Qual a importância da comunicação terapêutica para o enfermeiro no cuidado domiciliar?

Comunicar, mais que transmitir uma mensagem, é se fazer entender. Seja para fins de sobrevivência, de educação e até mesmo de reprodução, a comunicação está presente na vida animal desde os primórdios do mundo, evoluindo conforme a espécie humana evoluía. Um grunhido, um olhar, um gesto, um som, uma figura, uma palavra... Tudo tem um significado e uma função contextual quando estamos nos comunicando. Aprimorada pelos seres humanos, a capacidade de comunicar ganhou aplicações específicas segundo as necessidades de seus interlocutores. Ora para ensinar ora para alertar, propagar ideias, informar, vender... A aplicação social da comunicação é ampla e assume proporções essenciais dependendo do contexto de sua inserção. Uma dessas funções é a de participar ativamente no processo de prevenção e reabilitação da saúde, exercendo uma função terapêutica.

"A comunicação assume um papel fundamental na relação entre um profissional e uma pessoa, grupo, família ou comunidade, (vulnerável pela situação de saúde/doença) alvo de atenção e de cuidados, na medida em que, a comunicação é o contexto em que se desenvolve a relação e é, ou pode ser, uma ação terapêutica, por si só ou completar a ação terapêutica de outra intervenção. É a comunicação que permite o desenvolvimento da relação e por conseguinte, pode, criar um contexto favorável ou desfavorável, daí a sua importância. (SIQUEIRA, 2014)¹"

          A comunicação terapêutica é entendida como o processo de comunicar para a saúde e engloba o contato imediato dos profissionais com o paciente, com familiares e com a comunidade, de modo geral. Devido às esferas verbais e não verbais da comunicação, tudo o que o profissional de saúde faz ou fala quando lida com o cliente pode ter interferência benéfica ou maléfica no processo terapêutico. Por isso, é muito importante que este permaneça atento e focado quando se comunica para “curar”.

           Entre os agentes envolvidos no processo, a enfermagem tem papel fundamental no estabelecimento da comunicação terapêutica, uma vez que é, quase sempre, o primeiro e o último contato entre o indivíduo e a unidade de saúde. É na anamnese que a relação começa a ser estabelecida, através da fala e do toque (na aferição das funções vitais). Se houver ruídos nesse primeiro momento, é muito provável que o paciente já crie certa antipatia pela equipe, gerando pequenos bloqueios mentais para os próximos passos do tratamento. Situações como pressa na entrevista, demonstração de insegurança na utilização dos equipamentos, toques bruscos e outras atitudes que denotem desinteresse ou inexperiência podem comprometer seriamente a eficácia terapêutica da intervenção. Desse modo, é crucial que o enfermeiro compreenda o conceito de comunicação terapêutica e a importância real de sua aplicação. Autoconhecimento e autocontrole são ferramentas indispensáveis ao profissional, para que possa estabelecer uma relação de empatia e proporcione segurança para o cliente, abrindo espaços mentais para a confiança e garantindo maiores possibilidade de sucesso na intervenção clínica para o tratamento da doença. Um estudo realizado por enfermeiros da Universidade Federal do Ceará - UFC, em 2006,² confirmou a necessidade que o paciente tem de interagir e se familiarizar com o enfermeiro na unidade de saúde e como essa interação gera nele o interesse pelo cuidado com sua própria saúde, saindo do estado passivo para um estado ativo na sua prevenção. A pesquisa constatou, ainda, que mais do que realizar procedimentos e fazer medicação, a enfermagem tem uma poderosa interferência no sucesso da terapia. Esse poder é exercido através da interação afetiva e humanizada, quando trata o paciente como igual e quando está disponível para ele no esclarecimento de dúvidas e no comprometimento real com sua reabilitação.

           Infelizmente, a impressão geral dos usuários dos serviços de saúde no Brasil, em especial usuários do SUS (Sistema Único de Saúde), é de que os profissionais não se importam muito com suas necessidades e melhora. Fato é que os próprios profissionais dão base para essa sensação. Não raro, encontramos médicos que gritam com pacientes, enfermeiros que mal olham nos olhos enquanto fazem a triagem, técnicos bruscos no manuseio de equipamentos para coleta de sangue ou medicação, entre outros. Outro fato é a superlotação das unidades de atendimento e a sobrecarga de trabalho sobre os profissionais, provocados pela má gestão, no caso do SUS, e pela redução de custos, no caso da rede privada. No entanto, é dever ético desses profissionais oferecer atendimento humanizado à população. O mínimo que se espera de um médico é que ele examine o paciente, que o ouça. Para o enfermeiro não é diferente. Por isso o autoconhecimento e autocontrole são tão importantes nesse contexto. Para que este saiba quando a sua atitude não está sendo positiva e, portanto, não é terapêutica, e se ausente daquele atendimento, especificamente, pedindo a um colega que o substitua. Comunicar para a cura é um ato de empatia e de humanidade. É olhar, ouvir, compreender, ensinar... É fazer com que o outro entenda a importância do processo terapêutico e seja não apenas espectador do seu tratamento, mas um agente dele; cuidando da higiene pessoal, tomando o medicamento de maneira correta, comparecendo às sessões de atendimento, etc. Sendo o primeiro e último contato do indivíduo na unidade de saúde, na maioria das vezes, o enfermeiro deve ter essa consciência sobre o seu poder de influência no processo de cura e estar apto a executá-lo. Porque, algumas vezes, tudo o que o cliente precisa é de um pouco de atenção e cuidado, mais que de medicamentos.

1. SIQUEIRA, Carlos. Comunicação Terapêutica em Saúde Mental. Scielo Portugal. Porto, dez. 2012. Disponível em <http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1647-21602014000300001>. Acessado em 07 out. 2018.

2. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-71672008000300006>. Acessado em 07 out. 2018.

Qual a importância da comunicação terapêutica em enfermagem?

A comunicação enfermeiro-paciente é denominada comunicação terapêutica, porque tem a finalidade de identificar e atender as necessidades de saúde do paciente e contribuir para melhorar a prática de enfermagem, ao criar oportunidades de aprendizagem e despertar nos pacientes sentimentos de confiança, permitindo que eles ...

Qual a importância dos profissionais de enfermagem no cuidado domiciliar?

O atendimento domiciliar realizado por um profissional auxilia na diminuição do risco de contaminação e agravamento do quadro, busca a recuperação e reabilitação do paciente, além da promoção da saúde e prevenção de doenças.

O que é a relação terapêutica em enfermagem?

Para HOFLING et alii (1970) o relacionamento terapêutico é um processo de ação recíproca entre duas pessoas, de acordo com o qual, uma, a enfermeira utiliza seus conhecimentos científicos e habilidades profissionais para ajudar a outra, o paciente, de modo útil e indivi- dualizado.

Qual a importância da comunicação entre o profissional da saúde é o paciente?

Benefícios de uma eficaz comunicação médico paciente Ela repercute positivamente no relacionamento, na qualidade e aderência ao tratamento, na diminuição das queixas e dos erros, além de melhorar o vínculo e possibilitar uma maior relação de confiança entre médico e paciente.