Qual a diferença entre parto normal e parto induzido

Uma gravidez pode ir até 37 a 41 semanas e 6 dias. Portanto, uma gestação é considerada pós-termo (aquele famoso “passou da hora”) somente quando ultrapassa as 42 semanas. Logo na primeira consulta, a Obstetra calcula a DPP (data provável de parto) que corresponde a 40 semanas de gestação – a contar a partir da data da última menstruação informada pela gestante. Com o ultrassom de primeiro trimestre em mãos, a Obstetra compara as datas e define assim a DPP com um pouco mais de precisão. Esse dado servirá de base para todo o acompanhamento de Pré-Natal.

O que pouca gente sabe é que a tal da DPP é apenas uma base, não significa que o bebê deve nascer até as 40 semanas – apesar de haver grandes chances de que isso aconteça. Cerca de 5% das gestações ultrapassam 41 semanas e são raras as que se estendem por mais de 42 semanas mas, pode acontecer.

A partir de 37 semanas a gestante deve ser acompanhada com maior frequência, principalmente se houver fatores de risco associados.

A indução é indicada quando a gestação se estender além das 41 semanas e 6 dias ou houver alguma razão para antecipar o nascimento como diabetes ou hipertensão. As formas e o melhor momento para a indução é sempre discutido com a família de acordo com o quadro clínico da gestante. Lembre-se: tudo é uma questão de pesar prós e contras, garantindo o bem-estar de mãe e filho.

A indução do parto ajuda o corpo a fazer um movimento que ele ainda não está fazendo que é produzir contrações uterinas, promovendo assim mudanças no colo do útero e o desencadeamento do trabalho de parto efetivo. Ela pode ser feita inicialmente com métodos naturais, ainda antes da internação hospitalar e/ou com o uso de medicamentos no hospital.

Formas de indução do parto:

Estímulos naturais:

  • banhos quentes
  • escalda pés
  • sexo
  • caminhadas
  • exercícios
  • chás estimulantes
  • óleo de rícino
  • estimulação da mama.
  • A acupuntura e a homeopatia também podem ser grandes aliadas nesse processo.

Métodos mecânicos/farmacológicos de indução:

  • Descolamento das membranas (procedimento onde a Parteira/Obstetra faz um estimulo tátil no colo do útero durante o exame de toque, visando descolar as membranas da bolsa do orifício do colo, o que auxilia na produção de hormônios locais e pode desencadear o trabalho de parto)
  • Método Krause – colocação de uma sonda no colo do útero para auxiliar no preparo do colo para o parto.
  • Uso de medicamentos como Misoprostol (comprimido de prostaglandina colocado na vagina em intervalos regulares para indução do parto. Ocitocina (hormônio sintético colocado no soro para induzir contrações uterinas)

Vale lembrar que qualquer forma de indução sempre deve ser realizada com o conhecimento e supervisão da equipe que acompanha a gestante, e pode levar alguns dias para surtir os efeitos desejados e, inclusive, pode falhar.

Esse post é apenas informativo, converse com a sua Parteira e/ou com a sua médica sobre a necessidade de qualquer indução. Lembre-se: cada gravidez é uma e cada caso deve ser avaliado individualmente, considerando o tempo de gestação e as condições de saúde da gestante e do bebê.

Um abraço e até breve,
Equipe Commadre.

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Distúrbios hipertensivos na gestação são uma importante causa de prematuridade iatrogênica. A decisão sobre a via de parto para interrupção de gestações complicadas com pré-eclâmpsia (PE) com sinais de gravidade, PE sobreposta à hipertensão crônica, eclâmpsia e síndrome HELLP no período pré-termo é difícil e nem sempre baseada em evidências consistentes.

Não há nenhum ensaio clínico randomizado controlado até o momento sobre esse assunto e existem poucos estudos retrospectivos que investigam taxas de indução e desfechos neonatais. O ACOG, por exemplo, não se manifesta muito claramente sobre o tema, e diz apenas que a via de parto depende da idade gestacional, apresentação fetal, características do colo uterino e condições materno-fetais.

Essa dificuldade na definição da via de parto motivou o estudo Early preterm preeclampsia outcomes by intended mode of delivery, publicado em janeiro no American Journal of Obstetrics and Gynecology. O objetivo foi analisar o sucesso da indução do trabalho de parto, de acordo com a idade gestacional e índice de Bishop, e comparar desfechos maternos e neonatais na indução do parto ou cesárea programada em mulheres com PE grave/sobreposta, eclâmpsia ou síndrome HELLP com idade gestacional inferior a 34 semanas.

Derivado de uma coorte retrospectiva, o estudo identificou 1306 gestantes com distúrbio hipertensivo associado à prematuridade, das quais 392 tiveram parto vaginal espontâneo, 454 foram submetidas à cesariana programada e 460 à indução do parto; dessas últimas, 214 de fato experimentaram o parto vaginal e 246 foram submetidas à cesariana por outras causas.

Leia mais: Veja novas orientações da diretriz de hipertensão crônica na gestação

Os desfechos maternos avaliados foram morte materna, admissão em UTI materna, tromboembolismo pós-parto, descolamento prematuro de placenta, coagulação intravascular disseminada, corioamnionite, infecção ou deiscência de sutura, hemorragia pós-parto, histerectomia puerperal e necessidade de hemotransfusão. Os desfechos neonatais avaliados foram óbito, asfixia perinatal, hemorragia intraventricular classes III ou IV, complicações respiratórias, enterocolite necrotizante, sepse neonatal, apgar < 7 e necessidade de suporte ventilatório.

Observou-se que a indução do parto foi bem sucedida em 46% das mulheres com PE entre 24 e 33 semanas e seis dias e em mais de um terço das mulheres com idade gestacional entre 24 e 31 semanas e seis dias. O sucesso da indução é associado a um índice de Bishop favorável, porém mais da metade das mulheres com Bishop desfavorável (1-2) tiveram sucesso no parto vaginal.

Mulheres submetidas a indução do parto apresentaram menor incidência de DPP e infecção/deiscência de ferida operatória do que as submetidas a cesariana programada. Não houve significância estatística na avaliação dos demais desfechos maternos. No entanto, as mulheres em indução de parto que necessitaram ser submetidas à cesariana por outras causas apresentaram morbidade maior do que as que obtiveram sucesso com o parto vaginal.

Recém-nascidos de mulheres submetidas à indução do parto apresentaram menores taxas de asfixia quando comparados aos nascidos por cesariana programada. O estudo não encontrou diferença estatística quando comparados os desfechos neonatais de bebês de mulheres submetidas à indução do parto que obtiveram parto vaginal bem sucedido ou foram submetidas à cesariana intraparto.

No entanto, o estudo tem diversas limitações, e os resultados devem ser interpretados com cautela. Com as informações disponíveis até o momento, ainda não é possível afirmar qual a melhor via de parto na PE grave pré-termo. O obstetra deve discutir com a gestante os benefícios e os riscos maternos e fetais tanto da indução do parto quanto da cesárea programada e a decisão deve ser compartilhada.

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Referências:

  • Referencia: Early preterm preeclampsia outcomes by intended mode of delivery – Coviello, Elizabeth M. et al. American Journal of Obstetrics & Gynecology , Volume 220 , Issue 1 , 100.e1 – 100.e9
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Qual a diferença entre parto normal e parto induzido

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Qual a diferença entre parto normal e parto induzido

Graduação em Medicina pela Universidade Federal Fluminense ⦁ Médica Residente em Ginecologia e Obstetrícia no Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira - IFF/Fiocruz

Quando um parto deve ser induzido?

A indução médica do parto normalmente é realizada a partir das 37 semanas de gestação, mas existem métodos caseiros que podem facilitar o processo de início do trabalho de parto no final da gestação, como ter relações sexuais, se a mulher se sentir confortável para isso, ou estimular os mamilos, por exemplo.

Qual a diferença de parto normal é parto induzido?

Como o nome diz, o parto induzido é um procedimento médico que envolve antecipar um parto, fazendo com que um bebê nasça antes do tempo previsto por meio do chamado parto normal.

Como é feita a indução do parto normal?

Geralmente, o trabalho de parto é induzido por meio da administração de ocitocina, um medicamento que faz com que o útero se contraia com maior frequência e força. A ocitocina administrada é idêntica à ocitocina natural produzida pela hipófise.

Quais são os riscos de um parto induzido?

Entre as complicações mais comuns da indução estão ruptura uterina, infecções, prolapso de cordão umbilical, prematuridade, sofrimento ou morte fetal e falha da indução. Em resumo, é melhor esperar quando o bebê está saudável e a gravidez ainda está a termo.