Por quê o cabdidato tirou 1008 no enem

Calcular a nota do Enem não é tão simples como em boa parte dos vestibulares. Acontece que, no Exame Nacional do Ensino Médio, o que define a pontuação não é a quantidade de acertos, mas quais questões o participante acertou, isso graças à Teoria de Resposta ao Item (TRI).

A TRI não é um método utilizado somente no Enem. Nos Estados Unidos, por exemplo, ela é usada no Scholastic Aptitude Test (SAT), uma prova que se assemelha ao exame brasileiro. Nessa teoria, antes da atribuição de uma nota à prova, é criada uma base de dados a partir dos erros e acertos dos estudantes, levando em consideração três aspectos:

- Capacidade de discriminação, distinguindo os candidatos que têm a proficiência requisitada daqueles que não a tem (se o participante é bom em Matemática e/ou Ciências Humanas etc);
- Grau de dificuldade de cada questão: fácil, médio ou difícil;
- Controle de acerto casual (chute).

Como funciona a TRI

A partir destas informações, o sistema da TRI fornece um gráfico em que constam as questões com maiores e menores números de acertos, sendo possível classificar qual o nível de dificuldade de cada questão. É possível também ver as áreas consideradas mais fáceis.

Nesse contexto, há uma lógica em que o estudante que acertou apenas as questões mais fáceis obtenha uma nota maior do que aqueles que acertaram apenas as questões mais difíceis. Isso acontece porque a TRI entende que um estudante com acertos apenas nos itens mais difíceis tenha mais chance de ter chutado a resposta do que conseguido resolvê-la a partir de seus próprios conhecimentos. 

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Quando a nota de uma prova é calculada pela TRI, se sai melhor o candidato que acerta mais questões fáceis e médias do que difíceis, pois o sistema entende que o participante apresentou um comportamento coerente, ou seja, não “chutou”.

Por isso, na TRI é normal que um candidato que acertou 280 questões, por exemplo, receba uma pontuação inferior ao de um participante que acertou 275, pois o segundo pode ter apresentado um padrão de resposta mais coerente.

Por quê o cabdidato tirou 1008 no enem
Crédito da imagem: Poliedro

Então, é melhor não chutar?

Nada disso! Deixar uma questão em branco vale ainda menos que o sistema entender que você chutou a questão. O acerto casual diminui a pontuação em relação ao acerto coerente, mas, se deixar o item sem resposta, não terá a chance de acertar casualmente a questão.

Nota mínima e máxima

Diferentemente do que se possa imaginar, as notas mínimas e máximas do Enem não serão, necessariamente, zero e mil. Isso só acontece na redação. Nas provas objetivas, essas notas variam a cada edição do Enem, pois dependem justamente do gráfico elaborado pelo sistema da TRI depois da leitura de todos os cartões respostas.

Veja: como é calculada a nota da redação do Enem

No entanto, a média das provas fica próxima dos 500 pontos. Isso significa que quanto mais acima da média o estudante ficar, maior o desempenho obtido em relação aos outros participantes. O mesmo vale para as notas que ficarem abaixo da média.

O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2015 teve alunos que conquistaram 1.008,3 pontos na prova de matemática, o que é considerado um recorde em toda a história do exame, e os que atingiram a maior nota em redação, 1.000 pontos.

As notas do Enem 2015 foram divulgadas nesta sexta-feira (8) pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Cada um dos 5,7 milhões de candidatos pode conferir seu desempenho no site da instituição (http://enem.inep.gov.br/participante/#/login). Basta utilizar o CPF e a senha pessoal.

O Enem pode ser usado como parte da avaliação para o vestibular de algumas universidades. Outras utilizam a nota como única forma de seleção para as vagas do ensino superior, por meio do Sisu, o Sistema de Seleção Unificada do Ministério da Educação.

Veja abaixo alguns dos estudantes que se destacaram no Enem:


Felipe Miura, 1.008,3 em matemática

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Felipe, de Mogi das Cruzes, fez 1.008,3 pontos em Matemática no Enem (Foto: Daniel Key Miura/ arquivo pessoal)

A nota de 1.008,3 na prova de matemática no Enem de 2015 foi comemorada pelo estudante Felipe Miura com um luau na praia.  Ele conta que não deixou de lado a academia e nem as baladas para estudar. “Não me considero nerd”, diz.

Com a nota do Enem, Felipe pretende ingressar no curso de Medicina. “Eu estou prestando quatro vestibulares, alguns aceitam a nota do Enem e outros não. Além das estaduais (Unesp, Unifesp, Unicamp e Fuvest), eu também posso tentar as federais.”


Vitor Rebêlo, 1.008,3 em matemática

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Vitor Melo Rebêlo, de 18 anos, foi um dos estudantes que conquistaram a maior nota em Matemática (Foto: Beto Marques)

“Eu pensei que fosse algum problema no site quando vi a nota maior que 1.000”, disse Vitor Rebelo, que já foi aprovado em Ciências da Computação na Universidade de São Paulo (USP), na Universidade Campinas (Unicamp), e em Engenharia Civil na Universidade Brasília (UNB).

Vitor já conquistou medalhas em torneios de física e em olimpíadas de física e matemática.


Caio Koga, 1.000 na redação

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Caio Koga, de 19 anos, que tirou nota máxima (1.000) na redação do Enem 2015 (Foto: Arquivo Pessoal

O tema ‘A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira’ inspirou o estudante Caio Koga a escrever a redação ‘Conserva a dor’. Com esse texto, Koga atingiu a pontuação máxima na avaliação textual, que é de 1.000 pontos.

Para o sucesso, o candidato fez aulas particulares com dois professores de redação e disse que sempre gostou de ler. Disse que gosta de livros de aventura, como Game of Thrones, do escritor norte-americano George R. R. Martin. Segundo ele, a rotina é de 12 horas de estudo: chega no cursinho às 7h e vai embora às 19h da noite, com um intervalo para almoço. Além da redação, Koga também foi bem em matemática: tirou a nota 935.


Júlia Guimarães Cunha, 1.000 na redação

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Júlia Guimarães acredita que internet contribui para debates sobre feminismo. (Foto: Júlia Guimarães/ Arquivo Pessoal)

A estudante Júlia Guimarães Cunha diz que a internet foi fundamental para que ela pudesse entender sobre direito das mulheres e se interessar pela causa feminista. “Mais do que na escola, na tevê ou na família, é na internet que encontramos esse debate. Assim, eu tive interesse em estudar o assunto, principalmente sobre feminismo e a sua luta pela equidade”, diz a estudante.


Leonardo Rigo, 1008,3 em matemática

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Leonardo acertou 45 questões de matemática, e tirou 980 na redação (Foto: Reprodução / Facebook)

Apenas duas tentativas foram suficientes para que o estudante baiano Leonardo Rigo, de 17 anos, acertasse todas as 45 questões de matemática da prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Leonardo fez Enem pela segunda vez em 2015.

O jovem diz que sempre teve afinidade com a matéria e garante que não seguiu nenhuma preparação especial para a prova. “Sempre me dei bem em matemática, é minha matéria preferida. Cada dia eu estudava o que dava e tentava descansar. Também não abri mão de sair e me divertir”, conta.


Cecília Lima, 1.000 em redação

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Cecília Lima estuda para ser aprovada em medicina. (Foto: Arquivo pessoal)

“Passei cerca de 30 dias escrevendo uma redação por dia. Treinei muito. Fiz um planejamento anual apenas para me preparar para a redação”. O esforço de Cecília Lima, paraibana de 25 anos, rendeu a ela a nota máxima na redação. Ela explica que a nota 1000 na redação foi fruto de muito treino e, principalmente, do conhecimento dos critérios cobrados pelos corretores das redações.

Formada em Jornalismo pela UFPB e constando no currículo a passagem pelos principais jornais de João Pessoa, Cecília Lima garante que o conhecimento jornalístico ajudou apenas na rapidez da organização das ideias para colocar no papel. Ela explica que o texto feito para informar é completamente diferente do que é exigido na dissertação argumentativa do Enem. A jornalista decidiu mudar de carreira e se prepara para lutar por uma vaga em medicina.


Raphael de Souza, 1.000 na redação

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Raphael de Souza tirou nota 1.000 nas redações do Enem de 2014 e de 2015. (Foto: Arquivo pessoal)

Não foi só uma vez: Raphael de Souza, nascido em Niterói (RJ), conseguiu a nota máxima na redação do Enem em 2014 e em 2015. Ele busca uma vaga no curso de medicina na Universidade Federal Fluminense (UFF) ou na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). “Não achava que tiraria 1.000, foi choque total. Minha mãe gritava pela casa, foi uma surpresa muito grande”, conta.

Ele fez de uma a duas redações por semana para exercitar sua capacidade de escrita. “Eu mostrava os textos para a monitoria do cursinho pré-vestibular e eles me apontavam os erros. Eu ia consertando a cada semana”, relata.

Em 2014, apesar da nota máxima na redação, o desempenho de Raphael nas questões da prova não foi suficiente para proporcionar a ele uma vaga no ensino superior. Dessa vez, o jovem de 19 anos aguarda o resultado do Sisu para saber se conseguirá ingressar na universidade.


Luana Natália de Sena Costa, nota mil na redação

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Luana quer cursar Medicina (Foto: Ulysses Freire)

Aos 19 anos de idade e com o sonho de ser médica, a estudante Luana Natália de Sena Costa tirou nota máxima na redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). No Brasil, apenas 104 alunos conseguiram esse resultado na redação. “Eu mesma olhei a minha nota, depois de muitas tentativas falhas. Mas a minha mãe estava do meu lado o tempo todo. Esperava por uma nota boa, mas não 1000. Eu não sonhava tão alto assim”, disse Luana.

Sonhando ingressar na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Luana Natália manteve uma rotina de estudos bem acelerada. “Eu nunca estudei tanto na vida como em 2015. Eu ia ao curso pela manhã e, ao chegar em casa, eu estudava até a hora de dormir. Era assim quase todos os dias, existiam algumas exceções porque minha mãe pegava no meu pé. Mas durante todo o ano tentei seguir à risca o cronograma de estudo que recebi do Over no início das aulas”.


Valéria Alves, nota mil em redação

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Estudante piauiense nota mil em Redação fez, em média, 40 textos em um ano (Foto: Beto Marques)

A estudante Valéria Alves, de 21 anos, conseguiu nota mil em redação já na primeira vez em que prestou o Enem. Ao longo do ano, foram mais de 40 redações produzidas, avaliadas pelos professores, pais e amigos. No dia da prova, ficou aliviada com o tema. “Esse tema, para mim, caiu do céu. Eu já tinha escrito umas duas redações relacionados à mulher, em especial ao empoderamento feminino”, disse.


Samir Almeida Prates, nota mil em redação

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enem (Foto: Reprodução / Inter TV Grande Minas)

O jovem Samir Almeida Prates, de 17 anos, além de conquistar nota mil na redação,  também tirou uma nota excelente em uma das disciplinas mais temidas pelos estudantes: a matemática. Samir fez 889 pontos na matéria. Para alcançar o objetivo de tirar uma boa média no teste, o estudante seguiu uma rotina pesada de estudos na escola. Ele contou que estudava das sete da manhã às dez da noite.


Ana Júlia de Paula, de 19 anos, e Maria Isabel de Freitas, de 23, notas mil em redação

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Ana Júlia e Maria Isabel dizem que chegaram a escrever cinco redações por semana (Foto: Márcio Meireles/EPTV)

As amigas Ana Júlia de Paula, de 19 anos, e Maria Isabel de Freitas, de 23, passaram o ano de 2015 estudando para o Enem. As duas frequentaram o mesmo cursinho em Franca (SP) e, mesmo se dedicando integralmente aos estudos, dizem que não imaginavam obter a nota máxima na redação: elas estão entre os 104 candidatos que tiraram 1.000 pontos.


José Miguel Zanetti Trigueiros, nota mil em redação

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José Miguel tirou nota mil na Redação do ENEM (Foto: José Miguel Zanetti Trigueiros/Arquivo Pessoal )

A dedicação do aluno José Miguel Zanetti Trigueiros às aulas de redação foi recompensada. O adolescente de Juiz de Fora ainda está surpreso por ser um dos 104 estudantes de todo o Brasil que tiraram nota mil na redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). O estudante de 17 anos disse que estava preparado já que tinha feito um simulado com o mesmo tema dias antes da prova.

Ele contou que esperava uma boa nota, mas nunca a pontuação máxima. “Achei o tema bom, legal de falar, porque tinha muito assunto. Esperava uma boa nota, uns 900. Mas nota mil não esperava, foi uma surpresa”, comentou.

Quando fez o Enem em 2014, quando cursava o 2º ano do Ensino Médio, José Miguel tirou 700 na redação, que foi sobre a publicidade infantil. A melhoria da nota foi conquistada com muito estudo e reforçada por uma coincidência favorável ao aluno do Colégio Academia de Comércio.

“Gosto mesmo da área de Exatas, mas sabia da importância da redação. Fiz as atividades e até cursinho porque sabia que era uma nota que poderia ir bem. Uma semana antes, tinha feito um simulado com o mesmo assunto exigido no Enem, a violência contra a mulher. Por isso, estava preparado e fiz tranquilo”, afirmou.


Carlos Felipe Bezerra, nota mil em redação

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Felipe atingiu nota máxima em redação no Enem (Foto: Arquivo pessoal)

Com 18 anos e a perspectiva de realizar um sonho, o cearense Carlos Felipe Bezerra não poupou esforços para conseguir se destacar no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e conseguir uma vaga no curso de Direito na Universidade Federal do Ceará (UFC). “Foi bem exaustivo, pois tinha aula o dia inteiro e, quando voltava para casa, tentava resolver alguns exercícios e ler sobre atualidades”, relata.

Para conseguir a façanha de produzir uma redação irretocável, Felipe enumera alguns pontos que permitiram chegar ao resultado. “O ideal é você estar antenado sobre diversos assuntos, para aumentar o repertório e poder usar esse conhecimento na hora de escrever a dissertação argumentativa. Com a prática assídua e com a ajuda dos professores, você gradativamente adequa-se às exigências instituídas pelo Edital do Enem”, conta.


Laura Piñeiro, nota mil na redação

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Laura Piñeiro, de 17 anos, quer estudar medicina (Foto: Arquivo pessoal)

Recém-saída do ensino médio e interessada em uma vaga no curso de medicina, Laura Piñeiro, de 17 anos, fez o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) neste ano para testar seu desempenho. Ela achou que não teria nota suficiente para entrar na disputa de um dos cursos mais concorridos do Sisu, mas foi surpreendida com uma nota 1.000 na redação. “Saí da prova jurando que tinha ido mal. Saí desolada. Nem lembro exatamente quais os argumentos usei na redação”, diz.


Izadora Peter Furtado, nota mil na redação do Enem

Por quê o cabdidato tirou 1008 no enem

Jovem fazia duas redações por semana como teste (Foto: Reprodução/RBS TV)

Izadora Peter Furtado, de 17 anos, revelou ter ficado insatisfeita com o próprio desempenho, apesar do alívio que sentiu ao se deparar com o tema da redação, a violência contra a mulher. “Achei que iria ser um assunto mais complicado. Mas depois que eu finalizei o texto, achei que tivesse tangenciado o tema, achei que não estivesse de acordo”, disse.

Fonte: G1

O que dá para fazer com 900 pontos no Enem?

Medicina: 770 a 900 pontos. Nutrição: 660 a 810 pontos. Odontologia: 715 a 840 pontos. Pedagogia: 560 a 740 pontos.

O que dá para fazer com 1.000 pontos no Enem?

Para fazer uma redação nota 1000 no Enem é necessário escrever um texto coeso e coerente na forma dissertativa-argumentativa, que busque atender às demandas que as competências exigem e ao mesmo tempo encontrar uma solução viável e efetiva para a problemática apontada dentro do tema proposto.

Qual foi a menor nota do Enem?

⚠️ O que é a Ampla Concorrência?.

Qual foi a nota mais alta do Enem?

A nota máxima registrada foi de 846,9, e a mínima, de 311,6. Por fim, na prova de Ciências da natureza e suas tecnologias, a média registrada foi de 491,05.