No simpósio que segue, sociólogas e sociólogos do Brasil e do exterior responderam a quatro perguntas, elaboradas com a expectativa de indagar diferentes dimensões sociais da pandemia e os desafios que ela representa para a sociologia. Os convites foram feitos entre abril e maio de 2020, apenas poucas semanas após as primeiras mortes pelo novo coronavírus no Brasil, e as respostas publicadas originalmente no blog da Biblioteca Virtual do Pensamento Social nos meses subsequentes. Show
Como expressamos na ocasião, mais do que propor análises sistemáticas e fechar diagnósticos sobre a covid-19, o simpósio virtual Mundo Social e Pandemia visava formar um repertório de questões, provocações e referências de leitura que pudessem calibrar nossa bússola sociológica, funcionando como uma espécie de automonitoramento reflexivo da vida social dentro da pandemia. Um ano depois, as interpretações e sugestões levantadas sobre essa grave crise sanitária, humanitária e social seguem nos acompanhando, talvez até mais do que gostaríamos. E o simpósio reedita sua contribuição também como peça de defesa e comunicação pública da ciência frente à proliferação de negacionismos, aos ataques diretos contra a ciência e o desenvolvimento tecnológico em geral, bem como à sociologia como forma de autoconsciência crítica das sociedades modernas em particular. O convite para participação buscou contemplar a diversidade da comunidade sociológica brasileira e internacional, levando em conta gênero, geração e outros marcadores sociais, além de filiação institucional e áreas de pesquisa e atuação a fim de olhar a crise em curso e sua relação com a sociologia por ângulos distintos. Trazemos aqui, dispostas em ordem alfabética, as respostas de 70 sociólogas e sociólogos pertencentes a instituições de pesquisa de 18 países e cinco continentes. Destacamos que o simpósio foi possível graças a uma parceria entre a Sociedade Brasileira de Sociologia, a revista Sociologia & Antropologia e a Biblioteca Virtual do Pensamento Social. Reforçamos nossos agradecimentos aos/às colegas que encontraram tempo e energia para responder às perguntas, mesmo em meio a tantas demandas e num momento de tanta intensidade. Agradecemos também a todos/as que nos ajudaram nas indicações, especialmente a André Botelho, e na elaboração de alguns dos convites. QUESTÕES
RESPOSTASAdalberto Cardoso
Anderson Trevisan
Andrew Linklater
Antonio Sérgio Guimarães
Bernardo Sorj
Bila Sorj
Celi Scalon
Clara Maria de Oliveira Araujo
Craig Calhoun
Cristiano Monteiro
Danilo Martuccelli
David Le Breton
Elisa Reis
Elísio Estanque
Fabrício Monteiro Neves
François Dubet
Gilberto Hochman
Göran Therborn
Habibul Haque Khondker
Hartmut Rosa
Hiro Saito
Horácio Antunes de Sant’Ana Júnior
Howard Becker1 1 Respondeu em texto único.Sinto dizer que eu não sei responder a nenhuma dessas perguntas, pelo simples motivo de que não sei muito a respeito desse fenômeno, tendo tido contato com ele apenas no meu ambiente imediato (algumas quadras em São Francisco). Eu me sentiria meio bobo propondo respostas para essas perguntas dada a forma em que elas estão colocadas, em termos gerais e incentivando generalizações em escala global. Elas todas pressupõem um vasto conhecimento do que está acontecendo ao redor do planeta – ou, talvez, um entendimento teórico geral da sociedade em geral que automaticamente possa produzir suficiente conhecimento detalhado para responder a perguntas tão específicas. Eu não detenho esse tipo de conhecimento e, para ser sincero, não acho que mais ninguém o possua. Então essa é simplesmente mais uma instância de um erro comum no nosso campo: imaginar que você pode produzir conclusões sobre situações específicas sem saber nada sobre elas. Na melhor das hipóteses uma teoria pode sugerir onde procurar conhecimento detalhado suficiente para responder a essas perguntas a respeito de alguma situação específica; mas isso demoraria bastante tempo. Se todos começássemos agora a fazer observações detalhadas de um lugar específico, suas pessoas e organizações e suas respostas a esses eventos, e comparássemos nossas descobertas, teríamos o início de um estudo potencialmente interessante. Havia um campo muitos anos atrás chamado de estudos em desastres [disaster studies], cujos praticantes traçaram alguns primeiros caminhos nesse sentido, observando e entrevistando no entorno de situações como furacões, enchentes, incêndios etc. Acho que por fim o campo desapareceu. Talvez você possa escrever para o professor Kai Erikson, na Universidade de Yale, que estudou uma enchente desastrosa nos Estados Unidos há muitos anos. Jacob Carlos Lima
Jeff Hearn
João Marcelo Maia
José Cláudio Souza Alves
José de Souza Martins
José Maurício Domingues
José Szwako
Karina Batthyany
Kathya Araujo
Lourdes Bandeira
Luiz Antonio de Castro Santos
Luiz Augusto Campos
Luiz Gustavo da Cunha de Souza
Marcelo Alario Ennes
Marcelo Arnold-Cathalifaud
Marcelo Carneiro
Marcia de Paula Leite
Marco Antonio Perruso
Maria Arminda do Nascimento Arruda
Maria Eduarda da Mota Rocha
Mariana Chaguri
Martina Löw
Mary Tuti Baker2 2 Respondeu em texto único.As coisas desmoronam e nós as arrumamos de volta
No dia 28 de abril, acordei de sonhos irregulares e ansiosos com essas palavras na boca – as coisas desmoronam, nós as arrumamos de volta. Elas me deram algum conforto, já que de fato parece que em todos os cantos do planeta as coisas estão desmoronando. O vírus fez caírem as máscaras. Em tempo real, presenciamos o trabalho coletivo dos melhores entre nós, criando formas de maximizar a sobrevivência coletiva numa situação humana terrível enquanto os piores entre nós lucram com a situação sem quase nenhum respeito para com os futuros coletivos. O colapso social não é novo ou incomum para comunidades indígenas. Não faz muito tempo que vírus foram usados como armas pelos colonizadores brancos para eliminar os nativos da paisagem americana. E ainda assim tantas nações indígenas sobrevivem ao trauma continuado do imperialismo. Há lições a ser aprendidas desses povos – lições sobre cuidado e construção de comunidades e sobre a atenção ao solo embaixo dos nossos pés, ao ar que nos cerca. Eu sou uma pesquisadora e educadora Kanaka Maoli (nativa do Havaí). Eu ensino teoria política indígena em cursos universitários, e minha pesquisa se concentra em redes de ressurgência e resiliência em estruturas sociais baseadas no espaço. Nesse semestre eu estava ensinando introdução ao pensamento político indígena para alunos de segundo ano na Universidade de Brown. Enquanto a pandemia marchava pelos Estados Unidos, estudamos um repertório de pensadores indígenas e aprendemos sobre a produção de conhecimento indígena, ressurgência, resiliência e como as comunidades vivem em relação de reciprocidade com tudo o que existe. Na sessão final os alunos me contaram que o curso havia sido diferente de qualquer outro que eles fizeram até ali porque, mais importante do que “o que” é o pensamento político indígena, eles aprenderam “como” se dá esse pensamento. Acredito que os alunos saíram do curso com uma apreciação da forma pela qual as teorias indígenas criam mundos. Eles também adquiriram uma série de ferramentas que abriram sua compreensão para o uso de múltiplas lentes. Me sinto grata por poder ensinar nestes tempos de convulsão e transformação. Ensinar os jovens a pensar diferente é crucial, já que será a sua missão rearrumar as coisas de formas novas e surpreendentes. Essa é minha pequena contribuição para a nossa sobrevivência coletiva nesta pandemia – e não só sobrevivência, mas prosperidade em futuros resilientes, num mundo em que muitos mundos caibam. Mokong Simon Mapadimeng
Nadje Al-Ali
Nísia Trindade Lima
Olli Pyyhtinen
Pablo de Marinis
Patricia Hill Collins
Peter Wagner
P. S. Vivek
Raewyn Connell
Renan Springer de Freitas
Renato Ortiz
Ricardo Abramovay
Richard Miskolci
Rodrigo Santos
Sabrina Parracho Sant’Anna
Sari Hanafi
Saskia Sassen
Sávio Cavalcante
Sergio Pignuoli Ocampo
Soraya Vargas Côrtes
Stephen Turner
Sujata Patel
Tatiana Landini
Valter Roberto Silvério
Datas de Publicação
Por que alguns cientistas não consideram os vírus como seres vivos?Como não possuem metabolismo fora de uma célula, muitos autores não admitem que eles sejam considerados seres vivos. Outros pesquisadores, por outro lado, consideram-nos vivos porque eles podem duplicar-se e apresentam variabilidade genética.
Por que o vírus não é considerado um ser vivo Brainly?Resposta. Explicação: os vírus não são considerados seres vivos porque eles são acelulares e também por não possuírem metabolismo próprio ,ou seja, para qualquer atividade como nutrição e reprodução eles devem estar parasitando uma célula.
Que argumentos podem ser usados para defender a ideia de que os vírus são seres vivos?Os principais argumentos usados por eles para justificar a classificação dos vírus como seres vivos são: - presença de material genético: a presença de DNA e/ou DNA indica a capacidade de transmissão de características genéticas aos descendentes. - capacidade de evolução: os vírus sofrem modificações ao longo do tempo.
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