Quais as causas para o grande crescimento populacional do continente africano?

A ONU promove o Dia Mundial da População a 11 de julho para alertar para os problemas do crescimento populacional. Em África, as elevadas taxas de natalidade continuam a ser um enorme desafio.

A ONU promove o Dia Mundial da População a 11 de julho para alertar para os problemas do crescimento populacional. Em África, as elevadas taxas de natalidade continuam a ser um enorme desafio.

Até 2050, a população africana deverá duplicar, passando de 1,3 mil milhões para 2,5 mil milhões de pessoas. Este ritmo acelerado, alerta Alisa Kaps, do Instituto para a População e o Desenvolvimento, em Berlim, "gera problemas para cada um dos Estados e pode sobrecarregar completamente um país".

"Como exemplo extremo temos o Níger, que triplicará a sua população até 2050. Para este excesso de pessoas há uma falta de infraestrutura adequada, cuidados de saúde, acesso a hospitais, educação e empregos", explica.

O crescimento económico em muitos países não acompanha o aumento da população e a pobreza aumenta. E este é o dilema que pode ser esperado por muitos países africanos no futuro.

Diminuição da natalidade – um ponto chave

Apesar da queda da mortalidade infantil, a taxa de natalidade – de 4,7 crianças por mulher – permanece elevada em comparação com outros países. A diminuição do número de crianças vai acelerar o desenvolvimento no sentido de uma maior prosperidade? Ou só vai diminuir quando o desenvolvimento económico avançar? "Isto é um ciclo", frisa Kaps, que acompanhou a questão através de um estudo realizado na Tunísia, Marrocos, Botsuana, Gana, Quénia, Etiópia e Senegal.

"É preciso um certo grau de desenvolvimento. Depois, o número de nascimentos declina e isso, por sua vez, cria incentivos para novos progressos. Este desenvolvimento pode ser visto nos chamados Tigres Asiáticos, que são considerados bons exemplos nesta questão", acrescenta a especialista.

A educação é um fator decisivo para o declínio dos nascimentos. Quanto melhor a educação das mulheres, mais tarde os casamentos vão acontecer. Isto porque, segundo Alisa Kaps, "elas constroem perspectivas diferentes para o futuro e contribuem mais para o orçamento familiar".

Mas a mudança demográfica em África ocorre lentamente, afirma Jakkie Cilliers, diretor do Instituto Sul-africano de Estudos de Segurança, que culpa também o baixo nível de educação entre raparigas e mulheres e, ainda, a falta de serviços de saúde. Há também uma ausência de informação e métodos contraceptivos modernos. "Este é um tema sensível", admite Cilliers, em entrevista à DW.

Um debate urgente

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Educação é essencial para solucionar o problema do crescimento populacional.

O diretor do Instituto Sul-africano de Estudos de Segurança considera necessário que se inicie um debate sobre o assunto em África, porque é um tema que afeta toda a sociedade. Jakkie Cilliers enfatiza o foco desta mudança de pensamento: qualificar mais pessoas em idade ativa para que a economia cresça.

"Muitos chefes de Estado africanos acreditam - porque África tem uma grande população jovem - que isso leva ao crescimento económico, mas não é assim, devido à lenta mudança demográfica. Ainda temos pelo menos três décadas pela frente antes que a população beneficie do bónus demográfico", alerta o especialista.

Mas há alguns casos de sucesso no norte de África. Segundo Jakkie Cilliers, a Argélia, Tunísia e Marrocos têm as taxas de natalidade mais baixas do continente, seguidos dos países do sul do continente com um número menor de filhos por família. O resultado: os países do norte de África crescem mais do que as outras nações no continente.

Outros exemplos positivos são a África do Sul e o Egito, que já beneficiam do bónus demográfico. Também o Botsuana, a Etiópia e o Gana. São todos países que estão num bom nível de desenvolvimento, porque conseguiram controlar o crescimento populacional com políticas públicas em setores estratégicos, como a saúde e educação.

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    Ser mulher na Guiné-Bissau significa vida dura

    Primeira a acordar, última a ir dormir

    No campo, uma mulher trabalha a dobrar. Costuma acordar antes dos restantes membros da família e é a última a deitar-se no final do dia. São as mulheres que têm de caminhar até à mata para procurar lenha e água, às vezes em zonas de difícil acesso, a vários quilómetros da aldeia, como nesta fotografia na vila de Quinhamel, na região de Biombo, no norte da Guiné-Bissau.

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    Vender para sustentar a família

    Com um pano estendido no chão, as vendedoras vão expondo os seus legumes, malaguetas verdes, pepinos, cenouras, alfaces. São cultivados em quintais ou em pequenos campos. "Vender para sustentar a família" é o lema das mulheres guineenses. Mais de metade vende em feiras improvisadas, como aqui no Mercado de Bandim, o maior mercado de céu aberto da cidade de Bissau.

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    Economia dominada por homens

    À beira das estradas, as mulheres sentam-se em bancos e mesas de madeira e vendem laranjas, mangas, bananas e outros frutos - como aqui em Bissack, bairro nos arredores de Bissau. As vendedoras têm uma receita que ronda os 10 euros diários. Em média, uma guineense consegue ganhar 907 dólares por ano, bastante menos que os homens que conseguem em média 1.275 dólares.

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    Recolher areia para sobreviver

    Tia Nhalá não sabe que idade tem, mas sabe que todos os dias deve acordar cedo, às 05h00, para recolher areia no bairro de Cuntum, em Bissau. Sem qualquer proteção no rosto, sem luvas e pés descalços, Nhalá, que aparenta ter 67 anos, trabalha duramente durante largas horas. Recolhe areia que depois vende a pessoas que a usam em obras de construção civil.

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    Venda ambulante em condições perigosas

    No Bairro de Belém, em Bissau, meninas deambulam de porta em porta para vender frutas. Organizações da sociedade civil denunciaram já várias vezes que as vendedoras ambulantes correm riscos, como o de serem violadas sexualmente, pois estão muito expostas e vulneráveis. Também há denúncias de que algumas mulheres são forçadas a fazer esse trabalho.

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    Vender peixe é um bom negócio

    As vendedoras de peixe geralmente possuem arcas velhas para a conservação do pescado. Colocam-nas nos portos - como aqui na Ilha de Bubaque (Bijagós) - para servir de local de armazenamento quando receberem peixe fresco dos pescadores. Nos últimos anos, a venda de peixe tornou-se num dos negócios mais rentáveis para as mulheres guineenses.

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    Um dos piores países para ser mãe

    As condições precárias nas zonas rurais da Guiné-Bissau têm reflexos nas estatísticas: em 126 partos morre uma mulher, segundo dados das Nações Unidas. Em comparação, no Japão, em 20.000 partos morre uma mulher. A taxa de mortalidade materna na Guiné-Bissau é uma das mais altas do mundo. Ainda assim, não existe no país uma estratégia política dirigida à mulher no meio rural.

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    País difícil para as crianças

    Cada mulher guineense tem em média cinco filhos. O país tem uma das taxas de fecundidade mais altas do mundo. Mas muitas crianças não chegam a celebrar o seu quinto aniversário. Segundo dados das Nações Unidas, 129 de 1.000 crianças morrem até aos cinco anos de idade, muitas durante no parto, o que torna a Guiné-Bissau um dos piores países do mundo para se nascer.

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    Trabalhos domésticos no feminino

    Em Mansoa, região de Oio, norte da Guiné-Bissau, as casas de adobe agrupadas debaixo de enormes árvores desenham intricados caminhos onde secam redes de pesca, peles de antílopes e roupas rasgadas de criança. A comida prepara-se num fogão improvisado a lenha, em frente da casa. Trabalhos domésticos como cozinhar, cuidar das crianças ou limpar cabem tradicionalmente às mulheres.

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    Carregar à cabeça é a única solução

    Nas zonas mais recônditas da Guiné-Bissau, como na aldeia de Suru, região de Biombo, a cerca de 20 quilómetros de Bissau, não há uma rede de estradas que facilite o transporte das mercadorias. Não há carros que façam as ligações entre as aldeias. Carregar à cabeça, por vezes mais de cinco quilos, é a única solução para que essas mulheres possam fazer chegar os produtos ao destino.

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    Lenha e água a quilómetros de distância

    Nas mais de 80 ilhas e ilhéus completamente isolados e sem grande presença do Estado guineense, as populações vivem no regime do "salva-se quem poder". As mulheres percorrem dezenas de quilómetros para ir buscar lenha e água potável. Em muitos casos - como aqui na Ilha de Bubaque (Bijagós) - atravessam rios caminhando, com os pés descalços, sem roupas adequadas e carregadas.

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    Ultrapassando rios e braços de mar

    Devido à falta de barcos nas aldeias insulares do arquipélago dos Bijagós, o fornecimento e o transporte de bens é extremamente difícil. É recorrente ver mulheres atravessando rios ou braços de mar bastante profundos. Estes caminhos para procurar lenha e água doce são bastante perigosos para quem não sabe nadar.

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    Desigualdade começa na educação

    A maioria das mulheres guineenses vive em situação de extrema pobreza. Em médias, as mulheres frequentaram a escola apenas 1,4 anos, menos de metade do que os homens guineenses, que têm em média 3,4 anos de escolaridade, segundo o Relatório de Desenvolvimento Humano das Nações Unidas. Só investindo na educação e na saúde será possível melhorar a situação das mulheres da Guiné-Bissau.


Quais as causas do aumento populacional do continente africano?

Dois fatores podem ser considerados os principais responsáveis por essa situação: o elevado nível das taxas de fertilidade (cada mulher africana tem em média 4 filhos); e a queda paulatina das taxas de mortalidade, que de 223 por mil, na década de 1970, recuou para cerca de 118, no início da década de 2010.

Qual é a tendência de crescimento da população do continente africano?

Até 2050, a população na África deverá duplicar, passando de 1,3 bilhão a 2,5 bilhões. "Tal aumento do número de pessoas gera problemas para cada Estado, e sobrecarregaria totalmente até mesmo um país como a Alemanha", afirma Alisa Kaps, do Instituto Berlim para População e Desenvolvimento.

Quais os motivos que levam um país ao extremo crescimento populacional?

Melhorias e inovações na saúde, aumento da qualidade de vida, maior fluxo imigratório e maiores taxas de natalidade são fatores que influenciam no crescimento populacional. As populações mundial e do Brasil seguem tendência de desaceleração do crescimento.

Quais problemas afetam a África com relação ao crescimento da população em alguns lugares?

Grande parte da população africana sofre com a fome, miséria, guerras, desempregos, dentre muitas outras situações decadentes.