Quanto tempo a prata coloidal faz efeito?

RESUMO

Objetivo:

detectar possíveis alterações em órgãos de ratos Wistar (Rattus norvegicus) após a administraçãopor via oral de prata coloidal para posterior análise histológica.

Metodologia:

este estudo experimental comabordagem quanti-qualitativa, consistiu em 24 ratas não-isogênicas, nulíparas, com massa corpórea entre de190 a 260 gramas, divididas aleatoriamente em dois grupos, controle e experimento. Os ratos receberamdoses diárias de 5 mL/kg de prata coloidal.

Resultados:

no grupo controle não se detectou quaisqueralterações orgânicas. O grupo experimento, porém, apresentou alterações renais e hepáticas após o 14oeentre o 7oe 14odia de exposição, respectivamente. Discussão a análise histopatológica dos rins dos animaisevidenciou que todos os 12 animais do grupo tratado com prata coloidal apresentaram nefrite, congestão,tumefação turva e espessamento de alças glomerulares. As alterações hepáticas foram congestão e tumefaçãoturva, núcleo aumentado e vacuolizado.

Conclusão:

os achados apontam potencial toxicidade da pratacoloidal aos rins e fígados de ratas Wistar.

ABSTRACT

Objective:

to detect possible alterations in Wistar rats’ (Rattus norvegicus) organs after oral administrationof colloidal silver for subsequent histological analysis.

Methodology:

this experimental study with quantitativeand qualitative approach consisted of 24 non-isogenic, nulliparous rats, with body mass between 190-260grams, randomly divided into two groups, control and experiment. The rats received daily doses of 10 mL/kgof colloidal silver.

Results:

in the control group, no organic alterations were detected. The experimentalgroup, however, presented kidney and liver alterations after the 14th and between the 7th and 14th day ofexposure, respectively.

Discussion:

the histopathological analysis of the kidneys of these animals showed thatall twelve treated with colloidal silver showed nephritis, congestion, cloudy swelling, and thickening ofglomerular loops. Hepatic lesions were congestion and cloudy swelling, and increased and vacuolated nucleus.

Conclusion:

the findings indicated potential toxicity of colloidal silver to the kidneys and liver of Wistar rats.

Quanto tempo a prata coloidal faz efeito?

          O uso oral de prata coloidal - pequenas partículas de prata suspensas em uma mistura aquosa - têm sido amplamente promovido para o tratamento de diversas doenças, e, desde o início da atual pandemia, diversas postagens no Facebook têm incentivado seu uso para o tratamento da doença (COVID-19) causada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2). Defensores da prata coloidal alegam que tal mistura aquosa pode tratar todos os tipos de condições de saúde, agindo como um "antisséptico" e fortalecendo o sistema imune. No entanto, não existem mínimas evidências científicas dando suporte para um uso sistêmico nesse sentido. Aliás, ao contrário de metais como ferro e zinco (e na forma de íons), prata não possui funções no corpo humano, podendo causar danos renais, problemas neurológicos e argiria - uma condição na qual sua pele se torna azul-cinzenta - em especial quando exposta ao Sol - devido ao acúmulo de prata nos tecidos do corpo, e geralmente de forma permanente (Ref.1). A ingestão oral de prata coloidal é nociva. A prata possui aplicabilidade médica apenas via uso tópico, para tratar queimaduras, infecções de pele, etc., e para prevenir conjuntivite em recém-nascidos.

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          A prata têm sido usada desde a antiguidade pela humanidade para o tratamento de várias doenças, desde resfriado comum até o câncer, assim como a sangria foi por muito tempo usada para tratar várias doenças sem suporte científico para tal. Porém, devido à sua atividade antimicrobiana bem estabelecida, prata é ainda usada em produtos para tratamento antimicrobiano local (ex.: em curativo de feridas). Na década de 1920, antes da descoberta dos antibióticos, prata e nitrato de prata eram os principais antibacterianos utilizados para feridas diversas. No entanto, uso sistêmico (ex.: ingestão ou via intravenosa) têm sido banido em vários países como uma terapia não-efetiva e potencialmente tóxica. Somando-se a isso, apesar de nanopartículas de prata (AgNPs) serem realmente efetivas contra bactérias in vitro e em feridas na pele, assim como contra alguns fungos e vírus, bactérias podem se tornar resistentes à prata. 

          Uso tópico de spray nasal contendo prata coloidal para tratar infecções no trato nasal também não possui evidência clínica de suporte e falhou em um estudo clínico randomizado de 2017 (Ref.8).

          Por fim, a promoção falsa da prata coloidal como terapia efetiva contra doenças diversas pode atrasar ou impedir o tratamento dessas mesmas doenças com vias terapêuticas realmente efetivas.

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> Prata coloidal consiste de partículas de prata e de íons de prata suspensos em solução aquosa. Nessa mistura o tamanho das partículas de prata geralmente varia entre nanopartículas (≤100 nm) e micropartículas (até 1000 nm). Quanto menor o tamanho das partículas (especialmente no espectro de 1 nm até 10 nm), maior sua atividade antimicrobiana e citotoxicidade, devido à maior área superficial por massa. Os íons de prata (Ag+) nos produtos de prata coloidal mediam em maior extensão os efeitos tóxicos no corpo humano. As nanopartículas e micropartículas de prata são constituídas do elemento metálico prata reduzido (Ag0), este o qual pode ser obtido via métodos físicos, eletroquímicos e químicos (ex.: uso de borohidreto de sódio ou de citrato de sódio para reduzir íons de prata dissolvidos em água). 

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   MECANISMO DE TOXICIDADE

          Um importante mecanismo dos efeitos antimicrobianos das nanopartículas de prata e de prata coloidal  é a forte atividade oxidativa devido à liberação abundante de íons de prata (Ag+), o qual é também a base  para sua toxicidade em vários órgãos.

          Após a ingestão de prata nanoparticulada, está passa a ser sistematicamente disponível em pequenas quantidades. Tanto as nanopartículas quanto os íons Ag+ liberados se acumulam de forma persistente no corpo, e 2-4% da prata absorvida é retida nos tecidos. Os íons Ag+ e as nanopartículas (Ag0) causam múltiplos danos celulares, incluindo danos no DNA nuclear e no DNA mitocondrial e alteração da integridade da membrana celular, os quais levam à produção excessiva de espécies reativas oxigenadas, necrose celular e apoptose celular. No organismo, parte dos íons Ag+ se ligam preferencialmente aos átomos de enxofre nas proteínas (associados ao grupo tiol do aminoácido cisteína) e parte reage com íons cloreto, precipitando na forma de cloreto de prata (AgCl), ambos mecanismos facilitando o acúmulo no corpo. 

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           A mais visível consequência da exposição prolongada à prata é a argiria, uma pigmentação azulada irreversível na pele devido ao acúmulo de prata. Não existe tratamento efetivo para tratar argiria sistêmica; diminuir a exposição da pele ao Sol pode ajudar a prevenir a progressão da coloração azul-cinza. Para argiria local, pode ser tentado tratamento com laser, de forma similar ao usado na remoção de tatuagens (1). Em adição à argiria, numerosos estudos têm descrito múltiplos efeitos adversos e de toxidade em vários órgãos. Prata coloidal e nanopartículas de prata em geral são comprovadamente ou potencialmente tóxicas em outros seres vivos, desde mamíferos até invertebrados e microrganismos.

Quanto tempo a prata coloidal faz efeito?

           Algumas poucas colheres de sopa (cerca de 15 mL) de prata coloidal com concentração de apenas 10 mg/L contêm cerca de 300 microgramas de prata e excede em 2-16 vezes os limites de toxicidade estabelecidos em diferentes guias internacionais de saúde para uma pessoa de 60 kg (Ref.5).

REFORÇANDO: Não existe benefícios cientificamente comprovados da ingestão de prata coloidal, e, sim, séria toxicidade comprovada. Overdose crônica de prata pode causar dados irreversíveis à saúde, incluindo argiria permanente, problemas neurológicos, leucemia, danos renais e morte. Suplementos alimentares contendo prata coloidal são ilegais e tóxicos. 

> PRATA pode ser obtida de depósitos puros assim como de minerais contendo prata, como a argentita. A maior parte da prata comercializada é obtida como um subproduto do processamento de minerais contendo ouro, cobre e chumbo. É estimado que quase 320 toneladas de prata nanoparticulada é produzida anualmente e usada em campos diversos. No campo biomédico é usado em aplicações como curativos de feridas, desinfetantes e instrumentos cirúrgicos.

REFERERÊNCIAS CIENTÍFICAS

  1. https://nccih.nih.gov/health/colloidalsilver
  2. https://www.mdpi.com/1422-0067/21/7/2375/htm
  3. https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0304389419319284
  4. https://www.mdpi.com/2079-6382/9/1/36
  5. https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S2214750020304662
  6.  https://www.fda.gov/inspections-compliance-enforcement-and-criminal-investigations/warning-letters/colloidal-vitality-llcvital-silver-604885-03062020
  7. https://journals.sagepub.com/doi/abs/10.1177/1
  8. https://link.springer.com/article/10.1186/s40463-017-0241-z078155219832966
  9. Reporte de caso (2011): Case In Point

Quanto tempo leva para a prata coloidal fazer efeito?

No intestino delgado, a Prata Coloidal não destrói as bactérias benévolas do organismo. Entretanto, com seu efeito bactericida é considerado o mais completo antibiótico natural, comprovadamente "in vitro" e "in-vivo", destrói em seis minutos no máximo 650 tipos de microrganismo, dentre eles bactérias, vírus e fungos.

Como a prata coloidal age no organismo?

A PRATA COLOIDAL inibe o crescimento destes organismos unicelulares, desativando o metabolismo enzimático do oxigênio e destruindo a membrana celular.

Quanto tempo dura a prata coloidal?

A prata coloidal pode ser usada indefinidamente porque o corpo não desenvolve uma tolerância contra ela [1].

Quais as funções da prata coloidal?

Já ouvira a respeito da prata coloidal – um preparado de partículas de prata em suspensão num meio líquido, geralmente água – e sobre a hipótese de que conseguiria combater o vírus SARS-CoV-2.