Quando o pcr é considerado alto

A proteína C reativa, também conhecida como PCR, é uma proteína produzida pelo fígado que está presente no sangue quando existe alguma inflamação ou infecção no organismo, sendo, por isso, um exame muito pedido quando existe suspeita de apendicite, infarto ou outra situação, especialmente em casos de febre sem causa aparente por mais de 3 dias.

Este exame não aponta exatamente qual a inflamação ou infecção que a pessoa possui, mas um aumento nos seus valores indica que o corpo está combatendo algum agente agressor, o que também se reflete no aumento dos leucócitos, que são as células de defesa, no hemograma.
Valor normal de PCR

O valor de referência da proteína C é de até 3 mg/L mas pessoas obesas, idosas ou que praticam muito exercício físico podem apresentar uma elevação normal do valor da proteína C reativa, sem que exista nenhum problema de saúde.
O que significa Proteína C Reativa Alta
O que pode ser PCR alta

A proteína C reativa alta surge na maior parte dos processos inflamatórios do corpo humano, podendo estar relacionada com diversas situações como presença de vírus, fungos, bactérias, problemas no fígado, doenças cardiovasculares, HPV,  reumatismo e até câncer, por exemplo.

Em alguns casos, os valores da PCR pode indicar a gravidade da inflamação ou infecção:

     3 a 10 mg/L: geralmente indicam infecções ligeiras como gengivite, gripe ou resfriado;
    10 a 40 mg/L: pode ser sinal de infecções mais graves como catapora ou infecção respiratória;
    Mais de 40 mg/L: geralmente indica infecção bacteriana;
    Mais de 200 mg/L: pode indicar septicemia, uma situação grave que coloca em risco a vida da pessoa.

O aumento desta proteína também pode indicar doenças crônicas e por isso o médico deve solicitar outros exames para tentar descobrir o que levou o seu aumento na corrente sanguínea.

O que fazer quando a PCR está alta

Após confirmar os valores de PCR o médico pode continuar a avaliar os sintomas do paciente para tentar entender melhor qual o problema que está causando o aumento dessa proteína no sangue. Assim, se existir coceira na pele, pode ser uma infecção na pele, porém se existir falta de apetite e mal estar geral pode ser uma apendicite, por exemplo. Nesses casos, é feito o tratamento com antibióticos em casa, ou cirurgia.

Se só existir mal estar geral sem outro sintoma específico, o médico pode pedir outros exames, como a presença de marcadores tumorais ou tomografia computadorizada para identificar se existe risco de a alteração estar sendo causada por câncer.

Quando os valores da PCR estão acima de 200 mg/L é normal que a pessoa fique internada para receber antibióticos pela veia. Os valores da PCR começam a subir 2 dias após o início da infecção e tendem a baixar quando se inicia o uso de antibióticos. Se 2 dias após a toma de antibióticos nã seo conseguir baixar os valores de PCR, o médico deve mudar o tratamento, indicando outros antibióticos ou uma combinação diferentes de antibióticos, porque o tratamento inicial não está tendo o efeito esperado.
O que é o exame de PCR ultra sensível

O exame da PCR ultra sensível é pedido pelo médico quando quer avaliar o risco da pessoa ter problemas cardiovasculares, como infarto ou AVC. Nesse caso o exame é solicitado quando a pessoa encontra-se saudável, sem nenhum sintoma ou infecção aparente. Este exame é mais específico e consegue detectar quantidades mínimas de PCR no sangue. O risco da pessoa desenvolver estas complicações podem ser observados a seguir:

    Baixo risco: menor que 1,0 mg/dL;
    Médio risco: entre 1,0 e 3,0 mg/dL;
    Alto risco: maior que 3,0 mg/dL.

Se o indivíduo for aparentemente saudável e apresentar valores de PCR ultra sensível altos, ele tem risco de desenvolver doença arterial periférica, ou sofrer um infarto ou AVC e por isso deve se alimentar corretamente e praticar exercícios regularmente.

Quem tem o hábito de avaliar a saúde realizando exames de sangue deve ter se deparado com o exame da proteína C reativa (ou PCR) no pedido médico.

Porém, ao contrário de outras análises mais convencionais – como as dosagens do lipidograma e hormonais, por exemplo –, o PCR costuma deixar algumas dúvidas nos pacientes quanto ao seu propósito e serventia.

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Segundo o endocrinologista Mauro Scharf, o exame de PCR é feito a partir de uma coleta simples de sangue, no qual será dosada a concentração da proteína C reativa, uma proteína produzida no fígado e elevada no sangue em condições especiais.

“Esse marcador é muito sensível e aumenta na presença de processos inflamatórios, infecções agudas – principalmente aquelas causadas por bactérias –, e outras condições médicas crônicas, como doenças reumáticas, por exemplo”, explica.

Mais requisitado

A solicitação desse exame tem crescido de forma marcante no Brasil, apesar de ser um teste antigo (a PCR foi descoberta na década de 1930). Além de detectar inflamações e infecções, o teste tem outras aplicações. Para se ter uma ideia, elevações nos níveis da proteína foram observadas em mais de 70 condições clínicas que incluem, além das infecções agudas e doenças reumáticas, diferentes tipos de neoplasias (câncer) e infarto agudo do miocárdio.

Isso não significa, entretanto, que o exame de PCR seja a primeira escolha para o início da investigação de todas essas doenças, mas, sim, que se trata de um exame que complementa vários outros (inclusive o tradicional hemograma) em cada contexto. “Qualquer doença que desencadeie uma reação inflamatória no organismo pode cursar com níveis elevados de proteína C reativa no sangue”, diz o médico.

Porém, não é só isso. “Em resumo, esse exame atua em dois braços: o primeiro deles é checar o nível de inflamação e infecção em curso, além da presença de doença crônica. O segundo é a predição de risco cardiovascular, como AVC e infarto.

Ou seja, o nível detectado de PCR, fora de uma situação de infecção, pode ser associado a uma maior ou menor chance de evento cardiovascular, especialmente em indivíduos que compõem o grupo de risco, como aqueles com doenças ateroscleróticas e outras cardiopatias de base”, continua.

Exame complementar

O exame da PCR, contudo, é inespecífico. Isso significa que ele é capaz de apontar (inclusive precocemente) apenas a existência de uma inflamação ou infecção. O que ele não é capaz de fazer é identificar a origem ou, em outras palavras, a doença que está provocando tal quadro. Para isso, o médico precisa de muitos outros dados, exames complementares e interpretação da história clínica e dos sintomas manifestados pelo paciente. “Além da detecção, o exame também serve para acompanhar a eficácia do tratamento”, complementa Scharf.

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Com aplicações tão distintas, o que muda também são os parâmetros, critérios de análise e linhas de corte da amostra de sangue, em função do que se busca pesquisar. Para avaliar o risco cardiovascular, por exemplo, a análise é mais específica: o teste é o da proteína C reativa determinada por métodos de alta sensibilidade (PCR-as) ou ultrassensível (PCR-us).

Ou seja, o exame é performado conforme o que o médico busca saber. Por isso, também cabe a ele a devida interpretação do resultado, com base em inúmeras variáveis individuais de cada paciente.

Outros diagnósticos 

O PCR também identifica processos inflamatórios, infecções agudas, doenças reumáticas e predizer o risco cardíaco do paciente (em função de inflamação constante nas paredes dos vasos sanguíneos e acúmulo de colesterol nesses vasos), levando a um acompanhamento mais rigoroso de sua condição.

O risco cardíaco do paciente também pode ser detectado no exame. Foto: Bigstock. O risco cardíaco do paciente também pode ser detectado no exame. Foto: Bigstock.

Também está relacionado ao diagnóstico e prognóstico da sepse e altera mediante certos tipos de neoplasias e várias outras situações clínicas possíveis (apendicite, pancreatite, queimaduras, pós-operatório, doença inflamatória intestinal e muitas outras).

Auxilia tanto na identificação quanto no monitoramento da atividade inflamatória e acompanhamento do tratamento (como em uma antibioticoterapia, por exemplo).

PCR E CÂNCER

No câncer, um processo inflamatório ocorre em resposta ao desenvolvimento de um tumor. No momento em que o organismo percebe o crescimento de células inadequadas, o sistema de defesa entra em ação, desencadeando um processo inflamatório que faz aumentar a secreção de proteína C reativa pelo fígado e, consequentemente, seu lançamento na corrente sanguínea.

Hoje, o que se investiga em estudos maiores é a relação da PCR com o prognóstico de alguns tumores, como os gastrointestinais, de rim, mama, pâncreas e pulmão.Provavelmente, essas são as neoplasias mais relacionadas ao aumento da PCR por desencadearem processos imunogênicos, capazes de recrutar mais células imunológicas do que outros tipos. Assim, quanto maior a liberação de fatores inflamatórios, também maior é a secreção da PCR”, explica a médica oncologista Maria Cristina Figueroa Magalhães.

Exame PCR revela
se há infecção em curso e até mesmo pode indicar tumores. Foto: Bigstock. Exame PCR revela se há infecção em curso e até mesmo pode indicar tumores. Foto: Bigstock.

Auxílio na descoberta

Atualmente, na prática da oncologia, a PCR é utilizada para auxiliar no diagnóstico e acompanhar processos infecciosos e inflamatórios associados, sendo um exame comumente solicitado na prática clínica. Também pode aventar a suspeita da doença neoplásica.

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“O maior desafio dos estudos que envolvem câncer e PCR é chegar à padronização dos valores de referência, além de dados mais robustos que validem a direta relação do aumento dessa proteína com um processo neoplásico. Mas, o que já temos são estudos que associam PCR aumentada no momento do diagnóstico a uma pior evolução e desfecho da doença, em certos tipos de câncer”, avalia.

Ela cita um estudo dinamarquês que acompanhou duas mil pacientes com câncer de mama e apontou prognósticos piores naquelas com a PCR mais elevada. Outra pesquisa para câncer de intestino também relacionou prognósticos piores nos casos de quadro inflamatório muito elevado anterior à manifestação clínica da doença.

“Em uma metanálise que relacionou aumento da PCR com câncer de pâncreas, porém, apenas três de seis estudos indicaram que a PCR poderia estar associada ao aumento da sobrevida. Enfim, para estabelecer esse marcador como fator prognóstico em câncer, ainda é necessária a validação de estudos maiores”, salienta a oncologista.

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