Qual e a importância de haver representantes indígenas na política brasileira

20/11/2020 - 13:45  

O número de indígenas eleitos prefeitos e vereadores cresceu nestas eleições. Os prefeitos indígenas passaram de seis para oito, na comparação com as eleições de 2016. Já os vereadores aumentaram de 168 para 179. Contando com os vice-prefeitos, 197 indígenas saíram vitoriosos nas eleições do último domingo, contra 184 em 2016.

Os resultados foram comemorados pela deputada Joenia Wapichana (Rede-RR), a única representante indígena no Congresso Nacional. No entanto, ela afirma que ainda são necessárias mudanças para melhorar a representação indígena na política. Ela reivindica maior investimento do fundo partidário e eleitoral e melhor distribuição de urnas eletrônicas em comunidades indígenas.

Joenia Wapichana explica que as comunidades indígenas têm diferentes realidades se comparadas a centros urbanos. “Temos dificuldade de acesso a locais de urna, que ainda precisam estar mais próximas das comunidades indígenas”, lamentou.

A deputada também propõe que o fundo partidário seja utilizado para formação política de indígenas, especialmente de mulheres. “Acredito numa renovação e no verdadeiro sentido da política que venha a trazer benefício para o povo brasileiro, e para os indígenas também. Temos, sim, esse direito de fazer parte da política brasileira, tanto no votar e no ser votado.”

Cleia Viana/Câmara dos Deputados

Qual e a importância de haver representantes indígenas na política brasileira

Joenia Wapichana é a primeira mulher indígena eleita para a Câmara dos Deputados

Preconceito
Na avaliação da parlamentar, a candidatura indígena ainda sofre preconceito. “Dentro das próprias comunidades, consideram que voto indígena é fácil de ser conquistado com assistencialismo e compra de voto, o que é vergonhoso”, indigna-se.

Joenia Wapichana também aponta para falta de acesso aos meios de comunicação, como internet e televisão, o que dificulta o combate a notícias falsas. “É preciso levar às comunidades informação sobre quem está realmente fazendo uma política limpa, digna e combatendo a corrupção”, afirmou.

A parlamentar ressalta que a representação indígena é necessária em todas as instâncias, no Executivo, no Legislativo, no Judiciário. Para a deputada, a representação de povos indígenas em diferentes cargos deve atender demandas por políticas públicas diferenciadas para garantir o acesso a direitos sociais, incluindo educação, saúde e proteção ao meio ambiente.

Joenia Wapichana explica que as demandas de povos indígenas se fazem mais urgentes por causa crise sanitária e econômica da pandemia de coronavírus. “Os povos indígenas têm suas vulnerabilidades e precisam ser incluídos em planos de enfrentamento da Covid-19”, alertou.

Mais candidatos
Na análise da parlamentar, o aumento de prefeitos e vereadores indígenas se explica pelo crescimento do número de candidaturas indígenas, que subiu de 1.745, nas eleições de 2016, para 2.216, neste ano.

A tendência foi observada em todos os cargos. Os candidatos a prefeito passaram de 30 para 40; vice-prefeitos, de 62 para 76; e vereadores, de 1.623 para 2.100.
“Isso demonstra que os povos indígenas estão mais conscientes sobre seus direitos civis e políticos, e principalmente o direito à cidadania”, avalia Joenia Wapichana. “Isso aumenta cada vez mais o protagonismo indígena, mas acima de tudo, a vontade de fazer parte dos processos de tomada de decisão em várias instâncias, inclusive as municipais.”

Os partidos que mais elegeram candidatos indígenas foram o PT (24 eleitos), MDB (23), PSD (19), PP (15) e DEM (14). Todos esses partidos aumentaram o número de indígenas eleitos, na comparação com as eleições de 2016.

O crescimento de indígenas eleitos também foi maior em estados que já tinham maior número de representantes eleitos. No Amazonas, os indígenas eleitos passaram de 30 para 38 neste ano; na Paraíba, de 13 para 18; em Roraima, de 13 para 15. No entanto, a representação indígena diminuiu em outros estados, incluindo Pernambuco (de 18 para 14), Bahia (de 14 para 9) e Acre (9 para 6).

Reportagem - Francisco Brandão
Edição - Natalia Doederlein

A expressão "política indigenista" foi utilizada por muito tempo como sinônimo de toda e qualquer ação política governamental que tivesse as populações indígenas como objeto. As diversas mudanças assistidas no campo do indigenismo no últimos anos, no entanto, exigem que estabeleçamos uma definição mais precisa e menos ambígua do que seja a política indigenista.  Para dar conta desta tarefa, é importante distinguir os diversos agentes que interagem diretamente com os povos indígenas situados em território nacional.   

Primeiramente temos como agentes principais os próprios povos indígenas, seus representantes e organizações. O amadurecimento progressivo do movimento indígena desde a década de 1970 e o conseqüente crescimento no número e diversidade de organizações nativas, dirigidas pelos próprios índios, nos sugere assim uma primeira distinção no campo indigenista: a "política indígena", aquela protagonizada pelos próprios índios, não se confunde com a política indigenista e nem a ela está submetida. Entretanto, como pode ser visto na seção “Iniciativas Indígenas”, boa parte das organizações e lideranças indígenas vem aumentando sua participação na formulação e execução das políticas para os povos indígenas. 

Numa segunda distinção, encontramos outros segmentos que interagem com os povos indígenas e que também como eles, têm aumentado sua participação na formulação e execução de políticas indigenistas, antes atribuídas exclusivamente ao Estado brasileiro. Nesse conjunto encontramos principalmente as organizações não-governamentais (ONGs).  Soma-se a este universo de agentes não-indígenas as organizações religiosas católicas e protestantes que se relacionam com os povos indígenas há muito tempo em diversos campos de atuação e com objetivos bastante diferentes (mobilização política dos índios em prol de seus direitos; assistência à saúde e educação; evangelização e tradução da bíblia para línguas indígenas, etc).      

Contemporaneamente, portanto, temos um quadro bastante complexo no qual a política indigenista oficial (formulada e executada pelo Estado), em muitos dos seus aspectos tem sido formulada e implementada a partir de parcerias formais estabelecidas entre setores governamentais, organizações indígenas, organização não-governamentais e missões religiosas.   

Veja também

  • Órgão Indigenista Oficial
  • Fundação Nacional do Índio (Funai)

Qual é a importância da participação política dos indígenas?

Assim a participação indígena na construção de políticas públicas diferencia-se de outros grupos sociais à medida que é representativa de coletividades com especificidades que as distinguem da sociedade nacional.

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A cultura indígena possui importância fundamental na construção da identidade nacional brasileira. Ela está presente em elementos da dança, festas populares, culinária e, principalmente, na língua portuguesa falada no Brasil, que é fruto do processo de aculturação entre povos indígenas, negros e europeus.

Qual a importância da participação política dos indígenas Brainly?

Os representantes indígenas na política brasileira garantem que as demandas do seu povo se tornem públicas, pois, aqueles que estão fora das tribos desconhecem suas reais necessidades, podendo estipular políticas que não sejam realmente efetivas.

Qual a importância dos povos indígenas para a nossa sociedade?

As populações indígenas do mundo preservaram uma vasta quantidade da história cultural da humanidade. Os povos indígenas falam a maioria das línguas mundiais. Herdaram e passaram adiante um rico conhecimento, formas artísticas e tradições religiosas e culturais.