Que critica é feita no poema satírico de Gregório de Matos que você leu na página 99?

ARCADISMO

01. (UFTM2010) Leia os textos.

I – de Ricardo Reis

Vem sentar-te comigo Lídia, à beira do rio.

Sossegadamente fitemos o seu curso e [aprendamos

Que a vida passa, e não estamos de mãos [enlaçadas.

(Enlacemos as mãos.)

[...]

Amemo-nos tranquilamente, pensando [que podíamos,

Se quiséssemos, trocar beijos e abraços e [carícias,

Mas que mais vale estarmos sentados ao [pé um do outro

Ouvindo correr o rio e vendo-o.

II – de Tomás Antônio Gonzaga

Enquanto pasta, alegre, o manso gado,

minha bela Marília, nos sentemos

à sombra deste cedro levantado.

Um pouco meditemos na regular beleza,

que em tudo quanto vive nos descobre

a sábia natureza.

Sobre os textos, afirma-se que ambos

I. valem-se do ambiente pastoril, nos quais os poetas propõem às mulheres amadas a introspecção e a reflexão junto à natureza;

II. pertencem ao mesmo período literário: o Arcadismo;

III. são rigorosos quanto à métrica, o que é próprio do período literário a que pertencem.

Está correto o que se afirma em:

(A) I apenas.

(B) III apenas.

(C) I e II apenas.

(D) II e III apenas.

(E)  I, II e III.

02. A poesia lírica de Gregório de Matos subdivide-se em amorosa e religiosa.

a) Quais são os dois modos contrastantes de ver a mulher, em sua lírica amorosa?

b) Como aparece em sua lírica religiosa a ideia de Deus e do pecado?

03. (ITA1996) As opções a seguir referem-se aos textos A, B, C e D.

Texto "A" (    )

"Ah! enquanto os destinos impiedosos

não voltam contra nós a face irada,

 façamos, sim, façamos, doce amada,

 os nossos breves dias mais ditosos."

Texto "B" (    )

"Ó não aguardes, que a madura idade

te converte essa flor, essa beleza,

em terra, em cinza, em pó, em sombra, em nada",

Texto "C" (    )

"Nos olhos Caitutu não sofre o pranto,

E rompe em profundíssimos suspiros,

Lendo na testa da fronteira gruta

De sua mão já trêmula gravado

O alheio crime e a voluntária morte".

Texto "D" (    )

"O todo sem a parte não é todo;

A parte sem o todo não é parte;

Mas se a parte faz o todo, sendo parte,

Não se diga que é parte, sendo todo.

Preencha os parênteses anteriores dos textos dados, obedecendo à seguinte convenção:

I) Gregório de Matos

II) Tomás Antônio Gonzaga

III) Basílio da Gama

IV) Cláudio Manuel da Costa

Preenchidos os parênteses, a sequência correta é:

a) II - I - III - I

b) IV - I - II - II

c) I - II - II - I

d) I - IV - III - I

e) II - IV - III – IV

04. (UEL1994) O século XVI deve ser reconhecido, na história da literatura brasileira, como um período de:

a) manifestações literárias voltadas basicamente para a informação sobre a colônia e para a catequese dos nativos.

b) amadurecimento dos sentimentos nacionalistas que logo viriam a se expressar no Romantismo.

c) exaltação da cultura indígena, tema central dos poemas épicos de Basílio da Gama e Santa Rita Durão.

d) esgotamento do estilo e dos temas barrocos, superados pelos ideais estéticos do Arcadismo.

e) valorização dos textos cômicos e satíricos, em que foi mestre Gregório de Matos.

05. (UEL1996) Identifique a afirmação que se refere a GREGÓRIO DE MATOS.

a) No seu esforço de criação da comédia brasileira, realiza um trabalho de crítica que encontra seguidores no Romantismo e mesmo no restante do século XIX.

b) Sua obra é uma síntese singular entre o passado e o presente: ainda tem os torneios verbais do quinhentismo português, mas combina-os com a paixão das imagens pré-românticas.

c) Dos poetas arcádicos eminentes, foi sem dúvida o mais liberal, o que mais claramente manifestou as idéias da ilustração francesa.

d) Teve grande capacidade em fixar num lampejo os vícios, os ridículos, os desmandos do poder local, valendo-se para isso do engenho artificioso que caracterizava o estilo da época.

e) Sua famosa sátira à autoridade portuguesa na Minas do chamado ciclo do ouro é prova de que seu talento não se restringia ao lirismo amoroso.

06. (UFPE1996) Observe:

               "Descoberto em 1500, no século que, em Portugal, dominava o Classicismo, o Brasil , por muitas causas, não teve condições de dar início à colonização e ao processo cultural.

               Entre as raras manifestações literárias do século, destaca-se o teatro jesuítico.

               A obra de colonização do Brasil, iniciada propriamente por Martim Afonso em 1530, já pelos inconvenientes do sistema, já por outros motivos fáceis de entender, mais dificultosa se tornaria, não fosse a colaboração oportuna e decisiva dos jesuítas."

                              (Faraco e Moura, em LÍNGUA E LITERATURA)

A partir de então, surgem dois movimentos que ainda não podem ser considerados literatura propriamente brasileira.

(    ) O Barroco é o primeiro grande período artístico no Brasil. Nas artes plásticas há destaque para a figura do Aleijadinho; na Literatura, para o poeta Gregório de Matos Guerra.

(    ) O Neoclassicismo, movimento estético propenso a um retorno aos ideais espirituais e artísticos do Renascimento, corresponde a uma tendência contrária ao barroquismo.

(    ) No texto barroco, a linguagem é retorcida, com bastantes jogos verbais, enfatizando a prolixidade e o estilo confuso.

(    ) No texto neoclássico, a linguagem é racional, as imagens são conhecidas e repetidas (chavões, lugares-comuns).

(    ) No Barroco, tanto quanto no Neoclassicismo, os poetas abordaram aspectos como dúvida, angústia e tédio, sob a forma de um sentimentalismo lacrimoso.

07. (MACKENZIE96) Assinale a alternativa INCORRETA.

a) Na obra de José de Anchieta, encontram-se poesias seguindo a tradição medieval e textos para teatro com clara intenção catequista.

b) A literatura informativa do Quinhentismo brasileiro empenha-se em fazer um levantamento da terra, daí ser predominantemente descritiva.

c) A literatura seiscentista reflete um dualismo: o ser humano dividido entre a matéria e o espírito, o pecado e o perdão.

d) O Barroco apresenta estados de alma expressos através de antíteses, paradoxos, interrogações.

e) O Conceptismo caracteriza-se pela linguagem rebuscada, culta, extravagante, enquanto o Cultismo é marcado pelo jogo de ideias, seguindo um raciocínio lógico, racionalista.

08. (FUVEST98) Dê argumentos que permitam considerar o Padre Antônio Vieira como um expoente tanto da Literatura Portuguesa quanto da Literatura Brasileira.

09. Assinale a alternativa cujos termos preenchem corretamente as lacunas do texto inicial.

Como bom barroco e oportunista que era, este poeta de um lado lisonjeia a vaidade dos fidalgos e poderosos, de outro investe contra os governadores, os "falsos fidalgos". O fato é que seus poemas satíricos constituem um vasto painel ...................., que ................. compôs com rancor e engenho ainda hoje admirados pela expressividade.

a) do Brasil do século XIX - Gregório de Matos

b) da sociedade mineira do século XVIII - Cláudio Manuel da Costa

c) da Bahia do século XVII - Gregório de Matos

d) do ciclo da cana-de-açúcar - Antônio Vieira

e) da exploração do ouro em Minas - Cláudio Manuel da Costa.

10. (PUCSP97) Considere atentamente as seguintes afirmações sobre o poema de Gregório de Matos:

I - O par fogo e água, que figura amor e contentação, passa por variações contrastantes até evoluir para o oxímoro.

II - O poema evidencia a "fórmula da ordem barroca" ditada por Gérard Genette: diferença transforma-se em oposição, oposição em simetria e simetria em identidade.

III - O poema inscreve, no âmbito da linguagem, o conflito vivido pelo homem do século XVII.

De acordo com o poema, pode-se concluir que:

a) são corretas todas as afirmações.

b) são corretas apenas as afirmações I e II.

c) são corretas apenas as afirmações I e III.

d) é correta apenas a afirmação II.

e) é correta apenas a afirmação III.

11. (MACKENZIE96) O soneto a seguir é representativo da estética:

"Não vira em minha vida a formosura,

Ouvia falar nela cada dia,

E ouvida me incitava, e me movia

A querer ver tão bela arquitetura:

Ontem a vi por minha desventura

Na cara, no bom ar, na galhardia

De uma mulher, que em anjo se mentia;

De um sol, que se trajava em criatura:

Matem-me, disse eu, vendo abrasar-me,

Se esta cousa não é, que encarecer-me

Sabia o mundo, e tanto exagerar-me!

Olhos meus, disse então por defender-me,

Se a beleza heis de ver para matar-me,

Antes olhos cegueis, do que eu perder-me."

a) barroca.

b) simbolista.

c) romântica.

d) parnasiana.

e) árcade.

12. (FATEC97)

"...milhões de palavras ditas com esforço de pensamento."

Essa passagem do texto faz referência a um traço da linguagem barroca presente na obra de Vieira; trata-se do:

a) gongorismo, caracterizado pelo jogo de ideias.

b) cultismo, caracterizado pela exploração da sonoridade das palavras.

c) cultismo, caracterizado pelo conflito entre fé e razão.

d) conceptismo, caracterizado pelo vocabulário preciosista e pela exploração de aliterações.

e) conceptismo, caracterizado pela exploração das relações lógicas, da argumentação.

13. (FATEC97) No colégio dos padres, Gregório de Matos escreveu:

"Quando desembarcaste da fragata, meu dom Braço de Prata, cuidei, que a esta cidade tonta, e fátua*, mandava a Inquisição alguma estátua, vendo tão espremida salvajola* visão de palha sobre um mariola*".

               Sorriu, e entregou o escrito a Gonçalo Ravasco.

               Gonçalo leu-o, gracejou, entregou-o ao vereador.

               O papel passou de mão em mão.

               "A difamação é o teu deus", disseram, sorrindo.

                                  (Ana Miranda, "Boca do Inferno")

(*fátua: tola;*salvajola: variante de "selvagem"; *mariola: velhaco)

O trecho ilustra

a) a poesia erótica de Gregório de Matos, inspirada na vida nos prostíbulos da cidade da Bahia e que deu origem à alcunha do poeta, "Boca do Inferno".

b) a poesia lírica de Gregório de Matos, voltada para a temática filosófica, em linguagem marcada pelos recursos da estética barroca.

c) a poesia satírica de Gregório de Matos, dedicada à descrição fiel da sociedade da época, utilizando recursos expressivos característicos do barroco português.

d) a poesia erótica de Gregório de Matos, caracterizada pela crítica aos comportamentos e às autoridades baianas da época colonial.

e) a poesia satírica de Gregório de Matos, que representa, no conjunto de sua obra, uma fuga aos moldes barrocos e ataca, no linguajar baiano da época, costumes e personalidades.

14. (FEI97) Podemos reconhecer neste trecho do Padre Antônio Vieira:

a) O caráter argumentativo típico do estilo barroco (século XVII).

b) A pureza de linguagem e o estilo rebuscado do escritor árcade (século XVIII).

c) Uma visão de mundo centrada no homem, própria da época romântica (princípio do século XIX).

d) O racionalismo comum dos escritores da escola realista (final do século XIX).

e) A consciência da destruição da natureza pelo homem, típica de um escritor moderno (século XX).

15. (UFRS97) Sobre a poesia de Gregório de Matos Guerra é correto afirmar que

a) privilegia os cenários bucólicos percorridos por pastores e ninfas examinados de uma perspectiva satírica e irônica.

b) expõe em sintaxe simples o caráter sereno e amoroso de um pastor que corteja sua amada com promessas de vida amena e burocrática.

c) expõe em sintaxe complexa e com metáforas antitéticas os dilemas do amor e do espírito no quadro da Contra-Reforma.

d) privilegia o cenário urbano para denunciar as arbitrariedades da Inquisição e o racismo dos portugueses instalados na colônia.

e) privilegia os cenários palacianos em que ocorrem intrigas e conspirações envolvendo nobres burocratas, monges e prostitutas.

16. (PUCMG97) Relacione este trecho ao seu respectivo estilo, de acordo com as informações contidas nas alternativas a seguir:

"Que és terra, homem, e em terra hás de tornar-te,

Te lembra hoje Deus por sua igreja;

De pó te fez espelho, em que se veja

A vil matéria, de que quis formar-te."

a) BARROCO: O homem barroco é angustiado, vive entre religiosidade e paganismo, espírito e matéria, perdão e pecado. As obras refletem tal dualismo, permeado pela instabilidade das coisas.

b) ARCADISMO: Em oposição ao Barroco, esse estilo procura atingir o ideal de simplicidade. Os árcades buscam na natureza o ideal de uma vida simples, bucólica, pastoril.

c) ROMANTISMO: A arte romântica valoriza o folclórico, o nacional, que se manifesta pela exaltação da natureza pátria, pelo retorno ao passado histórico e pela criação do herói nacional.

d) PARNASIANISMO: A poesia é descritiva, com exatidão e economia de imagens e metáforas.

e) MODERNISMO: Original e polêmico, o nacionalismo nele se manifesta pela busca de uma língua brasileira e informal, pelas paródias e pela valorização do índio verdadeiramente brasileiro.

17. (UEL97) Incêndio em mares d'água disfarçado,

Rio de neve em fogo convertido.

Nesses versos de Gregório de Matos ocorre um procedimento comum ao estilo da poesia barroca, qual seja:

a) a imitação direta dos elementos naturais.

b) a submissão da sintaxe às regras da clareza.

c) a interpenetração de elementos contrastantes.

d) a ordem casual e descontrolada das palavras.

e) a exaltação da paisagem nativa.

18. (UFRS96) Sobre a obra de Gregório de Matos é correto afirmar que

a) os vícios da colônia são criticados e as autoridades públicas são ridicularizadas.

b) sua infância e sua família são temas recorrentes em seus poemas.

c) a escravidão é denunciada como instituição perversa e desnecessária.

d) o elogio da mulher amada está inserido em um quadro bucólico e pastoril.

e) o ideal de racionalidade resulta na sintaxe simples e na ordem direta das frases.

19. (MACKENZIE97) Assinale a alternativa INCORRETA.

a) Em seus sermões, de estilo conceptista, o Padre Antônio Vieira segue os moldes da parenética medieval.

b) Caracteriza o Barroco a tentativa de unir os valores medievais aos renascentistas.

c) O poema épico Prosopopéia foi escrito em versos decassílabos e oitava-rima e é considerado o marco inicial do Barroco no Brasil.

d) Apesar de conhecido como poeta satírico, Gregório de Matos também escreveu poesia lírica e religiosa.

e) O cultismo caracteriza-se como uma seqüência de raciocínios lógicos, usando uma retórica aprimorada, que despreza a linguagem rebuscada.

20. (FATEC99) Sobre as características barrocas desse soneto, considere as afirmações a seguir:

I. Há nele um jogo simétrico de contrastes, expresso por pares antagônicos como Sol/Lua, dia/noite, luz/sombra, tristeza/alegria, etc., que compõe a figura da antítese.

II. Este é um soneto oitocentista, que cumpre os padrões da forma fixa, quais sejam, rimas ricas, interpoladas nas quadras ("A-B-A-B") e alternadas nos tercetos ("A-B-B-A").

III. O tema do eterno combate entre elementos mundanos e forças sagradas é indicado ali, por "ignorância do mundo" e "qualquer dos bens", por um lado, e por "constância", "alegria" e "firmeza", de outro.

A respeito de tais afirmações, deve-se dizer que:

a) somente I está correta.

b) somente II está correta.

c) somente III está correta.

d) somente I e III estão corretas.

e) todas estão corretas.

21. (UFV99) Leia atentamente o poema:

               Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,

               Depois da Luz se segue a noite escura,

               Em tristes sombras morre a formosura,

               Em contínuas tristezas a alegria.

               Porém, se acaba o Sol, por que nascia?

               Se é tão formosa a Luz, por que não dura?

               Como a beleza assim se transfigura?

               Como o gosto da pena assim se fia?

               Mas no Sol, e na Luz falte a firmeza,

               Na formosura não se dê constância,

               E na alegria sinta-se tristeza.

               Começa o mundo enfim pela ignorância,

               E tem qualquer dos bens por natureza

               A firmeza somente na inconstância.

               (MATOS, Gregório de."Poemas escolhidos" São Paulo: Cultrix, 1997. p. 317.)

Todas as afirmativas que se seguem inserem o autor e seu texto em uma visão do mundo de século XVII, EXCETO:

a) A retomada de elementos da natureza e da melancolia identifica o soneto com a produção poética de inspiração byroniana.

b) A aproximação de sentimentos contrastantes, como a tristeza e a alegria, confirma a tendência paradoxal da poesia do século XVII.

c) O poema explora a inconstância dos bens mundanos através de um jogo de idéias e palavras que tanto motivou o escritor barroco.

d) O poeta baiano vale-se da linguagem figurada para persuadir o leitor e convencê-lo da instabilidade da beleza e da felicidade.

e) O traço temático caracteristicamente barroco presente no texto é o caráter fugidio das coisas do mundo.     

22. (UFV99) Leia o soneto a seguir, de autoria de Gregório de Mattos:

Pequei, Senhor, mas não porque hei pecado,

Da vossa piedade me despido,

Porque quanto mais tenho delinqüido,

Vos tenho a perdoar mais empenhado.

Se basta a vos irar tanto pecado,

A abrandar-vos sobeja um só gemido,

Que a mesma culpa, que vos há ofendido,

Vos tem para o perdão lisonjeado.

Se uma ovelha perdida, e já cobrada

Glória tal e prazer tão repentino

vos deu, como afirmais na Sacra História:

Eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada,

Cobrai-a, e não queiras, Pastor divino,

Perder na vossa ovelha a vossa glória.

               (Cf. DIMAS, Antônio. "Seleção de textos, notas, estudos biográficos, histórico e crítico." 2 ed. São Paulo: Nova Cultural, 1988. p. 141s)

Assinale a alternativa INCORRETA:

a) No jogo de antíteses, o poeta vê-se como culpado, mas também ovelha indispensável ao Pastor Divino.

b) O argumento do poeta, arrependido, constrói-se pelo jogo de idéias, ou seja, o cultismo.

c) O poeta recorre ao texto bíblico para justificar, perante Deus, a necessidade de ser perdoado.

d) Segundo o poeta, o perdão de sua culpa favorecia a ambos: tanto ao culpado, quanto ao Pastor Divino.

e) O poeta busca, em sua linguagem dualista, conciliar, poeticamente, fé e razão.

23. (UFSM99) Leia a estrofe de Gregório de Matos:

               "Ardor em firme coração nascido;

               pranto por belos olhos derramado;

               incêndio em mares de água disfarçado;

               rio de neve em fogo convertido."

Assinale a alternativa em que os dois versos indicados apresentam metáforas de lágrimas.

a) versos 1 e 2

b) versos 2 e 4

c) versos 2 e 3

d) versos 3 e 4

e) versos 1 e 3

24. (UFSM00) Leia o trecho de um sermão, do Padre Antônio Vieira:

"Será porventura o estilo que hoje se usa nos púlpitos um estilo tão empeçado, um estilo tão dificultoso, um estilo tão afetado, um estilo tão encontrado a toda parte e a toda a natureza? O estilo há de ser muito fácil e muito natural. Compara Cristo o pregar e o semear, porque o semear é uma arte que tem mais de natureza que de arte."

O objetivo do autor é

a) destacar que a naturalidade - propriedade da natureza - pode tornar mais claro o estilo das pregações religiosas.

b) salientar que o estilo usado na igreja, naquela época, não era afetado nem dificultoso.

c) argumentar que a lição de Cristo é desnecessária para os objetivos da pregação religiosa.

d) lamentar o fato de os sermões serem dirigidos dos púlpitos, excluindo da audiência as pessoas que ficavam fora da igreja.

e) mostrar que, segundo o exemplo de Cristo, pregar e semear afetam o estilo, porque são práticas inconciliáveis.

25. (ITA01) Leia o texto abaixo e as afirmações que se seguem

Que falta nesta cidade? Verdade.

Que mais por sua desonra? Honra.

Falta mais que se lhe ponha? Vergonha.

O demo a viver se exponha,

Por mais que a fama a exalta,

Numa cidade onde falta

Verdade, honra, vergonha.

               Matos, G. de. "Os melhores poemas de Gregório de Matos Guerra". Rio de Janeiro: Record, 1990.

I - mantém uma estrutura formal e rítmica regular.

II - enfatiza as idéias opostas.

III - emprega a ordem direta.

IV - refere-se à cidade de São Paulo.

V - emprega a gradação.

Então, pode-se dizer que são verdadeiras

a) apenas I, II, IV.

b) apenas I, II, V.

c) apenas I, III, V

d) apenas I, IV, V.

e) todas.

26. (UFSCAR01) Ora, suposto que já somos pó, e não pode deixar de ser, pois Deus o disse, perguntar-me-eis, e com muita razão, em que nos distinguimos logo os vivos dos mortos? Os mortos são pó, nós também somos pó: em que nos distinguimos uns dos outros? Distinguimo-nos os vivos dos mortos, assim como se distingue o pó do pó. Os vivos são pó levantado, os mortos são pó caído, os vivos são pó que anda, os mortos são pó que jaz: Hic jacet¢. Estão essas praças no verão cobertas de pó: dá um pé-de-vento, levanta-se o pó no ar e que faz? O que fazem os vivos, e muito vivos. NÃO AQUIETA O PÓ, NEM PODE ESTAR QUEDO: ANDA, CORRE, VOA; ENTRA POR ESTA RUA, SAI POR AQUELA; JÁ VAI ADIANTE, JÁ TORNA ATRÁS; TUDO ENCHE, TUDO COBRE, TUDO ENVOLVE, TUDO PERTURBA, TUDO TOMA, TUDO CEGA, TUDO PENETRA, EM TUDO E POR TUDO SE METE, SEM AQUIETAR NEM SOSSEGAR UM MOMENTO, ENQUANTO O VENTO DURA. Acalmou o vento: cai o pó, e onde o vento parou, ali fica; ou dentro de casa, ou na rua, ou em cima de um telhado, ou no mar, ou no rio, ou no monte, ou na campanha. Não é assim? Assim é.

               (VIEIRA, Antônio. "Trecho do Cap. V do Sermão da Quarta-Feira de Cinza". Apud: Sermões de Padre Antônio Vieira. São Paulo: Núcleo, 1994, p.123-4.)

1 - Hic jacet: aqui jaz.

Em Padre Vieira fundem-se a formação jesuítica e a estética barroca, que se materializam em sermões considerados a expressão máxima do Barroco em prosa religiosa em língua portuguesa, e uma das mais importantes expressões ideológicas e literárias da Contra-Reforma.

a) Comente os recursos de linguagem que conferem ao texto características do Barroco.

b) Antes de iniciar sua pregação, Vieira fundamenta-se num argumento que, do ponto de vista religioso, mostra-se incontestável. Transcreva esse argumento.

TEXTO PARA AS QUESTÕES 27 E 28.

AS COUSAS DO MUNDO

Neste mundo é mais rico o que mais rapa:

Quem mais limpo se faz, tem mais carepa;

Com sua língua, ao nobre o vil decepa:

O velhaco maior sempre tem capa.

Mostra o patife da nobreza o mapa:

Quem tem mão de agarrar, ligeiro trepa;

Quem menos falar pode, mais increpa;

Quem dinheiro tiver, pode ser Papa.

A flor baixa se inculca por tulipa;

Bengala hoje na mão, ontem garlopa.

Mais isento se mostra o que mais chupa.

Para a tropa do trapo vazo a tripa

E mais não digo, porque a Musa topa

Em apa, epa, ipa, opa, upa.

               (Gregório de Matos Guerra, "Seleção de Obras Poéticas")

27. (FATEC 02) Fica claro, no poema acima, que a principal crítica do autor à sociedade de sua época é feita por meio da

a) denúncia da proteção que o mundo de então dava àqueles que agiam de modo condenável, embora sob a capa das leis da Igreja.

b) enumeração de certos tipos que, por seus comportamentos, revelam um roteiro que identifica e recomenda a ascensão social.

c) elaboração de uma lista de atitudes que deviam ser evitadas, por não condizerem com as práticas morais encontradas na alta sociedade.

d) comparação de valores e comportamentos da faixa mais humilde daquela sociedade com os da faixa mais nobre e aristocrática.

e) caracterização de comportamentos que, embora sejam moralmente condenáveis, são dissimulados em seus opostos.

28. (FATEC02) A alternativa que melhor exprime as características da poesia de Gregório de Matos, encontradas no poema transcrito, é a que destaca a presença de

a) inversões da sintaxe corrente, como em "Com sua língua, ao nobre o vil decepa" e "Quem menos falar pode".

b) conflito entre os universos do profano e do sagrado, como se vê na oposição "Quem dinheiro tiver" e "pode ser Papa".

c) metáforas raras e desusadas, como no verso experimental "a Musa topa/Em apa, epa, ipa, opa, upa".

d) contraste entre os pólos de antíteses violentas, como "língua" X "decepa" e "menos falar" X "mais increpa".

e) imagens que exploram os elementos mais efêmeros e diáfanos da natureza, como "flor e "tulipa".

MULHER AO ESPELHO

Hoje, que seja esta ou aquela,

pouco me importa.

Quero apenas parecer bela,

pois, seja qual for, estou morta.

Já fui loura, já fui morena,

já fui Margarida e Beatriz.

Já fui Maria e Madalena.

Só não pude ser como quis.

Que mal faz, esta cor fingida

do meu cabelo, e do meu rosto,

se tudo é tinta: o mundo, a vida,

o contentamento, o desgosto?

Por fora, serei como queira

a moda, que me vai matando.

Que me levem pele e caveira

ao nada, não me importa quando.

Mas quem viu, tão dilacerados,

olhos, braços e sonhos seus,

e morreu pelos seus pecados,

falará com Deus.

Falará, coberta de luzes,

do alto penteado ao rubro artelho.

Porque uns expiram sobre cruzes,

outros, buscando-se no espelho.

               (MEIRELES, Cecília. "Poesias Completa." Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1973.)

29. (UERJ02)A temática e alguns procedimentos característicos do Barroco no século XVII foram retomados no poema de Cecília Meireles.

a) O questionamento das concepções do senso comum quanto à vaidade sugere uma preocupação também existente entre os autores barrocos. Identifique, no poema, um aspecto da vaidade apresentado negativamente e outro apresentado positivamente.

b) O jogo de oposições entre conceitos era um dos recursos característicos da literatura barroca. Indique um contraste próprio do Barroco que predomina no texto.

TEXTO I:

"O Vale de Santarém é um destes lugares privilegiados pela natureza, sítios amenos e deleitosos em que as plantas, o ar, a situação, tudo está numa harmonia suavíssima e perfeita; não há ali nada grandioso nem sublime, mas há uma como simetria de cores, de sons, de disposição em tudo quanto se vê e se sente, que não parece senão que a paz, a saúde, o sossego do espírito e o repouso do coração devem viver ali, reinar ali um reinado de amor e benevolência. (...) Imagina-se por aqui o Éden que o primeiro homem habitou com a sua inocência e com a virgindade do seu coração.

À esquerda do vale, e abrigado do norte pela montanha que ali se corta quase a pique, está um maciço de verdura do mais belo viço e variedade. (...)

Para mais realçar a beleza do quadro, vê-se por entre um claro das árvores a janela meio aberta de uma habitação antiga, mas não dilapidada - (...) A janela é larga e baixa; parece mais ornada e também mais antiga que o resto do edifício, que todavia mal se vê..."

               (Almeida Garrett, "Viagens na minha terra".)

TEXTO II:

"Depois, fatigado do esforço supremo, [o rio] se estende sobre a terra, e adormece numa linda bacia que a natureza formou, e onde o recebe como um leito de noiva, sob as cortinas de trepadeiras e flores agrestes.

A vegetação nessas paragens ostentava outrora todo o seu luxo e vigor; florestas virgens se estendiam ao longo das margens do rio, que corria no meio das arcarias de verdura e dos capitéis formados pelos leques das palmeiras.

Tudo era grande e pomposo no cenário que a natureza, sublime artista, tinha decorado para os dramas majestosos dos elementos, em que o homem é apenas um simples comparsa. (...)

Entretanto, via-se à margem direita do rio uma casa larga e espaçosa, construída sobre uma eminência e protegida de todos os lados por uma muralha de rocha cortada a pique."

               (José de Alencar, "O guarani".)

TEXTO III:

"Uma fonte aqui houve; eu não me esqueço

De estar a ela um dia reclinado:

Ali em vale um monte está mudado:

Quanto pode dos anos o progresso!

Árvores aqui vi tão florescentes,

Que faziam perpétua a primavera:

Nem troncos vejo agora decadentes."

               (Cláudio Manuel da Costa, "Sonetos-VII".)

30. (UNIFESP02) Em algumas histórias de literatura e, até mesmo, em ensaios críticos sobre poesia brasileira, encontram-se afirmações sobre a presença de características barrocas nos sonetos de Cláudio Manuel da Costa. No texto III, pode-se comprovar, de fato, a existência de algumas características barrocas que, todavia, não poderiam ser comprovadas de modo absoluto com:

a) a antítese entre "vale" e "monte".

b) a colocação dos termos da oração em "que faziam perpétua a primavera".

c) a antítese entre "aqui" e "ali".

d) a colocação dos termos da oração em "Árvores aqui vi tão florescentes".

e) as antíteses entre os tempos verbais do modo indicativo.

31. (UFV01) Leia atentamente o fragmento do sermão do Padre Antônio Vieira:

               A primeira cousa que me desedifica, peixes, de vós, é que comeis uns aos outros. Grande escândalo é este, mas a circunstância o faz ainda maior. Não só vos comeis uns aos outros, senão que os grandes comem os pequenos. Se fora pelo contrário era menos mal. Se os pequenos comeram os grandes, bastara um grande para muitos pequenos; mas como os grandes comem os pequenos, não bastam cem pequenos, nem mil, para um só grande [...]. Os homens, com suas más e perversas cobiças, vêm a ser como os peixes que se comem uns aos outros. Tão alheia cousa é não só da razão, mas da mesma natureza, que, sendo criados no mesmo elemento, todos cidadãos da mesma pátria, e todos finalmente irmãos, vivais de vos comer.

               VIEIRA, Antônio. "Obras completas do padre Antônio Vieira: sermões". Prefaciados e revistos pelo Pe. Gonçalo Alves. Porto: Lello e Irmão - Editores, 1993. v. III, p. 264-265.

O texto de Vieira contém algumas características do Barroco. Dentre as alternativas a seguir, assinale aquela em que NÃO se confirmam essas tendências estéticas:

a) A utilização da alegoria, da comparação, como recursos oratórios, visando à persuasão do ouvinte.

b) A tentativa de convencer o homem do século XVII, imbuído de práticas e sentimentos comuns ao semipaganismo renascentista, a retomar o caminho do espiritualismo medieval, privilegiando os valores cristãos.

c) A presença do discurso dramático, recorrendo ao princípio horaciano de "ensinar deleitando" - tendência didática e moralizante, comum à Contrarreforma.

d) O tratamento do tema principal - a denúncia à cobiça humana - através do conceptismo, ou jogo de ideias.

e) O culto do contraste, sugerindo a oposição bem x mal, em linguagem simples, concisa, direta e expressiva da intenção barroca de resgatar os valores greco-latinos.

Respostas

01. A                 

03. A                

 04. A                   

05. D                  

 06. VVVF                        

 07. E   

08. Vieira passou a maior parte de sua vida entre Portugal, onde nasceu, e Brasil. Tanto lá como aqui compôs textos de fina retórica, tratando de temas que interessavam à colônia e à metrópole.

09. C    

10. A     

11. A     

12. E     

13. E   

14. A    

15. C     

16. A     

17. C    

18. A     

19. E  

20. A

21. A    22. B      23. D    24. A  25. B    

26. a) O Barroco é o movimento marcado pela oposição de idéias; assim, no poema encontram-se antíteses ("pó levantado"/ "pó caído"; paradoxos ("Distinguimo-nos os vícios dos mortos, assim como s distingue o pó do pó"); anáforas (pronome indefinido "tudo") polissíndetos (ou) e outros.

b) O argumento é: "Ora, pressuposto que já somos pó, e não pode deixar de ser, pois Deus o disse"...

27. E   

28. A

29. a) A moda que destrói o corpo e a alma de quem a segue.

A consciência da destruição pela vaidade elevará o indivíduo até Deus.

b) Um dentre os contrastes:

- vida e morte

- juventude e velhice

- essência e aparência

30. B   

31. E        

Quais as críticas são feitas à sociedade baiana nos versos que você leu?

Resposta: A crítica que o eu lírico faz nos versos apresentados é em relação às pessoas que vivem na cidade, que acabam por ser mentirosos, gananciosos, desonrosos, acabando por envergonhar as pessoas que são ou pensam de modo diferente.

Que tipo de critica o eu lírico faz?

O eu lírico critica a falta de verdade, honra e vergonha da sociedade baiana. Também critica o povo por ser ignorante e irresponsável.

Que sentido o eu lírico expressa diante da postura de sua amada?

Ele não demonstra muita tristeza e angústia, apenas um descontentamento por não ser amado.