Por quê utilizar a didática

Por quê utilizar a didática

DIDÁTICA E ENSINO DE INFORMÁTICA

Luís Paulo Leopoldo Mercado
Universidade Federal de Alagoas
Maceió - AL, Brasil

Pensar a Informática como um recurso pedagógico que propicia um aumento na eficiência e na qualidade do ensino é, antes de mais nada, pensá-la vinculada á realidade da educação de seus professores e alunos, é pensá-la voltada para a busca da superação dos problemas de ensino é, enfim, procurar identificar formas de seu uso que constituam respostas para os problemas de nossa Educação.

Nesse contexto, cabe a Universidade a formação dos recursos humanos responsáveis pela condução e resolução dos problemas que afligem a sociedade. A qualidade desta modalidade de ensino é objeto constante de preparação por parte de todos aqueles que direta ou indiretamente estão envolvidos no processo educacional. Assim, a acentuada perda de qualidade decorrente da expansão desordenada do ensino universitário e sua concomitante massificação têm levado invarialvelmente a um decréscimo qualitativo na formação de recursos humanos. A Universidade não está sendo capaz de formar indivíduos que, no exercício de suas funções na sociedade, possam propor e implementar as soluções exigidas. Desse modo, a definição da participação da Universidad na resolução dos problemas nacionais passa, obrigatoriamente, pela consideração do papel fundamental que tem oprofessor como indivíduo e o corpo docente como grupo.

A utilização mais intensa e abrangente de métodos a técnicas pedagogicamente adequados ao contexto da Universidade, deve abranger a capacitação do docente universitário no sentido de prover-lhe uma formação didático-pedagógica suficientemente consistente a ponto de produzir melhoria na qualidade de seu ensino. Assim sendo, segundo LESOURE (1988) "para que a Informática penetre na escola, uma condição local essencial deve ser cumprida: a existência de uma equipe de professores motivados, capazes de dedicar tempo a um projeto pedagógico preciso, e dispondo de meios que lhes permitam adquirir ou adaptar os programas, garantir a manutenção e estocagem do material e organizar os locais necessários". (p.21).Os professores são os principais agentes de inovação educacional. Sem eles nenhuma mudança persiste, nenhuma transformação é possível.

A educação brasileira passa por um momento especialmente crítico e caótico. Diante dessa realidade duas posições básicas podem ser assumidas, segundo CANDAU (1992): uma analisa a crise como uma disfunção do sistema. Este não é colocado em questão. Trata-se de melhorar, aperfeiçoar o sistema e perguntar-se sobre o papel da Informática nesta perspectiva. A segunda posição parte da necessidade de uma mudança estrutural da sociedade e, consequentemente, da Educação. O Sistema de Ensino tem de ser repensado a partir da ênfase no seu compromisso com a socialização do conhecimento e a formação para uma cidadania consciente, ativa e crítica. Não tem sentido reforçar uma perspectica em a aprendizagem seja concebida quase que exclusivamente como processo de assimilação, adestramento intelectual, profissional e social. Necessitamos favorecer o potencial reflexivo, não somente o pensamento convergente e analítico, mas também divergente e intuitivo das nossas crianças, adolescentes, jovens e adultos. É a perspectiva da transformação a nível pessoal, social, educacional.

Nessa perspectiva, ao aprofundar sobre as contribuições da Informática, vimos que a Universidade Brasileira contribui para o desenvolvimento do país, no desempenho de suas verdadeiras funções, isto é, gerar novos conhecimentos - pesquisa básica e aplicada - e transmitir conhecimentos. O que vem ocorrendo, no entanto, é uma expansão da função da universidade no setor de pesquisa e uma estagnação e/ou involução na função de ensino, constatando-se um desquilíbrio que abrange as duas funções. O decréscimo na qualidade do ensino influi decisivamente nas possibilidades de expansão da pesquisa, já que debilita as possibilidades de orientação aos pesquisadores para escolha e implantação dos problemas e progrmas a pesquisar.

Ao professor da Universidade é conferida a responsabilidade de difundir o saber no intuito de revisá-lo e ampliá-lo, democratizando-o na troca de experiências com seus alunos. A ele cabe a tarefa adicional de fazê-lo com vistas a lançar no mercado profissional, pessoas competentes que efetivamente possam responder as demandas sócio-político-econômico-culturais em vigor, no seu mais alto grau. Para o professor sem bagagem pedagógica e carente de conhecimento do seu conteúdo específico, o emprego do computador acelera suas falhas, põe a nu suas incoerências. Por outro lado, para o professor de sólidos conhecimentos e experiência no nível didático e de conteúdo, o computador otimiza a produção. Seu uso vai provocar o crescimento e aprofundamento deste profissional. Há uma mentalidade difusa nos meios educacionais que encara a tecnologia avançada como força para resolver os problemas escolares. Na verdade, as dimensões basilares que definem a qualidade e a direção da educação encontram-se na formulação do professor, nas condições de trabalho que lhes são dadas e nas condições dadas ao aluno no nível econãmico e cultural e na filisofia educacional da escola. Qualquer tecnologia intervém no quadro já dado, realçando as características definidas pela política hegemãnica. Para PURPER (1990) a Informática, enquanto Ciência da Informação constitui-se a partir de teorias que conflitam com as teorias defendidas nas últimas décadas e que, tendo no horizonte a democratização da educação e da sociedade, propõe uma educacão emancipatória em busca de um desenvolvimento em que o conjunto da população nacional participa e usufrua dos avanços alcançados. É o projeto de uma educação emancipatória que, em última instãncia, está por trás do questionamento da informática e da educação bancária e tecnicista que se constitui pela memorização, aquisição e processamento de conteúdos (informações) resultando um trabalho intelectual ("conhecimento") considerado alienado,uma vez que é desenvolvido de modo fragmentado, estático, descontextualizado e a - o histórico. Trata-se de uma concepção de conhecimento que não instrumentaliza para o exercício da plena cidadania, que não educa para compreender, explicar e habilitar-se para a apropriação do saber e intervenção nos processos definidores das práticas sociais concretas, específicas e gerais. Ou seja, uma determinada disciplina precisa ser desenvolvida de tal forma que o alunopossa habilitar-se a dominar o conhecimento específico mas, também possa apreender as relações do conjunto do saberes entre si e as inserções desta área do conhecimento nas práticassociais e nos seus processos definidores.

A questão é como articular, por um lado, os avanços tecnológicos representados pela Informática e demandados pela sociedade, e por outro, a democratização da educação escolar sistematizada em um projeto político-pedagógico emancipatório.

O projeto pedagógico no conjunto das lutas sociais inclui tanto uma diretriz teórica com os meios de processar a prática escolar, onde Pedagogia e Didática se correspondam mutuamente, a primeira, buscando na prática educativa a compreensão crítica da sociedade e da cultura, constituindo-se na teoria da ação educativa,e a segunda questionando a prática educativa, proporcionando elementos para a reavaliação teórica. Nesse contexto o professor é o mediador entre a teoria e a prática. Daí a necessidade da Teoria pedagógica para determinar o sentido de sua ação e da Didática para embasar o aspecto técnico dessa ação.

Esses aspectos destacam que o papel que cabe à Educação sintetiza-se em interpretar, analisar, construir, avaliar e transformar a realidade.

Para ROMISZOWSKI (1983), alguns fatores contribuiram na modificação da atitude dos educadores para a aceitação do computador na educação:

1 - o ritmo acelerado do impacto do computador na vida de cada cidadão. Entramos em contato com a Informática em toda a sociedade (bancos, comunicações, eletrodomésticos, telejogos);

2 - explosão tecnológica nas possibilidades da microeletrônica e o conseqüente barateamento e miniaturização dos computadores.

3 - impulso que os órgãos de comunicação e publicidade estão dando ao assunto. A Educação e Treinamento é uma das áreas da Informática que maior interesse vem despertando: artigos descrevem projetos já em andamento, resultados já alcançados e preocupações éticas, pedagógicas e outras. Todos descrevem as mesmas aplicações (existem ainda não muitas escolas que visam computadores no ensino como atividade regular), citam poucos resultados concretos, pois as escolas que visam computadores ainda não produziram uma "massa crítica" de dados sobre as suas experiências e citam as mesmas preocupações, principalmente com os efeitos psicológicos sobre os alunos e com a "importação de tecnologias estrangeiras".

Para OLIVEIRA (1989) "é de fundamental importãncia que ao usarmos um determinado meio instrucional não o usemos ingenuamente. A Educação não é neutra e devemos estar conscientes de toda a filosofia e política que se resguarda atrás da nossa prática pedagógica."(p.113)

Diante disso, ao relacionarmos Educação e Informática, devemos considerar dois aspectos importantes: a educação informatizada e a educação para a informatização. A educação informatizada destaca o uso do computador no ensino como um recurso não em substituição ao professor, mas em auxílio a este. A educação para a informatização considera a preparação do indivíduo para o mundo tecnológico com o qual cada vez mais terá contato em sua vida.

A Universidade aparece atualmente como uma destas estruturas capazes de difundir e utilizar o computador com a preocupação de preparar uma sociedade informatizada.

OLIVEIRA (1989) defendem-se três metas importantes e atuais com o uso da Informática na Educação;

1 - desenvolver uma formação de cultura geral em informática (para que serve, o que pode contribuir na vida moderna, quais suas limitações e aspectos econômicos-políticos-sociais associados a ela);

2 - favorecer simultaneamente uma renovaçãopedagógica, a brindo para o processo ensino-aprendizagem novas perspectivas na área de recursos instrucionais, auxiliando o professor a questionar-se sobre a validade de seu conteúdo e o modo como está sendo transmitido;

3 - introduzir a Informática através de disciplinas tradicionais, sem que seja criada uma nova disciplina específica, que viria sobrecarregar um currículo já extenso e correria o risco de se tornar mais um conhecimento estanque sem ligação e/ou aplicação com a estrutura curricular de um determinado curso.

Estamos conscientes que existem limitações ao uso desta técnica, pois apesar de poder ser utilizada em todas as matérias, o uso da Informática não pode se fazer de maneira idêntica em todas as disciplinas, tornando-se necessário sua adequação.

A própria renovação pedagógica ligada à utilização da Informática no ensino, pelas suas próprias características, dá-se lentamente, não sendo possível esperar-se resultados rápidos.

Um dos maiores desafios que enfrenta a educação brasileira é favorecer estilos pedagógicos que promovam um processo de ensino-aprendizagem estimulante, ativo, reflexivo e criativo.

Para CANDAU (1991) a didática predominante continua enfatizando a transmissão de um conhecimento pronto, a repetição e a memorização, em alguns casos, a compreensão, a aplicação e a realização de exercícios mecãnicos, de adestramento ou de aplicação de conceitos, leis ou princípios a situações particulares. A educação na maior parte das vezes não estimula a capacidade de dúvida, de incerteza, a consciência de que todo conhecimento é provisório, que está em contínuo processo de criação e recriação. Certamente existem escolas que favorecem um trabalho nessa linha mas são em número reduzido e não afetam de modo significativo a dinãmica do sistema como um todo.

ZAMORA (1977) apud CANDAU (1991) distingue três formas de aplicação de novas tecnologias na educação em países em desenvolvimento:

1 - a partir da caracterização do contexto e das necessidades reais da população, com o compromisso de enfrentar os problemas mais relevantes que afetam a educação, coloca-se o conhecimento científico, as metodologias, as técnicas e os equipamentos a serviço da solução dos referidos problemas;

2 - a partir de um conhecimento teórico dos instrumentos, estes são aplicados indiscriminadamente, permanecendo um enfoque meramente eficientista, procurando-se "otimizar" aberta ou disfarçadamente, consciente ou inconscientemente, o sistema vigente com todas as suas ambiguidades;

3 - tendo por base uma visão superficial dos conhecimentos disponíveis para fazer tecnologia educacional e com uma ausência de sensibilidade humana, se faz pseudo-tecnologia educacional para justificar pseudo-cientificamente decisões sem uma análise crítica do contexto educacional vigente.

Na prática predominam a terceira e segunda aplicações. Certamente a tecnologia da informação não é uma exceção. No entanto, a existência de algumas experiências na linha da primeira abordagem assinalada, permitem afirmar sua possibilidade e lançar um desafio a ser enfrentado.

O grande desafio da didática atual, segundo CANDAU (1991) é "assumir que o método didático tem diferentes estruturantes e que o importante é articular esses diferentes estruturantes e não exclusivar qualquer um destes tentando considerá-lo como o único". (p.21) Certamente o conteúdo, a estrutura e a organização interna de cada área do conhecimento e sua lógica específica, é um dos estruturantes do método didático. Mas não é o único. O sujeito da aprendizagem, que tem sua configuração própria e evolutiva, uma criança, um adolescente, um adulto, as diferenças individuais e estilos cognitivos são elementos básicos do processo de ensino-aprendizagem. Outros estruturantes são o elemento lógico geral, o contexto em que se dá a prática pedagógica, as variáveis político-sociais e culturais e os fins da educação. Somente articulando todos estes estruturantes, a partir de uma clara concepção da Educação e do processo de ensino-aprendizagem, é possível caminhar na construção de uma didática e de uma pedagogia capazes de romper com a prática educativa predominante em nossas escolas.

Este é também o desafio da Informática na Educação. Como pode ela contribuir para transformar em profundidade as nossas práticas pedagógicas? Que não nos contentemos com mudanças periféricas ou que se reduzam a otimizar o existente. É necessário colaborar com a transformação. Construir uma nova configuração do processo de ensino-aprendizagem capaz de integrar articuladamente, processo e produto, dimensão intelectual e afetiva, objetividade e subjetividade, assimilação de conhecimentos e construção criativa, compromisso com o saber e a questão do poder na escola, dimensão lógica e psicológica, aspectos gerais e específicos da aprendizagem, dimensão política e técnica da prática pedagógica, função de ensino e de socialização da escola, fins da educação, meios e estratégias.

A partir disso, o uso da informática em educaçào deve estar inserido numa proposta pedagógica que respeite o contexto sócio-político da realidade brasileira, as condições prévias do aluno e a avaliação permanente das aquisições e processos intelectuais, antes, durante e após a utilização do computador.

A Didática é uma prática com seus pressupostos filosóficos, com sua teoria de aprendizagem e com procedimentos hierárquicos, regrados e instrumentados que balizam a relação aluno-professor. Os pressupostos filosóficos fornecem uma visão de Homem e colocam um objetivo à Educação. As Teorias de Aprendizagem aspiram a um estatuto científico para dar a palavra final. Mal se distingue das questões filosóficas, cabe às teorias da aprendizagem dar uma descrição fiel dos processos psicológicos que levam um indivíduo a perceber, conceituar, lembrar, generalizar as descobertas nesse campo retroagindo sobreas concepções filosóficas assim como estas influem no caminho das pesquisa.

ALMEIDA (1988) coloca que "dever-se-ia criar uma metodologia de uso do computador na educação, não a metodologia que se encontra constumeiramente por aí, nem a metodologia empacotada nos primeiros programas educacionais. É importante uma metodologia como norteadora da prática pedagógica". (p.367) Outra dimensão da metodologia do ensino seria aquela que a fizesse ser criada a partir da análise do trabalho, ou seja, que formasse a estrutura curricular os programas, as estratégias que os professores adotam, as formas de avaliações, levantando toda a problemática, desde os seus currículos e programas até o seu sistema de avaliação, detectando os pontos de entraves ao desenvolvimento da sua prática cotidiana educativa. É feito um levantamento da problemática para detectar, dentro dessa os ítens em que o computador pode dar uma contribuição para sua solução e que outros ãmbitos da tecnologia não pode dar, e aí sim, aplicar o computador.

O computador, nesse caso, entra no fim de um processo de análise crítica dos problemas pedagógicos, ao invés de entrar como uma solução a priori, sem ter sido feito um levantamento do problema. É só a partir disso que se deve elaborar programas educacionais com apoio do computador.

ALMEIDA (1988) defende uma "metodologia de produção de material informatizado aplicado à educação"(p.367), onde o professor utiliza todos os recursos da Informática para fazer gráficos, desenhos, ilustrações e textos em suas aulas, sem conhecer computação, pois vai utilizar apenas os recursos da máquina. O curso montado para uma aula e passado para a estrutura computacional, é um curso de uma instrução programada, bastante sofisticada, que está embutida dentro do computador, e o conhecimento que um professor precisa ter de programação para montar um curso com esse recurso é extremamente pequeno.

Se fosse criada uma metodologia de produção de material de informática aplicada à educação, na qual tivessemos muitos recursos a disposição, para produzir os nossos cursos com uma metodologia mais sofisticada, mais aprofundada, as conseqüências pedagógicas seriam várias e benéficas.

Além disso, é necessário também um acompanhamento pedagógico extremamente crítico dos programas produzidos. É muito fácil lançar programas sem que haja acompanhamento pedagógico ou avaliação sitemática das suas conseqüências no aluno e até nas relações disciplinares. Entretanto, é preciso fazer uma análise pedagógica em profundidade, e não utilizar esse elemento como se fosse bom por essência simplesmente, por ser informatizado; por pertencer à informática, ele pode até representar um fator negativo para a escola, decorrendo disto a necessidade de se refletir sobre ele, analisando-o com muito cuidado.

Outro aspecto da Didática que precisamos analisar são os procedimentos, que são a manifestação prática dos pressupostos e das teorias. São hierarquizados, pois são estabelecidas prioridades; regradas, porque ditam normas à maneira de conduzir o aprendizado e uso de recursos (livros, vídeo, televisão). É nesse ponto que entra o computador, pois ele é um "novo" instrumento. É um instrumento independente do ensino e aproveitado por ele. São independentes porque não dizem respeito a nenhuma matéria em particular e nem surgiram de uma necessidade do ensino. Foram criados pela tecnologia para finalidades alheias à educação e, bem ou mal, reaproveitados pelo ensino.

Assim, discute-se não o instrumento, mas a forma de empregá-lo. Os instrumentos que atraem o ensino são instrumentos de comunicação. A relação de ensino é uma relação de comunicação por excelência que visa a formar e informar.

É justamente por ser um instrumento de comunicação que o uso do computador torna-se problemático: tendo a pedagogia um "como transmitir conhecimentos" tendo em vista uma filosofia e uma teoria, estes instrumentos se inserem diretamente no ãmago da questão. Empregar qualquer instrumento significa modificar a relação aluno-conhecimento, a relação aluno-professor e a relação escola-sociedade.

Na relação aluno-conhecimento, o ensino discute não apenas o que ensinar, mas também como vai travar contato com tal conteúdo. A relação aluno-conhecimento é modificada pelos meios empregados para estabelecê-lo.

Na relação aluno-professor a modificação desta relação decorre da primeira, de duas formas:

1 - o professor tem à sua disposição mais possibilidades didáticas de transmitir conhecimentos e, consequentemente, mudar sua maneira de da aula;

2 - o "status" de dono do conhecimento se modifica: o aluno pode obter maior autonomia de estudo com a existência de livros do que quando havia um só manuscrito para muitos. O conhecimento passa por outras mãos que não as do professor e a relação aluno-professor se vê modificada por estas novas formas de comunicação.

Na relação escola-sociedade, a sociedade encontra novos meios de estocar e comunicar o conhecimento. A cultura, como um todo, se organiza de maneira diferente para gerar o seu patrimãnio. A escola representa uma reposição (atualizada ao contexto das novas tecnologias) dos termos de um antigo debate entre as pedagogias tradicional, tecnicista e renovada. De fato, as divergências entre essas concepções de educação se assentam ao longo do tempo, principalmente sobre a questão dos métodos de ensino e não tanto sobre as finalidades básicas e as funções sócio-políticas da Educação.

Em relação aos procedimentos, CARRAHER (1990) nos diz que o computador é empregado na sala de aula de acordo com pressupostos sobre o seu papel na Educação, sobre a natureza da aprendizagem e sobre a natureza do conhecimento. Quando é tratado como "quadro-negro eletrônico", é utilizado principalmente para representar informações na forma de texto e desenho na tela. O computador se torna um recurso audiovisual que o professor utiliza para ensinar vários conteúdos. Esse uso é associado a uma posição filosófica fundamentalmente empírica, segundo a qual o conhecimento é visto como algo que não sofreria grandes transformações pelo indivíduo, isto é, a representação do conhecimento na mente do aluno é vista como sendo muito semelhante à representação externa do conhecimento. O conhecimento existiria objetivamente no mundo - nos livros ou na mente do instrutor - e a tarefa da Educação consistiria em transferir os conhecimentos do lado de fora do aluno para olado de dentro. O aluno, assim pega conceitos, assimila conteúdos, aprende através de um processo de "fixação". O computador ajudaria nessa tarefa por ser um recurso motivador capaz de armazenar e transferir informações.

A partir deste estudo, após várias entrevistas com os docentes que ministraram aulas de Informáticana Universidade Federal de Santa Maria, constatou-se que o avanço da Informática é uma realidade inquestionável, que está presente em toda a Instituição e na sociedade. A maioria dos professores mostraram interesses em se atualizar e utilizar o computador cada vez mais em suas aulas,como recurso didático. A área de atuação dos docentes entrevistados pode ser situada dentro de duas linhas metodológicas básicas:

1 - investimento na formação do professor, por ser este o agente principal para o desencadeamento de um trabalho correto, capaz de fazer abortar, distorcer ou achar os verdadeiros rumos da informatização na Educação;

2 - integração do trabalho com o computador ao currículo, o que exige do professor e a Universidade uma reflexão sistemática acerca de seus objetivos, de suas técnicas, dos conteúdos escolhidos, das grandes habilidades e seus pré-requisitos, enfim, ao próprio significado da Educação.

Constatou-se um grande questionamento e dúvidas dos docentes em relação a Informática na Educação. Devido a quase nula formação na área pedagógica, a maioria acredita que quem utiliza a Informática no ensino deve abordar a questão do ponto de vista das teorias de educação, da interdisciplinaridade da estrutura dos cursos, da infra-estrutura das escolas, dos usuários, e do conhecimento, no caso, específico da Informática como ciência mais ampla e do conhecimento existente sobre a utilização do computador na educação.

Ressaltaram as deficiências teóricas e metodológicas frente ao tema que não podem ser superadas sem uma grande discussão e não devem ser encobertas com treinamentos técnicos.

Os docentes conhecem muito bem Informática, mas pouco a parte didático-pedagógica. É necessário uma complementação para sanear essa lacuna. Alguns não estão acostumados a trabalhar com outras pessoas, como é exigido na relação professor-aluno. Também não estão acostumados com a questão do conteúdo, não sabem bem como transmitir os conhecimentos que dominam.

O conhecimento específico do docente, na maioria das vezes, sobrepõe-se ao conhecimento didático-pedagógico. Um tipo de conhecimento necessariamente não precisa sobrepor-se ao outro. Os dois precisam andar juntos, lado a lado. Não adianta o profissionalser uma pessoa com uma boa formação acadêmica, com muitos cursos, se não consegue propiciar o aprendizado aos alunos.

Constatou-se, ao longo da pesquisa que os entrevistados estão preocupados com a defasagem que se coloca entre o projeto educacional vigente e as demandas técnicas, científicas e teóricas, postas e impostas pelo avanço tecnológico, particularmente da Informática.

Com base na situação dos cursos de licenciaturas no contexto da realidade educacional brasileira, várias deficiências foram apontadas: a inadequação do preparo do professor em geral para um trabalho docente que se apoie e/ou utilize tecnologias educacionais informatizadas.

Segundo LEPÍSCOPO (1992) "o ensino da Informática carece de uma coisa muito importante que é a metodologia. Não existe uma metodologia para o Ensino da Informática e normalmente os docentes ensinam os seus alunos da mesma forma como aprenderam, de um jeito formal, não-sistematizado, não-programado. Eles desconhecem a questão do planejamento de ensino, o que planejamento de ensino, o que dificulta muito o trabalho. Numa sala de aula, há um programa a cumprir e, se o docente não tiver um mínimo de planejamento, não conseguirá cumprí-lo. É preciso que ele tenha muita clareza sobre a questão da avaliação, e até da avaliação com instrumentos mais formais. Mas, o que se nota no mercado, pelos meios nas Instituições em que pudemos recolher informações, é que realmente muito pouca gente está trabalhando em algum projeto para desenvolver uma metodologia para a área."(p.16)

Esta ausência de metodologia não ocorre só na área de Informática; ela acontece também em outras áreas. Quando se lida com uma área de conhecimento mais específica, é preciso ter uma metodologia, uma abordagem eficaz para ensiná-la. No caso da Informática, talvez diferentemente das outras áreas, até porque se trabalha com tecnologia de ponta, há a mistificação que ainda existe em relação á máquina. Há ainda, infelizmente, muitos profissionais que propositadamente mistificam a máquina, mistificam o conhecimento, achando que a Informática se sobrepõe a todas as demais áreas. Este é um grande engano, uma grande incoerência, porque esse tipo de idéias contradiz a própria tendência da microinformática, que é a disseminação dos microcomputadores. O microcomputador existe hoje para ser um instrumento, uma ferramenta acessível a qualquer pessoa.

Para LEPÍSCOPO (1992) o usuário comum não precisa ter uma formação específica na área de Informática. Isto seria contrário aquilo que é a filosofia da Informática hoje: colocar um micro na mão de qualquer pessoa com programas os mais acessíveis. Hoje existem grandes empresas investindo muito trabalho e dinheiro no desenvolvimento de programas que possam ser manipulados por qualquer pessoa. O usuário, então, não tem de fazer cursos de linguagens, de lógica, de programação, de análise. Ele tem de fazer um curso que o habilite a mexer no computador da mesma maneira que manipula a televisão, o vídeo e dirige o carro. O micro tem de fazer parte da vida das pessoas apenas como uma ferramenta de trabalho, nada mais que isso.

A formação na área de Informática é resultado de um conjunto de conhecimento. Não se pode, por exemplo, considerar apenas o aspecto do conhecimento específico, uma boa formação em Informática ou em qualquer área, é dar condições para o aluno saber interpretar o que está em volta dele. Infelizmente não se observa nas Universidades em geral uma preocupação com esse objetivo. A Universidade hoje não está preocupada em dar nem essa "boa formação" aos alunos, nem a formação profissional propriamente dita.

Outro aspecto importante que deve ser trabalhado com os alunos é o da abrangência de sua formação e da sua atuação político-social futura. O aluno precisa ter uma visão real sobre o impacto da Informática na sociedade, ter consciência que o computador poderá vir a tirar empregos e ter clareza quanto a forma em que esse processo ocorre ou pode ocorrer. Na verdade, as pessoas podem ser recicladas, podem adquirir conhecimentos na área de Informática e ser aproveitadas.

O avanço da informática proporciona aos educadores grandes variedades de meios e recursos no sentido de auxiliá-los em seu trabalho. O surgimento de novas tecnologias e métodos de ensino vieram solicitar a utilização de instrumental mais eficaz para atender os usuários. Mas, apesar dos avanços tecnológicos, na sociedade, ainda temos uma realidade educacional que deixa a desejar, onde o nível de formação do professor frequentemente é inadequado para a classe; não há domínio de conteúdo, recebem baixa remuneração e tem alta rotatividade profissional.

Parece ser mais cômodo manter-se a escola acatando a educação como um imenso processo de acumulação de dados alguns necessários, outros supérfluos, sempre privilegiando a consciência individual. Com o advento do computador, o homem, produto de uma escola tradicional, torna-se antiquado e obsoleto, e como reservatório de conhecimento é facilmente superado pela máquina.

Nossa proposta metodológica para usar o computador no Ensino Superior considera a Educação como emancipatória, que leva em conta a realidade na qual o aluno vive, que utiliza o computador como recurso didático, onde o uso deste é importante.

Para se trabalhar com uma metodologia dentro da pedagogia emancipatória precisamos estar comprometidos com a educação, termos uma perspectiva de homem e mundo numa ação integradora, onde o ensino e as aprendizagens específicas são partes de uma totalidade maior, onde os educadores discutam as questões mais gerais, ligadas as estruturas curriculares que devam integrar diferentes saberes num processo coerente, com as possibilidades de desenvolvimento do aluno, além de contribuir para formar uma consciência de cidadania.

Questiona-se, se o papel do professor é ensinar ou se o objetivo da educação é criar os instrumentos necessários para o aluno descobrir (sob orientação) com seus próprios meios.

O computador é um instrumento de aprendizagem que pode ser bem ou mal usado. Não está restrito a certas áreas de aprendizagem. Como instrumento ele não é a fonte de aprendizagem mas um canal de comunicação por onde ela passa. Embora a simples presença do computador já constitua um ato de aprendizagem, esta ocorre quando o computador é utilizado pelo aluno, momento em que se estabelece uma interação entre o aluno e quem elaborou o programa.

É preciso uma tomada de consciência, por parte dos professores e administradores, do papel que desempenha a informática na educação e no Ensino Superior. Somos parte da era tecnológica, e isto não apenas do ponto de vista técnico-pedagógico, mas sobretudo como uma questão epistemológica. É imprescindível incentivar pesquisas para fazer avançar o conhecimento nessa linha; para não caminhar às escuras e, também, analisar a importãncia da formação de professores, pois se os currículos dos cursos não contemplam uma formação na linha apontada, estaremos distanciando a Universidade cada vez mais da sociedade e condenando a Educação a algo obsoleto e distanciado do mundo do trabalho, onde a Informática se impõe como mais um instrumento.

É necessário equipar adequadamente as Unidades de Ensino e Pesquisa, prioritariamente as que têm a função de formação de professores, para que possam a partir da prática, tomar realidade a Informática na Educação. A preparação da criança, do jovem e do adulto para os complexos processos da Informática exige uma escola capaz de possibilitar a compreensão teórico-prática dos fundamentos científicos-técnicos e sócio-econãmicos das tecnologias emergentes e presentes no mundo do trabalho.

A ampliação dos aspectos do Ensino Superior levam à vários tipos de metodologias. Nunca teremos uma metodologia uniforme para utilizar em Informática, pelo próprio ritmo dos avanços tecnológicos nessa área.

A Didática que sirva de suporte a uma proposta de utilizar a Informática na Educação precisa considerar dois aspectos fundamentais: a socialização do conhecimento e a formação para o exercício da cidadania. Para CANDAU (1992) "Conhecer é uma capacidade iminentemente humana. É do próprio homem construir conhecimento, não somente transmiti-lo ou reproduzí-lo. Conhecer é um ato profundamente pessoal e criativo."(p.16) Na nossa sociedade a participação no processo de elaboração do conhecimento sistematizado é privilégio de poucos. O compromisso da educação é com a socialização do conhecimento, com a ampliação da participação dos diferentes segmentos da sociedade no processo de transmissão e construção do saber científico, do saber sistematizado. Não somente por seu valor instrumental na constituição de uma nova sociedade mas, articulado com este, por seu valor profundamente humanizador e por seu potencial liberador. Toda inovação no âmbito da Educação deve favorecer este objetivo.

Outro objetivo é a formação para o exercício da cidadania. Uma cidadania ativa, crítica e responsável. Isto supõe pessoas que verdadeiramente sejam sujeito de sua história pessoal e social. Com uma de identidade claramente assumida, capazes de fazer opções conscientes em termos éticos e de sentido da vida humana. Com uma visão de realidade sócio-econãmica e cultural em que viveu explicitamente trabalhada, com um compromisso ativo com a humanização da sociedade.

Socialização do conhecimento e formação para a cidadania são objetivos básicos da Educação no momento histórico do nosso país. Toda inovação educativa tem de perguntar-se sobre como situar sua contribuição neste horizonte de uma educação comprometida com a construção de um conhecimento e a formação de cidadãos capazes de contribuirem para a transformação social e a afirmação da democracia e da justiça social na sociedade brasileira.

O pano de fundo e ponto de chegada da informatização deve ser a construção de uma sociedade democrática, com participação mais igualitária no conhecimento, nas inovações e nas riquezas. A informatização da sociedade vai tender para uma ou outra dimensão, democratizante ou então oligopólica, dependendo do esquema político-social de distribuição do poder e das riquezas, onde está imerso o processo de informatização.

A Didática para a Informática no nível superior, aqui abordada, deve considerar, além dos aspectos já discutidos:

1 - a definição de uma política nacional de informática na educação, cujas primeiras diretrizes estavam no âmbito da Política Nacional de Informática, que nos anos 80 eram suficientemente amplas, permitindo as Universidades, aos sistemas estaduais de ensino e as escolas de 1º e 2º graus a formação de recursos humanos e as pesquisas e experiências para o desenvolvimento de tecnologia, tendo em vista as necessidades brasileiras. Nos anos 80 houve o auge das propostas de Informática na Educação chegando-se aos anos 90 sem uma política de informática na educação implementada, apenas algumas pesquisas e propostas isoladas.

2 - Investimentos na formação do professor aqui já concretado. Investir no professor, neste momento de grande carência de qualidade docente, uma sábia e coerente perspectiva de cuidar da educação na sua totalidade: os conteúdos, a avaliação, o currículo, a psicologia do aluno e até as questões de política educacional brasileira. Junto a isso propiciar experiências voltadas em informática educativa as comunidades docentes de escolas e Universidades, além de fornecer embasamentos filosófico e pedagógico que permitam refletir criticamente sobre o processo educacional.

3 - Equipar as escolas públicas e universidades com aparelhagem informática, no mínimo mostrar às pessoas que as frequentam, que elas são tratadas com respeito. A escola, para a grande maioria das crianças, se apresenta como o primeiro agente socializador, e é nela que os filhos das classes sociais menos privilegiadas vão ver pela primeira vez como esta sociedade a trata e a valoriza.

4 - O nosso aluno já tem condições de ser alfabetizado e aprender algumas das habilidades fundamentais com as quais o computador trabalha. O país já tenha a sua disposição, seja na área de software, seja na hardware, material a preços acessíveis e resistentes que permitem iniciar trabalhos pedagogicamente consistentes.

5 - A adaptação dos currículos das escolas e Universidades para a inclusão das disciplinas de Informática. Um curso flexível será capaz de formar professores de informática, com alto conhecimento em didática e técnicas pedagógicas, sem, necessariamente, ser um curso de licenciatura em Informática. Basta que um aluno demonstre vontade e habilidade para o ensino, para que seja orientado e estimulado a participar de trabalhos em Eudcação, sob orientação de um docente desta área, plenamente interessado no uso da Informática na Eudcação, por exemplo. Livre para cursar disciplinas básicas desta área, plenamente integralizáveis em seu currículo, teríamos, ao completar os seus estudos, um profissional de Informática com formação complementar em Educação, ou seja, um professor de Informática. Um dos pontos da estrutura curricular, a ser considerada é a contemporaneidade do currículo. A área de Informática ainda experimenta notáveis avanços técnicos e científicos. Por mais atual que seja um currículo agora, corre alto risco de tornar-se obsoleto em pouco tempo, senão houver também flexibilidade interna. A capacidade de se auto-ajustar, sem a necessidade premente de uma reforma curricular, a cada passo do avanço técnico-científico na área, só seria possível se o ementário fosse livre, aberto. Contudo, afora as disciplinas básicas, tal abertura é praticável nas disciplinas complementares.

6 - A contenção da tendência de criação de novos cursos na área de Informática, ou por causa da Informática, numa mesma instituição, para atender objetivos específicos. A proliferação de cursos numa dada área, numa mesma instituição, sempre leva a descentralização administrativa, minando a possibilidade de um planejamento consistente e bem coordenado no seu ãmbito. Trabalhos em duplicidade e redundância de ações, obrigam as instituições a investirem dinheiro público de forma perdulária. Também atritos de interesses particulares, motivos de contendas desnecessárias, são mais facilmente superáveis dentro de um contexto centralizado. Neste tocante, podemos enumerar problemas na contratação de docentes, construção de laboratórios de uso público e de uso particular de um dado curso, aquisição de novos equipamentos e material bibliográfico, entre outros. O mais recomendado, quando o interesse da formação profissional exigir, é abrir modalidades específicas dentro do curso, aproveitando-se, desta forma, todos os recursos já existentes. Esta prática irá reforçar o uso dos recursos comuns, melhorar o planejamento do aumento do acervo bibliográfico e de equipamentos, fomentar a cooperação inter-departamental, estimular as demandas reprimidas.

7 - Organização de aulas com discussão de assuntos com a turma toda, (coletivo) ou grupos visando incentivar o aluno a participar mais ativamente da disciplina, conscientizando-se do seu papel de sujeito, do seu processo de educação e não sendo simplesmente um objeto (com participação passiva) deste processo; propiciar o acesso direto dos alunos as fontes de informação (artigos, livros, material didático em geral) sem necessidade da intermediação do professor (como acontece nas aulas expositivas) e incentivando a autonomia da turma em relação ao professor. Uma maneira de repensar a forma de trabalho objetivaria evitar que a Educação seja feita através de doutrinação no uso de técnicas, mas sim através da conscientização para o uso de técnicas. Esta conscientização se dá através do amadurecimento dos alunos pelo estudo, uso de ferramentas e ambientes, diálogo e discussões em aula, onde o professor deve ser uma fonte de estímulos e não de obstáculos.

No ensino da Informática a introdução aos conceitos fundamentais começa geralmente em noções sobre as funções que um computador é capaz de realizar, para logo passar a descrição dos subsistemas que interagem para realizar tal comportamento, sem perder o papel do software como suporte lógico de controle do sistema. Assegurada a absorção destes princípios básicos, é necessário passar para o nível de Arquitetura, e assim sucessivamente passa-se para níveis de abstração mais baixos e detalhados, isto é, desde a arquitetura externa do sistema que mostra o processador como um intérprete do código de máquina, até a arquitetura interna, descrevendo os blocos lógicos e as transferências de informações entre os mesmos, assim como a estrutura lógica das partes operativas e de controle. A arquitetura interna pode ser realizada considerando diferentes alternativas de implementação: por exemplo, microprogramação (vertical ou horizontal) ou lógica aleatória.

Apresentando diferentes enfoques, que dependem do perfil dos destinatários, a maioria dos cursos de informática, devem apresentar e discorrer sobre todos os níveis de abstração, aos quais são agregados, no caso da formação de recursos humanos orientados ao hardware, os níveis de implementação física até chegar aos componentes básicos no ãmbito da microeletrônica.

Normalmente, o docente ao percorrer os diversos níveis de descrição de uma máquina utiliza-se de exemplos de arquiteturas hipotéticas ad-hoc que não saem do papel,a não ser em simulações por computador, ou então de arquiteturas reais de processadores comerciais. Estes últimos, geralmente, não permitem ir além dos conceitos da arquitetura externa: pode-se programar o sistema e observar o comportamento das instruções, considerando os registradores acessíveis externamente. Mas o conhecimento da arquitetura interna e não é possível obter-se pois, por razões óbvias de segredo comercial, os fabricantes não divulgam documentação sobre a concepção de seus circuitos, apenas uns dados superficiais.

8 - Inexistência de laboratórios e de software (programas) adequados e eficientes. Laboratórios são importantes para demonstrar os princípios de projetos, implementação e testes dos sistemas de hardware e software. A inexistência de softwares adequados é e será um dos grandes elementos de limitação a maior expansão do uso de Informática na Educação, como já o é para o uso de Informática em outras atividades na sociedade. Não custa barato o desenvolvimento de software para a Educação, pois requer pessoal altamente qualificado, por um lado, sendo o mercado de computadores para a Educação, por outro, muito pequeno. Agrava-se o problema tendo em vista que computadores de diferentes fabricantes em geral,não podem compartilhar o mesmo software.

Assim, para que se atinja a informatização da Educação de nossas escolas e universidades seria necessário, em primeiro lugar, vontade política dos governantes apoiada num projeto pedagógico para a Educação, como um todo, assessoria de técnicos na área de Educação e Informática, capacidade de articulação com organismos que já detém experiência na área.

A Informática constitui-se a partir de teorias que conflitam com as teorias defendidas nas últimas décadas e que, tendo no horizonte a democratização de educação e da sociedade, propõe uma Educação emancipatória em busca de um desenvolvimento econômico, político, sócio-cultural, democratizado onde o conjunto da população participe e usufrua dos avanços alcançados. O papel da Educação e do Ensino terá que se redimensionado, em função das contribuições que o avanço tecnológico emprestará forçosamente à estrutura sócio-político-cultural de toda a humanidade. Isto significa que, também e principalmente a área de formação de professores será, irreversivelmente afetada por esta verdadeira revolução que remete a relevância do estudo e desenvolvimento de alternativas para o enfrentamento da problemática aí implicada.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 
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LESOURE, J. Education & Societé: les défis de I'an 2000. La Decourverter, Paris : 1985.

OLIVEIRA, Ana J.. O microcoputador na educação: análise deste meio a serviço de uma pedagogia emancipatória. Santa Maria : UFSM, 1989. Diss. Mestr. Educação.

PURPER, Dornalli L. Licenciaturas, qualidade de ensino e informática. Ijuí : UNIJUµ, 1991. (Separata)

ROMISZOWSKI, Alexander. Computador na educação: como começar com o mínimo de recursos. Tecnologia Educacional, 12(55):45-51. Rio de Janeiro : nov/dez. 1983.

ROMISZOWSKI, Alexander. Computador na educação - o que há para ler: comentários e informações. Tecnologia Educacional, Rio de Janeiro : 12(54):57-60 set/out 1983

Por quê utilizar a didática

Por que a Didática é importante?

A Didática é de suma importância para a formação do professor, pois deve proporcionar o desenvolvimento de sua capacidade crítica e reflexiva, possibilitando que o professor faça uma análise de forma clara sobre a realidade do ensino, proporcionando situações em que o aluno construa seu próprio saber.

Para que serve a Didática na educação?

O papel principal da didática seria ajudar a construção do conhecimento, desenvolvendo o processo de interpretação e organização do aluno, não algo como dado, mas sim, desenvolvido cognitivamente.

Qual a vantagem da utilização de um recurso didático?

utilizar recursos didáticos no processo de ensino- aprendizagem é importante para que o aluno assimile o conteúdo trabalhado, desenvolvendo sua criatividade, coordenação motora e habilidade de manusear objetos diversos que poderão ser utilizados pelo professor na aplicação de suas aulas.

O que é Didática e sua importância pedagógica no ensino e aprendizagem?

Para Libâneo (1992): A Didática é o principal ramo de estudo da Pedagogia. Ela investiga os fundamentos, as condições e os modos de realização da instrução e do ensino. A ela cabe converter objetivos sociopolíticos e pedagógicos em objetivos de ensino, selecionar conteúdos e métodos em função desses objetivos.