Quais eram as atividades realizadas pelas pessoas que trabalham com café no Brasil?

Os imigrantes deixaram a Europa por problemas econômicos: os agricultores não conseguiam concorrer com as grandes fazendas e, nas cidades, muitos não conseguiam emprego nas poucas indústrias que estavam se instalando. Vieram ao Brasil atraídos pelos fazendeiros que precisavam de mão de obra. Os italianos foram os imigrantes em maior número para São Paulo, quase sempre vindo marido, mulher e filhos com várias idades. Para exemplificar os números: entre 1886 e 1902, a população de Ribeirão Preto passou de 10.420 para 52.929 habitantes. Eram 33.199 estrangeiros e, desses, 27.765 italianos.

Os colonos recebiam um pagamento fixo pelo cultivo dos pés de café e um pagamento variável pela quantidade de frutos colhidos. Além disso, podiam produzir alimentos para sustento próprio nas fazendas e vender o excedente. O pagamento de um ano era dividido entre os meses e distribuído no primeiro sábado de cada mês, tornando-o um dia de folga para compras e visitas.

Os fazendeiros, por sua vez, passaram a morar nas cidades. Além disso, muitos imigrantes deixaram as lavouras e se tornaram marceneiros, ferreiros, alfaiates, padeiros, comerciantes, entre outros ofícios, e todo este movimento favoreceu a construção de calçadas e praças nas cidades e o crescimento de indústria, comércio e serviços.

O Brasil é o maior exportador de café no mercado mundial e ocupa a segunda posição, entre os países consumidores da bebida. O Brasil responde por um terço da produção mundial de café, o que o coloca como maior produtor mundial, posto que detém há mais de 150 anos. Conforme dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), a cafeicultura brasileira é uma das mais exigentes do mundo, em relação às questões sociais e ambientais, e há uma preocupação em se garantir a produção de um café sustentável. A atividade cafeeira é desenvolvida com base em rígidas legislações trabalhistas e ambientais. São leis que respeitam a biodiversidade e todas as pessoas envolvidas na cafeicultura, e que punem, rigorosamente, qualquer tipo de trabalho escravo e/ou infantil nas lavouras. As leis brasileiras estão entre as mais rigorosas entre os países produtores de café.

Brasil: Mapa representativo das Regiões produtoras de Café

MINAS GERAIS: localizado na região Sudeste, Minas Gerais é o maior estado produtor de café do Brasil, responde por cerca de 50% da produção nacional e é uma das principais fontes de cafés especiais do país. Praticamente 100% das plantações são de café Arábica, cultivado em quatro regiões produtoras: Sul de Minas, Cerrado de Minas, Chapada de Minas e Matas de Minas, que exportam seus cafés pelos portos de Santos, Rio de Janeiro e Vitória.

ESPÍRITO SANTO: o Espírito Santo é o segundo maior estado produtor de café do país e o principal produtor de Conilon (Robusta). Com plantações de café Conilon nas áreas mais quentes ao norte, região chamada de Conilon Capixaba, e de Arábica ao sul, região conhecida como Montanhas do Espírito Santo, o estado é grande fornecedor do mercado brasileiro e escoa seus cafés especiais pelo porto de Vitória.

SÃO PAULO: o estado de São Paulo é um dos mais tradicionais no cultivo de café. Sua produção é exclusivamente de Arábica, distribuída em duas regiões: Mogiana e Centro-Oeste Paulista, que alternam fazendas com pequenas propriedades e produzem cafés especiais em áreas específicas. São Paulo abriga o porto de Santos, que escoa cerca de 2/3 das exportações de café do Brasil.

BAHIA: o estado da Bahia está localizado na região nordeste do Brasil, de clima quente e temperaturas mais altas. São duas as regiões produtoras de café no estado: Planalto da Bahia e Cerrado da Bahia, onde se cultiva Arábica. Ao sul do estado também há áreas onde se produz café Conilon (Robusta).

PARANÁ: o Paraná é o estado produtor de café localizado mais ao sul do país. Apenas café Arábica é cultivado em plantações adensadas, que usam variedades adequadas ao clima mais frio da região. Outrora o maior estado produtor do país, vem recuperando sua produção com forte ênfase no processo de cereja descascado.

RONDÔNIA: o estado de Rondônia se localiza na região norte do país. Com uma produção anual de aproximadamente 2 milhões de sacas, o estado produz exclusivamente café Conilon (Robusta). A cafeicultura é tradicional e familiar, com pequenas propriedades.

Fonte: CONAB

Ao trabalhar o desenvolvimento da econômica cafeeira no Brasil, o professor de História deve estar atento às várias transformações que esse episódio trouxe no âmbito das relações de trabalho. Como bem sabemos, em um primeiro instante, o crescimento das exportações de café determinou um impressionante aumento no tráfico negreiro. Contudo, na metade do século XIX, esse episódio se interrompeu com a proibição do tráfico negreiro.

Nesse novo contexto, observamos que muitos cafeicultores buscaram pelo sistema de parceria, o uso da mão de obra de imigrantes europeus interessados pela atividade agrícola. Observando tal experiência, alguns alunos podem acreditar que essa prática foi importante para que o uso da mão de obra escrava fosse diminuindo aos poucos. Nesse momento, buscando mostrar outra faceta dessa experiência, o professor pode questionar – dada a devida explicação sobre o mesmo – se o sistema de parceria seria mais justo.

Após ouvir algumas opiniões a respeito, indicamos ao professor a exposição de uma constatação feita pelos historiadores Verena Stolcke e Michael Hall, no artigo “A introdução do trabalho livre nas fazendas de café de São Paulo”. Segue o trecho a ser trabalhado:

“(...) Por que, (...) os fazendeiros de São Paulo adotaram o sistema de parceria? A parceria permitia que o proprietário se beneficiasse do trabalho da família dos parceiros. Os fazendeiros sempre se opuseram ao recrutamento de homens solteiros, argumentando que os imigrantes com família mostravam-se menos propensos a abandonar as fazendas. Isso pode ser verdade, mas certamente era de igual importância o fato de que as famílias dos imigrantes constituíam uma reserva de trabalho barato na época da colheita, que exigia mais braços.”

Por meio dessa interessante constatação, os alunos podem perceber que o sistema de parceria não determinou o fim do antigo hábito que os proprietários de terra tinham em explorar a força de trabalho de seus empregados. Nesse caso, a recompensa material cedida pelo cafeicultor no sistema de parceria era muito pequena se entendermos que o fazendeiro acabava se aproveitando do trabalho de toda uma família de imigrantes.

Além disso, os alunos têm a oportunidade de observar que os trabalhadores imigrantes solteiros não dispunham das mesmas oportunidades de trabalho que eram reservadas às famílias de imigrantes. Sob tal aspecto, as relações de trabalho extrapolam o sentido da oferta e da procura para também estarem influenciadas por questões de natureza social que, no caso, circula no âmbito da condição civil dos indivíduos.

Por fim, realizando esse tipo de trabalho, a turma tem a oportunidade de observar que o fim do trabalho escravo não implicou necessariamente na conquista de relações de trabalho mais justas. Com este simples exemplo, é possível revelar que o problema da exploração da mão de obra se desdobrou sob várias formas ao longo da História do Brasil.

Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola

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Que atividades eram realizadas pelas pessoas que trabalhavam com café?

A riqueza gerada pelos cafezais fortaleceu economicamente os proprietários e muitos imigrantes que saindo das lavouras se tornaram padeiros, alfaiates, ferreiros criando uma classe média e induzindo o crescimento das indústrias, comércio e serviços.

Como era o trabalho realizado nas lavouras de café?

A rotina dos escravizados, nos cafezais, era limpar o terreno, plantar e colher. Após a colheita, o café era exposto ao Sol, Num segundo momento, quando os grãos já se encontravam secos, eram batidos com vara ou moídos em pilões.

Como era a produção de café no Brasil?

As primeiras mudas foram plantadas no Pará, e de lá o cultivo foi descendo pelo território brasileiro até chegar no Rio de Janeiro onde se desenvolveu o plantio sistemático em meados de 1760. A crise chegaria em meados do século XIX com o empobrecimento do solo, problemas hídricos e o fim da escravidão.

Quais eram as atividades dos chamados comissários do café?

Os nomeados comissários de café geralmente eram comerciantes portugueses e brasileiros, ou até mesmo grandes fazendeiros, que diversificavam suas atividades, atuando no comércio e até mesmo fundando bancos. Havia um caminho a ser percorrido pelo café, após ser colhido e ensacado, até a exportação.