelha, podada por uma editora tradicional. Para fazer a publicação, exigiram que ele reduzisse o livro, que tinha 700 páginas, a um terço do tamanho. 

A justificativa da editora na época era de que um livro daquele tamanho não venderia, mas Gonçalo provou o contrário depois de publicá-lo pela Noir no tamanho original. “Deu tão certo que agora vai virar filme”, conta.

Por quê as editoras no brasileira não voltam produzir fotonovelas
“Famigerado!” conta a história do bandido da Luz Vermelha, que viveu em São Paulo nos Anos 60 e ficou famoso por seus crimes -Foto: Divulgação/ Editora Noir

A biografia é a sua grande paixão. Isso porque ela permite que ele exerça o jornalismo investigativo, do qual tanto gosta. Para escrevê-las, ele vai atrás de pessoas próximas ao biografado, documentos históricos, jornais e consegue materiais exclusivos.

“Uma biografia tem que ser interessante. Eu escolho pessoas que eu acho que têm uma grande contribuição para a cultura e a história do país. Não procuro personagens midiáticos e celebridades porque, apesar de eles amarem biografias, acabam gerando um terreno muito castrador ao quererem livros que os mostram como heróis. E isso não é interessante.”, diz. 

Para ele, o melhor personagem para se biografar é aquele que já morreu. “Porque ele não vai querer controlar o conteúdo para que ele saia como santo”, explica. O Supremo Tribunal Federal estabeleceu em 2015 que as famílias dos biografados já falecidos não precisam mais autorizar as publicações, o que conferiu maior liberdade aos escritores.

É preciso fazer o negócio andar

“Eu bato escanteio, corro para a área para tentar fazer o gol e ainda volto correndo de costas para não deixar a bola entrar no meu gol. Mas é tudo feito com enorme prazer. Não é sofrimento, não é desespero, não é nada disso. Eu estou, na verdade, me divertindo e tentando construir uma coisa”, enfatiza Gonçalo.

De fato, tentar “construir uma coisa” em um mercado tão nichado e concorrido como é o literário no Brasil, não é fácil. Mas a experiência é um fator que corre a favor de Gonçalo. Trabalhando há décadas com livros e jornalismo, ele tem bons contatos e sabe escolher obras que interessam ao público dele.

Para fazer o negócio andar, suas maiores preocupações são a divulgação na mídia e a construção de uma boa rede de distribuição. A Noir tem um diferencial em relação a outras pequenas editoras, que é possuir uma boa estrutura de distribuição e grande credibilidade. Hoje a editora está posicionada tanto no meio de vendas online, quanto nas livrarias mais tradicionais e de nicho.

Os livros estão disponíveis na Amazon tanto pela própria Amazon, quanto via Marketplaces; nas livrarias Travessa, da Vila e Martins Pontes; e ainda em 238 pontos da cidade de São Paulo via um um distribuidor independente que tem lojas na Galeria do Rock, Praça da República, Rua Augusta, entre outros.

“É como construir um prédio. A distribuição é o alicerce e, se ele não for sólido, tudo desmorona”, diz. “Muita gente só tá preocupado em vender pela Amazon e fazer cartaz, mas é preciso ir atrás, de fato, da distribuição, fazendo o livro chegar até as pessoas”, reforça.

No quesito divulgação, ele ressalta que é importante saber chegar aos grandes veículos e também naqueles de nicho, que têm o mesmo público que a editora visa alcançar. Ele usa redes sociais e releases para a imprensa tradicional e para sites e blogs especializados.

“É aqui que entra o bom relacionamento, em conjunto com a boa seleção de livros. Mesmo sendo uma pequena editora, eu consigo capa de caderno do jornal ‘O Globo’ e da ‘Folha de São Paulo’ porque eu tenho bons contatos e bons produtos”, conta.

Hoje, a editora Noir já tem 31 livros lançados em quase 5 anos de existência. A maioria deles é sobre quadrinhos, música e cinema, mas recentemente Gonçalo tem apostado também em temas políticos, sociais e históricos. 

Mesmo com a pandemia, em 2021 ela lançou oito livros. A meta é chegar até 2023 com 60 livros. “Quando eu chegar nesses 60 livros publicados, acredito que eu vou ter uma renda tranquila para poder contratar funcionários e poder viver só com a renda da editora”, diz Gonçalo.

O próximo livro a ser lançado, via financiamento coletivo no Catarse, teve sua campanha iniciada no dia 19 de novembro. Ele relata as grandes entrevistas do famoso cartunista Henfil, importante personagem na resistência à Ditadura Militar do Brasil.