Qual a relação do aquecimento global e as mudanças climáticas com o capitalismo?

Sistema prometeu avanços, mas entregou a exploração — do homem e da Natureza. Catástrofe ambiental se avizinha e ações mitigadoras não bastarão: será preciso uma revolução. O primeiro passo: reconhecer ação predatória do homem

Publicado 25/08/2020 às 17:15

Atualizado 25/08/2020 às 17:22

Qual a relação do aquecimento global e as mudanças climáticas com o capitalismo?

Na prática, o capitalismo opera sob os condicionantes de duas forças: a “Força Político-Econômica” e a “Força antrópico-inercial”. Neste processo, a “Força Político-Econômica” representa a interface dinâmica onde se dá o conflito e se constrói a cooperação entre as três principais variáveis do sistema capitalista: o Estado, o capital e o trabalho. Por este ângulo, o crescimento da economia apresenta-se como condição necessária para a convergência política das três variáveis mencionadas (ou grupos de interesses conflitantes) e a superação de algumas de suas diferenças. Já a “Força Antrópico-Inercial” diz respeito ao fato de não existir um modelo de desenvolvimento econômico sustentável alternativo, forçando, assim, a “Força Político-Econômica” a seguir operando o sistema capitalista de forma ambientalmente insustentável e humanamente cruel.

Isso posto, não se pode discutir mudanças climáticas sem considerar o impacto do sistema capitalista sobre o meio ambiente. Esse impacto tem sido percebido nos níveis históricos de emissões de gases de efeito estufa que contribuem para o aquecimento generalizado da temperatura no planeta.

Boletim Outras Palavras

Receba por email, diariamente, todas as publicações do site

Qual a relação do aquecimento global e as mudanças climáticas com o capitalismo?
Qual a relação do aquecimento global e as mudanças climáticas com o capitalismo?

A pressão do capitalismo sobre a sustentabilidade do planeta tem sido evidente. A partir dos anos 1950, a população mundial dobrou para 6 bilhões de habitantes no final do século XX e hoje já somos 7,8 bilhões de pessoas.

Qual a relação do aquecimento global e as mudanças climáticas com o capitalismo?

A quantidade de automóveis em 1996 era de aproximadamente 700 milhões e hoje a estimativa é de que seja 1,3 bilhão; o número de pessoas vivendo em áreas urbanas passou de 30% para 50% da população mundial, podendo chegar a 70% em 2050; o consumo de papel alcançou 412 milhões de toneladas (STEFFEN, CRUTZEN, MCNEILL, 2007). Interpretando esses dados sob qualquer perspectiva, não é nenhum absurdo imaginar que o enfrentamento da questão ambiental passa pela busca de “mecanismos” que equacionem os interesses do capital, as necessidades materiais das pessoas, o uso racional dos recursos naturais, a preservação dos ecossistemas e a viabilidade dos estados como agentes provedores de segurança e bem estar para suas populações.

Qual a relação do aquecimento global e as mudanças climáticas com o capitalismo?

A afirmação do Ministro Paulo Guedes, no início desse ano em Davos, de que “O pior inimigo do meio ambiente é a pobreza” e que “As pessoas destroem o meio ambiente porque precisam comer” não surpreende. Ele é parte de um governo que defende o negacionismo em várias áreas e o meio ambiente é apenas uma delas. Assim, infere-se da fala do ministro que aquele que já está penalizado pela sua condição de pobreza tem de carregar, também, o fardo de ser inimigo do meio ambiente. O ministro está equivocado. Vale ressaltar que o Brasil tem sido alvo global de críticas, justamente, por não apresentar uma estratégia ambiental para o país.

O enfrentamento dos desafios impostos pelos efeitos destrutivos do sistema capitalista sobre o meio ambiente passa por uma revolução que abranja a sociedade, a economia e o meio ambiente como um todo. Nesse sentido, o primeiro passo é reconhecer, e não negar, que as mudanças climáticas foram potencializadas pela ação do homem, principalmente, a partir da aceleração do crescimento econômico mundial nos últimos 50-60 anos.

Referência

STEFFEN, Will; CRUTZEN, Paul J; MCNEILL, John R. The Anthropocene: Are Humans Now Overwhelming the Great Forces of Nature? Ambio Vol. 36, Nº8, December, 2007. pp. 614- 621.


Gostou do texto? Contribua para manter e ampliar nosso jornalismo de profundidade: OutrosQuinhentos

Tags

áreas urbanas, automóvel, Davos, devastação ambiental, emissão de poluentes, força antrópico-inercial, força político-econômica, meio ambiente, mudanças climáticas, negacionismo, Paulo Guedes

O que o capitalismo tem a ver com o aquecimento global?

Portanto, é essa busca desenfreada de lucro (ou para evitar sua queda) pelos grandes monopólios capitalistas que agrava o aquecimento, contamina o ar que respiramos, os rios, os mares, e ameaça destruir o próprio planeta. Em resumo, o capitalismo, além de desemprego e miséria, polui o mundo e destrói o meio ambiente.

Qual a relação do capitalismo com as mudanças climáticas?

Existe um amplo consenso científico no qual a mudança climática se relaciona com o aumento vertiginoso dos níveis de emissão dos gases do “efeito estufa” na atmosfera produzidos pela ação humana. Porém, não são da ação humana em geral, mas das atividades desenvolvidas no marco do modo de produção capitalista.

Qual a relação das mudanças climáticas e o aquecimento global?

Em outras palavras, pode-se afirmar que o termo mudanças climáticas tem um significado mais amplo, envolvendo todos os fenômenos naturais que estão sendo afetados pelo processo de mudança do clima, enquanto o termo aquecimento global refere-se mais especificamente ao aumento médio da temperatura na superfície do ...

Qual o impacto que o capitalismo causa no meio ambiente?

Degradação ambiental: o sistema capitalista está ligado à produção em massa e o consumo na mesma proporção, com isso produz o lucro, para a obtenção de matéria-prima é preciso retirar da natureza diversos recursos. A exploração constante e desenfreada tem deixado um saldo de devastação profunda no meio-ambiente.