Quando é indicada a nutrição enteral ou parenteral?

Quando é indicada a nutrição enteral ou parenteral?

Fonte: Shutterstock

Sempre que a alimentação oral é insuficiente para promover a recuperação ou manutenção do estado nutricional, ou quando essa é contraindicada, a Terapia Nutricional (TN) é considerada.

A partir daí, a equipe multiprofissional deve avaliar a via de administração, o estado do paciente e a função do trato gastrointestinal (TGI) e, assim, escolher a melhor via para a administração da dieta, podendo ser a nutrição enteral (NE) ou a nutrição parenteral (NP).

Nesse guia produzido pelo Nutritotal Pro, abordaremos a prescrição da dieta parenteral, mostrando quando ela é indicada, as contraindicações e fatores a serem considerados na hora de sua prescrição.

Conteúdo

  • 1 A Nutrição Parenteral
    • 1.1 Acesso periférico ou central?
  • 2 Indicações da dieta parenteral
  • 3 Contraindicações da dieta parenteral
  • 4 Monitoramento e fatores a serem considerados na hora da prescrição da dieta parenteral

A Nutrição Parenteral

Desenvolvida em 1960, a NP foi idealizada para atender paciente em desnutrição grave, devido a caquexia ou câncer avançado, com a função do TGI obstruída ou insuficiente.

A via de administração é intravenosa, com acesso periférico ou central, onde por meio de um cateter passa a solução alimentar, com exclusão total do processo digestivo.

Em sua composição, podemos encontrar proteínas, carboidratos na forma de dextrose, emulsões lipídicas, minerais, vitaminas e eletrólitos, que contribuem para manter o bom estado nutricional do paciente.

Acesso periférico ou central?

Dependo da necessidade do paciente e a duração da terapia, a equipe pode escolher entre o acesso periférico ou central para prescrição da  dieta parenteral.

A nutrição parenteral periférica (NPP) é a via em que a solução alimentar é administrada diretamente por uma veia periférica, utilizada quando a NP terá curta duração (até 15 dias), pois não é suficiente para atingir as necessidades nutricionais diárias do paciente. O valor energético atingido, gira em entorno de 1.000 a 1.500 Kcal/dia e sua osmolaridade não ultrapassa 900 mOsm/L, devido ao risco de flebite. Ela pode ser usada em conjunto com a NE.

Já a nutrição parenteral total (NPT) é a terapia nutricional em que a solução alimentar é administrada diretamente por uma veia central (geralmente pela veia cava superior). Usualmente, a NPT é utilizada em paciente cuja duração da terapia será maior que 15 dias, sendo esta a única forma de alimentação recebida. Na dieta, é oferecido aporte proteico e energético total e sua osmolaridade pode ser superior a 1.000 mOsm/L.

Indicações da dieta parenteral

A dieta pode ser indicada a pacientes que estão com o trato gastrointestinal não funcionante, devido a uma obstrução ou inacessibilidade ao TGI, pressupondo que permanecerá nessa condição por um período superior a 7 dias ou com impossibilidade de manter a nutrição enteral.

A diretriz ESPEN (Sociedade Europeia de Nutrição Clínica e Metabolismo) recomenda a NP após 24 a 48 horas em indivíduos com intolerância à NE e que não se espera que alcancem nutrição adequada dentro de 3 dias.

Já as diretrizes da ASPEN (Sociedade Americana de Nutrição Enteral e Parenteral) não recomendam iniciar NP antes de completarem 8 dias de internação, com exceção de pacientes que apresentem desnutrição na admissão hospitalar.

Além disso, há situações especificas em que NP é indicada, como podemos ver a seguir:

  • Diarreia persistente grave (Síndrome da má absorção);
  • Desnutrição grave em condições em que a NE não é possível;
  • Íleo paralítico;
  • Obstrução devido a uma neoplasia;
  • Repouso intestinal;
  • Vômitos intratáveis (comum em paciente com pancreatite aguda);
  • Sepse abdominal grave;
  • Não atender a 60% da necessidade de energia por > 4 a 5 dias;
  • Pré-operatório (quando há uma desnutrição grave e o procedimento não pode ser adiado).

No mais, a NP pode ser administrada de recém-nascidos a idosos, sendo responsabilidade da equipe avaliar caso a caso para a prescrição da dieta e minimizar risco de possíveis complicações.

Contraindicações da dieta parenteral

Quando se trata de pacientes criticamente enfermos a NP pode ser uma boa solução para manter o estado nutricional do paciente e consequentemente otimizar a sua recuperação.

No entanto, há algumas contraindicações a serem analisadas na hora de sua prescrição, como pacientes com alergia a qualquer um de seus componentes e na presença de hiperlipidêmica grave, distúrbios de coagulação do sangue, choque agudo e outras condições instáveis, ex. diabetes mellitus descompensado, infarto agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral, e embolia.

Monitoramento e fatores a serem considerados na hora da prescrição da dieta parenteral

Já em relação a monitoramento, as principias diretriz recomendam que deve haver um acompanhamento continuo e constante até estabilização do paciente.

Veja também: Quais exames devem acompanhar de pacientes com nutrição enteral e parenteral?

Além disso, os possíveis efeitos adversos na dieta devem ser levados em consideração, como a síndrome de realimentação, infecções no local do cateter e do acesso venoso, trombose venosa, lesão vascular, e sangramento, sendo de suma importância o monitoramento por toda a equipe multidisciplinar.

No mais, é aconselhável a avaliação de cada caso, para a escolha da melhor forma de administração e consequentemente melhor o prognóstico do paciente criticamente enfermo.

Referência

CUPPARI, Lilian. Nutrição: clínica no adulto. 3. ed. São Paulo: Manole, 2014. 599 p. (Guias de Medicina Ambulatorial e Hospitalar da EPM-UNIFESP).

M.BERGER, Mette; CLAUDEPICHARD. When is parenteral nutrition indicated? Journal Of Intensive Medicine. [A.C], p. 1-4. jan. 2022.

SINGER, Pierre et al. ESPEN Guidelines on Parenteral Nutrition: intensive care. Clinical Nutrition. Europa, p. 387-400. ago. 2009.

Hamdan M, Puckett Y. Total Parenteral Nutrition. [Atualizado em 2 de janeiro de 2022]. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK559036/.

Quais as indicações para nutrição enteral e parenteral?

5.4 Indicação da Terapia Nutricional Enteral e Parenteral A indicação de nutrição enteral (NE) deve estar associada ao funcionamento do trato gastrointestinal (TGI) + ingestão via oral (IVO) insuficiente + grau de desnutrição/ catabolismo/percentual de perda de peso e presença de disfagia.

Quando o paciente pode precisar de dieta enteral ou parenteral?

Quando o indivíduo tem dificuldades para se alimentar por via oral (boca), é proposto para ele alternativas diferentes de alimentação para que, assim, ele não fique sem receber os nutrientes necessários à sua sobrevivência. Nesse caso, as opções propostas são as dietas enteral e parenteral.

Quando deve ser indicada a nutrição enteral?

A dieta enteral é indicada quando a pessoa não pode ou não consegue fazer a ingestão oral adequada dos alimentos. Também quando a sua nutrição não atende às suas demandas metabólicas. Geralmente, os profissionais médicos utilizam a alimentação enteral em pacientes com disfagia.

Quais são as indicações para terapia de nutrição parenteral?

Alguns exemplos de situações clínicas que podem exigir terapia de nutrição parenteral (TNP) são os seguintes: algumas doenças cardíacas, pulmonares e renais; pancreatite aguda ou crônica em que a NE não possa ser administrada (3); síndrome do intestino curto; doença inflamatória intestinal (inclui doença de Crohn e ...