Quais atividades físicas são indicadas durante a adolescência é por quê?

Nossos filhos cresceram, estão ficando grandes, fortes, bonitos. Chegou a adolescência, fase de grande mudança na vida deles e, claro, na nossa também!

Para acompanhar este ritmo intenso, nada melhor do que um estimulo nosso para que eles realizem alguma atividade física.

Nesta etapa da vida, os esportes e exercícios são essenciais, muito recomendados, pois ajudam os jovens a enfrentarem todos os resultados de transição da adolescência, comuns nessa fase, e ainda vencem diversos problemas como sedentarismo e obesidade.

Contudo, embora se fale cada vez mais em atividades físicas para adolescentes, o difícil é saber quais são as mais recomendadas para eles.

Manter o corpo em movimento, em atividade, é essencial para uma boa saúde. Porém, nem todas as modalidades são indicadas para todas as faixas etárias. Por isso, achar as atividades físicas ideais para adolescentes pode não ser uma tarefa das mais fáceis.

 Como é sabido, é na adolescência, também conhecida como “fase de crescimento”, que os jovens desenvolvem seus corpos.

Deste modo, precisam de atenção especial ao praticarem atividades físicas para que possam crescer saudáveis, sem nenhum tipo de problemas futuros, nem prejuízos ao seu corpo.

Quando as atividades físicas podem ter início?

Existem exercícios como natação, Ioga e esportes de quadra que podem ser praticadas por crianças, porém nosso foco agora são os adolescentes.

 A Ioga, por exemplo, vem se consolidando como ótima opção de ação para os jovens. 

Os especialistas da área de Educação Física aconselham que as atividades físicas tenham início ainda na pré-adolescência, isto é, com 11 anos de idade, quando a criança está saindo da fase infantil e começa a sua transição para se tornar um adolescente.

Realizar atividades físicas faz bem em qualquer idade, é por isso que são recomendadas para todas as pessoas. Fora isso, quanto mais cedo o jovem inicia a prática de exercícios e se sente estimulado pelas sensações que as atividades físicas proporcionam, menores são as chances de ele virar um adulto sedentário, sem o hábito de praticar exercícios, o que não é nada bom.

Segundo estudos recentes, a obesidade atinge mais de 20% dos adolescentes brasileiros, e esse número aumenta de forma gradativa, além do colesterol também já se apresentar em alguns casos elevado, assim como a glicemia.

Diversas ações podem ser praticadas nessa fase. As atividades que estimulam o desenvolvimento de habilidades distintas como lutas, danças e esportes coletivos são algumas das mais recomendadas.

Contudo, é essencial apresentar ao adolescente liberdade de escolha para que ele opte pela atividade física que mais lhe deixe contente, sempre levando em conta, claro, que a moderação é muito importante nessa fase da vida. Excessos são sempre ruins e devem ser evitados!

É na adolescência que acontecem relevantes mudanças emocionais e comportamentais. Em diversas situações, os adolescentes podem se sentir pressionados por amigos ou até mesmo por padrões que a sociedade exige atualmente, principalmente atingir o chamado “corpo perfeito”.

Assim sendo, podem acabar exagerando na dose buscando este temível status. É função elementar dos pais e professores manter a atenção e orientar sobre exageros que, nessa fase, podem causar efeitos mais severos.

Quais são as melhores atividades físicas para adolescentes?

São muitas as atividades físicas recomendadas para adolescentes. Esportes de quadra (e campo, ao ar livre) como futebol, futevôlei, basquete, vôlei e handebol são um bom começo.

Esses tipos de atividades são muito bem-vindas nesta fase da vida pois além de trabalharem diversos pontos como coordenação, equilíbrio, agilidade, força, competitividade, senso de orientação e localização, também ajudam no processo de sociabilização. Essas práticas esportivas também trabalham o senso de coletividade, essencial para os nossos filhos nesta etapa da vida.

Ao contrário do que muitos imaginam, as lutas não incentivam a violência: elas ajudam a trabalhar conceitos de defesa pessoal, força, condicionamento físico, flexibilidade, disciplina, autocontrole, sentido de alerta, entre outros.

Normalmente de maior apelo para as meninas, mas também ótimas para os meninos, as aulas de dança também são uma ótima pedida para os adolescentes, já que ajudam a queimar calorias, trabalham o ritmo, a coordenação, o fôlego, a elasticidade, a flexibilidade, a postura, o equilíbrio, a autoestima e a comunicação.

Em resumo: atividade física é bom para todos. O quanto antes começar, melhor! Aos 11 ou 12 anos de idade já é o começo de um ótimo caminho!

Adolescentes não podem fazer musculação porque afeta o crescimento? Ledo engano, mito puro. A atividade, quando bem orientada, pode, na verdade, favorecer o desenvolvimento desses jovens. Claro que nenhum profissional de Educação Física sério prescreverá sobrecarga exagerada para garotos e garotas. Mas musculação não é só levantar peso. Exercícios funcionais também entram nesses treinos. Portanto, quando são liberados pelo pediatra que faz o seu acompanhamento, adolescentes podem fazer musculação e, assim, experimentar uma série de benefícios, que vão do fortalecimento muscular e ganhos posturais até a melhora da autoestima e socialização. O EU Atleta conversou com o médico do esporte e ortopedista Moisés Cohen e o profissional de Educação Física Eduardo Netto, que explicam tudo o que deve ser levado em conta para que os jovens se iniciem nessa atividade.

Com orientação profissional, a musculação não significa apenas levantar peso e pode ser indicada a adolescentes — Foto: Istock Getty Images

Benefícios da musculação na adolescência

  1. Ganho de força muscular, resistência e energia;
  2. Crescimento muscular e ósseo;
  3. Melhora da postura;
  4. Redução dos riscos de lesão em outras atividades e esportes;
  5. Conhecimento do próprio corpo;
  6. Socialização;
  7. Melhora da autoestima, uma vez que nota impactos positivos sobre o corpo;
  8. Aprendizado para traçar metas, desenvolvendo o foco para alcançar resultados;
  9. Desenvolvimento do gosto pelos exercícios físicos, desde que tenham aptidão e gosto pela atividade.

Mestre em motricidade humana e pós-graduado em Fisiologia do Exercício, Eduardo Netto argumenta que musculação não requer necessariamente o uso de alta sobrecarga e também não significa que a atividade é coisa de fisiculturista. Muita gente ainda tem essas ideias em mente, o que faz com que o mito de que adolescentes não podem fazer musculação persista. Há ainda a concepção de que esse tipo de exercício pode afetar o crescimento dos adolescentes, embora seja justamente o contrário. Segundo Netto, que é sócio-diretor técnico da rede de academias Bodytech, não há uma idade mínima para se iniciar nessa atividade. No entanto, geralmente exige-se que o adolescente tenha ao menos 12 anos por questões de segurança, já que academia é um ambiente em que pode haver risco de acidentes. No geral, desde que tenham a liberação do pediatra e a orientação de profissional de Educação Física para a realização do treino, meninos e meninas também podem aderir a essa prática.

– Quando se fala em musculação, a maioria das pessoas pensa em muita sobrecarga, mas é muito mais do que isso. Há também os exercícios funcionais, que contam apenas com o peso corporal, que podem ser indicados para o adolescente. Não há problemas em fazer esses exercícios. A musculação, quando há orientação profissional, é uma atividade segura e com pouquíssima chance de lesão. Mesmo a musculação tradicional, com o peso adequado, pode ser indicada. A sobrecarga faz uma tração no músculo, que traciona o osso, fazendo um estímulo para o crescimento ósseo – explica Netto.

Professor titular e chefe do Departamento de Ortopedia e Traumatologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Moisés Cohen endossa que há um impacto positivo da musculação sobre o desenvolvimento ósseo de adolescentes. Porém, respeitados os limites e restrições individuais, um dos principais benefícios, segundo ele, é o ganho de força e energia. Dessa maneira, a atividade pode contribuir para a saúde geral do adolescente, além de reduzir os riscos de se lesionar quando pratica outro exercício ou esporte. Como pontua o médico, que também é presidente da Comissão Médica da Federação Paulista de Futebol (FPF), ao realizar musculação, de preferência com exercícios funcionais, os jovens definem metas e conseguem acompanhar sua progressão.

– Isso é bom para a vida. O adolescente aprende a ter foco, melhora sua musculatura e postura, conhece o próprio corpo, percebe resultados e passa a ter uma sensação de prazer com o exercício, o que é extremamente satisfatório. O que pode afetá-lo é quando existe excesso, que pode causar lesões. Hoje em dia, diversas academias e profissionais de Educação Física estão mais preparados para orientar essa atividade. Em contraposição a uma massiva propaganda alimentícia que estimula o consumo de alimentos não saudáveis, ao incentivar a atividade física e a musculação, principalmente, o adolescente pode reduzir a gordura corporal e diminuir um pouco essa tendência à obesidade – analisa o médico do esporte.

Musculação com exercícios funcionais também pode deixar meninos e meninas mais preparados para a prática de esportes — Foto: Unsplash

Cuidados

Como nessa fase da vida, os hormônios estão a todo vapor, o profissional de Educação Física destaca que os adolescentes passam a notar os efeitos da musculação em um curto prazo. Assim, passam a se sentir mais fortes e sua autoestima aumenta consideravelmente. Isso é muito positivo, de fato. No entanto, também requer atenção. De acordo com Netto, se o garoto ou a garota não tiver maturidade para lidar com esses resultados e uma orientação profissional séria, há o risco de cometer exageros e acabar afetando o seu crescimento e prejudicando a sua saúde.

– Há uma preocupação com a segurança do adolescente na academia, por ser um ambiente em que se não tiver cuidado, pode haver risco de acidentes. Mas a preocupação não é só com a musculação em si. Para fazer atividade física em academia é preciso uma maturação psicológica – completa o profissional de Educação Física.

Mais do que estar apto fisicamente, adolescente precisa ter maturidade para fazer musculação — Foto: Istock Getty Images

O receio de muitos pais de que o filho adolescente se lesione ao fazer musculação não deve se desprezado. Entretanto, o médico do esporte e ortopedista Moisés Cohen considera que essa não deve ser a maior questão. Situações que oferecem esse risco podem ser evitadas e, mesmo quando ocorre uma lesão, o problema é recuperável. O que inspira mais preocupação, na concepção do médico do esporte, é a possibilidade de o jovem ter contato com substâncias anabolizantes. Por isso, mais uma vez, é essencial que se tenha maturidade para não se comparar aos demais frequentadores da academia e/ou querer buscar resultados rápidos, por exemplo.

– O uso substâncias anabolizantes pode ter consequências graves à saúde, afetando a parte hepática, favorecendo o desenvolvimento de câncer e diabetes, comprometendo o desenvolvimento sexual dos jovens e, entre as meninas, causando alterações menstruais. Overtraining, mal uso dos equipamentos e realização de um exercício de forma não bem orientada podem acontecer, mas tudo isso se conserta. Nada é pior do que o adolescente, obcecado por ganhar massa muscular, seja desviado para o uso de anabolizante – alerta Cohen.

Vale frisar que, ao reconhecerem os benefícios da musculação para seus filhos adolescentes, os pais não imponham a atividade a eles. Em qualquer fase da vida, é essencial gostar do exercício para manter a adesão à prática. Com os adolescentes, não é diferente. Mas Netto vai além ao apontar a preocupação de que, ao pressionar o jovem a frequentar a academia, mais do que afastá-los da musculação, eles acabem perdendo o gosto pelos exercícios físicos, de uma forma geral.

– O mais importante é que ele tenha prazer. Se não, há a chance de a experiência dar errado e o adolescente se tornar um adulto sedentário. As chances de um jovem sedentário se tornar um adulto ativo é mínima – pondera o profissional de Educação Física.

Exercícios fundamentais são uma boa pedida para adolescentes, mas eles devem gostar da atividade para manterem adesão — Foto: Istock Getty Images

Checklist

Com o apoio do médico do esporte e ortopedista e do profissional de Educação Física, listamos as principais recomendações para que a musculação seja praticada com segurança pelo seu filho ou filha adolescente, além de dicas para ajudar a apresentar essa atividade a esses jovens:

  • Não há uma idade mínima para essa prática. A recomendação varia de acordo com o jovem e fatores como idade óssea e maturidade. Por isso, a orientação é conversar com o pediatra que faz o acompanhamento dele ou consultar um médico do esporte para liberação do jovem para musculação. Esses profissionais serão capazes de identificar quaisquer restrições que o adolescente tenha para alguns exercícios, orientando sua prescrição pelo profissional de Educação Física;
  • Converse com seu filho ou filha para saber se há interesse em experimentar essa atividade. O adolescente precisa querer fazer musculação, ter aptidão e sentir prazer para se motivar a realizar o treino. Não adianta forçá-lo porque o efeito pode ser reverso e acabar afastando-o da atividade e até dos exercícios físicos como um todo. Uma dica é mostrar a ele como a musculação pode ser direcionada para ajudá-lo a evitar lesões em outros esportes que pratique;
  • Consulte um profissional de Educação Física para a prescrição dos exercícios conforme a orientação médica. Assim, o jovem pode ter um treino voltado para a sua faixa de idade e que seja totalmente individualizado conforme suas necessidades e preferências. Treinos e circuitos funcionais com vários estímulos deixarão a atividade ainda mais atrativa;
  • Não tenha medo de que seu filho se lesione. Claro que os tipos de lesão são diferentes, mas o futebol, por exemplo, oferece mais riscos para que o jovem se machuque;
  • Converse com o adolescente para saber sobre a sua experiência na musculação até para identificar se tem de fato maturidade para essa atividade;
  • Tenha em mente que experimentar diferentes atividades físicas é muito importante. Musculação, dança, spinning, yoga e até crossfit, além de esportes em geral, podem ser opções para o adolescente. Deixe-o descobrir qual é a sua tribo;
  • Mais uma vez, não force-o a aderir à musculação por conta dos benefícios para o seu desenvolvimento. Essa atividade pode não agradar a todos. Há uma variedade de exercícios que podem ser indicadas para alcançar resultados proporcionados pela musculação. Para um jovem que tenha problemas posturais, mas não se interessa por essa prática, realizar um esporte como polo aquático, que também trabalha a parte superior do corpo, pode ajudá-lo a corrigi-los.

4 opções de exercícios de musculação

O profissional de Educação Física reitera que focar em treinos funcionais com exercícios multiarticulares é uma excelente opção também para adolescentes. Afinal, são exercícios que repetem movimentos realizados no dia a dia e recorrem basicamente ao uso do próprio peso do corpo. A musculação com uso de equipamentos pode até se tornar algo entediante para alguns jovens. A seguir, Eduardo Netto indica alguns exercícios que, com ajustes que considerem necessidades específicas, podem entrar no programa de treinamento qualquer garoto ou garota.

As variadas formas de abdominais também devem fazer parte do treino de adolescentes — Foto: Istock Getty Images

Agachamentos, inclusive com deslocamento lateral e sem sobrecarga, entre tantas opções, também são indicados — Foto: Istock Getty Images

Flexão de braço pode ser realizar até com os joelhos no chão — Foto: Istock Getty Images

Em suas diferentes variedades, pranchas também são indicadas para os treinos de adolescentes — Foto: Istock Getty Images

Fontes:

Eduardo Netto é profissional de Educação Física mestre em Motricidade Humana pela Universidade Castelo Branco (UCB/RJ) e pós-graduado em Fisiologia do Exercício pela Universidade Gama Filho (UGF/RJ). É membro do Conselho Federal de Educação Física (Confef) e sócio-diretor técnico da Rede de Academias Bodytech.

Moisés Cohen é médico do esporte e ortopedista, presidente da Comissão Médica da Federação Paulista de Futebol (FPF), professor titular e chefe do Departamento de Ortopedia e Traumatologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e ex-presidente da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT). É médico ortopedista do Hospital Israelita Albert Einstein e diretor do Instituto Cohen de Ortopedia, Reabilitação e Medicina do Esporte.

Quais atividades físicas são indicadas durante a adolescência e por quê?

Esportes de quadra como futebol, vôlei, basquete e handebol Esportes de quadra são muito bem-vindos na adolescência pois além de trabalharem uma série de pontos como coordenação, equilíbrio, agilidade, força, competitividade e senso de orientação e localização, também contribuem para o aumento da sociabilização.

Quais as atividades físicas mais indicadas para adolescentes?

Basquete, tênis, vôlei, handebol, atletismo e ginástica olímpica estão no menu de escolha. Os jovens também podem saltar, nadar, fazer hidroginástica ou equitação e pedalar. Já a musculação é indicada após o estirão de crescimento, que pode ocorrer em diferentes idades, variando de adolescente para adolescente.

Quais são os exercícios que os adolescentes pode fazer?

Musculação, dança, spinning, yoga e até crossfit, além de esportes em geral, podem ser opções para o adolescente.

Qual o melhor esporte para um adolescente?

Os meninos geralmente preferem os jogos de bola, como futebol, basquete, futsal, ou vôlei. Mas não podemos desconsiderar outros esportes como a natação, um dos exercícios físicos mais completos e que ajudam e muito no desenvolvimento do adolescente.