Qual a intensidade de exercício indicada para indivíduos hipertensos?

A Força-Tarefa sobre Diretrizes de Prática Clínica formada pelo Colégio Americano de Cardiologia (ACC, na sigla em inglês) e pela Associação Americana do Coração (AHA, em inglês) redefiniu, recentemente, os limites para hipertensão.
Antes, o indivíduo era considerado hipertenso se sua pressão arterial (PA) fosse acima de 140/90 mmHg; agora, bastam 130/80 mmHg. Além disso, quando a pressão sistólica está entre 120 e 129 mmHg e a diastólica é de até 80 mmHg – o que antes era normal –, a PA já é tida como elevada.
A novidade foi encarada com entusiasmo por muitos médicos. Em entrevista ao site da revista Saúde, o cardiologista Flavio Fuchs, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, a definiu como “a maior ação de prevenção cardiovascular realizada pelo bem da humanidade”.
A mudança, entretanto, fez com 46% dos americanos, de acordo com o ACC, sejam considerados hipertensos. Os autores das diretrizes afirmam que quase todas essas pessoas, diagnosticadas a partir dos novos limites de hipertensão, podem tratar a doença com mudanças no estilo de vida, em vez de medicamentos.
“De fato, a prática de exercícios regulares foi classificada, nas diretrizes, como uma das melhores abordagens não farmacológicas para prevenir e tratar a hipertensão”, constata a fisiologista Linda Pescatello, em artigo no site do Colégio Americano de Medicina do Esporte (ACSM, em inglês), entidade da qual é membro. Dra. Pescatello também é professora de Cinesioterapia da Universidade de Connecticut, nos Estados Unidos.

“O ACSM, bem como organizações profissionais em todo o mundo, destaca a importância de exercícios aeróbicos de intensidade moderada, suplementados por exercícios de resistência, na maioria dos dias da semana, para prevenir e  tratar a hipertensão”, complementa.

No artigo, Dra. Pescatello resume, com base nas diretrizes do ACC/AHA e em outros estudos recentes, algumas novidades na relação entre exercício e hipertensão:

  • A participação regular em atividades físicas durante o período de lazer atenua o desenvolvimento de hipertensão entre adultos com PA normal
  • Exercício reduz a pressão arterial entre adultos com PA normal, pré-hipertensão e hipertensão
  • Entre adultos hipertensos, atividade física diminui o risco de progressão de doença cardiovascular (DC) – como evidenciado pelas reduções da PA que resultam do exercício – e também a mortalidade por DC

Exercícios aeróbicos e resistidos

Dra. Pescatello também comenta as novas Recomendações FITT para Hipertensão, do ACSM, lançadas este mês. FITT é a sigla em inglês para frequência, intensidade, tempo e tipo de exercício.
O guia foi elaborado com base nos achados do Relatório Científico 2018 do Comitê Consultivo de Diretrizes de Atividade Física (PAGAC, em inglês) e no documento Atividade Física para Prevenir e Tratar a Hipertensão Arterial – Uma Revisão Sistemática. Este último foi lançado em junho pelo próprio ACSM e teve Dra. Pescatello como uma das autoras.
A fisiologista explica que as novas recomendações não dão mais ênfase apenas ao exercício aeróbico.

“Exercícios aeróbicos ou de resistência sozinhos, ou exercícios aeróbicos e resistidos combinados (isto é, simultâneos), são recomendados na maioria das vezes, preferencialmente todos os dias da semana, num total de 90 a 150 minutos por semana ou mais de exercícios de intensidade moderada e multimodal”, comenta.
“A expansão das Recomendações FITT do ACSM para inclusão de exercício multimodal oferece opções mais variadas e atrativas, o que pode se traduzir em melhor adesão ao exercício para adultos com hipertensão”, conclui.

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Qual a intensidade de exercício indicada para indivíduos hipertensos?

Qual a intensidade de exercício indicada para indivíduos hipertensos?

Artigo de revisãoHipertensão arterial e exercício físicoHypertension and exercise

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Resumo

A atual sociedade urbanizada apresenta níveis manifestamente insuficientes de atividade para manter os níveis de saúde desejáveis, e prevenir, entre outras, as doenças cardiovasculares. O exercício aeróbico é um adjunto favorável à medicação no tratamento da hipertensão arterial, sendo desprovido virtualmente de efeitos secundários. Existem numerosos mecanismos propostos para o efeito salutar do exercício na redução da pressão arterial, sendo que os efeitos fisiológicos decorrentes podem ser classificados em agudos, pós-esforço, e crónicos. Diferenças no património genético, na etiologia da hipertensão, na farmacodinâmica e/ou farmacocinética podem justificar a diferente resposta tensional ao esforço entre os indivíduos hipertensos. Na presente revisão iremos abordar os vários aspetos fisiopatológicos relacionados com a resposta tensional ao esforço e seus moduladores no indivíduo hipertenso, sua utilidade diagnóstica e prognóstica, assim como referir-nos às últimas linhas de orientação no que respeita à prescrição/ monitorização de regimes de exercício físico e fármaco-associação no seguimento clínico do hipertenso ativo.

Abstract

Levels of physical activity in modern urbanized society are clearly insufficient to maintain good health, and to prevent cardiovascular and other disease. Aerobic exercise is almost completely free of secondary effects, and is a useful adjunctive therapy in treating hypertension. There are several possible mechanisms to account for the beneficial effects of exercise in reducing blood pressure, the resulting physiological effects usually being classified as acute, post-exercise or chronic. Variations in genetic background, hypertension etiology, pharmacodynamics and pharmacokinetics may explain the different blood pressure responses to exercise among hypertensive patients. The present review discusses the different pathophysiological aspects of the response to exercise in hypertensives, including its modulators and diagnostic and prognostic usefulness, as well as the latest guidelines on prescribing and monitoring exercise regimes and drug therapy in the clinical follow-up of active hypertensive patients.

Palavras-chave

Hipertensão arterial

Exercício

Hipotensão pós-esforço

Keywords

Hypertension

Exercise

Post-exercise hypotension

Cited by (0)

Copyright © 2011 Sociedade Portuguesa de Cardiologia. Published by Elsevier España S.L. All rights reserved.

Quanto ao exercício de força Qual é a recomendação para indivíduos hipertensos?

As recomendações para elaboração de programas de musculação para pessoas hipertensas, segundo o ACSM (1998), preconizam a realização de uma série de 8 a 10 exercícios para os grandes grupos musculares, 2 a 3 dias por semana. O número de repetições para cada exercício deve ficar em torno de 8 a 12 pra os hipertensos.

Quais exercícios Um hipertenso pode fazer?

Recomendações para os hipertensos Caminhada, corrida, ciclismo, natação, entre outros, são ótimas opções de atividades aeróbicas que ajudam a baixar a pressão arterial — desde que realizadas em intensidade moderada. O ideal é praticar três vezes na semana, por pelo menos 30 minutos por sessão.

Quais são as diretrizes para prescrição de exercícios para hipertensos?

A prescrição do exercício ao hipertenso obedece aos princípios gerais de intensidade, freqüência e duração, sempre respeitando o princípio da individualidade. A freqüência de três a cinco sessões semanais com duração entre 20 e 30 minutos, podendo atingir tempo maior, dependendo do paciente e do tipo de exercício.

Qual tipo de exercício é mais indicado para pacientes hipertensos descompensados?

Exercícios moderados: 30 a 60 minutos de atividade aeróbica (como caminhada, corrida e ciclismo), cinco a sete dias por semana, para o tratamento da hipertensão; Exercícios resistidos: atividades que envolvem pesos podem ser realizadas de duas a três vezes por semana, com até três séries de oito a 15 repetições.